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Chapter 14 - 14. FÚRIA - PARTE 1

Kalie deixou a sala com passos pesados, seu rosto ainda molhado pelas lágrimas que teimavam em escorrer. O que acabara de descobrir era como um soco no estômago, uma verdade tão amarga que mal conseguia processar. Como poderia seu próprio pai ter tramado algo tão cruel? Enquanto seus pensamentos tumultuados ecoavam em sua mente, ela se viu subitamente tomada por uma mistura avassaladora de emoções: raiva, tristeza, confusão.

Caminhando em direção ao quarto, Kalie mal conseguia manter o equilíbrio. Tonturas a assaltavam, e uma sensação de náusea começava a se instalar em seu estômago. Cada passo parecia pesado demais, como se carregasse não apenas o peso de seu corpo, mas também o fardo de toda a verdade que acabara de descobrir. Seu coração batia descompassado em seu peito, como um tambor ensurdecedor que ecoava o tumulto de suas emoções.

O corredor parecia se estender infinitamente diante dela, um labirinto sombrio que refletia a confusão em sua mente. Ela se viu desejando desesperadamente gritar, liberar toda a angústia e frustração que a consumiam por dentro. Mas, em vez disso, ela engoliu em seco, lutando para conter a tempestade de sentimentos que ameaçava consumi-la.

Perdida nos corredores sombrios daquela casa, Kalie se viu em um labirinto de emoções tão confuso quanto os caminhos que percorria. Cada passo era um lembrete doloroso da verdade que acabara de descobrir, uma verdade tão amarga que mal conseguia suportar. Seus olhos vagavam sem rumo, procurando desesperadamente por uma saída para o tumulto de sentimentos que a assolava.

Sem saber para onde ir, Kalie finalmente se viu obrigada a parar. O coração pesava em seu peito, uma sensação de opressão que parecia sufocá-la lentamente. Ela olhou ao redor, os corredores vazios ecoando o vazio que sentia por dentro. Em meio à escuridão que a cercava, uma única certeza permanecia: ela estava completamente sozinha.

Desolada, Kalie cedeu ao peso de suas emoções, deixando-se cair no chão frio e duro. As lágrimas vieram sem aviso, um dilúvio de tristeza e desespero que ela não conseguia conter. Com a cabeça entre as mãos, ela soluçava silenciosamente, seu corpo tremendo com o peso do que acabara de descobrir.

Era difícil para Kalie controlar o turbilhão de sentimentos que a consumia. Raiva, decepção, confusão, tudo se misturava em uma cacofonia ensurdecedora que parecia preenchê-la por completo. Cada pensamento era um tormento, cada respiração uma luta para encontrar um pouco de paz em meio ao caos que a cercava.

Mas, além das emoções avassaladoras, havia também uma sensação mais física de desconforto. O enjoo revirava seu estômago vazio, uma lembrança constante de que ela mal havia tocado em qualquer alimento desde que acordara naquela casa estranha. A fome começava a se manifestar, uma sensação incômoda que se somava ao turbilhão de sensações que a afligiam.

Kalie se sentia como se estivesse presa em um pesadelo do qual não conseguia acordar. Tudo o que ela conhecia e confiava havia sido arrancado dela de uma só vez, deixando-a à mercê de uma realidade que mal conseguia compreender. Era como se sua vida tivesse virado de cabeça para baixo em um instante, deixando-a desorientada e perdida em um mar de incertezas. Desesperada demais para encarar a verdade que a aguardava, Kalie se permitiu sucumbir ao desespero por um momento.

Enquanto Kalie permanecia no corredor, imersa em sua dor e confusão, Mattia monitorava a situação da sala de segurança, cercado por fileiras de monitores que exibiam cada canto da casa. Seus olhos percorriam as imagens, captando cada detalhe, até que se fixaram na figura solitária de Kalie, sentada no chão e envolta em lágrimas.

Com um suspiro de preocupação, Mattia alcançou o interfone e chamou a governanta, Felícia, para resolver a situação.

