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Chapter 9 - 9. O CONTRATO - PARTE 1

Naquela manhã, Kalie acordou e percebeu que seu pai já havia saído. Ela se preparou rapidamente e logo estava pronta para pegar carona com sua amiga, Rani. Enquanto seguiam para a universidade, aproveitaram o tempo juntas para conversar.

— Minha avó marcou um jantar para sábado à noite e convidou os amigos dela, sabe, toda a família estará lá. E ela nem imagina que vou levar o Jacob. Rani compartilhou animadamente com Kalie.

— Rani, você deveria avisar sua avó antes. Kalie respondeu, expressando um pouco de preocupação.

— Ah, não se preocupe. Ela conhece a família do Jacob. Só está preocupada porque já passei dos 22 anos e acha que estou ficando velha para se casar. Rani explicou, com um tom de diversão.

— Você tem razão. Meu pai também falou sobre isso ontem. Parece que quer me ver casada logo. — Kalie riu com a amiga.

Entre risadas e trocas de histórias, Kalie e Rani aproveitaram o trajeto até a universidade. Para elas, esses momentos compartilhados eram um alívio bem-vindo da rotina diária e das pressões sobre o futuro.

Naquela manhã tranquila em Nova Jersey, enquanto Kalie e Rani seguiam para mais um dia de aula na universidade, o pai de Kalie, Raji, dirigia-se à luxuosa cafeteria Oreo Café, onde tinha um encontro agendado. Ao adentrar o estabelecimento, deparou-se com três homens aguardando por ele. O mais velho estava elegantemente sentado, com cabelos brancos, pele enrugada e nariz pontudo, enquanto os outros dois pareciam ser seus seguranças. Ao perceber a chegada de Raji, o homem mais velho fez um gesto para que se aproximasse.

— Sente-se, senhor Rochetti. Vamos falar de negócios. Declarou o homem mais velho, indicando uma cadeira próxima. Raji, embora tenso, aproximou-se lentamente. Ao parar diante do homem, Raji falou com firmeza:

— Antes de discutirmos qualquer assunto, quero saber o que fizeram com meu amigo Radesh e seu filho.

O homem mais velho olhou fixamente para Raji, sua voz soando intimidadora quando respondeu:

— Eu mandei você se sentar. Raji obedeceu sem hesitar, sentando-se imediatamente. O homem então se identificou como Antony Parganno e explicou que estava ali para cobrar uma dívida. Ele reconheceu que tinha adiado essa cobrança por respeito ao luto de Raji, mas que agora considerava o momento oportuno para tratá-la.

Raji não se conteve e insistiu:

— Ao menos me diga o que fizeram com meu amigo. O tom de sua voz expressava preocupação genuína.

— Não deveria se preocupar com isso. Respondeu Antony. — Ele não era seu amigo. Mas, não o matamos. Nós o deportamos, mandamos de volta para casa.

Essa revelação deixou Raji ainda mais tenso e preocupado, pois agora enfrentava não apenas a cobrança de uma dívida, mas também a incerteza sobre o destino de seu amigo.

Raji arregalou os olhos, sentindo-se nervoso diante das palavras de Antony. Ele sabia muito bem que, se Radesh e seu filho fossem deportados para a Índia, enfrentariam um destino terrível, provavelmente seriam queimados vivos. A tensão no ar era palpável, e Antony percebeu isso claramente. Aproveitando-se da situação, ele continuou a falar:

 — Esse que você chama de amigo entregou sua família, nos deu todos os detalhes. Nem tivemos trabalho para te encontrar.

O semblante de Raji mudou instantaneamente, sua expressão agora carregada de surpresa e incredulidade. Ele perguntou ansiosamente:

— E o que vai acontecer agora? Eu só fiquei com 30% do dinheiro e gastei no tratamento médico da minha esposa, mas posso lhe pagar.

Antony balançou a cabeça, como se desconsiderasse a oferta de pagamento de Raji.

— Não foi isso que seu amigo disse. Afirmou ele. — Mas tenho uma proposta melhor para você. Consultando o relógio em seu pulso, acrescentou: — Me encontre aqui hoje à noite. Vamos fazer uma pequena viagem.

Assim que Antony saiu da cafeteria, acompanhado pelos dois homens, Raji ficou ali, sentado, atordoado pelas revelações chocantes e pela proposta misteriosa. Ele se sentia traído e desamparado, sem saber ao certo como lidar com a situação. A ideia de que seu amigo Radesh o teria traído era devastadora, e a perspectiva de uma dívida pendente só aumentava sua angústia.

Desanimado e perplexo diante do que acabara de descobrir, Raji deixou a cafeteria e partiu para sua antiga casa, imerso em pensamentos. Sentindo-se preocupado e desesperado, ele fez alguns telefonemas, tentando conseguir um empréstimo com alguns conhecidos. Ao anoitecer, Raji saiu ao encontro de um amigo indiano para conseguir o dinheiro, porém, sentiu um frio na espinha quando os dois homens bloquearam seu caminho, interrompendo sua tentativa de chegar à estação. As palavras deles ecoaram em seus ouvidos, desencadeando um turbilhão de medo e ansiedade.

— Fugindo do nosso encontro, senhor Rochetti? A acusação era pesada, e Raji sentiu-se encurralado.

Ele tentou explicar-se, suas palavras tropeçando em sua boca trêmula.

— Não, não, eu estava indo falar com um amigo, conseguir o dinheiro para pagar a dívida.

Os homens pareciam zombar de suas tentativas de escapar.

— Que amigo? O Manu do mercado? Aquele velho trambiqueiro? É desse amigo que você está falando? A incredulidade em suas vozes era evidente, e Raji sentiu-se cada vez mais desconfortável com a situação.

Sem entender completamente o que estava acontecendo, ele perguntou:

— O que quer dizer com isso?

Os homens riram, suas risadas ecoando no ar frio da noite.

— Vamos logo, senhor Rochetti. Temos um caminho longo pela frente. Um deles o empurrou suavemente na direção oposta à estação, levando-o em direção a um carro que aguardava nas proximidades.

Sem muita escolha, Raji entrou no veículo, os homens seguindo-o de perto. O carro começou a se mover, afastando-se da cidade e mergulhando na escuridão da noite. O coração de Raji batia descontroladamente enquanto ele tentava entender o que estava acontecendo e o que o aguardava no destino desconhecido.

A noite havia sido longa e desconfortável, e quando o carro finalmente parou diante do imponente casarão, Raji sentiu um misto de exaustão e apreensão. Ao sair do veículo, ele seguiu os homens até a entrada da casa, onde foram conduzidos por um corredor sombrio até uma sala no interior do casarão.

Um dos homens o deixou sentado em uma cadeira e ofereceu-lhe algo para beber.

— Quer café ou água? O chefe ainda não chegou, você terá que esperar um pouco.