O som dos cascos ecoava na trilha de pedras enquanto Johan e seus novos companheiros cavalgavam em direção ao seu destino: a Morada das Sombras. A floresta ao redor estava envolta em névoa, e a luz do sol, filtrada pelas copas das árvores, lançava sombras dançantes sobre o caminho. A tensão entre o grupo era palpável – todos sabiam que aquela era uma missão decisiva.
Kael, sempre impetuosa, cavalgava à frente, os olhos atentos à medida que observava o caminho e a paisagem ao redor. Logo atrás dela, Adrian mantinha-se calmo e observador, seus sentidos telecinéticos em alerta para qualquer sinal de perigo. Liana cavalgava ao lado de Johan, ocasionalmente lançando-lhe um olhar curioso.
— Você parece tranquilo — comentou ela, sua voz suave, mas carregada de curiosidade. — É a primeira vez que vai enfrentar algo desse tipo, não é?
Johan assentiu, tentando esconder a apreensão que sentia.
— É sim. Mas tenho treinado e... acho que posso contar com vocês para isso — respondeu, lançando um leve sorriso. Ele sabia que, apesar da incerteza, não poderia deixar o medo dominá-lo.
Adrian, ouvindo a conversa, inclinou-se para eles.
— Teremos que ficar atentos quando nos aproximarmos das ruínas. O Vigia disse que essa região tem uma energia peculiar, que interfere até com nossos sentidos. E as criaturas, segundo ele, são especialmente agressivas nessa área.
Kael voltou-se para eles, os olhos brilhando com uma mistura de determinação e ansiedade.
— Estou preparada para o que vier. — Ela levantou uma mão, e pequenas chamas dançaram entre seus dedos. — Que venham as criaturas; o que quer que estejam planejando, nós vamos detê-los.
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Quando chegaram ao limite da floresta, a atmosfera mudou drasticamente. A Morada das Sombras, um antigo templo em ruínas, erguia-se diante deles como uma lembrança sombria de tempos antigos. As paredes de pedra cobertas de musgo exalavam uma energia obscura e quase palpável, e a própria floresta parecia hesitar em se aproximar muito daquele local. Um silêncio profundo tomou conta da área, como se até os animais tivessem abandonado o lugar.
— Todos prontos? — Johan perguntou, ajeitando a pedra luminosa que o Vigia lhe dera.
Liana assentiu, fechando os olhos por um momento, e quando os abriu, Johan percebeu que havia uma determinação serena em seu olhar.
— Não se preocupe. Vamos ficar bem — disse ela, em um tom tranquilizador.
Eles avançaram em formação, com Adrian na retaguarda e Kael abrindo caminho. As sombras pareciam envolvê-los cada vez mais, e a névoa que antes pairava sobre a floresta agora se tornava densa, dificultando a visão.
Subitamente, um som profundo ecoou pelas ruínas – uma respiração rouca, pesada, como se algo gigantesco despertasse nas profundezas do templo.
— Cuidado! — Adrian avisou, sentindo uma força invisível se aproximando.
Kael levantou as mãos, suas chamas iluminando o ambiente ao redor, revelando uma criatura que surgia das sombras. Era um ser grotesco, com garras afiadas e olhos vermelhos brilhantes, sua pele coberta por uma camada espessa de escamas escuras.
Johan sentiu seu coração acelerar, mas seu treinamento logo assumiu o controle. Ele concentrou-se e deixou que a energia fluísse, formando uma barreira luminosa ao redor do grupo.
A criatura avançou, suas garras rasgando o ar em direção a Kael, que respondeu com uma rajada de fogo, obrigando-a a recuar. O monstro rugiu, irritado, e desviou para atacar Liana, que se defendeu formando uma lança de gelo, lançando-a em direção ao oponente.
Enquanto isso, Adrian usou sua telecinese para erguer uma grande pedra do chão e arremessá-la com precisão contra a criatura. O impacto fez o monstro cambalear, mas ele logo se recuperou, soltando um rugido ensurdecedor.
Johan então sentiu uma força surgir dentro de si – uma energia mais intensa, como se o perigo iminente estivesse despertando um poder que ele ainda não compreendia por completo. Ele canalizou essa força, e uma lâmina de luz se formou em sua mão. Com um impulso, avançou contra o monstro, cortando através das escamas resistentes.
A criatura gritou em agonia, recuando, enquanto o sangue escuro pingava das feridas. Johan percebeu que seus ataques estavam surtindo efeito, mas a criatura ainda não havia sido derrotada.
Kael, vendo uma oportunidade, concentrou uma enorme quantidade de fogo nas mãos e lançou uma explosão de chamas contra a criatura, que, finalmente, foi envolvida pelo fogo e se desintegrou em uma nuvem de cinzas.
Eles permaneceram em silêncio por um momento, observando as cinzas que flutuavam na névoa. Estavam ofegantes, mas aliviados por terem superado o primeiro desafio.
— Nada mal para a nossa primeira batalha juntos — disse Kael, com um sorriso triunfante.
Johan soltou um suspiro, sorrindo também.
— Foi apenas o começo, pelo visto.
Eles se recompuseram e, mantendo a formação, continuaram avançando pela Morada das Sombras. Sabiam que muitos perigos ainda os aguardavam, mas agora, unidos, sentiam-se mais fortes e preparados. Cada um deles estava determinado a proteger o mundo do renascimento das trevas, e, com o destino da humanidade em jogo, eles não tinham outra escolha senão seguir em frente.