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Chapter 11 - Capítulo 11 - A Masmorra dos Mortos

Nimbus olhou para a entrada da masmorra com uma expressão de puro pavor.

— Mais nem ferrando que eu vou entrar aí, Solaris. Tá maluco? — disse ele, dando um passo para trás.

Solaris encarou Nimbus, firme, tentando convencê-lo.

— A gente precisa entrar, Nimbus. Esse cristal é importante, lembra?

Nimbus gesticulou exageradamente, como se estivesse prestes a encenar uma peça dramática.

— "Importante"? Importante era a minha segurança, Solaris! — ele olhou novamente para a entrada da masmorra, franzindo o cenho. — Você sabe que masmorras assim são... muito perigosas.

Silvestre cruzou os braços, balançando a cabeça em concordância.

— Por um lado, o Nimbus tem razão, Solaris. A energia mágica desse lugar tá densa demais, e os mortos que habitam aí provavelmente são de nível A ou até S. Isso não é coisa que se encara todo dia.

Nimbus suspirou e apontou dramaticamente para a entrada da masmorra.

— Tá vendo, Solaris? É a gente saindo de uma morte certa pra entrar direto na próxima! Vamos cair em outro buraco, ser atacados de novo, ou pior... pode ser que eu perca a pele dessa vez!

Solaris, tentando disfarçar uma risada, observou Nimbus de cima a baixo.

— Falando nisso, onde é que estão as suas Asas de Dragão, Nimbus? Achei que você fosse usá-las em momentos de perigo.

Nimbus o olhou, ofendido, e disse com ares de grandeza:

— Claro que estão guardadas na minha bolsa mágica! Não posso sair por aí exibindo esse luxo. Isso aqui custou cinquenta moedas de prata, meu caro! Você sabe quanto custa uma bolsa assim?

Solaris arqueou uma sobrancelha, surpreso.

— Cinquenta moedas... só por uma bolsa?

Nimbus bufou, revirando os olhos.

— Pois é! E olha que eu vi umas por quinze moedas, mas eram umas vacabundas! Essas aí rasgam só de você olhar torto. E vai que eu preciso das asas com urgência? Se a bolsa rasgar, já era!

Silvestre caiu na risada, batendo no ombro de Nimbus.

— Aí, Nimbus, se eu soubesse que seu problema era um rasgo na bolsa, eu até dava um pedaço da minha armadura! Isso já resolveria.

Nimbus virou de costas, cruzando os braços e fingindo indignação.

— Risada agora, né, Silvestre? Mas quando precisarem das minhas invenções, quem é que vai salvar vocês? Pensa aí.

Solaris deu um tapa amigável nas costas de Nimbus, rindo.

— Relaxa, Nimbus. Com você e sua bolsa mágica, a gente encara qualquer coisa!

Nimbus resmungou baixinho, mas acabou sorrindo ao seguir os amigos em direção à masmorra.

A atmosfera ao redor ficou mais pesada conforme eles se aproximavam da entrada. O ar era frio como gelo, e os sons de gritos distantes ecoavam da escuridão. Nimbus deu uma última olhada para trás, como se estivesse considerando fugir, mas o olhar firme de Solaris e o sorriso confiante de Silvestre o convenceram a continuar.

Tá bom, tá bom... mas se eu morrer, prometo que vou te assombrar, Solaris! Nimbus murmurou enquanto desaparecia na escuridão da masmorra ao lado dos companheiros.

As paredes da masmorra estavam cobertas por escrituras antigas e pinturas desbotadas. Solaris passou os dedos pelas marcas, curioso.

— Isso aqui... é fascinante. — Ele aproximou o rosto para ver melhor. — Eu vou usar minha magia de luz pra entender o que tem mais por aqui.

Silvestre, que seguia logo atrás, segurou o braço de Solaris antes que ele conjurasse qualquer coisa.

— É melhor não fazer isso, Solaris. Os monstros podem sentir a magia sendo usada. Vamos fazer do jeito tradicional.

Sem esperar resposta, Silvestre pegou um pedaço de pau seco do chão, enrolou um pedaço de tecido na ponta e amarrou com uma linha que tirou do bolso. Depois, com um pequeno pedaço de pederneira que carregava, acendeu a tocha improvisada.

— Pronto. Isso deve resolver por enquanto. E parece que o corredor continua mais pra frente.

Nimbus observava tudo de braços cruzados, mas não conseguia conter sua curiosidade. Ele apontou para as escrituras na parede.

