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Chapter 3 - Capítulo 2: Indo ao Desconhecido

Parte 1

As escadas de pedra desciam em um ângulo íngreme, esculpidas diretamente na rocha bruta do abismo. Cada passo ecoava em um som surdo que parecia se perder nas profundezas. A atmosfera estava impregnada de um frio cortante, o tipo de frio que penetrava a pele e atingia os ossos. Broke sentia cada respiração formar pequenas nuvens de vapor no ar gélido e úmido.

Apenas as tochas forneciam alguma iluminação, suas chamas trêmulas lançando sombras dançantes nas paredes de pedra úmida. Sem a luz, não se poderia ver mais do que alguns passos à frente. A escuridão parecia viva, uma entidade que envolvia tudo em um abraço sufocante. O silêncio era interrompido apenas pelo gotejar ocasional de água e o som abafado dos passos do grupo.

Finalmente, as escadas terminaram, desembocando em um corredor estreito e irregular. As paredes do corredor eram feitas de aço escuro e frio, cobertas por manchas de ferrugem e pó, que forneciam uma pesada nuvem de poeira no ar. O chão metálico estava úmido e escorregadio, forçando todos a avançarem com cuidado. O ar tinha um cheiro forte de ferro e mofo, aumentando a sensação de opressão.

Ethan, o Explorador, estava na frente do grupo, segurando uma tocha alta que lançava sombras sinistras nas paredes de metal. Ele se virou para os outros, seu rosto sério iluminado pela chama.

"Eu vou na frente..." disse Ethan, a voz firme.

"Conheço esses caminhos por conta do mapa e posso identificar qualquer perigo antes que vocês se aproximem."

Garen, o guerreiro robusto, franziu o cenho. "Não acho uma boa ideia. Deveríamos manter uma formação mais defensiva. Se houver uma emboscada, você será o primeiro a ser pego."

Ethan deu de ombros, sem se deixar abater. "Eu sou o guia. Esse é o meu trabalho. E, além disso, se algo acontecer, vocês estaram preparados."

Garen abriu a boca para protestar, mas Ellen colocou uma mão no ombro dele, sutilmente indicando que ele deveria deixar passar. Relutante, ele suspirou e assentiu.

"Está bem." disse Garen, claramente descontente.

"Mas mantenha-se dentro do alcance das nossas tochas. Não quero que você desapareça na escuridão."

Ethan acenou com a cabeça e começou a avançar pelo corredor, os outros seguindo de perto. Lirian, o arqueiro elfo, mantinha sua mão próxima ao arco, seus olhos atentos a qualquer movimento suspeito. Thalon, o mago, murmurava feitiços de proteção sob sua respiração, enquanto Ellen, a ladina, se movia silenciosamente, os olhos sempre procurando por armadilhas.

Broke caminhava no meio do grupo, sua grande espada à mão, pronta para qualquer eventualidade. Cada passo parecia ecoar no vazio, a sensação de estar sendo observada aumentando a cada momento.

O corredor se alongava indefinidamente, a escuridão à frente e atrás deles parecia uma entidade viva, sempre presente, sempre ameaçadora. O frio intensificava-se, fazendo com que os Aventureiros tremessem sob suas armaduras e capas.

Parte 2

Horas se passaram enquanto o grupo navegava pelos corredores sinuosos do abismo. O frio persistente e a escuridão opressiva eram desafios constantes, mas eles avançavam com determinação. As tochas lançavam sombras dançantes nas paredes metálicas, criando uma sensação de movimento constante ao redor deles.

Lirian, o elfo arqueiro, olhou para Garen e deu uma risadinha. "Ei, Garen, lembra daquela vez em que você tentou cozinhar no acampamento e quase botou fogo na floresta inteira?"

Garen revirou os olhos, mas não pôde deixar de sorrir. "Ah, sim. Claro que sim. E quem foi que me convenceu de que 'qualquer um pode cozinhar', hein? Certamente não foi um certo elfo arqueiro que acha que uma sopa é um jantar completo."

Thalon riu, levantando uma mão. "Eu tentei avisar vocês que uma fogueira tão grande não era necessária. Mas quem sou eu para competir com as grandes habilidades culinárias de Garen?"

Ellen, a ladina teriana, sacudiu a cabeça, rindo. "Eu acho que todos nós aprendemos uma lição valiosa naquele dia: nunca deixar Garen cozinhar de novo. Pelo menos, não sem supervisão adequada."

Lirian fez uma cara de espanto fingido. "E pensar que eu confiei em você com meu estômago, Garen. Isso sim foi um erro imperdoável."

Garen riu e deu um leve empurrão em Lirian. "Bem, pelo menos eu nunca caí em uma armadilha óbvia, ao contrário de alguém que conhecemos."

Ellen sorriu maliciosamente. "Oh, isso é verdade. Lirian, você realmente precisa melhorar suas habilidades de percepção. Aquela armadilha era tão óbvia que até um cego teria visto ela."

Lirian levantou as mãos em rendição. "Tá bom, tá bom. Eu admito, não foi meu melhor momento. Mas pelo menos eu tenho vocês para salvar a minha bunda."

Thalon olhou para Ethan e depois para Broke, percebendo que ambos estavam fora das conversas internas. Ele se virou para os outros e sussurrou algo, fazendo-os rir.

"Vocês lembram daquela vez em que Ellen tentou roubar a coroa de um comandante goblin e acabou liderando um motim sem querer?" perguntou Thalon, tentando incluir Broke e Ethan no assunto.

Ellen balançou a cabeça, rindo. "Ah, sim. Quem diria que goblins poderiam ser tão facilmente impressionados por um pouco de habilidade de prestidigitação? Eles realmente acharam que eu era uma enviada divina."

Lirian sacudiu a cabeça, sorrindo. "Você e suas habilidades de atuação, Ellen. Tenho certeza de que, se quiséssemos, poderíamos derrubar um reino inteiro com suas habilidades de enganação."

Garen olhou para Broke, que continuava em silêncio, seus olhos atentos ao redor. Ele suspirou e voltou a atenção para Ethan, que parecia igualmente focado na missão.

Enquanto caminhava, Broke sentiu algo diferente no ar. Uma sensação de desconforto tomou conta dela. Seus olhos se estreitaram enquanto vasculhava a escuridão à frente. Foi então que ela viu, no chão, algo que fez seu coração acelerar: um pé humano, mutilado e ensanguentado, jogado ali como um aviso sombrio.

"Parem a conversa." sussurrou Broke, sua voz firme e baixa. O grupo imediatamente se calou, seguindo seu olhar para o chão. A trilha de sangue seguia pelo corredor, levando a partes de corpos humanos espalhadas de maneira grotesca.

"Todo mundo fique quieto." ela ordenou, erguendo uma mão para sinalizar que algo estava errado. O silêncio que se seguiu foi opressor, a escuridão ao redor parecendo se fechar mais ainda sobre eles.

Broke fechou os olhos por um momento, tentando isolar os sons ao seu redor. Foi então que ela ouviu: um estalar de brasa, um som que não deveria estar ali. Abriu os olhos novamente e sussurrou para os outros, "Tem algo aqui."