Em meio à escuridão, ele se sentia perdido e desorientado. O vazio o cercava, e ele não conseguia enxergar nem mesmo sua própria mão. No entanto, ele sentia a presença dela, como se estivesse flutuando em um mar de escuridão. Cada braçada que dava parecia afundá-lo ainda mais na negrura.
Mas então, uma pequena brasa surgiu à distância. Era a única fonte de luz naquele lugar sombrio. Determinado, ele começou a nadar em direção a ela. A escuridão parecia densa como água, dificultando seu progresso. Seus músculos doíam, mas ele persistia. A brasa era sua única esperança de entender onde estava.
Finalmente, após lutar contra as adversidades, ele chegou perto da pequena chama. Ela sussurrou.
— Você precisa acordar.
E, com isso, ele despertou, encontrando-se em outro lugar, longe da escuridão e da incerteza. A brasa havia sido seu guia para a realidade.
Léo Stark abriu os olhos com dificuldade, a sensação de exaustão pesando sobre ele como um fardo insuportável. A luz invadiu sua visão, e ele piscou, tentando se acostumar com o ambiente. A enfermaria rústica ao seu redor era um contraste com a escuridão anterior. Enfermeiros e curandeiros se moviam pelos corredores, atendendo aos feridos.
Ao olhar para o teto da cama onde estava deitado, Léo notou que as paredes eram feitas de pedra, como se estivesse em um castelo antigo. A ficha caiu: ele estava na enfermaria da Academia de Cavaleiros Perlasca. As memórias voltaram, fragmentos da batalha contra os Golens de cristal na caverna dos espelhos. Lucas, seu amigo, também estava lá. E a espada flamejante que ele empunhara para derrotar os Golens...
Com esforço, Léo tentou se levantar. Seu corpo parecia pesado, como se tivesse sido esmagado sob o peso do mundo. Mas então, ao seu lado, ele sentiu um calor reconfortante. A espada avermelhada estava lá, adornada com detalhes que lembravam chamas dançantes. Era a mesma espada que o ajudara na batalha, e agora ela estava ali, como um leal companheiro. Léo sabia que essa espada seria crucial em suas futuras jornadas como cavaleiro.
Ainda fraco e atordoado, ouviu uma voz experiente, era o diretor Lucius Perlasca. O homem trajava roupas nobres e ostentava uma grande barba branca.
— Não se esforce para se levantar. — disse o diretor. — Você quase morreu na noite do teste.
Léo, surpreso com as palavras, se apresentou formalmente: — Olá, diretor Lucius. Sou Léo Stark. Já nos vimos antes, mas nunca nos apresentamos formalmente. É um prazer conhecê-lo e conversar com o senhor.
Lucius, com um aceno de aprovação, respondeu.
— Não se preocupe com formalidades agora. Sua prioridade é descansar e se recuperar.
Léo, com grande esforço, conseguiu sentar-se na cama e perguntou.
— Por que estou aqui? O que aconteceu ontem?
O diretor sorriu.
— Ontem? Meu jovem, você estava dormindo há cinco dias.
Léo ficou espantado com a resposta. Pensou que havia falhado no teste por ter sido teleportado da caverna. Mas Lucius tranquilizou-o.
— Não pense pessimistamente. Você foi aprovado no teste da Caverna dos Espelhos de Cristal. Agora é um dos mais novos aprendizes de cavaleiro da Academia Perlasca.
Léo sentiu uma onda de alegria e gratidão. Ele havia superado os desafios e agora começaria sua jornada como aprendiz de cavaleiro. A espada flamejante ao seu lado parecia vibrar em concordância, como se soubesse que grandes aventuras aguardavam.
Léo Stark ouviu atentamente as palavras do diretor Lucius Perlasca. O propósito do teste era que os candidatos derrotassem os Golens de cristal em grupo, mas Léo havia enfrentado o desafio sozinho, acompanhado apenas por outro candidato. O resultado parecia incerto, mas algo extraordinário aconteceu: Léo estava sendo teleportado e, mesmo assim, conseguiu se levantar e empunhar a espada mágica.
Lucius explicou que todo ser vivo em Lugnick tinha mana correndo em suas veias. Essa energia vital permitia que as pessoas usassem magia. As espadas mágicas, como a que Léo empunhara, eram seres vivos que requeriam mana para ativar seus poderes. Na noite do teste, quando Léo usou a espada, ela consumiu sua mana para liberar seu poder flamejante.
O diretor continuou, observando a expressão atônita de Léo.
— Você teve sorte, meu jovem. Geralmente, aqueles que nunca treinaram suas capacidades de mana morreriam ao ter sua energia sugada. Parece que a espada flamejante retirou o suficiente para que você não perecesse na luta.
