Enquanto avançavam rapidamente, gotas pesadas de chuva começavam a cair no solo. Ventos fortes uivavam entre as lâminas de coral, enviando pedaços de lama e algas marinhas pelos ares. Com as nuvens de tempestade se acumulando no céu, a luz do sol diminuiu, e um crepúsculo frio desceu sobre o labirinto.
Nephis corria com todas as suas forças, logo atrás de Sunless, que liderava o pequeno grupo, escolhendo o caminho mais direto em direção aos penhascos com a ajuda de sua sombra.
Cássia cavalgava o Echo, que pisoteava a lama com suas oito pernas na retaguarda. Ariandel estava equilibrado sobre o ombro da criatura, com seu arco em mãos.
Sem a necessidade de evitar monstros e com a morte respirando em seus pescoços, eles se moviam com uma velocidade impressionante. Passagens laterais e paredes carmesim passavam por eles em um borrão. Não havia espaço para conservar energia: se chegassem aos penhascos um minuto atrasados, suas vidas terminariam. Eles tinham que dar tudo de si.
Embora pronta para lutar, como dissera seu companheiro, os habitantes do labirinto estavam tão desesperados quanto eles; as criaturas volumosas estavam ocupadas tentando se esconder dentro dos montes de coral ou se enterrando no subsolo.
Nas raras ocasiões em que uma criatura mostrava agressividade, uma flecha de Ode to the Ruined — mesmo desviada pelos ventos crescentes — era suficiente para dissuadi-la.
Porém, não importava o quão rápido eles fossem, a tempestade era mais veloz. A chuva se transformou em um dilúvio intenso, cada gota se tornando uma torrente. Os ventos aumentaram de força, atingindo seus corpos com intensidade suficiente para desequilibrá-los. A luz diminuiu ainda mais, reduzindo a visibilidade a quase nada.
Finalmente, um relâmpago cegante rasgou a escuridão, seguido quase imediatamente por um estrondo ensurdecedor.
Na penumbra caótica, Nephis ouviu uma voz que parecia romper os trovões e falar diretamente à sua alma:
"Nós vamos conseguir! Continuem!"
Ela sentiu a água se acumulando ao redor de seus passos.
O mar estava voltando...
Nephis não conseguia determinar de onde a água vinha, mas, a cada minuto, ela subia mais. Logo estava até os joelhos, depois até a cintura, tornando quase impossível correr. A velocidade do grupo diminuiu consideravelmente.
Foi então, em um súbito clarão de relâmpago, que avistaram uma massa escura de pedra à frente.
Eles haviam chegado aos penhascos.
Quase ao mesmo tempo, um som terrível e retumbante veio das profundezas do labirinto. Nephis olhou para trás, tentando ver através da escuridão. Ela ouviu Sunless gritar:
"Estamos sem tempo! Temos que escalar!"
Nephis viu quando Ariandel saltou na água com Cássia em seus braços e ouviu-o dizer com firmeza:
"Sunny, dispense o Echo!"
Sem esperar por uma resposta, ele abaixou-se para permitir que Cássia subisse em suas costas e, em seguida, amarrou-se a ela com a corda dourada.
Compreendendo que eles não precisavam de sua ajuda, Nephis se adiantou. Cerrou os dentes e agarrou as pedras molhadas da parede do penhasco.
Eles iniciaram a subida, correndo contra o tempo para ganhar altura antes que a torrente negra os alcançasse. Algum tempo depois, Sunny gritou:
"Segurem-se!"
No instante seguinte, uma parede de água escura atingiu as rochas a poucos metros abaixo de seus pés. Enquanto Nephis se agarrava com todas as suas forças, o penhasco inteiro estremeceu. Pedregulhos caíram de algum lugar acima, passando perigosamente perto de sua cabeça.
Ainda assim, todos os quatro estavam vivos.
Porém, o perigo estava longe de acabar. A água negra continuava subindo, agora com uma velocidade assustadora, ameaçando engoli-los a qualquer momento. Eles tinham que continuar escalando, e tinham que ser mais rápidos que o mar.
Para sobreviver, precisavam escalar a face do penhasco com uma velocidade insana, mas sem cometer erros. Bastava um deslize para serem esmagados contra as rochas, afogados ou devorados por monstros gigantes.
A chuva torrencial e os ventos de furacão tornavam tudo ainda pior.
Nephis continuou escalando com determinação implacável, mesmo rasgando sua pele de alabastro nas pedras afiadas.
Quando outro relâmpago clareou a tempestade, ela viu Ode to the Ruined já no topo do pico. Ela também não demoraria a alcançá-lo, mas logo percebeu que Sunless estava ficando para trás.
Ariandel amarrou a corda dourada ao redor de seu próprio tronco e lançou a outra ponta para Nephis. Ela a prendeu firmemente ao braço, localizou Sunless e arremessou a corda em sua direção.
