"A pesar da morte, há valor em viver..."
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A essência do combate é simples.
Estilo, armas, razão, intenção — tudo isso é secundário. Cada movimento, cada ação, serve a um único fim: matar ou evitar a própria morte.
No fim, um morre, e o outro se torna o assassino.
A Vida não nos oferece outra escolha. A luta, a violência, a dor — tudo isso é inevitável, uma constante que impõe suas regras.
E qual é o valor disso? Nenhum. Pois, no fim, a Morte é o ponto culminante de tudo o que fazemos.
Vazio... fútil...
Assim, o combate é uma estupidez. E, por consequência, a estupidez é o assassinato.
Essa é a verdade.
Quando você compreende isso, alcança a clareza necessária para dominar a mente.
Assim falou o Peregrino.
As palavras dissolverem-se no véu do crepúsculo.
... O Peregrino envolveu a jovem angustiada em seus braços.
Um grito agudo cortou o véu da madrugada.
"Não há inimigo", disse ele, "ela teve um pesadelo", sua voz ecoando para os companheiros, que se despertaram, espadas em punho.
O Peregrino apertou a jovem com ternura.
"Não há inimigo", repetiu, "foi apenas um pesadelo. Tudo vai ficar bem. Acalme-se." Seus companheiros ouviram suas palavras se dissolverem na escuridão da madrugada.
"A—a cabeça... eu vi... oh, deuses!" A jovem sussurrou, o terror ainda em sua voz.
"Está tudo bem", disse ele suavemente. "Foi apenas um pesadelo. Tudo vai ficar bem."
... No começo, vi através da neblina uma escuridão sem limites, trancada atrás de sete selos. Algo vasto se agitava nessa escuridão, e eu senti, no fundo da minha alma, que, se olhasse diretamente, perderia a cabeça.
O terror me consumia...
E, enquanto eu observava, os selos começaram a quebrar um a um, até que só restou um. Então, aquele último selo também se quebrou.
E, depois disso... não sei. Foi como se minha mente se estilhaçasse em mil pedaços, cada um refletindo sua própria imagem. A maioria era escura, aterradora, ou obscurecida pela neblina. Alguns pedaços eu já esqueci, como se nunca tivessem existido.
Mas em um deles...
Eu vi o castelo humano novamente. Só que, desta vez, era à noite. Uma estrela solitária queimava no céu negro, e sob sua luz, o castelo se erguia, coberto por neblina e flocos de neve.
Rosas vermelhas, de um tom quase negro, fluíam pelos corredores enevoados.
Eu vi um cadáver em uma armadura dourada, caído no chão, com uma espada de cristal sublime cravada ao lado. Uma mulher com uma lança de bronze se afogava em uma maré de monstros, suas forças se esvaindo. Um arqueiro tentava perfurar o céu em queda com suas flechas, desesperado para alcançar o impossível.
A neblina e os flocos de neve se adensavam, tomando a visão, cada vez mais frágil.
No final, vi uma torre colossal e assustadora, vermelha como sangue. Na base, sete cabeças decepadas guardavam sete fechaduras. E no topo... um anjo moribundo, consumido por sombras famintas. As rosas voavam em direção a essas sombras, levadas pelo vento, pela neblina e pelos flocos de neve.
Foi então que a visão, incapaz de suportar a frieza das rosas e da névoa que delas se derramou, se partiu em duas.
Em uma das metades, vi o anjo sangrar.
Uma dor profunda se abateu sobre mim, como se algo inefável, precioso, tivesse sido arrancado do meu ser — como se eu tivesse perdido algo que sequer sabia que possuía.
Uma das rosas se desfaz em pétalas congeladas, derretendo-se na névoa.
Uma tristeza imensa, uma dor pungente, e uma raiva avassaladora tomaram conta de mim. O que restava da minha sanidade parecia se desvanecer, dissolver-se nas rosas e na névoa gélida que delas emanava.
Foi então que acordei... ou, pelo menos, acho que acordei.
... Ariandel estendeu a mão em direção a Nephis, pedindo sua espada emprestada. Ela permaneceu imóvel por alguns instantes, o olhar indecifrável antes de, sem uma palavra, entregar-lhe a arma.
Com a espada em mãos, Ariandel virou-se para Sunny, a lâmina prateada reluzindo sob a luz da manhã.
"Invoque sua espada," ele disse simplesmente. Sunny fez como foi pedido, convocando a Lâmina Azure.