— Felícia, por favor, leve Kalie para o meu quarto. Ela parece perdida perto da biblioteca. Instruiu ele, sua voz carregada de ansiedade e cuidado.

Felícia, com uma expressão serena e gentil, imediatamente respondeu ao chamado. Ela se dirigiu para o corredor onde Kalie estava e, com passos firmes, aproximou-se dela com delicadeza.

— Senhora, vou levá-la até seu quarto. Disse Felícia, sua voz suave e reconfortante ecoando no corredor vazio. Ela estendeu a mão para ajudar Kalie a se levantar, pronta para guiá-la até um lugar de conforto e segurança.

Com os olhos inchados pelo choro, Kalie ergueu o olhar para a mulher que se aproximava com gentileza. Era evidente a doçura estampada no rosto daquela senhora, e isso trouxe um pequeno alívio para o coração aflito de Kalie. Com a voz embargada pelo sofrimento, ela desabafou:

— Eu acabei me perdendo nesta maldita casa. Lamentou-se, suas palavras carregadas de angústia. — Eu só queria acordar desse pesadelo.

A expressão de desespero e tristeza refletida no rosto de Kalie evidenciava o tormento que ela estava enfrentando naquele momento. A governanta, sensível ao seu sofrimento, ofereceu-lhe um sorriso compassivo e um apoio gentil, pronta para encontrar um pouco de conforto e consolo naquele lugar desconhecido e hostil.

Elas seguiram em silêncio até o andar superior da casa, onde entraram em um quarto que era completamente diferente do que Kalie havia visto anteriormente. O espaço era imenso, com uma cama king size coberta por uma colcha ricamente bordada que quase tocava o chão. Kalie observou com curiosidade o ambiente ao seu redor: havia uma estante repleta de livros, sofás confortáveis e as paredes do banheiro eram feitas de vidro, proporcionando uma sensação de amplitude e luminosidade. Enquanto Kalie ainda absorvia a beleza do lugar, a governanta que a acompanhava quebrou o silêncio:

— Este será seu quarto a partir de agora. Sinta-se à vontade para tomar um banho. Do outro lado está o closet, o senhor Mattia providenciou roupas para você. Se precisar de alguma coisa, basta me chamar. Há um interfone ao lado da cama. Meu nome é Felícia.

Kalie olhou para a bondosa senhora com gratidão e surpresa, e então comentou:

— Eu não sabia que você falava a minha língua.

Felícia respondeu com um sorriso caloroso:

— Eu falo, aprendi o suficiente para ajudá-la melhor.

A expressão de Kalie se tornou mais séria quando ela perguntou:

— Onde está a minha bolsa? Preciso falar com meu pai.

A governanta abaixou o olhar com tristeza e respondeu delicadamente:

— Querida, sinto muito, mas isso é tudo o que posso fazer. Vou trazer algo para você comer.

Porém, a determinação de Kalie não vacilou:

— Não preciso de comida. Eu quero ir embora daqui.

Desesperada e determinada a encontrar uma saída, Kalie correu para a janela do quarto, procurando freneticamente por qualquer oportunidade de escapar daquela situação angustiante. No entanto, seus olhos encontraram apenas uma vista desoladora, sem sinais de libertação. Com o coração pesado, ela percebeu que estava completamente cercada, sem esperança de fuga.

A sensação de impotência a inundou, misturando-se à sua confusão e raiva crescentes. Sentindo-se cada vez mais perdida e isolada, Kalie retornou ao centro do quarto, deixando as lágrimas rolarem livremente por seu rosto. As palavras de Mattia ecoavam em sua mente, desencadeando uma tormenta de emoções conflitantes. "Meu pai não faria isso comigo." Ela balbuciou, sua voz embargada pelo peso da traição e da incompreensão. "Ele não faria isso comigo."

A ideia de que seu próprio pai pudesse estar envolvido naquela situação aterradora era simplesmente devastadora para Kalie. Ela lutava para reconciliar a imagem que tinha dele - um homem amoroso e protetor - com a realidade sombria que agora enfrentava. A sensação de traição era avassaladora, deixando-a ainda mais perdida em um mar de dúvidas e incertezas.