Léo processou as informações. A espada, agora ao seu lado, parecia pulsar com uma energia própria. Ele sabia que essa jornada como aprendiz de cavaleiro seria repleta de desafios, mas também de descobertas e poderes além da compreensão.
O diretor Lucius percebeu o cansaço estampado no rosto de Léo e decidiu deixá-lo descansar.
— Você precisa estar em repouso para a celebração desta noite. — disse ele.
A comemoração marcaria a entrada bem-sucedida dos novos aprendizes na academia.
Antes de sair, Léo não pôde deixar de perguntar sobre Lucas, seu amigo que estivera com ele na caverna.
— O que aconteceu com Lucas lá dentro? — indagou Léo.
O diretor sorriu e tranquilizou-o.
— Não se preocupe. Tenho certeza de que ele vai te contar tudo assim que eu sair.
Com um riso amigável, Lucius deixou o quarto, pedindo a um enfermeiro que fizesse um check-up em Léo. Léo mal podia esperar para ouvir a história de Lucas e descobrir o que mais o aguardava.
Lucas entrou na enfermaria, procurando por Léo. Ao encontrar seu amigo acordado, deu um pequeno grito que chamou a atenção de um curandeiro, que o repreendeu. Lucas estava visivelmente feliz por ver Léo desperto após cinco dias de sono profundo. Com entusiasmo, ele começou a explicar o que aconteceu depois que Léo foi teleportado.
Após a derrota dos Golens de cristal e ficar sozinho na caverna, Lucas correu pelas longas escadarias até o grande altar. Lá, ele pegou sua própria espada mágica e sentiu um leve toque eletrizante percorrer seu corpo. O teste estava concluído, e ele foi teleportado para um jardim.
No jardim, Lucas procurou por Léo, mas não o encontrou. Enquanto caminhava, um dos professores da academia o parabenizou por ter passado no teste e por se tornar um dos mais novos aprendizes de cavaleiros. Para sua surpresa, Lumina e Greg também estavam lá. Lucas ouviu uma história incrível de outro aluno: Lumina e Greg, apesar de se odiarem, haviam trabalhado juntos para derrotar os Golens. A incredulidade tomou conta de Lucas enquanto ele processava todas essas informações.
Lucas, ao perceber que estava sozinho, foi abordado por Lumina, que perguntou sobre o paradeiro de Léo. Lucas, ainda atordoado com os eventos na caverna, compartilhou tudo o que aconteceu após eles se separarem do grupo de Lumina. As proezas de Léo com sua espada mágica deixaram Lumina impressionada. Ela começou a perceber que Léo era diferente dos outros candidatos.
Nesse momento, o diretor Lucius apareceu e fez um longo e belo discurso. Ele descreveu os caminhos que os candidatos tiveram que percorrer e os desafios que enfrentaram para serem aprovados na Academia de Cavaleiros Perlasca. Dos trinta candidatos, apenas dezoito passaram no teste da caverna.
Após o discurso, Lucius instruiu todos os candidatos aprovados a voltarem à sala de descanso improvisada para uma boa noite de sono. No dia seguinte, haveria uma apresentação oficial da academia para todos os novos aprendizes. Além disso, daqui a cinco dias, um banquete seria realizado para comemorar a aprovação dos candidatos.
Lucas, ansioso por notícias de Léo, procurou um dos professores. Foi então que soube que Léo havia sido o primeiro a ser teleportado para o jardim e que já estava sendo tratado dentro da academia. A jornada deles como aprendizes de cavaleiros estava apenas começando, e muitas aventuras aguardavam.
À medida que a noite caía, os enfermeiros deram alta a Léo. Acompanhado por Lucas, ele dirigiu-se a um dos quartos masculinos na torre da Academia. Ali, os alunos do primeiro ano, tanto os novos como os que haviam repetido o ano anterior, encontrariam seu lugar. A divisão entre quartos masculinos e femininos estava clara.
O alojamento masculino na torre da Academia de Cavaleiros Perlasca era um lugar de conforto e camaradagem. Localizado no alto da torre, oferecia vistas espetaculares do oceano. As janelas amplas permitiam que a luz do sol entrasse, iluminando os quartos e criando uma atmosfera acolhedora.
Cada quarto era espaçoso e bem mobiliado. As camas eram luxuosas, com colchões nobres e lençóis macios. Os móveis de madeira escura adicionavam um toque de elegância, enquanto os tapetes espessos proporcionavam conforto sob os pés.
Os alunos podiam se reunir junto às janelas para contemplar o vasto oceano. As ondas quebravam suavemente na costa, e o horizonte se estendia até onde os olhos podiam alcançar. Era um cenário inspirador, lembrando a todos os jovens cavaleiros em treinamento da vastidão do mundo lá fora.
