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Chapter 13 - O Fim da Escuridão

Após horas de tensão, finalmente os três emergiram da masmorra. O ar era úmido, carregado pelo peso de uma floresta ainda viva com magia sombria.

Nimbus soltou um suspiro dramático, jogando-se no chão coberto de folhas secas.

— Finalmente fora dessa masmorra. Nunca mais vou entrar em uma dessas, NUNCA mais!

Solaris ajustou o cajado em suas costas, olhando ao redor.

— Só que ainda estamos na Floresta dos Pesadelos, Nimbus.

Nimbus levantou uma sobrancelha, encarando o amigo.

— Ah, que DROGA! Não pode me dar uma boa notícia, tipo: "Estamos seguros" ou "Vamos achar uma taverna"?

Silvestre já caminhava em direção às árvores mais densas, falando sem olhar para trás.

— Menos conversa, mais ação. Precisamos sair daqui antes que a floresta nos dê outra surpresa desagradável.

De repente, Solaris parou, franzindo o cenho. Ele ergueu uma mão, como se tentasse sentir algo no ar.

— Vocês estão sentindo isso?

Nimbus, com uma expressão de desconfiança, respondeu:

— Sentindo o quê? Minha paciência acabar?

Solaris ignorou o comentário e fechou os olhos, focando.

— A aura sombria da floresta... Está se desfazendo.

Silvestre parou ao lado dele, cruzando os braços.

— Faz sentido. Quando tiramos o cristal, a magia sombria deve ter começado a enfraquecer.

Nimbus deu de ombros.

— Ótimo, então vai ser moleza sair daqui. Sem monstros, sem problemas.

Solaris abriu um sorriso enigmático.

— Eu não teria tanta certeza. Alguns monstros podem ficar, mesmo com a magia enfraquecida.

Nimbus bufou, levantando-se.

— Quem se importa? Eu só quero sair dessa floresta dos infernos antes que mude de ideia e vire comida de lobo.

Enquanto caminhavam, notaram que as auras sombrias ao redor dos monstros estavam desaparecendo. Solaris, sempre curioso, pegou seu caderninho e começou a anotar.

— Fascinante... Parece que os monstros ficavam mais fortes por causa da magia do cristal.

Nimbus inclinou a cabeça, olhando para o caderno com um olhar malicioso.

— Está escrevendo isso para sua tese? "Como sobreviver em florestas que querem te matar"?

Solaris deu uma risada seca.

— Ha-ha, muito engraçado, Nimbus.

Silvestre virou-se, encarando os dois com impaciência.

— Se as duas crianças terminarem de brincar, podemos continuar?

O grupo seguiu por mais algum tempo até que as árvores começaram a se tornar menos densas. Nimbus, com um tom animado, apontou.

— Estou vendo o fim dessa floresta maldita! VAMOS LOGO!

Mas antes que pudessem comemorar, uma sombra gigantesca surgiu entre as árvores. Nimbus imediatamente recuou, colocando Silvestre entre ele e a figura.

— O que... O que é ISSO?!

Silvestre sacou sua espada, assumindo uma posição defensiva.

— Parece que nosso "lobinho" trouxe companhia...

Solaris segurou firme o cajado, seus olhos fixos na criatura.

— Acho que eles querem revanche.

Para sua surpresa, a pelagem do Fenrie, antes negra e sombria, começou a brilhar em um prateado vívido. Os lobos menores, que o cercavam, tinham agora pelos cinzentos, quase radiantes. Lentamente, abaixaram as cabeças em um gesto de respeito antes de desaparecerem na floresta.

Silvestre abaixou a espada, confuso.

— O que acabou de acontecer?

Solaris fechou o caderno, pensativo.

— Parece que ganhamos o respeito da matilha.

Nimbus levantou as mãos.

— Ótimo! Mas não quero abusar da sorte. Vamos embora antes que mudem de ideia.

Ao saírem da floresta, Nimbus respirou fundo, dramatizando como sempre.

— Ah, ar puro, finalmente!

