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Chapter 3 - O Encontro nas Vielas de Romagna

Léo, com olhos fixos no horizonte, avista a cidade de Romagna. Suas muralhas imponentes se erguem como guardiãs, e o mar abraçava suas margens. Romagna, uma cidade portuária de grande porte, é o ponto de partida para os jovens aspirantes a cavaleiros. Eles sonham em embarcar no Navio Vespucci, que os conduzirá à Academia de Cavaleiros Perlasca, onde aprenderão as artes da espada e da honra.

Ao adentrar Romagna, Léo encontra um rosto familiar: Luan, amigo de seu pai. Luan, o fazendeiro do vilarejo de San Gimignano, era um homem robusto, com mãos calejadas pelo trabalho na terra. Seu rosto, marcado pelo sol e pelas estações, exibia rugas profundas, mas seus olhos eram sábios, como se carregassem os segredos da natureza.

 Ele usava um chapéu de palha, que protegia seu rosto das intempéries. Sua camisa de linho estava manchada de suor e terra, mas Luan não se importava. Ele era um homem da terra, e seu orgulho estava nas colheitas que cultivava com amor e dedicação.

 Quando Léo chegou à cidade de Romagna, encontrou Luan à beira da estrada. O fazendeiro estava apoiado em uma bengala de madeira, observando o horizonte com olhos atentos. Seu sorriso era acolhedor, e sua voz grave ecoou quando ele cumprimentou Léo.

— Léo Stark, o jovem que parte em busca de aventuras — disse Luan. — Você tem coragem e determinação, assim como seu pai, Jeremy.

 Ele aguardava ansiosamente a chegada do jovem. Ele tinha informações cruciais para Léo que ficou hipnotizado olhando para cidade, fazendo com que Léo, não ouvisse as coordenadas para onde o porto ficava e consequentemente não iria ficar sabendo onde estava o navio Vespucci, Léo ofereceu-lhe o cavalo que gentilmente o trouxera até a cidade para Luan e agradeceu ao homem.

 Luan apoiou a mão no ombro de Léo.

— Espero que você encontre coragem nas batalhas, sabedoria nas derrotas e amizade nos caminhos que cruzar. E lembre-se, a terra sempre nos acolhe de volta.

 E assim, com as palavras de Luan ecoando em seu coração, Léo seguiu adiante, e sem conter sua curiosidade saiu explorando a cidade. No entanto, o senso de direção de Léo não era seu ponto forte. Ele se viu perdido nos labirintos dos mercados de Romagna. As vielas estreitas, repletas de cores e aromas, o envolveram como teias de aranha. As barracas exibiam especiarias, joias, e tecidos exóticos. Léo, com olhos arregalados, tentava decifrar os caminhos tortuosos.

O sol se punha, lançando sombras douradas sobre as pedras gastas das ruas. Léo, agora sozinho, sentia-se pequeno diante da grandiosidade da cidade. Ele se perguntava se encontraria seu destino ou se vagaria indefinidamente pelos becos e praças. A brisa salgada do mar sussurrava segredos, e Léo, com coragem renovada, continuou sua busca.

E assim, entre as vielas e os murmúrios do vento, Léo escreveu o primeiro capítulo de sua jornada em Romagna, onde o destino aguardava nas esquinas sinuosas.

 A Cidade de Romagna, uma região histórica do reino de Lumirian, é um lugar onde o passado e o presente se entrelaçam como fios de um bordado antigo. Suas muralhas imponentes se erguem como guardiãs, protegendo os segredos e as paixões que permeiam suas ruas.

 As muralhas de Romagna são feitas de pedra sólida, erguendo-se como sentinelas contra o tempo e os inimigos. Elas abraçam a cidade, formando um abraço protetor que envolve os habitantes. As torres de vigia, com seus telhados pontiagudos, parecem tocar o céu, e os guardas patrulham as ameias, olhando para o horizonte em busca de qualquer ameaça.

 O mar, fiel companheiro de Romagna, abraça suas margens. O porto, outrora famoso pelos comércios que fazia, agora é um lugar de memórias e sonhos. Os navios atracavam, trazendo especiarias exóticas de terras distantes, joias cintilantes e tecidos coloridos. Os mercadores negociavam com olhos astutos, e as barracas dos grandes mercados de Romagna exibiam riquezas que faziam os corações dos habitantes baterem mais rápido.

 As barracas, alinhadas como soldados em formação, ofereciam um espetáculo de cores e aromas. Especiarias exalavam fragrâncias misteriosas: açafrão dourado, canela quente e pimenta ardente. As joias cintilavam sob o sol, refletindo sonhos e desejos. E os tecidos exóticos, vindos de terras longínquas, eram como páginas de contos antigos, esperando para serem costuradas em vestidos e mantos.

