Em algum lugar num passado distante, o céu chorava lágrimas de chuva, enquanto o chão era lavado pelo sangue de incontáveis vítimas. As pilhas de cadáveres se erguiam como montanhas funerárias, uma após a outra, até onde a vista alcançava. O horizonte parecia um deserto de morte, onde nada mais respirava, nada mais pulsava.
Mas, entre os vãos de uma batalha que parecia não ter fim, um homem emergia das sombras. Ele caminhava lentamente, como se carregasse o peso do mundo em seus ombros. Seus passos ecoavam no silêncio, quebrando a quietude da morte.
A chuva caía sobre ele, lavando seu rosto, mas não conseguia apagar as marcas da batalha. Seus olhos estavam cansados, sua pele estava pálida, e seus membros estavam cobertos de feridas.
O homem parecia ser o único sobrevivente de uma carnagem que havia devastado à terra. Ele era o testemunho vivo de uma tragédia que havia ceifado inúmeras vidas. E, ainda assim, ele caminhava, como se buscasse algo além do horizonte de morte.
A chuva continuava a cair, lavando o chão, mas não conseguia lavar a memória daquela batalha. O homem continuava a caminhar, carregando consigo o peso da sobrevivência, e a carga de uma pergunta que ecoava em sua mente" realmente valeu a pena?"
Há quanto tempo já faz? A memória ainda visitava Trevor como um perverso invasor, não que ele se forcasse a aquecer, mas ainda o deixava triste lembrar mesmo depois do que parecia uma era.
Hoje ele era apenas um motorista de ônibus, seu turno estava quase no fim, apenas mais uma viagem…
Na parada um homem de gorro com um rosto sombrio entrou no veículo suas portas fecharam e foi em rumo a seu destin.
O ônibus estava praticamente vazio era ele o motorista e o passageiro mal-encarado.
O homem não conseguia disfarçar sua intenção maligna e assim que chegou próximo a Trevor anunciou o assalto lhe exigindo todo dinheiro.
Mal havia se movido e já estava em repouso, o ônibus parou abruptamente.
— Desculpe, não tem dinheiro nenhum aqui, só aceitamos pagamento a cartão — disse Trevor com um sorriso irônico, enquanto pegava um maço de notas e o balançava na frente do criminoso, como se o desafiando.
O homem de gorro se enfureceu, seus olhos arregalados de raiva. — Qual o problema desse velho? — pensou ele. — Perdeu a noção de perigo?
No momento que não durou nem um segundo, Trevor fez um gesto rápido e imperceptível. De repente, a câmera de segurança do ônibus parecia ter sido desativada, substituindo as imagens por uma estática confusa e sons ininteligíveis.
— O que você está fazendo? Dá-me essa grana, velhote! — gritou o homem de gorro, apontando um revólver que sacou de sua cintura, tentando intimidar Trevor.
Mas Trevor não se abalou. Ele apenas sorriu, seu olhar glacial e desafiador.
— Por que daria? — perguntou Trevor, ainda sorrindo. — Já lhe disse, não há dinheiro nenhum aqui.
E, com um movimento rápido, trevor puxou do bolso da calças um bolo de notas amassadas e as jogou no chão, como se estivesse jogando lixo.
— Além disso, você vem assaltar com uma arma de brinquedo? — zombou Trevor, olhando para o revólver com desdém. — Você não é muito bom nisso, não é?
O homem de gorro ficou vermelho de raiva, sentindo-se humilhado pela atitude de Trevor. Ele não esperava que o motorista reagisse dessa forma.
— Arma falsa? Como poderia? Vou lhe mostrar, velhote! — gritou o homem, sua face vermelha de raiva, enquanto puxava o gatilho.
Mas Trevor apenas gargalhou, um som profundo e irônico, como se estivesse esperando exatamente por essa reação.
A arma fez um som seco e metálico, um "clack" que ecoou no silêncio do ônibus. Mas nada aconteceu. Nenhuma bala saiu da arma, nenhum som de explosão, apenas o silêncio.
E então, um silêncio constrangedor caiu sobre o ônibus. O homem de gorro ficou paralisado, sua mão ainda segurando a arma inútil, enquanto Trevor continuava a rir, sua gargalhada ecoando no silêncio.
— Eu falei que é de brinquedo, não faz mal a ninguém — disse Trevor, seu sorriso irônico ainda presente no rosto.
Mas o assaltante não pareceu ouvir. Ele continuou a puxar o gatilho, novamente e novamente, produzindo uma série de sons de "clack" que ecoaram no ônibus.
