Chereads / NA POSSE DE UM MAFIOSO / Chapter 15 - 15. FÚRIA - PARTE 2

Chapter 15 - 15. FÚRIA - PARTE 2

Naquele momento de profunda melancolia e raiva, uma onda de náusea tomou conta de Kalie, fazendo-a tossir violentamente. As emoções turbilhantes que a consumiam pareciam se manifestar fisicamente, intensificando sua aflição. Com uma sensação de urgência crescente, ela lutou para controlar a ânsia de vomitar, mas logo se viu incapaz de conter o impulso.

Vomitou com uma intensidade que refletia a magnitude de sua angústia e frustração. Cada espasmo era uma expressão de sua raiva crescente, uma tentativa desesperada de expulsar os sentimentos avassaladores que a assolavam. Em meio ao tumulto de sensações avassaladoras, Kalie desejou poder vomitar ainda mais, como se pudesse liberar a imensa raiva que sentia em seu íntimo.

À medida que o vômito cessava e uma sensação de exaustão a dominava, Kalie se esforçou para se recompor. Com a respiração acelerada e o corpo tremendo, ela se levantou vacilante, buscando desesperadamente alívio. Seus olhos cansados varreram o quarto, pousando em uma pequena mesa ao lado. Com um esforço concentrado, ela se aproximou da bandeja, agarrando a jarra de água com mãos trêmulas.

No entanto, o esforço foi demais para seu corpo exaurido suportar. Uma vertigem súbita a envolveu, obscurecendo sua visão e tornando suas pernas instáveis. Antes que pudesse reagir, Kalie sentiu o chão se aproximando rapidamente enquanto sua consciência se desvanecia, consumida pela escuridão que a envolvia.

Kalie piscou lentamente, tentando orientar-se naquele ambiente desconhecido. Uma sensação de dormência ainda percorria seu corpo, mas a presença reconfortante da cama macia sob ela trouxe um lampejo de consciência. Ao seu lado, Mattia estava sentado, seus dedos delicadamente entrelaçados nos cabelos dela, um gesto que, em circunstâncias normais, poderia trazer conforto, mas naquele momento só a deixava mais inquieta.

Um homem de meia-idade, vestindo um jaleco branco e com um estetoscópio pendurado ao redor do pescoço, estava de pé ao lado da cama, examinando-a com atenção profissional. Sua voz era tranquila e reconfortante quando dirigiu-se a Mattia:

— Não precisa se preocupar, senhor Parganno. Ela só está desidratada. Com uma alimentação saudável e repouso adequado, ela logo se recuperará.

Kalie sentiu um impulso de retirar-se do toque de Mattia, a necessidade de espaço e autonomia sobrepujando qualquer conforto momentâneo que aquele gesto pudesse oferecer. Com um movimento delicado, ela afastou a mão dele de seus cabelos, buscando uma sensação de controle em meio àquela situação confusa.

Mattia se levantou, agradecendo ao médico com um aperto de mão e expressando sua gratidão pela preocupação e cuidado. Em seguida, disse:

— Felícia te acompanhará até a porta. Mais uma vez, obrigado por tudo.

A presença de Mattia ao seu lado continuava a ser uma fonte de desconforto para Kalie, mas por ora, ela se concentrou em suas próprias necessidades imediatas: descansar, recuperar-se e, eventualmente, encontrar uma maneira de compreender e confrontar a situação em que se encontrava.

Apesar de sentir-se fraca e ainda um tanto atordoada, Kalie ergueu-se da cama com determinação, decidida a confrontar Mattia com sua recusa em aceitar sua suposta condição de esposa. Seus olhos faiscavam de indignação enquanto ela encarava o homem à sua frente.

— Eu não preciso dos seus cuidados. Sua voz soava firme, embora um leve tremor denunciasse sua fragilidade física. — Não estaria assim se você simplesmente me deixasse ir embora.

Mattia, por sua vez, parecia se divertir com a resistência de Kalie, emitindo uma risada sarcástica que ecoava pelo quarto.