— Ok, eu admito... isso é bem interessante. O que será que tá escrito aí?

Solaris, já de olhos brilhando com as possibilidades, analisou as marcas com mais atenção.

— Parece que tá falando sobre os sete cristais. Cada um com uma cor única... mas não consigo traduzir tudo. Eu só queria entender essas palavras.

Ele abriu seu livro mágico, que imediatamente começou a brilhar intensamente. As letras das paredes começaram a se mover, formando frases legíveis nas páginas do livro. Solaris observava aquilo com fascínio.

— O livro... tá traduzindo tudo! — Ele começou a ler em voz alta. — "Há muito tempo, um anjo foi enviado à Terra, caindo como uma estrela. Os homens o trataram como uma divindade, um deus, um santo. Mas o anjo, odiando os humanos, um dia resolveu exterminá-los, matando famílias e destruindo aldeias. Então surgiu um jovem misterioso, trazendo consigo sete cristais de cores vibrantes e poderosas..."

Nimbus interrompeu, levantando uma sobrancelha.

— Pera aí, que história é essa? Tô sentindo que isso vai acabar mal.

Solaris o ignorou, continuando a leitura com seriedade.

— "Com os cristais, o jovem lutou contra o anjo. Mas, embora ele tenha conseguido aprisionar o anjo, o jovem pereceu. Para evitar que o anjo fosse libertado, os cristais foram divididos e espalhados pelos os sete reinos. O cristal violeta ficou com o Reino de..." — Solaris pausou. — O nome do reino tá ilegível aqui...

Nimbus resmungou, impaciente.

— Claro que tá! Sempre tem algo faltando nessas histórias antigas.

Solaris continuou, ignorando os comentários.

— "O cristal violeta era poderoso demais, espalhando uma densa magia sombria que recriou monstros terríveis. O reino caiu em ruínas, transformando-se em uma densa floresta. O cristal foi então escondido em um catacumbas para que sua energia não destruísse mais nada."

Ele fechou o livro lentamente, olhando para os amigos.

— Droga... as escrituras e as pinturas terminam aqui. Então, quer dizer que essa masmorra era, na verdade, um castelo?

Nimbus coçou a cabeça, confuso.

— Sete reinos? Pra mim só existiam quatro! Onde estão esses outros três?

Silvestre esticou os braços, segurando a tocha com firmeza.

— A gente não vai descobrir nada ficando parado aqui. É melhor continuar. Não sabemos que tipo de monstro vai nos encontrar primeiro.

Nimbus suspirou, segurando sua bolsa mágica com força.

— Eu odeio tudo isso, mas... se eu morrer, vou puxar o pé de vocês à noite. Que fique registrado!

Nimbus descia a escadaria estreita da masmorra, pisando com cuidado enquanto segurava firmemente sua bolsa mágica.

— Sete reinos, hein... mas nos livros de história só falam de quatro. Não é estranho? Tipo, quem decide apagar três reinos inteiros? Que história mal contada.

Silvestre, que vinha logo atrás com uma tocha improvisada, assentiu com um ar sério.

— Com certeza, parece que alguém quis apagar partes da história do passado. Só resta saber por quê.

Nimbus olhou para Solaris, que estava um pouco à frente, aparentemente distraído.

— E você, Solaris? O que acha disso tudo?

Solaris continuava perdido em pensamentos, o olhar fixo em algum ponto distante. Nimbus, já impaciente, tentou chamá-lo novamente.

— Ou, Solaris... ou... SOLARIIIIIIS! — Nimbus deu um grito tão alto que fez ecoar pelas paredes da masmorra.

Solaris se assustou, quase tropeçando nos degraus.

— Ahh! Oi, oi, o que foi?

Nimbus colocou as mãos na cintura, indignado.

— Você tava com uma expressão estranha no rosto e olhando pro nada. Tá tudo bem ou já tá pensando em lutar contra outro monstro gigante?

Silvestre, curioso, parou por um momento e virou-se para Solaris.

— O que tá rolando, Solaris? Alguma coisa que a gente precisa saber?

Solaris passou a mão no queixo, pensativo.

— As escrituras nas paredes... Bem, a Irmã Helena me contou uma vez uma história sobre um anjo que se rebelou contra os deuses e caiu na Terra como uma estrela. Mas as escrituras aqui dizem que ele foi enviado. Isso muda muita coisa.

Silvestre arqueou uma sobrancelha, intrigado.

— Enviado? Pode ser que quem escreveu isso tenha errado. Essas histórias são muito antigas, então não dá pra confiar em todos os detalhes.

