Zeke sai correndo desesperadamente sem rumo com a cabeça cheia de um um turbilhão de pensamentos. Torcendo para aquilo tudo ser um sonho maluco, como muitos que tivera antes. Estava com o seu moletom cor cinza de modo que escondia sua camiseta da escola e cobriu a sua cabeça com o capuz, tentando inutilmente esconder suas antenas,mas pelo menos, conseguia ocultar parte de seu rosto, de modo que seria mais difícil reconhecer sua indentidade. Acabou chegando em uma área comercial e de repente Zeke percebe que está mais rápido (muito mais rápido, na verdade), nem parecia ser mais o seu corpo. Sem conseguir controlar sua velocidade, o garoto acaba batendo com tudo em uma barraquinha que vendia frutas, quebrando parte da mesma e fazendo várias frutas voarem para todos os lados. Zeke levanta todo desajeitado ainda tentando entender o que estava acontecendo,enquanto o dono da barraquinha estava furioso, xingando Zeke de todos os palavrões imagináveis, acreditando que aquilo era obra de algum vandâlo.
- D..d..desculpa, desculpa! - Disse Zeke
Percebendo os olhares vindo em sua direção, um misto de vergonha e medo começava a consumi-lo. Ao mesmo tempo, o vendedor atingido por Zeke,grita:
- CHAMEM A POLÍCIA! PRENDAM ESSE MERDINHA ! OLHA O PREJUÍZO QUE ELE FEZ!
- N...nnão... não! - Disse Zeke.
- ALGUÉM TIRA ESSE CAPUZ DESSE ARROMBADO! - Gritou o vendedor, furioso.
De repente, alguns homens saíram do meio da multidão querendo agarrar o garoto.
- PEGA ELE!
- CÊ NÃO SAI DAQUI,SEU VAGABUNDO!
- NÃO DEIXA ESSE NEGUINHO FUGIR!
Zeke sabia que se ficasse ali, acabaria sendo linchado antes mesmo de tentar se explicar. Então instintivamente ele correu pra longe daquele cerco, desviando dos homens com extrema facilidade, e antes que aquele grupo furioso pudesse ir atrás dele, o mesmo já tinha sumido de suas vistas. Zeke estava mesmo veloz. Em menos de 30 segundos conseguiu correr até o fim da rua, dobrar a esquina, correr mais 500 metros até achar um beco onde poderia se esconder. Tendo um pouco de dificuldade para diminuir sua velocidade, porém teve êxito nisso, como consequência apenas esbarrando na parede do beco. Por outro lado, a multidão enfurecida que o estava perseguindo, o perdeu completamente de vista. Assim que todos se afastaram, Zeke pôde se acalmar um pouco e tentar arrumar as ideias em sua cabeça.
- Que loucura, que merda ta acontecendo comigo?? Parece até com algumas histórias de super-herói que eu já li, só que de verdade, tá ligado? Mas não pode ser real, deve ser um algum sonho bizarro! Quer dizer, não seria a primeira vez que isso acontece. Daqui a pouco o meu alarme vai tocar e eu saio dessa loucura! É, é só fechar os olhos e esperar... - Disse Zeke.
Zeke, como havia dito antes,fecha os olhos e respira fundo, aguardando que o seu sonho maluco termine. Porém, nesse meio tempo conseguiu ouvir alguns sons vindos da rua, como: buzinas, pedintes no semáforo, executivos conversando sobre algum "business", uma mãe atravessando a rua com seu filhinho que carregava um brinquedo com ele, mas o som que mais chamou sua atenção foi o barulho de um carro vindo em grande valociadade.
- Fala sério! Como eu vou me concentrar pra sair do meu sonho com esse idiota no volante? - Disse Zeke, irritado.
Ao se virar para olhar a rua, o garoto viu que o menininho que estava com sua mãe acabou se separando dela pra buscar seu brinquedo, que tinha deixado cair no meio da rua. O grande problema é que o carro que Zeke tinha ouvido antes, tinha virado a esquina e estava indo de encontro com o garotinho e iria acerta-lo com certeza.
