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Chapter 6 - Vossa Alteza

Lina acordou em completa escuridão, mas sabia que não era seu quarto na república. Ela podia dizer pelo cheiro familiar da floresta misturado com carvão fresco, e as cores vibrantes que ganhavam vida. Então, ela sentiu algo úmido pingar em seu nariz, e depois outro, e logo, a chuva caía sobre ela.

A chuva atravessava seu corpo, deixando claro que ela era um espírito pairando no passado. Sempre era assim.

A cena diante dela a fazia lembrar do antigo leste. Havia pilares vermelhos espiralados com ouro, telhados majestosos e paredes vermelhas que escalavam o céu se ele se atrevesse. Roupas de seda, bordados detalhados e elegância vista de longe.

Este não era o mundo moderno, mas outro pesadelo do passado.

"Vossa Alteza, espere por mim!" Um voz gritou em desespero, perseguindo um homem e uma mulher. Ele acenava freneticamente com um guarda-chuva como se fosse uma bandeira de guerra.

"Está chovendo, Vossa Alteza. O senhor vai ficar doente!" Ele implorou, observando enquanto o regal Príncipe permitia que sua seda fosse encharcada. Um material tão valioso e o Príncipe arriscava tudo por uma mulher.

"Só idiotas ficam doentes no verão," uma voz familiar respondeu, fazendo Lina estremecer.

O fôlego de Lina parou quando ela o viu. Tão radiante quanto o sol, tão frio quanto a lua. Ele tinha um rosto que poderia agitar uma nação, uma voz que cortava corações, e olhos que comandavam um reino.

"Mas a Princesa ficará doente, Vossa Alteza!" Sebastian exclamou, apontando para a pele pálida da Princesa, seu cabelo encharcado que grudava em seu rosto, e seu corpo lânguido.

O Príncipe finalmente levantou a cabeça da mulher inconsciente em seus braços. Apesar de carregá-la a pé da entrada do palácio até sua propriedade privada, ele não estava sem fôlego. Ela pesava como o papel de caligrafia no qual ela sempre escrevia.

"Kade?" Lina murmurou o nome do Segundo Rei de Ritan, mas não foi ouvida.

Agora, Kade era apenas um Príncipe. Em breve, ele seria conhecido como o tirano sangrento e impiedoso do Leste, cuja espada estava sempre coberta de vermelho... tudo por uma única mulher.

"Está insinuando que a Princesa é uma idiota?" Kade respondeu a Sebastian, que se enrijeceu e parou.

"O-quê, não, Vossa Alteza, eu—"

"Vá buscar o Médico Imperial," Kade rosnou, ignorando o quanto estava encharcado. Ele estava mais preocupado com a pequena coisa em seus braços. Ela estava tão orgulhosa e arrogante antes. O que aconteceu?

Imagens de seu longo cabelo preto esvoaçando ao vento, e seu olhar aguçado, mas sorriso hesitante, surgiram em sua mente. Mas agora, ela estava pálida e azul.

O rosto de Kade escureceu. Uma vez que ele encontrasse o agressor, ele iria despedaçá-lo, membro por membro, picá-lo e alimentar sua família com os pedaços.

"E você!" Kade rosnou, virando-se para Lina, fazendo-a pular.

Lina estava com os olhos arregalados, olhando para ele, perguntando-se se ele podia vê-la. Às vezes ele podia. Às vezes não. Este era o sonho dela, mas de alguma forma, parecia o dele.

"O que você está fazendo parada aí?"

Lina olhou para trás e viu uma mulher em roupas simples estava presente. Ela piscou surpresa com a semelhança entre essa mulher e Isabelle.

"Busque roupas quentes," Kade instruiu.

"Sim, Vossa Alteza," a serva sussurrou, inclinando a cabeça e correndo.

Lina observou a serva, confusa sobre por que Isabelle também aparecia em seus pesadelos.

De repente, Kade chutou sua porta aberta e a fechou com força atrás dele. Lina correu atrás dele e seu corpo atravessou uma porta, como um fantasma.

Quietamente, Lina observou o quarto familiar de Kade, onde seus corpos já haviam se entrelaçado. Tudo estava voltando para Lina.

Os móveis de madeira rica com design impecável, as telas de bambu com pinturas de montanhas altas e gruas voando, as cortinas escuras que iam de um pilar alto ao outro, e as cortinas de musselina repousando pela janela elegante.

Este não era o mundo moderno onde vampiros haviam saído do esconderijo. Este era o passado, dez séculos atrás, quando os humanos eram tratados com a maior estima no mundo, e não a sujeira nos sapatos das pessoas.

"Não vá…"

Lina estremeceu quando ouviu sua própria voz vinda da mulher. Ela sabia que não deveria ter se surpreendido, mas estava.

"Quem fez isso com você?" Kade exigiu, segurando sua mão trêmula. Ele se inclinou mais perto dela para ouvi-la propriamente. Quem ousou machucar sua mulher?

"Fique…" a mulher sussurrou, se agarrando a ele.

Os olhos de Kade se inflamaram com as palavras dela. Ela estava em sua cama, em seu quarto, sob seus cobertores, e ela pensava que ele iria embora?

"Eu sempre ficarei. Ao seu lado, sob você ou em cima... a escolha é sua," Kade murmurou com um tom perigoso em sua voz. Seus olhos escurecidos piscaram para sua boca trêmula.

O coração de Lina doía ao ver essa cena. Era íntimo demais para testemunhar. Quanto tempo fazia desde que ela ouviu sua voz terna pela última vez? A última coisa que se lembrava de sua vida passada era uma lâmina fria contra seu pescoço e a reação assassina de Kade.

Era doloroso o suficiente que Lina lembrasse de sua primeira vida, mas agora, eles estavam a fazendo testemunhar tudo de novo.

"Por quanto tempo você continuará a lutar contra mim?" Kade murmurou, afastando o cabelo molhado do rosto de sua inimiga. Ele deveria tê-la matado no minuto que teve a chance, mas não o fez. Em vez disso, estava cuidando dela para que se recuperasse — em sua cama sagrada.

"Eu venci centenas de batalhas. A guerra é brincadeira de criança para mim, e não demorará muito até que eu conquiste seu Reino," Kade cruelmente lhe disse, mesmo ela estando por baixo. "Por que você não se submete a mim?"

A mulher não disse nada. Ela estava tão quieta e imóvel, Kade pensou que ela estava dormindo.

"Minha pomba tola," Kade soltou uma respiração de diversão.

"Eu sou a razão pela qual você nunca vencerá essa batalha," ela respirou, seus lábios azuis e frios, mas ela ousou olhar para cima para ele.

O coração de Kade se agitou. As coisas que ele queria fazer com aqueles lábios. A doce, doce Princesa de seu inimigo. Ele queria arruinar sua inocência com suas mãos, essa mulher que muitos adoravam.

Lina cravou suas unhas em sua palma. As pessoas sempre confundiam essa frase. Todos sempre pensavam que fora o Príncipe de Ritan que a dissera, mas sempre fora a Princesa de Taren.

"Esta batalha já foi vencida, seu Reino é meu," Kade rosnou.

Lina estremeceu. Esta frase nunca foi escrita nos livros de história. Nunca foi mencionada em nenhum museu. Ninguém neste mundo havia ouvido essa frase, ninguém exceto Kade e a Princesa.

Então, como exatamente o estranho do museu conhecia essas palavras? A menos que Kaden DeHaven fosse o próprio Segundo Príncipe de Ritan. Mas isso faria o Kaden moderno ter pelo menos 1000 anos. O que só poderia significar uma coisa — ele era imortal.