Os primeiros raios do sol nasceram sobre Valdara, espalhando luz e calor entre as árvores. Mas Darius não viu a alvorada; ele estava longe, ainda na caverna, onde o amuleto negro pulsava com um brilho sombrio em suas mãos. A sensação era assustadora e, ao mesmo tempo, profundamente familiar, como se ele tivesse esperado por aquilo durante toda a sua vida.
Darius sentiu o peso do amuleto em seus dedos e o trouxe para mais perto do rosto, observando as finas rachaduras na pedra escura. Dentro do objeto, ele podia jurar que havia um fragmento de algo vivo, algo antigo. Sentiu uma leve pulsação, como um segundo coração sincronizado ao seu.
"Este é o meu destino…" sussurrou, incerto se queria ouvir a resposta.
"Você está pronto para ver o que realmente é?" A voz sussurrava com intensidade dentro de sua mente. Era a mesma voz que o havia guiado até ali, mas agora soava como um trovão suave, preenchendo seus pensamentos.
De repente, uma onda de escuridão brotou do amuleto, rodeando-o como uma névoa densa. Darius tentou gritar, mas nenhum som saiu. Ele caiu de joelhos, enquanto uma torrente de visões se desenrolava em sua mente: viu cidades em ruínas, reis caídos, heróis traídos e segredos guardados por milênios. Mas entre as sombras, viu-se em pé, imponente, como uma figura de poder e mistério.
"Isso... isso é o que você quer que eu seja?", perguntou, tremendo ao se dar conta do que a visão lhe revelava.
"Você é o Guardião das Sombras, Darius," respondeu a voz. "Seu destino sempre esteve selado, mas apenas agora você despertou para ele."
Darius sentiu um misto de medo e poder crescendo dentro de si. As sombras pareciam vivas, serpenteando ao redor de seu corpo, como se estivessem estudando-o, provando sua força de vontade. No entanto, ele não recuou; ao contrário, sentiu-se impulsionado a se levantar, a enfrentar o peso daquele novo fardo.
"Então eu aceito", disse ele, com a voz firme, olhando diretamente para o amuleto. "Mas eu preciso entender o que isso significa. Preciso de respostas."
"A jornada para a verdade é perigosa, Guardião," alertou a voz sombria. "Mas se você continuar, encontrará o que procura — e muito mais."
Ao sair da caverna, Darius notou que o mundo parecia diferente, como se ele enxergasse além do que era visível. As árvores sussurravam segredos antigos, o vento trazia murmúrios de tempos esquecidos, e até as sombras pareciam inclinarem-se em reverência. Ele se deu conta de que a escuridão agora estava intrinsecamente ligada a ele.
Mas junto com o poder, veio um peso em seu peito. Sabia que, ao aceitar o chamado, deixava para trás a simplicidade de sua vida em Valdara. Ele não era mais apenas Darius. Agora, ele era o Guardião das Sombras.