Chapter 19 - Sem saída

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Mais pessoas mortas saindo das covas, Mallory pensou consigo mesma enquanto ficava atrás da parede, observando os servos. Quando um dos servos olhou em sua direção, ela instintivamente se escondeu atrás da parede.

"Temos outra opção de refeição no castelo, Senhor Hadeon?" o servo perguntou educadamente.

"Hm?" Hadeon murmurou, sem se dar ao trabalho de virar, já que ele havia escutado os passos leves. Com um sorriso sombrio, respondeu, "Ah, aquela é especialmente reservada para o meu jantar."

Assim como ela suspeitava, Hadeon a havia deixado na prateleira da cozinha!

Mallory caminhou silenciosamente de volta ao seu quarto designado e o trancou, contemplando o que fazer. Ela cogitou a ideia de escapar pela janela usando lençóis da cama, mas Hadeon era astuto. Sabendo da sua sorte, ela sabia que no momento em que descesse, ele provavelmente estaria esperando lá embaixo, saboreando chá, e a faria subir de volta para o quarto da mesma maneira que desceu.

Mallory murmurou, "Deve haver uma maneira, embora..."

A biblioteca! Todo solar ou castelo tinha sua própria biblioteca. Ela ficou em seu quarto até depois da meia-noite antes de sair na ponta dos pés dali. Seus passos eram suaves enquanto ela atravessava o caminho deserto e tapetado.

Pegando um suporte de vela próximo com uma vela acesa, Mallory se dirigiu à biblioteca do castelo. Ao entrar no amplo cômodo, o cheiro de livros antigos a acolheu. Passando pelas estantes, ela olhou os livros um por um, esperando encontrar algo de valor.

Em vez disso, o olhar de Mallory caiu sobre uma antiga caixa de charutos em uma das estantes. Ela sussurrou para si mesma, "Eu não esperava te encontrar aqui, mas, enfim." Pegando um charuto, ela acendeu uma das pontas com a chama da vela, dando uma longa tragada que parecia aliviar a tensão em sua mente atribulada.

Continuando a olhar a pilha de livros, um livro branco chamou sua atenção. Puxando-o para fora, ela leu o título—A Criação dos Sangue Puro.

Abrindo-o, Mallory começou a ler suavemente.

"Era uma época em que Deus e o Diabo estavam jantando, e enquanto discutiam o tempo e o comportamento atual da humanidade, um deles decidiu adicionar outra variável à equação da vida. Mas, ao fazer isso, um deles encontrou alho em um prato, e o Diabo disse que amava alho já que crescia abaixo do solo, onde ele residia. Ele desejava que os humanos cultivassem campos de alho, imaginando um mundo onde pudessem saborear iguarias requintadas infundidas com alho."

Mas, conforme Mallory dava outra tragada no charuto, ela não conseguia se livrar da sensação de que algo estava errado. Virando para a última página do livro, ela leu o último parágrafo: "E Deus disse que ele era Hadeon, e todos deveriam se curvar a ele, pois ele é uma alma bondosa e generosa..."

"É um pecado folhear páginas como um esquilo selvagem e pousar direto no final do livro," Hadeon comentou ao lado dela, o que fez Mallory cambalear para trás.

"Quando você chegou?" Mallory perguntou, já que ela não o ouviu entrar na sala.

"Hm, deixe-me pensar." Hadeon fez uma expressão pensativa antes de responder, "Ao mesmo tempo que você. Você me decepciona pulando as melhores linhas da minha obra-prima literária. Me diga. O que você acha das minhas habilidades de contar histórias?"

"Não importa o que eu diga... nunca será elogio suficiente, Mestre Hades," Mallory estava perplexa por ele ter escrito uma história sobre si mesmo.

Hadeon riu, um brilho travesso dançando em seus olhos. "Ah, minha serva leal, sempre pronta com um elogio," ele comentou, a voz suave como veludo. "Se eu não soubesse melhor, pensaria que você estava tentada a jogar esse livro em mim," ele continuou, seu olhar dourado se fixando no dela. "Hm?" Ele murmurou provocadoramente.

Mallory forçou um sorriso contido. "Eu imensamente aprovei o livro e acho difícil me separar dele," ela disse, a voz carregada de polidez forçada.

"Você tem um excelente gosto. Esta é uma edição especial, e eu pessoalmente o assinarei para você como um presente," Hadeon comentou com um sorriso luminoso, tomando o livro dela sem esforço e tirando uma caneta do bolso. "Além disso," ele arrastou as palavras, arrancando o charuto de sua mão, "fumar não é considerado apropriado para uma dama. Não só diminui a expectativa de vida, mas também tira a graça."

"Um charuto não vai diminuir minha graça," Mallory tentou alcançar o charuto, mas ele manteve o charuto fora de seu alcance com um sorriso.