Nimbus, cruzando os braços, bufou.

— E eu achando que essa história era só mais uma invenção pra assustar crianças e fazê-las dormir. Agora parece que tudo era real... e nós somos os trouxas que decidiram investigar isso.

A escadaria terminou em um corredor mais amplo. A energia mágica ao redor ficou mais densa, quase sufocante. Silvestre ergueu a tocha e olhou ao redor.

— Parece que aqui é o ponto de partida. Todo cuidado é pouco daqui em diante.

Nimbus balançou a cabeça, nervoso.

— "Cuidado", "ponto de partida"... A única coisa que eu quero é terminar logo isso pra gente sair daqui rápido. Esse lugar me dá arrepios!

Enquanto caminhavam pelo corredor, Nimbus tentava aliviar a tensão com conversa.

— Ei, sabe o que é pior do que monstros gigantes numa masmorra? Isso aqui. A umidade! Minhas roupas tão começando a grudar, e isso não é nada prático.

Silvestre riu, sacudindo a cabeça.

— Prioridades, hein? Tá preocupado com o tecido da sua roupa enquanto a gente tá cercado por magia sombria.

Solaris, tentando disfarçar uma risada, acrescentou.

— Talvez você devesse ter inventado uma capa resistente à umidade.

Nimbus revirou os olhos, mas antes que pudesse responder, deu um passo em falso e caiu de cara direto em uma teia de aranha gigante.

— AAAAHHH! SOCORRO! ME TIRA DISSO! EU FUI PEGO POR UM MONSTRO INVISÍVEL!

Silvestre e Solaris tentaram segurar a risada enquanto puxavam Nimbus, que se debatia como um peixe fora d'água.

— Parece que o "monstro invisível" é só uma teia de aranha, Nimbus, — disse Solaris, limpando os fios grudados no amigo.

Nimbus bufou, ainda tentando tirar os pedaços de teia do rosto.

— Só uma teia? Essa coisa tentou me comer vivo! Aposto que tem um monstro gigantesco por aqui!

Antes que pudessem responder, ouviram um som estranho vindo do final do corredor. Do escuro, cinco aranhas monstruosas, com cerca de 70 centímetros cada, surgiram, movendo-se rapidamente em direção ao grupo.

Nimbus arregalou os olhos e deu um passo para trás.

— EU SABIA! EU DISSE! A TEIA ERA UM AVISO!

Silvestre desembainhou sua espada e assumiu uma posição defensiva.

— Menos drama e mais ação, Nimbus! Vamos acabar logo com isso.

Solaris concentrou-se, levantando a mão enquanto uma aura mágica começava a brilhar ao seu redor.

— Certo, vamos tentar manter isso rápido.

As aranhas avançaram, dividindo-se para cercar o trio. Silvestre partiu para cima da primeira, cortando uma das patas com um golpe certeiro. A aranha recuou, soltando um chiado estridente.

Nimbus, ainda apavorado, tirou um pequeno frasco de sua bolsa mágica e o lançou contra outra aranha. O frasco quebrou, liberando uma fumaça azulada que fez a criatura tropeçar e cair no chão, desorientada.

— Toma essa, sua aberração pegajosa! Quem manda mexer comigo?

Solaris, aproveitando a oportunidade, usou sua magia para criar lâminas de luz que perfuraram duas aranhas ao mesmo tempo, dissipando seus corpos em faíscas de energia mágica.

Restava apenas uma, que se lançou sobre Nimbus. Ele gritou e tropeçou para trás, caindo no chão. Antes que a criatura pudesse atingi-lo, Silvestre avançou em um salto, bloqueando o ataque com sua espada e desferindo um golpe final que partiu a aranha ao meio.

Com as criaturas derrotadas, o grupo recuperou o fôlego. Nimbus, ainda se limpando da teia, murmurou:

— Eu vou cobrar caro por cada segundo que passo nesse lugar horrível. Cada. Segundo.

Solaris sorriu e deu um tapa amigável nas costas de Nimbus.

— Relaxa, Nimbus. Foi só o aquecimento.

O alquimista arregalou os olhos.

— "Aquecimento"? Ah, não... eu sabia que tinha mais!

Nimbus descia a escadaria estreita da masmorra com passos cuidadosos, reclamando de tudo que via pela frente.

— Essa umidade é insuportável! Minhas roupas vão apodrecer antes da gente sair daqui.

Silvestre, segurando a tocha, suspirou.

— Se você reclamar mais, a masmorra vai desistir e nos deixar ir embora.

