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Chapter 11 - 11. CONHECENDO UM KAUR

Naquela noite de sábado, cujo ar gélido se infiltrava pelas janelas entreabertas, Kalie e Rani se encontravam em meio aos preparativos para o jantar, mas suas mentes estavam imersas em reflexões sobre o rumo de suas vidas. Enquanto Kalie, com sua inclinação mais conservadora, buscava segurança e consolo em seguir algumas tradições que lhe foram incutidas desde a infância, Rani, por outro lado, abraçava sua liberdade com fervor, negando-se a ser enclausurada por padrões pré-estabelecidos.

Para Kalie, a adesão a tradições era uma fonte de estabilidade e conforto. Ela encontrava segurança nas rotinas familiares e nos valores transmitidos ao longo das gerações. Desde pequena, aprendera a valorizar os costumes que moldaram sua identidade e guiaram suas escolhas. Assim, para ela, seguir as tradições, não era uma imposição, mas sim uma escolha consciente de permanecer conectada às raízes que a sustentavam emocionalmente.

Por outro lado, Rani via as tradições como grilhões que aprisionavam a liberdade individual. Ela se recusava a ser moldada por normas e convenções sociais que limitavam sua expressão e autenticidade. Em vez disso, buscava explorar novos horizontes, desafiando as expectativas e abraçando as oportunidades que a vida lhe oferecia. Para Rani, a liberdade não era apenas uma ideia abstrata, mas sim um estilo de vida, uma filosofia que permeava suas escolhas e ações diárias.

Enquanto Kalie e Rani compartilhavam o mesmo espaço físico naquela noite, suas mentes estavam em mundos diferentes, refletindo as diversas perspectivas que moldavam suas visões de vida. Em meio ao aroma tentador do jantar que se preparava na cozinha, suas conversas profundas e introspectivas revelavam as complexidades e nuances de suas personalidades, ressaltando a beleza da diversidade humana e a riqueza das experiências individuais.

Ao descerem para a sala, foram calorosamente recebidas pela avó de Rani, que expressou seu desejo de apresentá-las à família Kaur. Rani, apreensiva pela ausência de Jacob, segurou a mão de Kalie enquanto se aproximavam do grupo. Enquanto os membros da família sorriam, Rani sentiu-se momentaneamente desconfortável, mas logo foram apresentadas aos membros da família Kaur.

— Este é o Enzo, aqui é o Badu, seu pai, e a Aurora, sua mãe. Anunciou a avó de Rani, enquanto os cumprimentos se desenrolavam. Enquanto todos se acomodavam no sofá da sala, iniciaram-se conversas sobre castas, cerimônias de casamento e religião, temas que Kalie e Rani observavam com interesse.

O clima mudou quando Jacob chegou, elegantemente trajado em um churidar vermelho com detalhes dourados e uma calça branca. O grupo se aquietou momentaneamente ao vê-lo se aproximar, mas Rani rapidamente se levantou para apresentá-lo.

— Vovó, vovô, eu quero apresentar a vocês, o Jacob, da família Sem. Anunciou Rani, demonstrando orgulho em sua voz. Sua avó, em seguida, incentivou Jacob a se aproximar para uma melhor observação.

Enquanto isso, Enzo dirigiu um olhar atento a Kalie, que retribuiu com um sorriso educado. O jantar se estendeu por horas, com os adultos desfrutando da refeição na sala de jantar, enquanto os mais jovens se reuniram na sala de estar, apreciando a decoração requintada e as obras de arte que adornavam as paredes.

Enquanto os jovens compartilhavam conversas e risadas, Rani percebeu o interesse de Enzo por Kalie. Ela decidiu agir e chamou sua amiga para um canto, propondo a ideia de convidar Enzo para acompanhá-la à festa da Ambar no dia seguinte.

— Vejo que o Enzo está muito a fim de você. Que tal convidá-lo para te acompanhar amanhã à noite na festa da Ambar? Sugeriu Rani, sacudindo o ombro de Kalie com entusiasmo.

Kalie, receptiva à sugestão, sorriu concordando. Juntas, voltaram para junto dos jovens, onde Rani tomou a dianteira.

— Enzo, uma amiga minha vai fazer uma festa amanhã à noite. Você quer ir com a gente? Convidou Rani, esperando ansiosamente pela resposta.

O jovem, demonstrando interesse, aceitou prontamente.

— Claro que sim, desde que Kalie me acompanhe, tudo bem. Respondeu Enzo, com um sorriso amigável.