 As vielas estreitas, repletas de cores e aromas, envolvem os visitantes como teias de aranha. Os tijolos gastos pelo tempo formam calçadas irregulares, e as casas se inclinam umas sobre as outras, como velhos amigos sussurrando segredos. As janelas, enfeitadas com flores, parecem espiar o mundo exterior, enquanto os moradores passam, cumprimentando-se com sorrisos e gestos.

E então, Léo e Lucas, dois estranhos unidos pelo acaso, encontraram-se no emaranhado das vielas de Romagna. Um estava correndo nas vielas e o outro estava perdido e como um choque os fez cair após um encontro contundente, mas a urgência de suas missões os impeliu a se levantar rapidamente. Lucas, com cabelos loiros desalinhados e olhos determinados, estendeu a mão para ajudar Léo a se erguer.

— Lucas Raywet — apresentou-se o jovem, sua voz carregada de energia.

Ele explicou a razão de sua corrida: um ladrão havia roubado sua bolsa, e dentro dela estava algo de valor inestimável. Léo, com olhos curiosos, ouviu atentamente. A cidade, com seus segredos e perigos, parecia conspirar contra ambos.

Léo, ainda desorientado por sua própria busca, perguntou a Lucas sobre o porto da cidade. O Navio Vespucci aguardava, pronto para levar os jovens aos seus destinos na Academia de Cavaleiros Perlasca. Lucas sorriu, reconhecendo a ironia do destino. Ele também estava a caminho do navio.

— Se você me ajudar a recuperar minha bolsa — disse Lucas com determinação — Eu o acompanharei até o navio.

Os olhos de Léo brilharam com uma nova esperança. Juntos, eles se lançaram na perseguição, pelas vielas estreitas e além, em busca da bolsa roubada e de um futuro incerto que os aguardava no mar aberto.

Com olhos determinados, traçaram um plano para recuperar a bolsa roubada. Com a cidade de Romagna como cenário, eles seguiram os passos do ladrão, que havia desaparecido nas vielas estreitas.

Eles vasculharam os arredores, questionando os comerciantes e transeuntes. O ladrão deixara pistas sutis, como um lenço esquecido ou uma risada distante. Eles seguiram o rastro, como caçadores em busca de presa. No mercado de especiarias, encontraram uma senhora idosa chamada Isabella. Ela conhecia todos os segredos da cidade e revelou que o ladrão era conhecido como "O Fantasma". Ele era ágil e esquivo, mas Isabella tinha informações valiosas sobre seus esconderijos.

 Isabella era uma guardiã das histórias não contadas, uma testemunha silenciosa dos dramas humanos que se desenrolavam nas sombras. Ela se sentava em sua cadeira de madeira, junto à janela, observando o mundo passar. Seu cabelo prateado caía em cachos sobre os ombros, e suas mãos enrugadas seguravam um terço gasto pelo uso.

 — Senhora Isabella — disse Léo, inclinando-se respeitosamente. — O Fantasma é real? Ele existe mesmo?

A senhora sorriu, revelando dentes gastos pelo tempo.

— Ah, meu jovem, o Fantasma é tão real quanto as sombras que dançam nas paredes. Ele nasceu nas vielas escuras, abandonado pelos pais. Cresceu entre ratos e segredos, aprendendo a sobreviver. Seu nome verdadeiro? Ninguém sabe. Ele é apenas o Fantasma.

Lucas se sentou em uma cadeira de madeira, ansioso por mais informações.

— Por que ele rouba?

Isabella olhou para fora da janela, para as ruas estreitas.

— O Fantasma rouba para sobreviver, mas também por vingança. Ele guarda rancor contra aqueles que o abandonaram. E agora, com o aumento da criminalidade na parte nordeste da cidade, ele se tornou uma lenda. Os comerciantes sussurram seu nome, e as mães assustam as crianças com histórias sobre o Fantasma que rouba no escuro.

Léo agradeceu à senhora e se levantou.

— Senhora Isabella, você é uma fonte preciosa de conhecimento. Obrigado por compartilhar essas histórias.

 E assim, com as palavras da idosa ecoando em sua mente, Léo e Lucas partem em busca do Fantasma. Eles sabiam que, nas vielas sombrias de Romagna, a verdade estava escondida, esperando para ser revelada.

Léo e Lucas montaram uma emboscada. Esconderam-se atrás de barris vazios perto do porto, esperando o momento certo. Quando O Fantasma apareceu, eles saltaram, cercando-o.

Com corações acelerados e punhos cerrados, Léo e Lucas enfrentaram o Fantasma nas sombras das vielas de Romagna. O Fantasma emergiu, seu manto escuro envolvendo-o como uma névoa sinistra. Em uma mão, ele brandia uma faca grande e afiada, e seus olhos brilhavam com malícia.

