Após três meses fora, Maximiliano retornou para Mansur.
Com a notícia do seu retorno, corri euforicamente para recebê-lo no palácio. No entanto, algo estava diferente. Maximiliano estava dividindo a sela de um cavalo com uma mulher.
A mulher era bela e com cabelos tão longos e negros quanto os meus.
Olhei para Maximiliano e ele desviou o olhar.
Um arrepio intenso subiu por minhas costas.
Maximiliano desceu do cavalo e ajudou a mulher a descer.
Enquanto a mulher descia, Maximiliano segurou firmemente suas mãos e veio andando em minha direção.
"Depois conversamos, Marina". Falou friamente.
"Bom te ver, Maximiliano". Respondi no mesmo tom.
A mulher olhou para mim como se eu fosse um estorvo. Mas, não sabia ela que a pessoa mais poderosa do continente estava diante dela. Se eu resolvesse cortar sua cabeça e a do imperador naquele momento, não haveria com força suficiente para impedir.
"Preparem um quarto próximo ao meu para minha hóspede". Maximiliano ordenou aos empregados.
Todos ao redor me olharam assustados.
Segurei a barra da minha saia e me retirei.
Segui para meus aposentos e fiquei o dia todo deitada na cama.
Próximo ao anoitecer, sentei-me na bancada da janela e observei o jardim.
Notei que Maximiliano estava conversando com a hóspede e mostrando cada parte do jardim de rosas que plantamos juntos.
Parei de dar atenção e foquei meu olhar para o horizonte.
"O vento está frio". Pensei.
Fechei as janelas e fui me deitar.
Na manhã seguinte, como de costume, as servas vieram me preparar para o café.
Vesti um longo vestido preto que se ajustava bem a minha cintura.
Ao chegar na sala, me deparei com a mulher sentada onde geralmente costumo ficar e do outro lado estava a imperatriz viúva.
A imperatriz estava com uma expressão sombria.
Sentei-me no lugar dos hóspedes e agradeci pela refeição.
"Max, essa comida é muito boa". Falou a mulher euforicamente.
Continuei fingindo que não os via e a imperatriz viúva fez o mesmo.
"Falei que você ia gostar". Maximiliano respondeu docemente.
Por um momento a imperatriz viúva pareceu querer estrangulá-lo e isso me fez rir, pois eu partilhava do mesmo sentimento.
"Qual o motivo da graça, Marina?". Maximiliano perguntou rispidamente.
"Se eu falar, talvez me prendam por traição". Respondi ironicamente.
Maximiliano fez uma expressão sombria. "Deixe me apresentar a minha hóspede, Irene. Ela veio comigo de Rotan".
"Seja bem-vinda". Respondi friamente.
Maximiliano me encarou por um momento com uma expressão de descontentamento.
"Posso te ajudar, Imperador? O senhor continua me encarando. Deseja fazer algum pedido?". Falei ironicamente.
"Gostaria que você se retirasse. Sua presença está deixando o ambiente incômodo". Maximiliano respondeu.
"Maximiliano!". A imperatriz viúva bravejou.
Meu estômago se embrulhou.
"Que assim seja". Respondi friamente. "Estou retornando hoje para Western, uma vez que não há necessidade da minha presença aqui". Continuei.
"Faça o que quiser". Respondeu virando sua atenção para Irene.
Fiquei descontente. Esperava que ele resolvesse o mal-entendido e me pedisse para ficar, mas isso não aconteceu.
Enxuguei meus lábios e me retirei do ambiente.
"Bastardo desgraçado". Pensei.
O comportamento de Maximiliano mudou repentinamente. Entretanto, não parece feitiçaria. Não consigo ver marcas e selos em seu corpo, e toda magia, por mais simples que seja, deixa vestígios.
Cheguei ao quarto e, minha leal escudeira e dama de companhia, Briana estava me aguardando.
"Mari, o que aconteceu? Todos estão falando sobre o comportamento do imperador". Briana perguntou em um tom de preocupação.
"Não quero falar sobre isso, Bri". Falei em um tom choroso. "Arrume minhas coisas, pois vamos partir imediatamente para Western". Continuei.
Briana não questionou e organizou todas as coisas em silêncio.
Ao chegar em casa, minha mãe me recebeu calorosamente.
"Não esperávamos que você voltasse tão rapidamente. Aconteceu algo, querida?". Minha mãe perguntou.
Abracei-a firmemente. "Está tudo bem, mamãe".
"Entendo". Ela respondeu dando tapinhas em meus ombros.
"Papai e Marcus estão em casa?". Perguntei.
"Não querida, seu pai e seu irmão foram para mais uma reunião de negócios". Respondeu revirando os olhos. "Dessa vez é com o Duque de Adrian, o lunático". Falou em tom de zombaria.
Ver como minha mãe se refere ao duque de Adrian me fez rir.
"Entendo. Vou me trocar e ir para o salão de treinamento". Falei.
"Ok, querida".
Dei um beijo em sua bochecha e segui para meus aposentos.
"O que aconteceu com você, Máx". Pensei melancolicamente.