Sou Marina Vonn Western, filha do Duque Ivan Vonn Western e da duquesa Lilia Vonn Western. Nossa família é considerada a mais rica e prestigiosa do império, pois nosso dinheiro vem de inúmeras minas espalhadas pelo continente.
Além de nós, o Império conta com três grandes famílias: Melbourne, Lira e Adrian.
Melbourne é a família real, base do império de Mansur e a casa de Maximiliano. Lira, por outro lado, é formada por comerciantes e, com suas tropas navegantes, domina os mares do sul. Adrian, por fim, está localizada no extremo norte do império e é conhecida pelo seu grande poderio militar.
Apesar de pertencer a uma família abastada, cresci como uma guerreira. Isso, pois, aos 10 anos descobri que sou capaz de usar magia – e em uma quantidade acima do normal esperado. Atualmente, poucos feiticeiros são encontrados no país e, os que tem, servem a família imperial.
Meu casamento com Maximiliano foi planejado enquanto estava no ventre de minha mãe. Ter um Western na família era um prestígio que a família imperial não poderia abrir mão. Então, diferentemente de outras crianças, cresci para ser a futura imperatriz de Mansur.
Agora, depois que terminarmos, sinto-me frustrada. Enquanto outras meninas brincavam de boneca e se apaixonavam por garotos, eu estava aprendendo outros idiomas, oratória, etiqueta e artes da magia. Foram anos exaustantes e, em algum momento, acabei esquecendo quem realmente sou, pois precisava ser a noiva perfeita e imaculada.
Ser imaculada era impossível, uma vez que eu e Maximiliano desfrutamos do bom prazer da carne bem antes do casamento.
Inicialmente a ideia de me casar era terrível. Quem quer se casar com alguém que não conhece? No entanto, depois de conhecê-lo, foi amor à primeira vista.
Ainda me recordo quando ele, com 15 anos, veio me visitar em Western. Naquele tempo, eu tinha 12 anos e amava pregar peças. Todo esquema estava preparado. Um grande balde de tinta vermelha estava posto sobre a porta esperando-o passar. Era o momento crucial em que, no meu inocente pensar, iria ter meu noivado anulado.
No entanto, o que me esperava naquela sala era uma grande surpresa. Um garoto alto, esbelto e pálido me aguardava sentado. Quando entrei na sala, não consegui me concentrar em outra coisa além deu rosto. Seus cabelos brilhavam ao sol e seus olhos eram azuis como o mais profundo mar.
"Você é um gato". Falei sem perceber.
Maximiliano corou. Suas bochechas, antes pálidas como a neve, estavam vermelhas como um tomate e, o mais interessante, a ponta do seu fino nariz estava avermelhada.
"Já ouvi várias vezes que sou bonito, mas hoje é a primeira vez que escuto alguém me chamar de gato. Você espera que eu comece a miar?".
Além de lindo ele é bem-humorado. O homem perfeito.
"Por favor, vá em frente, comece a miar. É uma grande honra ouvir o futuro imperador emitir sons semelhantes aos de um gato". Falei gargalhando.
Ele sorriu.
"Por favor, sente-se, Marina". Falou apontando para o sofá que estava frente a ele.
Sorri e fiz o que ele mandou.
Enquanto me acomodava, Maximiliano me olhava com curiosidade.
"Você é bem diferente do que imaginei". Falou enquanto tomava um gole de chá.
"Você esperava que eu chegasse voando numa vassoura?". Falei em um tom irônico.
"Pensei que você teria medo de mim. As pessoas geralmente se sentem constrangidas por estarem diante do futuro imperador de Mansur". Maximiliano respondeu calmamente.
Esperei um pouco antes de responder e fitei seus olhos.
"Desculpe-me desapontá-lo, mas sou muito poderosa para temer um homem".
"Você é bem destemida para uma garota de 12 anos". Maximiliano falou ironicamente.
"É o que dizem". Respondi sorrindo. "Além disso, sou muito bonita". Continuei.
"Você realmente é... não vai beber o chá?". Perguntou com curiosidade.
"Não gosto de chás quentes, apenas gelados. No entanto, disseram que, por educação, eu devo te acompanhar enquanto bebe". Respondi.
"Entendo. Por favor, fique livre. Não se sinta obrigada a fazer algo que não quer".
"Obrigada". Respondi timidamente.
Enquanto baixava a cabeça envergonhada, o mordomo entrou na sala.
"Príncipe Maximiliano, o duque de Western está aguardando no escritório". O mordomo falou educadamente.
"Certo, obrigado". Respondeu Maximiliano.
"Bom, Marina, foi uma ótima conversa". Maximiliano levantou-se impecavelmente.
Quando se aproximava da porta, lembrei do dispositivo que acionaria o balde com tinta. Sem pensar duas vezes, me atirei em sua frente e o balde despencou sobre mim.
Lá estava eu, vermelha como um pimentão e parada em frente a Maximiliano. Esse me olhava boquiaberto.
Esse foi o nosso primeiro de muitos encontros. Lembrei-me enquanto olhava pela janela da carruagem.
"Dez anos se passaram desde então". Murmurei.
Devo deixá-lo ir.