Um jovem policial estava caminhando sob a noite enquanto soltava murmúrios irritados.
"Se vocês querem se matar, poderiam muito bem-fazer isso em outro lugar"
Ao ver os passos apressados dos dois lobisomens a sua frente
"Ah! Droga, esses idiotas não conseguem reconhecer que estão correndo diretamente para sua própria morte"
Alan estava bastante preocupado com sua própria segurança aqui, cada um que morava neste aparentemente modesto bairro era uma besta formidável que estava no topo do mundo, ele não tinha menor vontade de ir aquele local, era assustador demais, afinal, não é normal para um pequeno rato entrar num ninho de serpentes, é estupido de mais.
Quando se pensa no ditado "dois tigres não podem habitar uma mesma montanha", justificaria que tantas criaturas formidáveis estivessem em constante conflito, mas de fato é um lugar especial, mesmo aqueles tigres, vem para buscar algum tipo de benefício daquela criatura que supostamente está vivendo aqui, justamente pela presença de algo que está ali e mesmo eles tão poderosos não se atrevem a se pavonearem na frente desse ser, então todos se mantém em harmonia por um entendimento tácito, só um estúpido iria querer irritar algo tão assustador.
E agora dois protozoários vão tentar mover uma montanha, simplesmente não possuindo a menor compreensão de onde estão, ao perceber que eles seguiam na direção de um Rapaz com aquilo que parecia um lobisomem extremamente fraco em sua mão ele entrou em choque.
"Ah! O que é que faço?" pensou, seu humor estava péssimo, a dúvida cruel se instalou em sua mente, se ele interferisse quaisquer um daqueles seres abissais poderia destruir até sua alma por seu atrevimento, e se ele não interferisse ele também provocaria a fúria deles, pois afinal seu uniforme seria de enfeite e ele
Seria punido por permitir que coisas menores que vermes fizessem o que desejassem logo ali, um santuário.
Que visitantes desgraçados só arrumando problemas!
" Não tem um futuro em que eu sobreviva?" — lamentou enquanto planejava simplesmente implorar misericórdia.
Enquanto travava essa luta em sua mente ele caminhava seguindo de longe com seus olhos os dois suicidas, ao dar alguns passos, o som de vidro quebrando, seguidos por gritos de uma mulher enfurecida rasgaram como uma faca o ambiente silencioso.
— Já não lhe disse para não jogar com a bola em casa!
— Sinto muito mamãe — a voz de criança carregada de lágrimas disse com profundo arrependimento.
A bola que atingiu a janela despedaçando a vidraria, foi em direção ao homem careca e corpulento que seguia a passos rápidos logo atrás de um jovem que não parecia ter mais do que vinte anos, ao atingir seu rosto ela quicou levemente destruindo em milhares de pedaços seu crânio, o matando instantaneamente. Depois ela rolou para a sarjeta como uma simples bola de futebol que aparentemente não possuía nada de especial.
Ao escutar um som de queda abafado, o jovem lobisomem olhou para suas costas e viu o corpo caído e a bola que ainda rolava para o canto de uma boca-de-lobo na sarjeta.
De olhos arregalados e tremendo ele olhou para o corpo e para o local em que deveria estar a cabeça, os vários pedaços dela estavam espalhados pela calçada.
— Que diabos aconteceu aqui? — apavorado não deixou de dizer, enquanto pensava, uma armadilha, certamente uma armadilha, e ali, aqueles dois... Aquele homem e Lupir, preciso fugir e encontrar Dario.
Quando iniciou a perseguição por vingança de seu irmão mais velho ele contava com cinco de seus melhores guerreiros em seu clã, acabou que na emboscada, ele não só não conseguiu mata-lo mas também sofreu grandes perdas, ele não esperava que Lupir fosse tão forte, o surpreendendo e matando três de seus capangas e ainda conseguindo fugir, foi vergonhoso para ele.
Agora, Norton acabou de morrer e ele não tinha a menor ideia da causa, seria simplesmente ridículo atribuir isso aquela cena que desenrolava a pouco tempo atrás, uma bola jamais mataria alguém, pelo menos do jeito que foi feito a Norton, ele tinha absoluta certeza que era impossível.
Ele tinha que fugir e se puder encontrar logo Dario, há um tempo eles decidiram que iriam se dividir para procurar por Lupir, sem demora ele reencontrou Norton que já obteve o rastro daquele desgraçado, mas como poderiam imaginar que fizessem uma armadilha dessas, o próprio Norton nem sabia como morreu.
Assustado ele correu, precisava ir o mais longe possível, sobreviver era mais importante, a vingança ficaria para outro dia, quando ele estivesse mais preparado
Ao passar correndo próximo à boca-de-lobo onde estava aquela bola, ele não percebeu, mas rapidamente, um braço longo se esticou de dentro dela com uma mão enorme com unhas pontiagudas agarrou seu tornozelo lhe arrastando para dentro da boca-de-lobo no instante que mal durou uma respiração.