Nephis observou quando a mão de Sunless escorregou do coral. Antes que fosse tragado pelas águas negras, ele conseguiu agarrar a corda. Sentindo o peso dele puxá-la com força, ela quase perdeu o equilíbrio.
Sem perder tempo, eles retomaram a escalada com a ajuda da corda. Logo, ela recebeu a mão firme de Ariandel. Juntos, terminaram de puxar Sunless para cima.
Exaustos, Nephis e Sunless caíram no chão, ofegantes...
Depois de algum tempo, ela olhou brevemente para Sunless e então para Ode to the Ruined, que assistia à tempestade no horizonte — suas vestes estavam secas, sua longa trança permanecia imaculada, e seu olhar era calmo.
Cássia estava ao lado dele, segurando seu braço com uma mão, enquanto ele entrelaçava seus dedos firmemente com os da outra.
Nephis finalmente suspirou.
Eles sobreviveram.
***
Por alguns minutos, Sunny permaneceu deitado no chão, deixando a chuva fria atingir seu rosto. De tempos em tempos, um raio cortava os céus, iluminando tudo com uma luz ofuscante que desaparecia tão rápido quanto surgia. Fora isso, a escuridão era quase absoluta. Se não fosse pelo seu Atributo, ele mal conseguiria discernir as silhuetas de Nephis e Cássia, descansando próximas.
No entanto, um sentimento de inquietação começou a surgir, lento, mas insistente. Algo estava errado. Sunny franziu a testa, tentando identificar a origem daquela sensação desconfortável.
Finalmente, percebeu: era sua sombra. Ela estava junto de Ariandel e — a pedido dele — tentava chamar sua atenção para algo.
'Não... por favor... deixe-me descansar. Só quero descansar.'
O cansaço o dominava, o peso da exaustão esmagando tanto seu corpo quanto sua mente. Ele queria ignorar aquilo. Mas o bastardo-sempre-perfeito e a sombra sombria eram insuportavelmente persistentes.
A voz calma de Ariandel chegou até ele, carregada pelo vínculo com a sombra:
{Sunny, temos um problema. Meu sexto sentido captou algo... uma companhia. Por favor, preciso dos seus olhos.}
'Companhia? Companhia?!'
De repente, Sunny não estava mais tão cansado. Ele saltou de pé, o alarme refletido em seus movimentos bruscos, e virou-se para Nephis.
"O que houve?" ela perguntou, seus olhos fixos nele, uma mistura de curiosidade e alerta.
Sunny engoliu em seco, sentindo o peso da expectativa. Ele olhou através de sua sombra, encontrando os olhos iridescentes de Ariandel, que pareciam atravessar a escuridão e encarar diretamente sua alma.
"Ariandel..." Sunny hesitou, mas seu Defeito o empurrou adiante. "Ele encontrou, companhia... e quer que eu veja quem é."
Nephis se levantou de imediato, convocando sua espada. Cássia, por sua vez, virou os olhos cegos na direção de Sunny, como se tentasse enxergar algo além do que ele estava dizendo.
Com sua típica serenidade, Ariandel acrescentou:
{Ah, esqueci de mencionar: temos oito cadáveres de carcaceiros aqui. Mas, bem... o mais importante é confirmar o estado do responsável por livrar-nos desses inquilinos indesejados... e, claro, agradecer-lhe pela gentileza.}
Sunny congelou. O terror o consumiu num instante, arrepiando os pelos de sua nuca. "O quê?!", ele exclamou, apenas para perceber que Ariandel não podia ouvi-lo diretamente. Não eram telepatas, afinal.
Notando a expressão em seu rosto, Nephis estreitou os olhos. "Sunny?"
{Vamos, meu amigo furtivo. Despeça-se das senhoritas e venha se espreitar comigo até o monstro capaz de abater oito carcaceiros sozinho. Eu posso ser invisível, mas só você enxerga no escuro.}
Sunny respirou fundo, tentando reunir coragem. Finalmente, murmurou para as duas: "Eu vou com Ariandel. Vou descobrir o que é e volto... fiquem aqui, e quietas."
Ele se afastou, cada passo parecendo mais pesado do que o anterior. Mesmo assim, seguiu em frente, movido pela estranha mistura de irritação e fascínio que a calma exasperante de Ariandel sempre lhe causava.
Ao chegar, encontrou-o sentado em sua cadeira imaginária, com a sombra sombria repousando aos seus pés como se fosse a dele.
Os olhos místicos, desprovidos de pupilas — cujas ricas cores permaneciam vibrantes, mesmo no mundo cinzento das sombras, com formas que lembravam os padrões em constante movimento de um caleidoscópio — estavam fixos nos dele.
E, por algum motivo, aquilo era ainda mais desconcertante do que qualquer coisa que pudesse estar escondida na escuridão ao redor.