"É.é..é um sonho, o menino nem existe de verdade, eu vou acordar logo e tudo vai ficar bem" - Pensou Zeke, não muito confiante.
O carro se aproximava mais.
-Nada vai acontecer! - Disse Zeke, tentando ao máximo se convencer.
O motorista pisa no freio, mas o carro já tinha ganhado muita velocidade.
-N-nadaaa vai acontecer... - Disse Zeke.
O carro estava se aproximando.
-LUQUINHAS, NÃOOOO!!! - Grita a mãe, desesperada.
Sem conseguir suportar aquela cena, Zeke corre para ajudar a criança.
- CAGUEI! SONHO OU NÃO, EU NÃO VOU DEIXAR ELE MORRER! - Gritou Zeke.
Como se fosse um raio, Zeke corre com tudo para onde o menininho estava.
-Ai garoto, sai dai!! - Disse Zeke, enquanto corria na direção da criança.
Em um segundo, Zeke chega onde o garotinho estava,o puxa pelo braço e o tira do caminho carro.Porém, ele não teve tempo para poder desviar do carro,que acaba se chocando com o garoto, o jogando pra longe.
E então, houve um silêncio coletivo. Todos pararam para ver a tragédia que tinha acabado de acontecer. Zeke que tinha sido arremessado pelo carro, estava de bruços com a cara no chão sem se mexer. Felizmente, o garotinho que zeke salvou estava bem, apenas um puco em choque.
De repente, alguém gritou:
- ALGUÉM CHAMA UMA AMBULÂNCIA!
Ao ouvir isso, o motorista do carro que atingiu Zeke, acelerou e saiu de lá o mais rápido que pode. Obviamente, não querendo ser preso por atropelar alguém.
- Ei, volta aqui covarde! Alguém no meio da multidão se pronuncia diante do absurdo.
-Desgraçado, quase matou o meu filho e depois de atropelar aquele garoto, ainda foge! - Diz a mãe do garotinho, revoltada.
- Já to chamando a ambulância. Alguém sabe qual o nome dessa rua? Disse outra pessoa na multidão.
Enquanto isso uma roda se forma em volta do corpo estirado de Zeke.
-Ele não ta se mexendo! Será que ele morreu?? - Disse uma pessoa da multidão.
- Uma batida daquela teria matado qualquer um! - Disse um senhor que estava na multidão.
- Não vamos nos precipitar, minha gente! Vamos ver o que os paramédico têm a dizer! - Disse uma senhora na multidão.
- Mas o garoto nem ta se mexendo! Talvez ele teve um traumat-
A fala de uma pessoa da multidão foi interrompida pela súbita movimentação de Zeke que começou a se levantar devagar, dizendo:
- Ai, ai, ai! Merda, isso doeu muito!
Todos que estavam na roda, ficaram com olhos arregalados, sem acreditar no que estavam vendo. O garoto que parecia estar morto, estava de pé e com danos leves no corpo.
Ao reparar melhor no corpo do jovem, alguém notou duas coisas saindo debaixo de seu capuz.
-Isso são antenas? - Perguntou alguém da multidão.
Depois de ouvir isso,o corpo de Zeke gela ao perceber que todos estavam vendo sua condição. Começando a ouvir pessoas comentando baixinho, o seu desespero começa a aumentar e ele sabia que precisava sair dali o mais rápido possível. Por sorte, ele estava de capuz então não puderam ver bem o seu rosto. Então, assim que achou uma brecha no meio daquela roda, saiu desviando e empurrando qualquer um que estivesse em seu caminho, conseguindo sair daquele meio e depois disso , correu o mais rápido que pôde. Até que chegou em um ferro velho, onde pôde se abrigar.
Sentou-se em um pneu de trator e começou a chorar.
- Que loucura! O que ta acontecendo comigo? - Disse Zeke, soluçando
O pobre rapaz continuou chorando sem entender nada do que estava acontecendo e sem ter ninguém para ajudá-lo.
Estava completamente sozinho.
Continua...
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