A cada clique, Trevor ria mais, sua gargalhada crescendo até se tornar uma risada contagiante.
— Você não vai desistir, não é? — perguntou Trevor, ainda rindo. — Você acha que vai conseguir algo com essa... arma?
O assaltante começou a suar, sua face vermelha de raiva e frustração. Ele não entendia o que estava acontecendo. A arma que ele usara era real, inclusive já havia feito vários outros assaltos com ela, mas naquele momento estava lhe fazendo um papel de idiota.
"Deixa eu ver essa coisa", disse o velho motorista com um rápido movimento, como se estivesse fazendo um truque de mágica.
Antes que o assaltante pudesse reagir, a arma que estava em suas mãos desapareceu e reapareceu na mão do motorista, Trevor. O assaltante ficou atordoado, sem perceber como isso havia acontecido.
Trevor parou de rir e olhou para a arma, depois para o assaltante, seu olhar sério e penetrante.
"Quer ver como funciona uma arma de verdade?" perguntou Trevor, sua voz baixa e ameaçadora.
O assaltante sentiu um arrepio na espinha. Algo não estava certo. Trevor não era um motorista comum, e aquela arma... como ele havia feito isso?
"Não", respondeu o assaltante, sua voz tremendo de medo.
Trevor sorriu, um sorriso sinistro.
"Eu acho que você precisa ver", disse ele retirando um pequeno livro de uma mochila que estava à esquerda de seu banco.
Então, com um movimento rápido e preciso, como se estivesse engatilhando uma pistola, Trevor apontou o livro que segurava em sua mão para o bandido. O livro apesar de pequeno era um volume grosso e antigo, com capa de couro e páginas amareladas.
Com uma expressão séria, Trevor fez o som de "bang" com sua boca, como se estivesse disparando uma arma. O som ecoou ônibus, e por um instante, nada pareceu acontecer.
Mas, como se a realidade tivesse sido alterada, um buraco enorme apareceu na perna do homem de gorro. O sangue começou a jorrar do ferimento, e o homem caiu no chão com olhos cheios de lágrimas de dor e choque.
O homem de gorro olhou para sua perna, incrédulo, e então para Trevor, que ainda segurava o livro como se fosse uma arma. Seus olhos cheios de lagrimas não só pelo medo, mas de vergonha, pois acabara de liberar uma torrente amarela em suas calças.
Então, num instante de pura incredulidade, o espaço ao redor do homem de gorro pareceu distorcer-se, como se as leis da física tivessem sido temporariamente suspensas. Um buraco enorme e perfeito apareceu na perna do homem de gorro, como se uma força invisível tivesse perfurado sua carne.
O sangue começou a jorrar do ferimento, e o homem caiu no chão com olhos cheios de lágrimas de dor e choque. Seu rosto contorceu-se de agonia enquanto ele olhava para sua perna, incrédulo.
Mas não foi apenas a dor que encheu seus olhos de lágrimas. Uma vergonha profunda e humilhante o invadiu quando percebeu haver perdido o controle de seu próprio corpo. Uma mancha amarela começou a se espalhar em suas calças, revelando sua total decomposição.
— Por favor não me mate, me deixe ir embora — implorou o homem se arrastando para a porta do ônibus.
— Sim, claro, acredito no potencial dos jovens, um dia você será um grande assaltante -Trevor falhou com um grande sorriso no rosto
O criminoso ficou por um instante sem entender e logo se apressou a porta assim que saiu do ônibus Trevor lhe jogou o livro e gritou espero que essa arma lhe ajude no próximo assalto, boa sorte.
Por reflexo o homem agarrou o livro, e olhou fixamente, porém no instante seguinte sentiu uma pontada em sua testa e tudo escureceu.
O corpo caiu mole ao chão
— que idiota! Quem segura uma arma daquele jeito? Apontando para própria cabeça — resmungou Trevor que assistia à cena ainda do ônibus Que imediatamente partiu pela noite.
Em sua casa Desmond acordou com um som de gotejamento vindo do banheiro que ficava ao lado do seu quarto então se levantou...
Mas ali estava Lupir, com as pernas traseiras dobradas e a frente do corpo ereta, mijando com uma precisão impressionante.
— Que cachorro especial, muito inteligente — Desmond sorriu orgulhoso — Quando terminar Dê descarga continuou já se deitando novamente.
Poucos segundos depois ele ouviu um som de:
Clink-flooosh
Bom garoto — pensou e seus olhos logo fecharam pelo sono.