Solaris riu, tentando aliviar o clima tenso.

— Tá bom, vamos focar, pessoal. Já perdemos tempo demais.

Silvestre, mais pragmático, olhou para os dois.

— Vamos continuar.

Solaris assentiu.

— Tá, vamos, Nimbus.

Nimbus bufou dramaticamente.

— Nãooo! Droga.

Os três seguiram pelo corredor em direção ao próximo desafio. O ambiente ficava mais pesado, e a magia no ar parecia sufocante. Foi então que Nimbus parou de andar, seus olhos se fixando em uma sala adjacente onde algo chamou sua atenção.

— Um baú? — Nimbus murmurou para si mesmo, sentindo a irresistível tentação de abri-lo.

Ele desviou do grupo e entrou na sala, movido pela curiosidade. Com cuidado, Nimbus se aproximou do baú e o abriu. No instante em que a tampa se ergueu, dentes afiados e uma língua grotesca surgiram, seguidos por mãos que tentaram agarrá-lo.

— AAAAHHH! — Nimbus gritou, caindo de costas enquanto o baú monstruoso se agitava.

Solaris e Silvestre ouviram o grito e saíram correndo.

— O que foi isso? — perguntou Silvestre, acelerando os passos.

Ao chegarem à sala, encontraram Nimbus no chão, tentando se arrastar para longe enquanto um mímico avançava.

— Um mímico! — exclamou Solaris, já preparando uma magia. Ele estendeu a mão, conjurando uma esfera de fogo que atingiu a criatura.

Silvestre aproveitou o momento e avançou com sua espada, desferindo um golpe certeiro que partiu o mímico ao meio.

A criatura soltou um grito final antes de desaparecer em uma poça de energia mágica.

Silvestre embainhou a espada e olhou para Nimbus com um misto de frustração e cansaço.

— Mímicos são comuns em masmorras. Você devia saber disso.

Solaris cruzou os braços, encarando Nimbus.

— O que você estava fazendo se separando da gente?

Nimbus levantou-se, ainda tremendo.

— Eu... eu vi um baú e pensei que talvez fosse algo valioso. Como eu ia saber que era um monstro?!

Solaris suspirou.

— Tá, mas da próxima vez, avisa antes de sair por aí. Vamos continuar.

Nimbus, com o orgulho ferido, murmurou enquanto se juntava ao grupo.

— Certo... mas que tipo de lugar é esse onde até os baús querem te matar?

O trio continuou avançando, enfrentando vários monstros pelo caminho. Primeiro, um grupo de goblins surgiu, atacando com armas improvisadas. Silvestre os enfrentou com golpes rápidos, enquanto Solaris os atingia com feixes de luz mágica. Nimbus, ainda nervoso, jogou uma poção explosiva que derrubou dois de uma vez.

— Toma essa, seus cabeçudos!

Mais adiante, abelhas gigantes apareceram, zumbindo furiosamente.

— Elas são amarelas! E têm olhos assustadores! — Nimbus gritou, tentando desviar de um ferrão enorme.

Solaris conjurou uma barreira para proteger o grupo, enquanto Silvestre cortava as asas das criaturas com precisão.

Quando pensaram que estavam seguros, uma aparição fantasmagórica surgiu, flutuando entre os corredores. Nimbus tropeçou para trás, apontando com os olhos arregalados.

— É um monstro atrás do outro! Essa masmorra tá de brincadeira com a gente!

Solaris canalizou magia divina, dissipando a aparição em uma explosão de luz.

Finalmente, o grupo entrou em uma sala maior onde um ogro gigantesco aguardava, segurando um enorme porrete.

— Ah, ótimo, agora é um ogro! — Nimbus exclamou, já cansado.

Silvestre tomou a dianteira, desviando dos ataques pesados enquanto Solaris usava sua magia para criar uma distração. Nimbus jogou uma poção congelante, desacelerando os movimentos do monstro.

— Toma essa, grandão!

Aproveitando a abertura, Silvestre desferiu um golpe poderoso que atingiu o peito do ogro, derrubando-o com um rugido final.

Nimbus caiu no chão, exausto.

— Ok, masmorra, o que você vai mandar pra gente agora? Um dragão?!

Depois de recuperar o fôlego, o trio continuou. Ao final do corredor, encontraram um grande portão emanando uma energia mágica intensa.

— Parece que chegamos, — disse Solaris, olhando para o portão com seriedade.

O grupo trocou olhares, sentindo a tensão no ar.

Continua.