Léo, com a coragem de um jovem cavaleiro, avançou primeiro. Seus punhos voaram em direção ao Fantasma, mas o manto parecia absorver os golpes. O Fantasma riu, uma risada gélida que ecoou pelas paredes de pedra. Ele girou a faca, desviando dos socos de Léo com facilidade.

Lucas, não menos determinado, atacou pela lateral. Ele mirou nos tornozelos do Fantasma, tentando derrubá-lo. Mas o Fantasma era ágil, saltando para o lado e desaparecendo nas sombras. A faca chiou pelo ar, raspando o chão de pedra.

A luta continuou, os três dançando entre as barracas e os becos estreitos. Léo e Lucas trocavam olhares, buscando uma abertura. O manto do Fantasma parecia se mover independentemente, como se tivesse vida própria. Ele zombava deles, provocando-os com palavras sussurradas.

Então, Léo teve uma ideia. Ele atraiu a atenção do Fantasma, enquanto Lucas se esgueirava por trás. Quando o Fantasma ergueu a faca para um golpe mortal, Lucas agarrou o manto. O tecido se desfez em suas mãos, revelando o verdadeiro inimigo: um jovem assustado, com olhos arregalados.

O Fantasma não era um monstro, mas sim um órfão desesperado. Ele havia roubado a bolsa de Lucas para sobreviver. Léo e Lucas olharam para ele com compaixão. Eles ofereceram uma escolha: redenção ou punição. O Fantasma escolheu a redenção, prometendo mudar seu caminho, devolvendo a bolsa de Lucas, o Fantasma saiu correndo e voltando para a escuridão das vielas.

E assim, a luta terminou não com punhos, mas com compreensão. Léo e Lucas ajudaram o Fantasma a se levantar, e juntos, seguiram em direção ao Navio Vespucci, onde suas histórias se entrelaçariam no mar vasto e desconhecido.

O porto de Romagna estava agitado, como um formigueiro prestes a se dispersar. O grande navio, com velas imponentes e casco de madeira enegrecida pelo sal do mar, esperava ansiosamente. Jovens de raças diversas dos sete reinos se agrupavam, seus olhos brilhando com a promessa de aventura e glória.

 O Navio Vespucci, uma majestosa embarcação que cruzava os mares em tempos antigos, era mais do que um simples navio. Ele era um símbolo de coragem, disciplina e tradição. Suas velas, infladas pelo vento, cortavam as ondas com destemor, enquanto a tripulação, composta por cavaleiros da Academia de Cavaleiros Perlasca, se preparava para enfrentar desafios inimagináveis.

 As madeiras do Vespucci eram envelhecidas e marcadas por cicatrizes de batalhas passadas. Suas velas, tingidas de branco, tremulavam como as asas de um albatroz. O convés, polido pelo uso e pelo sal do mar, testemunhava os passos dos jovens aspirantes, cujos olhos brilhavam com a promessa de aventuras e glória.

Cavaleiros veteranos, com espadas mágicas penduradas nos cintos, observavam a nova safra de aprendizes. Suas armas reluziam à luz do sol, e suas expressões variavam entre a seriedade e a nostalgia. Eles sabiam que o teste que aguardava os jovens era mais do que uma prova de habilidade; era uma jornada de autodescoberta.

Léo e Lucas, ofegantes, chegaram no limite do tempo. Os cavaleiros já se alinhavam, prontos para partir. O Navio Vespucci, majestoso e imponente, balançava suavemente na maré. Léo sentiu o coração acelerar. Ele estava prestes a embarcar em uma jornada que mudaria sua vida para sempre.

Lucas, ao seu lado, sorriu.

— Nossos destinos se cruzaram, Léo. — disse ele. — Talvez o acaso tenha outros planos para nós.

Eles trocaram histórias, compartilhando sonhos e medos. Lucas revelou que sua família tinha uma longa tradição de ajudar monetariamente os cavaleiros, enquanto Léo compartilhava seus treinamentos diárias e as histórias de seu pai.

No convés do navio, a festividade estava em pleno andamento. Jovens sonhadores dançavam, rindo e cantando. Alguns seguravam amuletos de boa sorte, outros afiavam suas espadas imaginárias. O vento salgado soprava, carregando os votos silenciosos de cada um.

Léo e Lucas se juntaram à celebração. Eles ergueram suas taças imaginárias, brindando à coragem e à amizade. O mar se estendia à frente, um vasto horizonte de possibilidades. E enquanto o Navio Vespucci partia, eles olharam para trás, para as muralhas de Romagna, e sorriram. A jornada estava apenas começando, e o futuro os aguardava com promessas e desafios.