Ao sair da taverna, Sylvia parou e olhou ao redor, procurando por Anastasia, mas não viu ninguém. Seu desespero continuava a crescer.
"Ela não pode ter ido longe..."
Ela pensou, canalizando energia mágica em seus pés para impulsionar um salto alto, aterrissando sobre uma das casas comerciais.
"Opa!"
Ela quase perdeu o equilíbrio, tropeçando no teto, já que nunca havia feito aquilo antes. Após um suspiro, observou a cidade à sua frente.
"Uau..."
Por um momento, ficou encantada com a vista noturna. A lua iluminava suavemente as ruas, e o vento agitava seus longos cabelos.
"Agora, onde ela poderia estar...?"
Sylvia pensava, examinando cada rua que conseguia ver. Por sorte, uma casa mais alta à frente lhe permitiu uma visão mais ampla. Pulos rápidos de telhado em telhado a levaram por várias ruas enquanto procurava Anastasia em todos os cantos.
"Ali!"
Ao pousar no telhado de outra casa, viu Anastasia na rua central. Diferente das outras ruas, aquela havia um cruzamento com uma fonte de água no meio, conectando as vias.
"Anastasia...?"
Sylvia chamou, pousando alguns metros atrás dela, com a fonte as separando de lado. Anastasia estava claramente ofegante.
"Por que... Você está me seguindo...?"
Anastasia questionou, se recuperando da corrida. Virou-se, revelando uma adaga em sua mão.
"Você realmente vai seguir com isso...? Sabe o que está tentando fazer?"
Sylvia perguntou, observando a arma. Por um breve momento, ela enxergou em Anastasia a mesma expressão que viu em Dalan após descobrir sobre o terceiro ajudante.
"O que você sugere? Eu me esforcei tanto para ter algum carinho, mas eles sempre preferiram o Karyen... Eu vou mostrar o quão forte me tornei. E, se não me aceitarem como filha, vou enterrá-los longe do meu irmão."
Anastasia expressou seu ódio intenso. Vendo Sylvia mudar seu olhar, de repente, ela transformou um dos braceletes em chakram e o lançou.
"Você está maluca...?"
Anastasia gritou, desviando o chakram com sua adaga. Movendo-se em direção à fonte, ela recuou.
"Não vou deixar isso acontecer de novo... Vou impedir, nem que eu tenha que fazer com as minhas próprias mãos."
Sylvia afirmou, transformando seu outro bracelete em chakram. Anastasia, então, usou a adaga para cortar uma das bolhas de água que flutuavam ao redor, transformando-a em projéteis de água.
"Tsc..."
Sylvia se esquivou, criando distância e evitando os projéteis.
"Por que você está indo tão longe...? Você não vai se aproximar de mim!"
Anastasia manteve-se perto da fonte, atenta aos movimentos de Sylvia.
"Nesse caso, só preciso forçar minha aproximação..."
Sylvia falava consigo mesma. Desejava provar para si que não era mais um fardo e sua promessa não havia sido em vão. Usando energia mágica, atraiu o chakram distante de volta, mirando nas costas de Anastasia.
"Não vou cair em truques baratos, Sylvia."
Anastasia antecipou o ataque, dividindo a bolha restante para bloquear o chakram. Mas, ao se virar novamente, percebeu que o outro chakram de Sylvia havia desaparecido.
"O quê...?"
Olhando para o lado, viu o chakram já próximo demais. Ela tentou se defender com a adaga, mas o impacto a desarmou, e o chakram caiu ao lado.
"!"
Sylvia aproveitou a abertura, avançando rapidamente e socando Anastasia no rosto com o punho esquerdo, a derrubando no chão. Deixando escapar uma respiração pesada, observou ela abaixo de si.
"Eu consegui me aproximar..."
Sylvia murmurou, ofegando após o confronto. Anastasia, com lágrimas escorrendo, olhou para ela.
"Merda... Por que? Por que você não me deixa matá-los...? Você acha que eu não sou capaz...? Que eu não consigo...?"
Ela tremia, sentindo-se impotente. Passando o polegar no nariz, notou seu dedo manchado de sangue.
"Eu não consigo... Mesmo após todo o meu treinamento e esforço... Será, então, que eu hesitaria em matá-los...?"
Continuou seus questionamentos, as lágrimas desciam sem parar.
"Anastasia... Seu ódio não é suficiente para isso. Mesmo odiando, você não tem a mesma falta de sentimentos que eles..."
Sylvia disse com compaixão, percebendo o peso que Anastasia carregava.
"Sua força está na sua capacidade de resistir ao ódio, não de ceder a ele... Não busque ser igual a eles, nem sua aprovação enquanto apenas lhe retribuem com desprezo. Quantas vezes precisarei dizer? Você é livre agora, não apenas de ser uma mercadoria, mas da maldição dos seus pais."
Sylvia continuou aconselhando, sentindo as palavras ecoar dentro de si enquanto também deixava lágrimas caírem.
"Desculpa por isso... Eu não sei o que estava pensando..."
Anastasia pediu desculpas ao vê-la chorar, levantando-se do chão.
"Tudo bem... Desculpa pelo soco, eu não controlei a força..."
Sylvia limpou as lágrimas. Nesse instante, a água da fonte refletiu a imagem delas, restaurando sua harmonia.
"Não se preocupe, eu precisava disso para colocar a mente no lugar. Inclusive, você é bem forte, hein."
Anastasia sorriu, o que fez Sylvia sorrir também, e ambas começaram a rir da situação.
"Nem tanto... Mas está ficando tarde, deveríamos voltar para a taverna e descansar."
Sylvia sugeriu, sentindo o cansaço surgir e, após concordarem e pegarem suas coisas, saíram juntas.
"Bom, parece que tudo terminou bem, no fim das contas..."
De longe, Hannabel, sentada em um telhado, observava toda a cena.
"Senti magia sendo usada e achei que houvessem problemas na cidade, mas eram apenas essas duas... Hoje foi, sem dúvida, uma noite interessante e fora do habitual."
Ela sorriu, olhando para Dalan adormecido ao seu lado. Em seguida, levantou-se, carregou-o no ombro e seguiu após as duas.