A noite havia caído silenciosa sobre o vilarejo de Valdara, lançando um manto de escuridão por entre as ruas estreitas e humildes cabanas de madeira. No meio das sombras, um vento frio serpenteava pelas árvores, carregando murmúrios que apenas aqueles atentos o bastante poderiam ouvir.
Dentro de uma casa simples, Darius, um jovem de olhos profundos e inquietos, repousava sobre sua cama. Ele tentava adormecer, mas seu corpo estava tomado por uma inquietação inexplicável. Parecia que algo o chamava, algo que ele não conseguia compreender, como se uma voz distante murmurasse seu nome.
"Darius...", sussurrava o vento, com uma suavidade perturbadora.
Aquela voz o fez sobressaltar. Ele sentou-se rapidamente, ofegante, tentando ignorar o arrepio que subia por sua espinha. Mas a sensação só aumentava, como se uma força invisível o puxasse para fora de casa, para a floresta sombria que circundava o vilarejo.
"Darius, você está ouvindo isso?", a voz continuou, quase inaudível, ecoando em sua mente como uma lembrança esquecida.
Sem conseguir resistir, ele se levantou, vestiu seu manto e saiu na calada da noite, guiado por uma sensação de urgência que crescia a cada passo. Enquanto caminhava pela trilha, o mundo ao seu redor parecia se transformar. Os ruídos da noite silenciavam, e as sombras das árvores pareciam se alongar, como se estivessem espreitando.
A floresta o levou a uma caverna oculta, cujas paredes de pedra eram cobertas por musgo e runas antigas. No centro, um amuleto de pedra negra pulsava suavemente, como um coração de sombras. Darius se aproximou, hipnotizado.
"Você... veio até mim", sussurrou a voz misteriosa, desta vez com mais clareza, vinda diretamente do amuleto. "Eu sou o poder que você buscou por toda sua vida."
Darius sentiu um arrepio percorrer-lhe a pele. O amuleto parecia vivo, chamando-o de uma forma que nenhuma palavra poderia explicar. Ele estendeu a mão, hesitante.
"Quem... quem é você?", ele perguntou, sua voz tremendo de curiosidade e medo.
"Eu sou a Escuridão", respondeu o amuleto. "Eu sou o Guardião que há tempos espera por você. Juntos, nós moldaremos um destino que poucos ousariam sonhar."
Darius fechou os olhos por um breve momento. Ele sentia o peso daquela decisão, algo que pressentia mudar tudo o que conhecia. "Eu aceito...", murmurou ele, sentindo as palavras escaparem como um juramento.
No instante em que sua mão tocou o amuleto, um turbilhão de sombras o envolveu. Memórias antigas e visões de um passado esquecido dançavam em sua mente, mostrando-lhe um caminho envolto em perigo e poder. Quando abriu os olhos novamente, ele não era mais o mesmo.
As sombras o haviam escolhido, e Darius sentia-se pronto para trilhar o caminho que aquela voz misteriosa o convocava.