Solaris corrigiu, com um leve sorriso.

— Tecnicamente, o ar na floresta era mais puro.

Nimbus arqueou uma sobrancelha.

— Puro com um toque de magia sombria? Não, obrigado. Prefiro o cheiro de uma taverna cheia de aventuras... e cerveja.

Solaris balançou a cabeça.

— Certo... E para onde vamos agora?

Nimbus deu de ombros.

— Há uma cidade pequena a três dias daqui.

Silvestre interveio, com um tom casual.

— Minha casa fica no caminho. Está a dois dias daqui. Vocês podem passar lá para descansar.

Solaris sorriu.

— Parece que ficaremos juntos por mais um tempo. Então, vamos!

Primeira noite

O acampamento improvisado estava calmo, com a fogueira crepitando. Solaris estava concentrado em uma panela, mexendo o conteúdo com um olhar determinado. Nimbus se aproximou, jogando sua mochila no chão.

— O que você está fazendo, chef? — perguntou Nimbus, com uma mistura de sarcasmo e desconfiança.

Solaris sorriu, servindo uma colherada para Nimbus.

— Experimente e me diga o que acha.

Nimbus olhou para o prato, hesitando.

— Isso... parece com comida, mas cheira a... — Ele parou, pegou uma colherada e colocou na boca. Sua expressão mudou instantaneamente para desgosto. Ele virou-se, tentando não cuspir. "Parece que ele misturou terra com esperança e destruiu as duas."

Quando Silvestre apareceu, Solaris se virou animado.

— Quer um pouco?

Silvestre olhou para Nimbus, que discretamente balançava a cabeça em negativa, e respondeu com um sorriso forçado.

— Não, obrigado. Já estou satisfeito.

Solaris deu de ombros, voltando à panela. Nimbus sussurrou para Silvestre.

— Isso é praticamente um crime contra a culinária.

Silvestre apenas riu, ajustando sua capa.

— Melhor ele treinar magia do que cozinhar...

Segundo Dia

A viagem continuava por entre árvores e arbustos, o grupo seguindo uma trilha improvisada. No meio do caminho, depararam-se com um pequeno riacho, onde a água cristalina corria tranquilamente.

Solaris ajoelhou-se na margem, enchendo o cantil com cuidado.

— Água fresca. Nada como isso para reabastecer as energias.

Enquanto isso, Nimbus tirava peças metálicas e frascos de sua bolsa mágica. Ele rapidamente montava um pequeno dispositivo com tubos e engrenagens.

Silvestre cruzou os braços, observando-o com curiosidade.

— O que você está fazendo agora, Nimbus?

Nimbus ergueu a cabeça com um sorriso convencido.

— Um purificador de água portátil. Genial, não é?

Silvestre arqueou uma sobrancelha.

— Às vezes, você realmente me surpreende, Nimbus.

Nimbus deu um sorriso ainda maior, cheio de satisfação.

— Isso é um elogio? Se for, eu aceito sem modéstia.

Solaris riu baixo, enquanto Nimbus testava o aparelho. A água fluiu por pequenos tubos, saindo límpida do outro lado. Nimbus estendeu o cantil para Silvestre.

— Viu só? Perfeito. Agora pode me chamar de gênio.

Silvestre pegou o cantil, balançando a cabeça.

— Só espero que isso não transforme a água em algo ainda pior.

Nimbus cruzou os braços, fingindo indignação.

— Você é mesmo um ingrato, sabia?Primeiro, eu salvo nossas vidas. Agora, purifico a água. O que mais você quer? Que eu faça chover?

Silvestre deu uma risada curta e bebeu um gole.

— Vamos ver se você consegue passar um dia sem reclamar.

Solaris, observando a interação, apenas sorriu antes de voltar a encher seu próprio cantil.

À Noite

Já na segunda noite, o grupo montou acampamento em uma clareira. As estrelas brilhavam no céu, enquanto o fogo da fogueira os aquecia. As tarefas foram divididas naturalmente: Silvestre cuidava do fogo, Solaris estava imerso em um antigo pergaminho que havia encontrado na masmorra, e Nimbus trabalhava em uma nova invenção.