"Tecnicamente, isto é meu," Hadeon declarou. "E desde quando as mulheres começaram a fumar?" ele perguntou, balançando a cabeça em fingida decepção enquanto casualmente apagava o charuto sob seu sapato.

"Desde que a sociedade começou a mexer com os nervos delas," Mallory respondeu enquanto abaixava a mão.

"A última vez que me lembro, as mulheres não tocavam em um charuto. De fato, elas não sabiam ler ou escrever seus próprios nomes. Parece que você é um macaco evoluído, considerando que pelo menos sabe ler," Hadeon disse num tom de desdém.

"Mulheres sabem mais do que ler, Mestre Hades. Algumas de nós sabem escrever também," Mallory retrucou com sass.

"Isso não é possível," Hadeon disse incrédulo, balançando a mão, e Mallory o encarou. "Tudo bem, então por que não me mostra?" Ela viu ele pegar um livro aleatório, antes de rasgar uma das páginas dele. Dobrando-a, ele colocou-a sobre a mesa.

Mallory revirou os olhos para Hadeon enquanto pegava a caneta da mão dele e rabiscava seu nome nela. Ela então bufou, "Não menospreze as mulheres. As coisas passaram por uma transformação, e este processo de mudança persistirá."

Ela percebeu como Hadeon pareceu impressionado enquanto olhava para o nome dela completo. Mas após dois segundos, viu um sinal de um sorriso malicioso em seus lábios. Desconfiada, ela perguntou, "O quê?"

"Oh, apenas admirando sua bela assinatura no contrato de emprego," Hadeon disse, pegando a página dobrada e desdobrando-a para mostrar algo que já estava escrito no lado dobrado do papel.

Mallory a arrancou e rapidamente começou a ler,

"Este é um contrato de servo onde a pessoa nomeada não tentará prejudicar seu mestre colocando-o no caixão a menos que explicitamente instruída a fazê-lo. Além do mais, a serva concorda em oferecer apoio incondicional a seu mestre, abstendo-se de falar mal dele. Se não cumprido, suas ações afetarão seu corpo, tornando difícil respirar e viver. Após a morte, sua alma pertencerá a seu mestre."

Abaixo estava a assinatura de Mallory, como se ela tivesse concordado voluntariamente com o contrato. Esse trapaceiro! Ele sabia que as mulheres eram mais do que capazes! Irritada, ela rasgou a página em pedacinhos que caíram no chão. Ela declarou, "Não é mais válido."

"Tsk, macaco tolo," Hadeon sorriu para ela. "Aquela não era tinta qualquer. Você se selou com seu sangue," ele apontou, erguendo a caneta em sua mão.

As sobrancelhas de Mallory franziram, "Eu nunca te dei meu sangue." Seu olhar então seguiu o dele, que parou em seu cotovelo ferido, e ela o encarou. Mais cedo na floresta, quando ela acreditava que ele estava ajudando-a, ele deve ter coletado então. "Você ba—" Antes que ela pudesse amaldiçoá-lo, seus joelhos enfraqueceram. O—O que estava acontecendo?

O dedo de Hadeon gentilmente levantou seu queixo, erguendo seu rosto para olhar em seus olhos azuis ferozes, e ele comentou, "É hora de deixar a velha vida e abraçar a nova, macaco indisciplinado. Seu mestre se certificará de cuidar bem de você," suas palavras ecoando na biblioteca silenciosa.

Como ela poderia ter baixado a guarda? Com uma assinatura feita com seu sangue, Hadeon havia encerrado seus planos.

"O que você é?" Mallory perguntou, sentindo seu dedo frio ainda apoiando seu queixo.

"Uma criatura da noite, feita à mão pelo Diabo em pessoa. Alguém que se delicia no prazer de matar," o dedo de Hadeon percorreu seu pescoço, sentindo seu pulso, e seus olhos tornaram-se vermelhos, "e bebe sangue. Um vampiro de sangue puro."

Um arrepio de terror percorreu a espinha de Mallory, e ela recuou enquanto o sorriso de Hadeon apenas se alargava, revelando a profundidade de sua sinistra diversão com a reação dela.

Não era como se Mallory nunca tivesse ouvido falar em vampiros, as criaturas da noite que vagavam pela escuridão buscando a morte. Mas ela havia negado a existência deles quando conheceu Hadeon. Eles tinham sido apenas mitos, histórias inventadas para o Dia das Bruxas e contadas para manter as crianças em casa. Embora ela nunca tivesse ouvido falar em vampiros de sangue puro.

Mallory percebeu, com um sentimento de desolação, que pensar que ela estava em um pesadelo estava errado. Hadeon era o pesadelo.

"Eu deveria ir dormir..." Mallory sugeriu, dando outro passo para trás.

"De fato está tarde," Hadeon concordou com um aceno, seu sorriso gravado em seus lábios. "Você gostaria que eu lesse algumas histórias antes de dormir, macaco?"

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