Enquanto continuavam a conversar sobre seus cursos universitários e planos, as horas pareciam voar, e mal perceberam quando Badu se aproximou para interromper o momento.

— Enzo, precisamos ir. Informou Badu, indicando que era hora de partir. Enzo se despediu e partiu com sua família, seguido por Jacob, enquanto Kalie e Rani retornaram para o quarto, onde finalmente puderam conversar a sós.

Assim que Rani fechou a porta, suspirou e dirigiu-se à amiga.

— O que achou do Enzo, amiga? Perguntou, demonstrando curiosidade.

Kalie hesitou por um momento antes de responder.

— Ele é bonitinho. Admitiu timidamente.

Rani revirou os olhos com um sorriso travesso.

— Ele é lindo! E está a fim de você. Precisa dar uns beijinhos nele. Provocou, encorajando Kalie.

Kalie riu, mas não descartou a ideia.

— Pode parar, Rani. Respondeu com um leve rubor nas bochechas.

Rani, porém, estava determinada a encorajar a amiga.

— Não estamos na Índia, Kalie. Você precisa beijar alguém. Insistiu Rani, incentivando-a a viver mais plenamente.

Após um momento de reflexão, Kalie finalmente cedeu.

— Talvez você tenha razão. Concordou, permitindo-se considerar a perspectiva de Rani.

A conversa tomou um rumo mais descontraído quando Kalie perguntou timidamente sobre a experiência de Rani com Jacob. Surpreendida pela pergunta, Rani riu antes de responder, compartilhando detalhes sobre sua vida amorosa com sua amiga.

— É ótimo! Disse Rani, sorrindo ao lembrar-se dos momentos compartilhados com Jacob. — Mas é importante tomar cuidado para não engravidar. Tenho um médico de confiança para isso. Acrescentou, revelando um aspecto mais íntimo de sua vida.

Kalie, surpresa com a revelação, levou a mão à boca, seus olhos arregalados, demonstrando incredulidade. Ela soltou a pergunta que estava em sua mente:

— Vocês já transaram?

Rani, sem constrangimento algum, soltou uma gargalhada diante da reação da amiga e respondeu com naturalidade, como se fosse um assunto comum para ela.

— O que você acha que eu e o Jacob ficamos fazendo em meu apartamento sozinhos? Disse, deixando claro que já havia ultrapassado essa etapa em seu relacionamento com Jacob.

Após essa troca de confidências, Rani se despediu, deixando Kalie sozinha em seu quarto, refletindo sobre as palavras da amiga e as possibilidades que se apresentavam em sua vida amorosa. Kalie deitou-se em sua cama, perdida em pensamentos. A noite anterior tinha sido marcante, não apenas pela festa animada, mas também pelas reflexões que surgiram em sua mente inquieta. Ela sentia-se impelida a buscar respostas para suas dúvidas sobre a vida sexual, e a figura confiável de sua melhor amiga, Rani, parecia ser o caminho mais natural para encontrar essas respostas.

No domingo à noite, quando as duas chegaram à festa de Ambar, Kalie observou o ambiente festivo, repleto de colegas da faculdade e uma energia contagiante. No entanto, à medida que a noite avançava e a música alta e a multidão agitada enchiam o espaço, ela começou a se sentir desconfortável. Kalie se aproximou de Rani, que dançava animadamente com Jacob, e sussurrou em seu ouvido sobre sua intenção de ir embora.

Rani, imersa na animação da festa, parecia não escutar completamente, mas pegou o braço de Kalie e a conduziu para longe da agitação.

— Eu vou dar uma volta com Enzo e depois vou para casa, aqui está barulhento demais. Explicou Kalie, tentando se fazer ouvir acima do ruído.

A amiga sorriu maliciosamente e concordou, encorajando-a a seguir seu instinto.

— Vai lá, nos vemos em casa. Disse, dando um leve empurrãozinho para que Kalie se aventurasse na noite.

Assim, Kalie deixou a festa ao lado de Enzo, sentindo-se um pouco nervosa, mas também animada com a perspectiva de um momento a sós com o jovem. Enquanto caminhavam pelas ruas movimentadas de Chicago, Kalie sentiu-se confortada pela mão segura de Enzo na sua, apreciando a sensação de proteção que ele lhe proporcionava.

No entanto, a noite não trouxe grandes revelações ou experiências marcantes. Depois de uma breve caminhada, Enzo deixou Kalie em casa e se despediu de maneira gentil. Apesar de não ter sido um encontro particularmente emocionante, Kalie sentiu-se grata pela companhia e pela oportunidade de explorar um pouco mais da vida adulta ao lado de Enzo.