Silvestre observou Nimbus, intrigado.

— Isso vai funcionar desta vez?

Nimbus, com o olhar fixo no dispositivo, respondeu sem hesitar:

— Claro que vai! Quer dizer... provavelmente.

Assim que terminou de ajustar uma das peças, uma pequena explosão de fumaça saiu do aparelho. Nimbus tossiu, abanando a fumaça com a mão, enquanto Silvestre soltava uma gargalhada.

— É, provavelmente não é tão confiável assim.

Nimbus lançou-lhe um olhar irritado, mas um sorriso logo surgiu.

— Um verdadeiro inventor aprende com os erros... E os seus comentários não ajudam!

Solaris olhou para os dois, segurando uma risada.

— Vocês dois deviam formar uma dupla de comédia.

Silvestre deu de ombros.

— Melhor do que ficar ouvindo você murmurar fórmulas mágicas o tempo todo.

Passando algum tempo

Enquanto o grupo se acomodava ao redor da fogueira, Silvestre olhou para Solaris com curiosidade.

— Solaris, como você sabia que a flor Lacrima Lunaris nascia em um lugar com tanta magia?

Solaris ergueu os olhos do pergaminho que estava lendo e deu um pequeno sorriso.

— Foi algo que Kairon me ensinou.

Nimbus, sempre curioso, se inclinou para ouvir melhor.

— Kairon? O seu mentor?

Solaris assentiu, colocando o pergaminho de lado.

— Sim. Ele me forçou a estudar um livro que ele mesmo escreveu, sobre objetos mágicos raros. Ele dizia que era fundamental que eu decorasse tudo, mesmo que eu não entendesse na época.

Silvestre cruzou os braços, interessado.

— E isso ajudou agora?

Solaris deu uma risadinha, parecendo lembrar de algo.

— Quando você mencionou que estava procurando uma flor rara capaz de reverter maldições, várias opções vieram à minha mente. Mas só a Lacrima Lunaris se encaixava perfeitamente com o que você descreveu.

Nimbus sorriu, balançando a cabeça.

— Então, basicamente, você resolveu um quebra-cabeça gigante usando as lições de um professor insistente.

Solaris riu.

— Pode-se dizer que sim. Kairon sempre dizia: "O conhecimento é a chave para sobreviver em um mundo cheio de mistérios."

Silvestre inclinou a cabeça, parecendo refletir sobre isso. Ele murmurou baixinho para si mesmo, quase inaudível:

— Bom, graças a ele, talvez minha irmã finalmente tenha uma chance.

O tom de gratidão nas palavras de Silvestre, mesmo dito em voz baixa, deixou o ambiente mais sério por um momento. Nimbus, sempre descontraído, aproveitou para quebrar a tensão.

— Certo, mas espero que Kairon tenha ensinado você a cozinhar também, porque, do jeito que está, sua comida é quase tão mortal quanto a floresta dos pesadelos.

Solaris revirou os olhos, enquanto Silvestre soltava uma risada. A noite seguiu com o grupo unido, cada um encontrando força nos outros para seguir a jornada.

Amanhecer do Terceiro Dia

Quando o sol começou a despontar, a jornada continuou. Algumas horas depois, eles finalmente avistaram a casa de Silvestre. Era uma construção simples, cercada por árvores robustas, com um campo aberto à frente.

Nimbus soltou um suspiro aliviado.

— Finalmente, um pouco de civilização!

Silvestre riu, ajustando a capa.

— Bem, não espere muito luxo, mas vai servir.

Solaris, admirando o lugar, comentou:

— Depois de dias de caminhada, qualquer descanso é um luxo.

Ao se aproximarem, já podiam sentir a tranquilidade do local. Mesmo sabendo que ainda tinham um longo caminho pela frente, aquele breve momento de paz era mais do que bem-vindo.

Continua.