Mallory, que segurava a maçã na mão, tremia de raiva. Tomada por um surto de irritação, ela lançou a maçã em Hadeon. A maçã não entrou na carruagem, mas voou comicamente por cima dela, aterrissando com um baque surdo no chão.
"Mirando nos pássaros, estamos?" Hadeon questionou, mal contendo seu divertimento. Ele então acrescentou, "Você deve estar cheia de autoaversão por essa mira terrível."
Ela não podia acreditar, de todas as vezes, ela tinha errado dessa vez. Ela disse, "Mestre Hades, eu preciso de comida."
"Que ingrata!" Hadeon suspirou dramaticamente. "Eu te dei uma maçã perfeitamente boa. Não qualquer maçã, mas especialmente colhida por mim, e você decide jogá-la fora. Os mortos estão chorando por desperdiçarem suas maçãs."
Mallory murmurou baixinho, "Suspeito que eles choram mais pela hospitalidade que você lhes proporcionou."
"É verdade, sem dúvida. Especialmente depois da minha generosidade sem limites para com eles," Hadeon comentou com um sorriso diabólico enquanto acenava com a mão de forma displicente. "Você teria gostado de alguns deles," e seus lábios franziram, "É uma pena que eles tenham que morrer. Mas você sabe, alguns deles são melhores debaixo da terra do que sobre ela."
"Imagina…" Mallory respondeu sarcasticamente.
Mudando de foco, Hadeon recomendou, "Vamos. Conheço um lugar menos atraente do que minhas maçãs brilhantes colhidas à mão para você, sua comilona exigente."
A viagem até a cidade pretendida durou quase uma hora. Ao chegarem, Hadeon e ela desceram, deixando Barnby para estocar suprimentos para o castelo. Enquanto caminhavam pelas ruas da cidade, Mallory notou que os transeuntes lançavam mais do que um segundo olhar para a presença marcante de Hadeon.
Eventualmente eles chegaram a uma casa de chá, um edifício que exibia sofisticação com seu exterior branco impecável e uma parte da frente feita de vidro transparente. Hadeon passou pela porta, e Mallory caminhou logo atrás dele.
Um atendente masculino cumprimentou Hadeon com um sorriso ensaiado, "Bom dia, Senhor. Posso pegar seu casaco?" enquanto ignorava Mallory, pois ela parecia ser uma serva.
"Não é necessário," Hadeon respondeu.
"Então permita-me levá-los à sua mesa," e ele os conduziu a uma mesa destinada a um, com uma única cadeira. Antes que o homem pudesse dizer a lista de opções para o café da manhã, Hadeon perguntou calmamente,
"Cego, somos?"
O atendente gaguejou, "Uh—não?"
"Fascinante. Seu cérebro parou de funcionar, que decidiu tornar a mulher aqui invisível?" O tom de Hadeon era suave como seda. "Ou tem poeira turvando seu cérebro que precisa de uma limpeza urgente, com a qual eu ficaria mais do que feliz em ajudar?"
Uma expressão preocupada surgiu no rosto do atendente, e ele esclareceu, "Esta área é apenas para pessoas de alta classe, Senhor. A mesa dos servos fica do outro lado. Não colocamos servos aqui."
"Bem, então, problema resolvido," Hadeon declarou, um sorriso malicioso brincando em seus lábios. "Ela é nobreza ela mesma. Lady Mallory Winchester."
"Mallory Winchester?" Um cliente próximo ecoou, sua voz uma mistura de horror e intriga. "A infame assassina de sua própria família?" O ar se espessou com murmúrios e olhares de desdém direcionados a Mallory. Preferindo jantar entre aqueles com possivelmente mais compaixão, Mallory informou Hadeon, "Eu vou sentar lá."
Mas a voz de Hadeon a parou, "Não me lembro de tê-la liberado do meu lado. Sente-se."
Encurralada por suas palavras autoritárias, Mallory afundou na cadeira. O alvoroço escalou quando o mesmo cliente berrou, "Uma assassina partilha o pão conosco? Chamem os guardas!"
"Expulsem essa bruxa daqui!"
Mallory sentiu seu rosto ficar vermelho. No mesmo instante, alguém se levantou de sua cadeira e fez seu caminho até ela. Pronto para arrastá-la para fora, ele estava prestes a colocar a mão nela, quando Hadeon interveio e pegou o pulso do homem com um aperto de ferro.
"Ahh! Ahh!"
"Toque nela e eu quebrarei seu dedo em pedacinhos e darei aos esquilos. Muito gourmet. Entendeu? Ou gostaria de uma pequena demonstração?" Hadeon deu ao homem um sorriso deslumbrante com suas presas, assustando as pessoas ao redor. "Agora ou você se senta e come em silêncio. Ou," ele emitiu um rosnado feroz.
No segundo seguinte, os clientes fugiram, deixando para trás sua dignidade e refeições pela metade.
Arrastando uma cadeira para a mesa, Hadeon sentou-se com toda a graça de um vilão teatral. "Ah, nada como causar uma cena para garantir um serviço rápido. Traga-nos seus melhores pratos," ele acenou displicentemente para o atendente, que correu como um coelho assustado.
Mallory permaneceu quieta, pois seu espírito estava abatido, mas ela percebeu que era assim que as pessoas que ouvissem falar dela reagiriam. Ela desejava fugir para longe dessa terra, para começar sua vida de novo, sem saber se isso era completamente possível. Onde você está, Hattie? Ela perguntou em sua mente.
"O que te deixou pra baixo, macaco?" Hadeon perguntou com uma voz desinteressada. Esse apelido terrível...
Mallory apontou, "Você atraiu atenção desnecessária para si mesmo fazendo isso."
"Não podia deixar você roubar todo o holofote e drama. Além disso, eu curto o puro terror no olhar deles," Hadeon respondeu com um lampejo de travessura em seus olhos dourados brilhantes. "Só porque você é minha serva, não significa que você seja serva dos outros. Só eu tenho o direito de atormentá-la."
"Você não está preocupado com as pessoas vindo atrás de você com tochas e fogo?" Mallory não pôde deixar de perguntar, meio esperando que ele se ofendesse.
Hadeon riu, um sussurro de escuridão nele. "Oh, eles já vieram."
"Foram eles que te colocaram no caixão?" Mallory se inclinou com curiosidade.
"Eles bem que gostariam," Hadeon revirou os olhos. Ele continuou em um tom indiferente, "Era uma noite tranquila, e eu, inocente, estava dormindo na cama depois de um jantar modesto de matar algumas pessoas. Fui subitamente acordado pela confusão do lado de fora do castelo, com tochas acesas. Honestamente, que audácia. Então tive que colocá-los para descansar para que eu pudesse voltar ao meu sono."
Mallory brevemente cobriu os olhos com as mãos. Pensar que ele acreditava ser inocente em tudo isso...
"Ah, que tocante," Hadeon comentou de forma dramática. "Minha própria serva, comovida até as lágrimas pela minha história trágica."