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Chapter 15 - Vestígios do Passado Oculto.

Após despertar do sonho, Dalan respirou fundo, ainda assustado. Ao fazê-lo, sentiu uma dor intensa, percebendo que haviam improvisado curativos com o restante das ervas mágicas e pedaços de sua própria camisa para envolver a área superior do corpo e braço, onde a besta mágica havia deixado cortes profundos. Ele então notou que Sylvia e Anastasia estavam dormindo, uma de cada lado dele.

"Parece que fizeram um grande esforço para me tratar após a luta. Então eu realmente perdi..."

Ele refletiu por alguns segundos. Vendo Anastasia se mexer na grama enquanto dormia, ela acabou acordando.

"Hum...? Dalan? Você já está acordado?"

Ela perguntou, levantando-se levemente, com os joelhos e mãos ainda no chão, apoiando-se nele.

"Sim... Sim, estou acordado... Tive um sonho estranho..."

Dalan ficou sem jeito com a proximidade, especialmente ao sentir algo macio dentro da blusa dela.

"Está tudo bem? Você está ficando vermelho."

Anastasia parecia preocupada, achando que ele poderia estar com febre. Ela então tocou a testa dele para conferir.

"Ah... Está sim! Não precisa se preocupar..."

Dalan ficou paralisado, desorientado pelo nervosismo crescente.

"Dalan... O que está acontecendo? Você está bem?"

Sylvia também havia despertado, observando a situação confusa, mas preocupada com o irmão.

"Sim...!"

Ele respondeu rapidamente, levantando-se com dificuldade por causa da dor e procurando sua espada.

"Por que ele está assim?"

Sylvia perguntou a Anastasia, sem entender a situação.

"Bem, pensei que ele estivesse com febre, mas parece que não."

Anastasia respondeu calmamente, levantando-se do chão. De repente, o estômago deles começou a roncar.

"É... Acho que deveríamos comer algo. Já fazem três dias que não comemos."

Sylvia sugeriu após se levantar, sendo a última a fazê-lo. Um silêncio tomou conta dos três por alguns segundos.

"E onde encontraremos comida? Não há animais por aqui."

Dalan perguntou enquanto pegava a espada encostada na árvore mais próxima.

"Podemos ir para a cidade de Aanuvi, de onde vim... Não deve ser tão longe daqui, só precisamos encontrar a direção."

Anastasia sugeriu, inserindo-se na conversa dos irmãos gêmeos.

"Entendo... Então vamos para lá. Quando estiverem prontas, partimos."

Dalan assumiu a liderança, olhando para as garotas.

"Estou pronta. E você, Anastasia?"

Sylvia perguntou a Anastasia, que assentiu com a cabeça. Dalan então tomou a iniciativa e começou a caminhar pela floresta. Sylvia, percebendo uma leve mudança no irmão, seguiu logo atrás, ao lado de Anastasia.

"Então... De onde vocês vieram? Não parecem ser do reino ou de cidades próximas."

Anastasia perguntou discretamente durante o caminho.

"Viemos de uma vila distante daqui que foi destruída por uma besta mágica."

Sylvia respondeu brevemente, sem muitos detalhes.

"O que quer dizer com isso, Anastasia?"

Dalan percebeu o tom dela e a observou enquanto caminhava à frente.

"Ah, é que suas roupas são bem diferentes e geralmente quem manipula energia mágica vem do reino ou de cidades sob seu controle."

Anastasia se sentiu pressionada pelo olhar dele. Ambos os irmãos ficaram em silêncio. Trocando olhares, Dalan e Sylvia pensaram no manual deixado pelo ferreiro Ferneck.

"O tio escreveu sobre a divisão em vilas, cidades e reinos, mas nunca mencionou ser de uma cidade ou do próprio reino."

Sylvia cochichou para o irmão, confusa com a explicação.

"Bem, não temos informações suficientes para deduzir algo."

Dalan respondeu no mesmo tom, apenas para ela ouvir.

"Mas se ele realmente viveu em cidades ou no reino, por que foi viver tão longe...?"

Sylvia, insatisfeita com as palavras dele, segurou sua mão para interromper a caminhada. Anastasia, percebendo a tensão, deu alguns passos para trás.

"Não temos informações suficientes, Sylvia. O livro não oferece respostas concretas e usa apenas metáforas sobre energia mágica. Se o ferreiro nos escondeu algo, certamente não quer que nos envolvamos. Acha que podemos fazer algo contra o reino? Mal conseguimos enfrentar uma simples besta mágica..."

Dalan elevou a voz ao falar com a irmã, mostrando-se ainda afetado pela derrota. Percebendo seu descontrole, desviou o olhar.

"Peço desculpas por isso..."

Ele encerrou aquele assunto, demonstrando leve tristeza.

"Tsc... Tudo bem."

Sylvia soltou a mão dele, deixando-o continuar à frente. O clima ficou tenso, e o silêncio retornou. Anastasia, sentindo-se culpada, inclinou a cabeça, chateada por ser a causa disso.

"Parece que estamos perto da cidade."

Anastasia eventualmente apontou para uma estrada entre as árvores. Alguns minutos depois, chegaram à frente de uma cidade. As casas eram principalmente de pedras empilhadas, e na entrada havia uma grande estrutura retangular, embora não houvesse portão ou muralha.

"Então assim é uma cidade?"

Dalan ficou surpreso com a aparência do lugar. Observando as casas e a movimentação de locais e viajantes, ele percebeu um contraste total com a vila onde morava.

"Uau, esse lugar é maior do que eu imaginava."

Sylvia estava curiosa sobre o local. A arquitetura de pedra diferia da madeira e feno da vila, com casas dispostas em fileiras e outras duas estruturas retangulares ao leste e oeste. Ao norte, uma casa se destacava sobre um pequeno morro.

"De onde vocês estão vindo, crianças?"

Um dos guardas na entrada se aproximou dos gêmeos. Ele usava roupas brancas e peças de armadura metálica que não cobriam as articulações. Embora o capacete não cobrisse o rosto, um tecido preto por baixo escondia sua identidade até o nariz, sendo visíveis apenas os olhos claros. Notando sua mão na empunhadura da espada, Dalan se preparou para desembainhar a sua.

"Eles estão comigo. Por favor, deixe-os entrar na cidade."

Anastasia se interpôs, segurando a mão de Dalan para impedir qualquer ação.

"Anastasia...? O que faz aqui? Como escapou dos mercenários?"

O guarda estava surpreso ao vê-la.

"Estou viva por causa deles, então permita que entrem. Não temos para onde ir."

Anastasia respondeu calmamente, mas com certo receio.

"Tudo bem... Podem passar. Bem-vindos à cidade de Aanuvi."

O guarda cedeu, abrindo passagem. Quando o trio passou, Sylvia observou brevemente o guarda, percebendo seu alívio ao ver Anastasia novamente.

"Desculpem pela recepção, desde a chegada e o problema com os mercenários, a cidade tem sido mais cautelosa com estrangeiros..."

Anastasia tentou explicar a situação para os irmãos, tentando evitar tensão.

"Entendo... A cidade é convidativa, mas também cuidadosa."

Sylvia comentou, voltando-se para Anastasia.

"Sim... Muita coisa mudou. Bem, que tal conseguirmos algumas roupas para vocês? Especialmente uma camisa para você, Dalan."

Anastasia sugeriu com um sorriso. Vendo os gêmeos concordarem, eles começaram a explorar a cidade juntos.