Na penumbra de seu estúdio, O Artista observava a cidade através da janela embaçada. As luzes brilhantes refletiam sua inquietação. A obra que havia criado com a morte de Victor Almeida ainda reverberava na mídia, e ele estava ciente de que a polícia estava em seu encalço. Mas isso não o incomodava; na verdade, alimentava sua criatividade. O jogo estava apenas começando, e ele estava decidido a deixar sua marca.
Enquanto analisava as notícias sobre o assassinato, O Artista notou um nome que se destacava: Eduardo Salgado, um político que havia estado no centro de diversos escândalos de corrupção. Salgado era um homem carismático, conhecido por suas promessas vazias e sua habilidade em escapar das consequências. Para O Artista, ele era a representação perfeita do que havia de errado na sociedade. A escolha estava feita.
Ele começou a planejar o próximo movimento. O Artista não era apenas um executor; ele era um maestro que orquestrava cada detalhe de sua performance. A maneira como aproximava suas vítimas, a cena do crime e, claro, a pintura que encerraria a obra — tudo tinha que ser perfeito.
Naquela noite, O Artista decidiu que iria à fundação beneficente onde Salgado apareceria como o convidado de honra. O evento era uma fachada, uma oportunidade para o político reforçar sua imagem pública. Para O Artista, isso era um convite. Ele se vestiu de forma discreta, escolhendo uma roupa que lhe permitisse misturar-se à multidão, e partiu.
A gala estava em pleno andamento quando ele chegou. Música suave preenchia o ambiente, e as pessoas conversavam animadamente, todas distraídas em suas vidas de superficialidade. O Artista se moveu entre os convidados, observando, estudando, esperando o momento certo.
Ele avistou Salgado em um canto, cercado por admiradores e repórteres, sorrindo e fazendo promessas que nunca cumpriria. A imagem do político o irritou. O Artista viu um homem que manipulava os sonhos e esperanças de tantos, e isso apenas aumentava seu desejo de expor a verdade.
Enquanto a noite avançava, O Artista começou a se preparar. Ele tinha em mente não apenas o ato, mas a cena que criaria depois. A pintura que deixaria para trás teria que capturar a essência do que Salgado realmente era: um predador disfarçado de salvador.
Assim que o evento se aproximou do fim e a maioria dos convidados começou a se dispersar, O Artista fez seu movimento. Ele seguiu Salgado até os corredores menos iluminados do prédio, onde as luzes eram fracas e o som da festa se tornava um eco distante. A atmosfera estava carregada de tensão, e O Artista sentiu a adrenalina pulsar em suas veias.
Quando Salgado parou para atender uma ligação, O Artista se aproximou silenciosamente. Ele havia planejado cada detalhe, e agora tudo se desenrolava conforme o previsto. Com um movimento rápido, ele sacou a faca que sempre carregava consigo e, em um instante, o político se virou, só para encontrar o olhar frio e determinado de seu agressor.
"Você não pode escapar da verdade, Eduardo," O Artista sussurrou, enquanto a lâmina cortava o ar.
O que se seguiu foi rápido e brutal. O Artista não hesitou. O ato foi tão preciso e metódico quanto o anterior, e em poucos momentos, Salgado estava caído no chão, sua vida se esvaindo. Mas O Artista não se apressou. Ele tinha uma mensagem a transmitir.
Com a mesma técnica que usara na primeira pintura, ele começou a trabalhar. Usando o sangue de Salgado, ele criou uma cena que representava os rostos das pessoas que haviam sido prejudicadas por suas ações: cidadãos desiludidos, crianças que haviam perdido oportunidades, sonhos esmagados pela corrupção. Cada pincelada era uma declaração, uma crítica à hipocrisia que dominava a política.
Quando terminou, O Artista se afastou, admirando sua obra. Era uma representação vívida da verdadeira natureza de Salgado, e ele sabia que a cidade não poderia ignorá-la. Ele olhou para o corpo do político e sorriu, satisfeito com o resultado de seu trabalho.
Deixando a cena do crime, O Artista desapareceu nas sombras da noite, sabendo que a repercussão seria imensa. A cidade logo saberia que um novo crime havia sido cometido, e que O Artista estava longe de terminar sua série de exposições.
Entretanto, na delegacia, Lucas Ferreira e Ana Souza estavam a um passo de descobrir a conexão entre as vítimas. Cada assassinato era mais do que um crime; era um ato artístico que falava sobre a corrupção que consumia a cidade. E agora, O Artista tinha um novo alvo em mente, e Lucas estava determinado a interceptá-lo antes que mais vidas fossem perdidas. A batalha entre eles estava prestes a se intensificar, e a tensão pairava no ar como uma tempestade prestes a eclodir.