Trrrrrring...
O barulho do alarme me acordou, com minhas palpebras ainda grudadas me forcei a olhar pela janela do meu quarto, o sol já iluminava a manhã .
Minha vontade de levantar era tão grande quanto meu saldo bancário no final do mês, mas como dizia minha mãe: a gente não faz só o que gosta
Me ergui da cama e segui para o banheiro, caminhando como um zumbi com os olhos ainda pesados de sono e a mente embrulhada, Abri a torneira da água fria e deixei que o jato gelado me acordasse completamente.
Para realmente estar despertado pra enfrentar mais um dia, fui pro chuveiro pra um banho de agua quente que me ajudou a relaxar meus músculos
Após me vestir fui pra cozinha
Terminei meu ritual matinal de após o banho comer um pão com ovo e café quente, hoje não havia me esquecido de escovar os dentes as vezes com pressa em alguns dias eu simplesmente pulava isso.
Não era como se eu fosse sair por ai beijando, não sou um Don Juan, mesmo que eu quisesse ainda seria bastante complicado, não me considero extrovertido, muito menos bonito, nunca tive êxito na questão de relacionamentos, bem... Exceto... No ensino médio.
Emma, a confiável, divertida , além de linda e inteligente , já fazem cinco anos e ainda sim estou aqui pensando nela, simplesmente não entendo o que ela viu em mim ,um garoto magro cheio de acne que cheirava a salgadinho de queijo, como num filme de adolescente americano eu não poderia ser mais estereotipado.
Logo na saída do último dia letivo, apesar de não ser íntimo dela, conversamos bastante sobre o futuro, estranhamente como se fossemos melhores amigos, lembro que ela me disse que desejava ser uma médica da cruz vermelha, lembro também dos seus lindos olhos castanhos e seus cabelos negros que me faziam a encarar como um bobo.
— Ei Desmond, quem sabe um dia... quando eu voltar.. seja possível que...– ela me disse com um sorriso lindo enquanto me abraçava e em seguida tocava seus lábios nos meus.
Fiquei paralisado com uma estátua, ela se apressou e correu em seguida com poucos passos desapareceu em uma esquina próxima ao colégio, meu coração pulava do meu peito e não podia deixar de me manter com um sorriso ingênuo em meu rosto.
Uma criança que passava de mãos dadas a sua mãe começou a chorar.
— Mãe me leva pra casa ! – gritando a criança com voz embargada de lágrimas enquanto se aninhava em suas pernas.
A criança, com apenas 6 anos de idade sentiu um arrepio ao ver o sorriso fixo e perturbador. Um olhar estranho , junto de lábios curvados em um sorriso macabro, como se estivesse preso em um momento de pura loucura.
A criança não entendeu o que estava acontecendo, mas sentiu uma onda de medo ao perceber que algo não estava certo.
— O que foi, filho? – perguntou a mãe, tentando acalmar o menino.
— Ele... ele.. – soluçou a criança, apontando para o jovem magricelo que estava parado a poucos metros deles
A mãe seguiu o olhar do filho e também sentiu um desconforto ao ver aquele sorriso. Era como se estivesse contemplando algo sombrio e sinistro, algo que não deveria ser compartilhado com o mundo.
— Vamos, vamos para casa – disse a mãe rapidamente, puxando o filho para longe daquela figura.
O rapaz continuou parado como que divagando, ignorando totalmente o choro da criança que desvanecia a cada passo que dava, num pequeno instante o sorriso desapareceu de seu rosto, entretanto seus passos seguiram leves enquanto seguia a caminho de sua casa como se pisasse em nuvens.
Mas o que nenhum dos envolvidos naqueles acontecimentos jamais soube foi que;
Um homem velho parado em cima de um prédio ao lado do colégio observava o
O desenrolar dos eventos passados com bastante interesse
— a garota é realmente atrevida - disse o velho gargalhando e assim num piscar de olhos desapareceu como se jamais estivesse ali
Enquanto calçava meus sapatos as imagens vividas daquele dia não saiam da minha cabeça
Ah..
Sinto como se fosse ontem...
Tudo que queria era correr para vê lá novamente, abraçar e beija-la de novo.
Infelizmente, pouco tempo depois desse evento, ela se mudou para estudar em outro estado, no fim fiquei sabendo tarde de mais e não pude me despedir pessoalmente.
Havia contato, em raros momentos trocávamos mensagens e assim seguiu com cada vez menos conversa entre nós, no fim ela ainda esta na faculdade na última vez trocamos mensagens, depois perdemos o contato um do outro, recentemente soube que ela estava em missão em outro continente pela cruz vermelha, o que me deixou feliz ao vê-la realizar seus sonhos mas também de certa forma triste.
Certamente ela já havia me esquecido, só restava pra mim seguir em frente e viver o que cada dia tinha para me oferecer e hoje novamente, seguirei a rotina de trabalho, casa, videogame , que adquiri logo após me formar, um emprego legal com salário minúsculo, morando de aluguel num Bairro legal, não é um luxo, mas é meu paraíso.
Assim que os sapatos são colocados me apresso a porta e a tranco , os sons de passos dão a largada neste novo início da minha jornada diária.
São dois ônibus que diariamente utilizo para chegar a empresa que trabalho como assistente de supervisão, como prefiro chamar o "faz tudo do chefe" mas não é um emprego ruim, a primeira parada de ônibus fica a cerca de quinhentos metros de casa, os dias que trabalho sigo caminhando a pé ...enquanto meu cérebro começa a se preparar . O caminho é tranquilo passando por fileiras de casas, um clássico bairro residencial, em contraste há um pequeno mercado próximo a parada de ônibus que já posso ver ao longe,
Ao chegar à parada, geralmente já encontro alguns conhecidos, alguns vizinhos e outros passageiros regulares que trocam sorrisos e cumprimentos, enquanto esperamos o ônibus.
Passo pouco tempo esperando e logo o ônibus chega.
O ônibus parou em frente a mim, e as portas se abriram com um som mecânico.
Assim que entrei e fui recebido pelo motorista, um homem velho com um sorriso amigável.
— Bom dia! - Falei
O motorista, um homem de cerca de 60 anos, tinha um rosto enrugado e cansado, mas seus olhos castanhos brilhavam com uma calorosa hospitalidade. Seu cabelo grisalho estava cortado rente, e sua barba estava bem aparada, revelando uma face quadrada e uma boca larga que sorria facilmente.
Ele usava um uniforme azul desgastado, com um crachá que dizia Trevor em letras douradas. Seus olhos eram protegidos por óculos de leitura com armação de metal, que pendiam do final do nariz.
Quando ele sorriu, suas rugas se aprofundaram, e seus olhos se iluminaram com uma expressão de genuína amizade. Sua voz era rouca e suave.
— Bom dia! - disse ele
Após embarcar momentos depois o ônibus volta a se mover e cerca de vinte minutos depois, eu me preparo para descer na próxima parada, onde pegarei o segundo ônibus que me levará ao trabalho.
Não muito tempo depois o último ônibus veio e assim desci pouco a frente de onde trabalho.
"Fênix Finanças e investimentos"
Não demorou desde o momento que entrei já estava com uma pequena pilha de papéis em minhas mãos.
— Então vamos começar? – a linda mulher de meia idade disse com um grande sorriso.
— Claro, chefe - Respondi