Dentro daquele buraco de esgoto havia apenas o som de algo mastigando na escuridão.
O policial de boca aberta ao testemunhar toda a situação, simplesmente se virou e foi embora o mais rápido que pode, desejando não precisar voltar a esse lugar nunca mais.
O medo foi substituído por uma sensação de alívio, já que tudo foi resolvido e ele não precisou se envolver, no fim o resultado foi bom.
Nós braços de Desmond
Lupir havia percebido pelo cheiro que seus perseguidores estavam próximos, mas na sua situação atual ele não poderia fazer nada, então apoiou sua cabeça sob os ombros daquele ser estranho que o carregava e olhava por cima deles, enquanto assistia aqueles acontecimentos.
Ele não estava delirando? Era simplesmente insano, tão rápido, mas assim como apareceram eles desapareceram, o corpo jogado daquele homem corpulento e o outro nem isso restou, ele estava feliz pelo destino de seus inimigos, porém, o que esse ser que o carregava pretendia fazer, ele o desejava apenas para ser seu pet.? Ele em seu coração desejou profundamente que a resposta fosse um sim, assustador de mais — pensou ele encolhendo seu corpo enquanto tremia.
Desmond sentiu o coração ainda acelerado após a batalha surreal que acabara de testemunhar. Ele olhou para o Lupir, que ainda estava tremendo em seus braços.
Ao notar que o cachorro tremia Desmond tentou lhe acalmar
— Está tudo bem, Cachorrinho — disse Desmond
O Lupir olhou para Desmond com olhos tristes e assustados. Desmond podia sentir a tensão em seu corpo.
— Shh! Continuou Desmond. — Você está comigo agora. Eu não vou deixar que nada aconteça com você.
Desmond começou a acariciar o Lupir, tentando tranquilizá-lo. O cachorro lentamente começou a se acalmar, seu tremor diminuindo.
O Lupir olhou para Desmond com olhos que pareciam entender mais que qualquer cachorro normal.
Desmond sorriu.
— Não importa — disse ele. — Você é meu bichinho agora E eu vou protegê-lo.
O Lupir lambeu a mão de Desmond, como se entendesse as palavras.
Desmond sentiu um arrepio de emoção. Ele nunca havia se sentido tão conectado a um animal antes.
— Vamos para casa, Lupir — disse Desmond. — Vamos começar uma nova vida juntos.
O Lupir concordou com um movimento de cabeça, e Desmond sorriu.
— Você entende mesmo, não é? — perguntou Desmond.
O Lupir olhou para Desmond com olhos brilhantes, e Desmond sabia que sim, ele entendia. Eles estavam conectados de uma maneira que Desmond nunca havia imaginado.
O coração de Lupir se aqueceu e o medo que ele possuía se dispersou, ele não sabia o quão poderoso esse ser era, mas certamente era mais forte do que tudo que ele já viu antes, um apoiador desses certamente era uma benção, ser um pet. Poderia ser considerado uma honra.
Qual nome será coloco nele? Não poderia ser um nome qualquer, tem que se um nome legal mas também não pode ser comum.
Gosto do personagem Lupin de um livro de magos e veja só, ele não era um cachorro, mas um lobisomem, gargalhou e quase a mesma coisa né? — falei
Mas Lupin ainda fica esquisito como melhorar um pouco pensei enquanto encarava o cachorro… Lupid, Lupis, nenhum desses soa bom... Lu… Pir… esse é perfeito, Lupir, Esse será seu nome.
Lupir o encarava atônito, ele já sabia de tudo, ele pensou que um dia teria que se revelar, quão ingênuo ele foi, desde o momento em que pisou naquele lugar todos puderam ver através dele, como poderia imaginar que esse ser não saberia o que ele era?
Ele confirmou em seu coração, já que ele o desejava assim, ele prometeu com determinação: eu serei seu pet.! Um simples cachorro.
Já na porta Desmond a destrancou, falando alto: bem-vindo a sua nova casa Lupir!
Em um outro local neste mesmo bairro
Um barulho de porta surge, passos de um pequeno menino vão pela calçada acompanhando a sarjeta da rua.
Onde será que ela foi parar? — suspirou.
Havia marcas de sangue como uma trilha que começava num local manchado com sangue exatamente onde Alan viu o corpo do careca cair e se dirigia para dentro de uma boca-de-lobo aberta.
Ao chegar próximo à criança escutou o ruído de dentes rasgando carne, e o som de mastigação que ressoava da escuridão.
Ao encarar, um braço esticou-se daquele breu e em sua mão havia uma bola que em seguida foi rolada aos pés da criança.
Obrigado! — disse o menino que se virou e foi diretamente para sua casa.
O braço recolheu-se para a escuridão e os barulhos de mastigação retornaram.