À noite, as estrelas brilhavam no céu escuro, e o som das ondas servia como uma canção de ninar para os sonhos dos aprendizes. O alojamento masculino era mais do que um lugar para descansar; era um refúgio onde laços de amizade e coragem se formavam, preparando-os para as aventuras que os aguardavam.
Léo observou sua cama, luxuosa e adornada com detalhes da elite. Enquanto se arrumava para o banquete, sua espada mágica permanecia uma incógnita. O sonho da escuridão e da brasa o intrigava. "Em outra oportunidade, perguntarei ao diretor", pensou.
Arrumado, Léo encontrou Lucas, e juntos dirigiram-se ao salão de banquetes da Academia Perlasca. A sala era grandiosa, com várias mesas repletas de comida farta. Alunos que haviam assistido aos testes pelas telas mágicas vieram cumprimentar Léo. Elogiaram sua habilidade com a espada, algo raramente visto em alguém sem experiência.
Greg sendo um invejoso, zombou de Léo por ter desmaiado. Mas Lumina, em um vestido branco deslumbrante, interveio empurrando Greg para o chão. Seus cabelos loiros combinavam com sua beleza. Léo, envergonhado, assegurou que estava bem. Lumina, percebendo os olhares, mudou de assunto e lembrou do desafio que fez a Léo de um duelo.
O salão de banquetes da Academia Perlasca era grandioso e imponente, com altos tetos abobadados e paredes adornadas com tapeçarias coloridas. Lustres de cristal pendiam do teto, espalhando uma luz suave sobre as mesas dispostas em fileiras. As mesas eram longas e cobertas por toalhas brancas, com talheres de prata alinhados simetricamente.
Os alunos se reuniam em grupos, conversando animadamente enquanto se serviam de uma variedade de pratos. Os aromas deliciosos pairavam no ar: assados suculentos, vegetais frescos, pães recém-saídos do forno e sobremesas tentadoras. Os copos de vinho e taças de champanhe brilhavam à luz dos lustres, refletindo a alegria e a expectativa da noite.
Alguns alunos estavam vestidos de forma elegante, com trajes formais e gravatas. Outros optaram por um estilo mais descontraído, mas todos compartilhavam o mesmo entusiasmo. Rostos sorridentes e olhos brilhantes revelavam a sensação de conquista e celebração.
Léo, ainda um pouco envergonhado pelos elogios que recebera, sentou-se ao lado de Lucas. Lumina, em seu deslumbrante vestido branco, passou por eles, empurrando Greg novamente ao chão com determinação e o levando com ela. Ela lançou um olhar para Léo e sussurrou.
— Aguardo nosso duelo. — Com sua espada dourada na cintura, ela partiu, deixando uma trilha de mistério e desafio no ar.
O diretor, acompanhado de seu conselho de professores, surgiu no salão. A multidão de alunos silenciou, atenta às palavras que viriam. Com voz firme e solene, o diretor discursou.
— Jovens, sejam bem-vindos à Academia de Cavaleiros Perlasca. Este é o lugar onde o sonho de se tornar um cavaleiro lendário tem início. Muitos de vocês enfrentaram desafios grandiosos, e outros podem ter pensado em desistir. No entanto, com força e determinação, vocês conseguiram se graduar e se tornarão cavaleiros de Lumirian.
Na majestosa Academia de Cavaleiros Perlasca, o diretor Lucius revelou aos novos aprendizes um sistema de classificação que moldaria suas jornadas. Cada aluno possuía um número de rank, e esse número aumentaria à medida que eles completassem missões em trios para o Reino de Lumirian. Era uma maneira de medir sua habilidade, coragem e dedicação.
No entanto, havia um escalão ainda mais elevado: os Sete Cavaleiros de Perlasca. Os sete primeiros colocados no rank eram agraciados com essa honra. Eles formavam um grupo de elite, cujas proezas eram lendárias. Privilegiados, esses cavaleiros tinham acesso a conhecimentos secretos, armas poderosas e missões de maior importância.
À medida que Lucius discursava, os olhos dos aprendizes brilhavam com a perspectiva de se tornarem parte desse seleto grupo. Eles imaginavam as aventuras que os aguardavam, os desafios que enfrentariam e os laços que criariam com seus companheiros de trio.
Na semana seguinte, os novos grupos seriam formados. A ansiedade pairava no ar enquanto os alunos se perguntavam com quem compartilhariam suas jornadas. As amizades e rivalidades que surgiriam moldariam seu destino como cavaleiros.
Lucius ergueu sua taça, e os alunos seguiram o exemplo.
— Agora, brindem e celebrem, pois esta noite é de vocês.
E assim, a noite se encerrou com aplausos, gritos de felicidade e muita comemoração. Os novos aprendizes de cavaleiros estavam prontos para enfrentar os desafios que os aguardavam.