— Você ainda não entendeu, Kalie. Seus olhos brilhavam com uma mistura de desdém e determinação. — Não vai a lugar algum. Você é minha esposa. Aceite isso, será mais fácil para você.

As palavras dele ecoaram na mente de Kalie como um desafio, reforçando ainda mais sua determinação em resistir àquela situação indesejada.

— Nunca! Ela retrucou com veemência, sua voz carregada de repúdio. — Nunca serei sua esposa, ou o que quer que você ache que posso ser para você. Meu pai jamais me venderia para um homem tão arrogante e presunçoso como você. Ele nunca faria isso.

O fervor das palavras de Kalie refletia não apenas sua revolta com a ideia de ser tratada como propriedade, mas também sua fé inabalável na integridade de seu pai. Apesar do desconcerto e da confusão que a rodeavam, ela encontrava força em sua convicção de que seu pai jamais a entregaria a alguém como Mattia.

A expressão de Mattia era uma mistura de desdém e determinação quando ele se aproximou de Kalie, suas palavras carregadas de uma ameaça velada. Ele não pretendia aceitar uma recusa, e sua postura autoritária deixava isso claro.

— Você precisa de um banho, e se não quiser ir por espontânea vontade, eu terei que obrigá-la.

A indignação estampada no rosto de Kalie era evidente enquanto ela encarava Mattia com fúria contida.

— Não ouse tocar em mim. Sua voz tremia ligeiramente, mas seu olhar permanecia desafiador.

Contudo, a resposta desafiadora de Kalie pareceu apenas intensificar a satisfação de Mattia, que sorriu de forma quase perversa enquanto a segurava pelo braço.

— Eu terei o maior prazer em te dar um banho. Sua voz estava impregnada de malícia, e o brilho em seus olhos denotava uma intenção nada inocente.

Kalie sentiu uma onda de repulsa e revolta diante da atitude de Mattia, e não hesitou em reagir. Com um movimento brusco, ela se desvencilhou de seu aperto, empurrando-o com firmeza.

— Como ousa falar comigo dessa maneira? Sua voz transbordava de indignação, e seu semblante refletia a determinação em não se submeter à vontade de Mattia. — Já disse para você não tocar em mim.

Ela segurou com firmeza a mão que lhe apertava o pulso, encarando-o com olhos faiscantes de raiva.

— Solte-me. A exigência foi proferida com veemência, enquanto Kalie resistia com todas as suas forças à tentativa de dominação de Mattia.

No momento em que alguém bateu à porta, a tensão no quarto atingiu seu ápice. Mattia e Kalie mantiveram seus olhares fixos um no outro, a atmosfera carregada de hostilidade e desafio.

— Entre. A voz de Mattia soou firme, sem desviar sua atenção de Kalie.

A governanta, Felícia, adentrou o quarto, percebendo imediatamente a tensão no ar.

— Desculpe, senhor, eu volto outra hora. Sua voz era hesitante, indicando seu desconforto diante da situação.

No entanto, Mattia não hesitou em responder, sua determinação inabalável.

— Fique. Sua ordem era clara e direta. — Kalie precisa de um banho. Ajude-a a escolher uma roupa para o jantar.

Felícia permaneceu ao lado da porta, evitando encarar diretamente Mattia e Kalie, sua postura demonstrando sua relutância em interferir na tensão palpável entre os dois.

— Sim, senhor. Sua resposta foi breve, enquanto ela se mantinha à espera de novas instruções.

Enquanto isso, Mattia e Kalie continuavam travando um embate silencioso, suas expressões refletindo a intensidade do conflito que os envolvia. Como duas feras prestes a atacar, eles mantinham seus olhares fixos um no outro, desafiando-se mutuamente.

Por fim, Mattia desviou o olhar de Kalie, soltou seu braço com um gesto brusco e saiu do quarto sem proferir uma palavra sequer. A tensão no ambiente permaneceu palpável, enquanto Felícia permanecia ali, observando a cena com uma mistura de desconforto e preocupação.