A escuridão ainda reverberava dentro de Darius enquanto ele deixava a caverna. A cada passo, sentia o poder do amuleto em seu peito, como uma chama fria que alimentava sua determinação. O peso do que aceitara naquela noite não era leve, e dúvidas dançavam em sua mente. Mas ele sabia que não havia como voltar atrás.
Quando Darius finalmente saiu da floresta e avistou Valdara ao longe, o vilarejo parecia menor, insignificante, quase como uma lembrança distante. Os moradores mal despertavam, e as ruas ainda estavam vazias. Ele sabia que aquela poderia ser sua última vez ali, mas havia uma promessa a cumprir antes de seguir adiante.
Sua primeira parada foi na casa de Thalia, uma jovem curandeira que conhecia desde a infância. Ela sempre tivera uma intuição aguçada, e Darius precisava da sabedoria dela para entender o que se passava dentro dele. Ele bateu suavemente à porta, sentindo uma estranha ansiedade.
"Darius? O que faz aqui a essa hora?", perguntou Thalia ao abrir a porta, surpresa ao ver o amigo de rosto cansado e expressão séria.
"Eu... preciso de sua ajuda," respondeu ele, hesitante. "Algo aconteceu comigo esta noite. Algo que não consigo explicar sozinho."
Thalia o encarou por um momento, seus olhos castanhos penetrantes como se lessem os segredos que ele ainda não havia revelado. "Entre. Conte-me o que aconteceu."
Dentro da modesta casa de Thalia, Darius lhe contou sobre a voz que o chamara, sobre o amuleto e o poder sombrio que sentira despertar dentro de si. Enquanto falava, a expressão dela oscilava entre espanto e preocupação.
"Então você... aceitou o chamado da escuridão," disse Thalia em um tom quase sussurrado. "Você não entende o que isso significa, Darius. O que você despertou dentro de si é algo antigo e perigoso. A sombra pode lhe conceder poder, mas ela sempre cobra um preço."
Darius assentiu, sentindo o peso das palavras dela. "Eu sei que não será fácil. Mas eu preciso entender o que significa ser o Guardião das Sombras. Esse amuleto… ele me mostrou visões. Eu vi cidades em ruínas, reinos caindo, mas eu também vi a mim mesmo… mais forte. Era como se eu fosse o elo entre a escuridão e a luz."
Thalia respirou fundo e segurou a mão de Darius com firmeza. "Se é verdade que você foi escolhido para ser o Guardião, então precisa buscar o Templo das Sombras. Dizem que lá estão respostas para aqueles que ousam questionar o poder das trevas."
"O Templo das Sombras?" Darius franziu o cenho. Ele ouvira lendas sobre o templo escondido nas Montanhas de Ekhron, um lugar temido, onde poucos ousavam pisar. "Será essa a minha primeira jornada?"
"Sim, Darius," respondeu Thalia, com um olhar resoluto. "O templo guarda segredos que nenhum de nós pode imaginar. Mas você deve ter cuidado. As trevas podem oferecer poder, mas também se alimentam de tudo o que somos. Você deve se preparar para enfrentar o que encontrará lá."
Darius se levantou, sentindo a determinação incendiar-se em seu peito. Ele sabia que essa era sua jornada, e que o Templo das Sombras era o primeiro passo para compreender o que realmente significava ser o Guardião.
"Eu voltarei, Thalia," disse ele, olhando para a amiga. "E quando retornar, serei mais forte. Serei o Guardião que o mundo precisa."
Ela assentiu, segurando um colar simples em suas mãos. "Leve isto, Darius. Ele foi feito para afastar as sombras que corrompem o coração. Que a escuridão não domine aquilo que você é."
Com o colar de Thalia em volta do pescoço e o amuleto das sombras em seu peito, Darius partiu em direção às Montanhas de Ekhron.