Ariandel colocou as duas espadas lado a lado, indicando diferenças e semelhanças com um gesto firme e direto.
"Observe. Sua lâmina, Sunny, é projetada principalmente para cortes. Isso se reflete no centro de gravidade mais alto, que permite golpes rápidos e poderosos. No entanto, o comprimento reduzido e o design compacto ainda possibilitam perfurações com eficiência moderada."
Ele ergueu a espada de Nephis.
"Agora, esta. É mais longa e mais equilibrada, construída para oferecer versatilidade. Ela combina um bom desempenho em cortes e perfurações, com um alcance superior. A diferença entre as duas está na especialização de cada uma."
Com um tom mais direto, ele continuou.
"Mas, no fim, o princípio por trás de manejá-las é o mesmo."
Ariandel assumiu a postura de combate, segurando a espada de Nephis com ambas as mãos, uma próxima à guarda e outra ao pomo. Ele realizou um golpe descendente com precisão metódica, explicando enquanto executava o movimento.
"Espadas são ferramentas de alavancagem. Para gerar força, você precisa entender como transferir energia através do corpo até a lâmina. Aqui," ele apontou para sua mão superior, "você empurra. E aqui," apontou para a mão inferior, "você puxa. Essa ação combinada maximiza a velocidade e o impacto do golpe."
Ele repetiu o movimento, ajustando a posição dos pés para demonstrar.
"Mas a força não vem apenas das mãos. Ela começa nos pés. O movimento deve ser transmitido dos pés, através dos quadris, depois pelo tronco e finalmente pelos ombros. As mãos apenas conduzem essa energia acumulada para a lâmina."
Ele parou e olhou para Sunny.
"Agora você."
Sunny ergueu a Lâmina Azure, tentando imitar o movimento. O golpe foi firme, mas desajeitado. Ariandel balançou a cabeça levemente, reposicionando os pés do garoto com um toque breve.
"Muito peso no calcanhar. Distribua melhor. E ajuste o ângulo da lâmina; você está perdendo eficiência no corte."
Sunny tentou novamente, desta vez seguindo as instruções com mais atenção.
"Melhor. Mas ainda está travando o quadril. Relaxe essa área, ou você vai desperdiçar energia. Deixe o movimento fluir."
Ariandel posicionou-se ao lado de Sunny, assumindo a postura de combate novamente.
"Vamos praticar juntos. Não se preocupe com números agora. Apenas continue até que o movimento se torne natural."
Ambos começaram a repetir o golpe descendente, lado a lado. Ariandel não apenas praticava, mas observava cada movimento de Sunny, corrigindo erros conforme surgiam.
"Seu braço inferior está rígido demais. Puxe com suavidade. Pense no movimento como um arco contínuo."
"Não olhe para a lâmina. Confie no alinhamento do seu corpo."
"Seus ombros. Não deixe que subam; mantenha-os relaxados."
A prática continuou, e com o passar do tempo, Sunny começou a sentir os movimentos fluírem de forma mais orgânica. A presença de Ariandel ao seu lado, repetindo os golpes com precisão técnica, servia tanto como guia quanto motivação.
Depois de um longo período de prática, Sunny finalmente quebrou o silêncio.
"Como você sabe tanto sobre esgrima?" Ele fez uma pausa, respirando fundo. "Você ensina como se fosse algo natural para você. De onde vem todo esse conhecimento?"
Ariandel não respondeu imediatamente. Ele ergueu a espada de Nephis mais uma vez, realizando um último golpe com precisão impecável. Só então se virou para Sunny, um leve sorriso brincando nos lábios e um toque de diversão em sua expressão serena.
"Sunny," disse ele, com uma risada agradável e despreocupada. "Apenas siga o roteiro, okay? Se eu estivesse ensinando errado, Nephis já teria nos interrompido."
Ele lançou um olhar breve para Nephis, que observava à distância, sentada ao lado de Cássia, sem esboçar nenhuma reação evidente.
"Agora, volte para a prática. Quanto mais você fizer, mais rápido entenderá."
"Okay", Sunny respondeu, embora as dúvidas permanecessem em sua mente. Ele levantou a Lâmina Azure novamente, repetindo o movimento que Ariandel havia ensinado, sentindo uma melhora gradual a cada tentativa.
Repetição, prática e disciplina. Com Ariandel ao seu lado, parecia que o simples ato de golpear carregava uma ciência intrincada e uma filosofia que ele apenas começava a explorar.
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"... e, pelo amor, até mesmo a eternidade se torna suportável."