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Chapter 6 - Capítulo Quatro

Christopher Persing 

Que desgraça.

Mesmo com 19 anos, sou tratado que nem uma criança. Por algum motivo, o meu irmão achou a melhor ideia de contar na minha mãe aonde eu vivo, fazendo ela me visitar constantemente e não me dar. A porta estava batendo e não sabia se respondia a porta ou deixasse ela no corredor. 

O meu irmão estava me ligando de novo e simplesmente olhava para o meu celular. Engoli em seco e respondi o celular. Conseguia escapar de casa, mas não escapei das pessoas que estavam dentro daquela terrível casa. Não suportava ficar lá por muito tempo, então fazia de tudo para sair e não encarar. 

— Chris, você pode pelo menos responder a sua mãe? Ela está meia hora lá fora! — reclamou Maison com a voz completamente rigorosa, suspirando sem paciência. 

— Por quê que contou para a Junia o número do meu apartamento? — falei completamente frustrado, dando voltas pelo apartamento.

— Ela iria saber de qualquer forma. Você sabe que a mãe descobre tudo. — suspirou o outro do outro lado da ligação, fazendo eu desligar o mesmo na cara.

— Merda!

Não sabia o que fazer no momento além de jogar o meu celular para longe. Mais uma vez ela batia a porta. Knock Knock. Aquilo estava me irritando de diversas formas que eu mesmo não sabia como descrever. Mesmo odiando a minha mãe, sabia que ela era capaz de tudo e mais alguma coisa. 

Suspirei mais uma vez, aproximando da porta, olhando para a fechadura. Abri rapidamente a porta, me sentando na entrada, notando que ela não tinha entrado ainda. A mesma estava ainda na entrada de fora da porta, cruzando os braços. Acho que ela estava esperando por algo a mais por mim. Ela estava muito enganada. 

— Se está esperando que eu te receba com a tua vontade, pode ir embora, Junia. — declarei na hora, me sentando no sofá, ligando a tv.

— Gostaria de saber onde está a educação que eu te dei. — depôs a mãe, caminhando lentamente dentro do apartamente, fechando a porta, olhando em volta, até me ver no sofá. — Me chame de mãe, Christopher. 

— Interessante essa palavra. O que quer, Junia? — insisti, tirando os olhos da tv, notando que ela estava investigando cada parte do apartamento. 

— Você negou a casa que comprei para ficar num lixo desses? — questionou a mãe, olhando para o teto que, para ela tinha má qualidade, pois dava para ver pela cara dela que ela estava odiando no que ela estava observando.

— Para livrar de vocês, é ótimo! — exclamei, dando um sorriso falso, me levantando do sofá, caminhando até ela.

Os meus olhos encontraram nos olhos dela. Mesmo sendo a minha mãe, não consigo chamar ela do que ela realmente é, infelizmente. Sou fraco demais em aceitar isso e em perdoar pessoas, principalmente de tudo que tinha acontecido desde a infância. É engraçado como uma mulher pode ter tanto poder e usá-lo da forma mais suja possível. 

Por incrível que pareça, o único homem que realmente amou ela está esperando por ela ainda hoje, numa casa na praia com uma suposta mulher que tinha que chamar madrasta, mesmo sabendo que ele nem ama ela. Este mundo está cada vez mais estranho, você tem que fingir tudo que você faz para ser feliz. 

Eu sabia as intenções da minha mãe por estar naquele apartamente e me procurando. Ela queria me proteger, por algo que eu mesmo sei que eu fiz, mas seria idiota demais em confessar. Ela observava o meu rosto de forma fria como sempre, sem nenhuma expressão e esperando que eu surtasse pela presença dela. 

— Você vai ter que ir ao tribunal—

— Quantas vezes que eu tenho que dizer que eu não vou para essa porra de tribunal! — a interrompi, virando as costas, engolindo a raiva e o medo que estava preso em mim.

— Chris, você está dificultando as coisas. Você nem quer me ouvir. Eu já paguei tudo, você vai sair dessa, okay? — falou a mesma, acarenciando o meu rosto com o sorriso mais frio possível. 

— É impossível sair dessa, você sabe disso—

— Eu nunca irei deixar os meus filhos sujos com sangue de outra pessoa, querido. — o sorriso dela alargou, se afastando aos poucos, se encostando na mesa, colocando óculos escuros. — E mesmo que estivesse com sangue em suas mãos, está tudo bem. A mãe está aqui para limpar você. 

XXXXXXXXXX

Eu tinha que decidir, antes que a minha mãe fizesse alguma coisa. 

Ainda me lembro de tudo e me atormentava todas as noites. Não era a minha culpa, mas tudo foi para cima de mim. Agora terei que mostrar a minha cara e se tudo der errado, poderia dar um adeus para tudo que tinha construído na vida até agora. 

— Você não pode simplesmente acabar com a vida dele dessa forma! Ele tem filha, sabia disso? — questionou Richard completamente apavorado, passando a mão no nuca. 

— E isso é ótimo, ou mato a filha ou a mulher dele, simples— 

— Qual é a necessidade de matar alguém inocente, Christopher? Você ainda não aprendeu nada depois do que a sua mãe faz? Ela está assim agora porque é suja por dentro e fora igual você! — interrompeu Richard, empurrando o mesmo para longe, saindo do local.

Eu sabia o que estava fazendo e realmente não sei se arrependo do que tinha feito. Matar alguém não deveria ser um ato em ter orgulho, mas simplesmente não arrependo. A polícia logo que soube do assassinato do Garry Swerer, chamou muita atenção pela mídia e aos poucos foram pegando pistas e aproximando de mim. 

Não dormi muito na noite passada e não estava com nenhuma energia de dar uma volta para conhecer melhor onde eu estava vivendo. A minha sorte era que estava vivendo em um bom apartamento, onde não tinha muitas pessoas fazendo barulho, então não tinha como reclamar. Já a minha mãe, estava completamente apavorada quando entrou no apartamento.

Ainda lembro da cara de nojo apenas por causa da decoração. Essa velha é engraçada. Desci as escadas, vestido o meu casaco, logo empurrando a porta, batendo com um homem alto e musculoso. Já sabia quem era apenas de ver de costas e pela tatuagem ao lado do pescoço. O Mr. Giordano. Ele se virou e me analisou, dando um pequeno sorriso. 

— Finalmente, estava ficando cansado. — falou o Mr.Giordano, limpando o braço com certa nódoa na roupa. 

— Minha mãe que enviou você aqui? — perguntei, revirando os olhos, cerrando os dentes de ódio, engolindo em seco. 

— Não, foi o Pai Natal. Que pergunta estúpida.—

— Você pode ir pra casa, não fica me perseguindo igual um rato. — interrompi ele, tentando o despachar, começando a caminhar em frente. 

— Eu saio de perto, sua mãe me mata vivo. E ela me paga bem, então aqui estou eu. — o musculoso deu um sorriso falso, batendo no meu ombro, me ultrapassando. 

Ter um segurança pessoal não é fácil, principalmente quando você não tem privacidade. Minha mãe sempre colocou um segurança pessoal mesmo que não precisasse, ela começou a colocar o Mr. Giordano quando eu cometi o crime, então poderia ter a segurança que precisasse se alguém da família Swerer fosse fazer a justiça em mãos. 

O plano da minha mãe é culpar alguém que matou aquele homem, mas era necessário provas suficientes que mostrasse que a pessoa tivesse matado aquele homem poderoso. Mas quem seria capaz de sujar as suas mãos e sua cara de sangue para sacrificar da minha vida? Realmente não fazia ideia. 

A cidade da universidade Welty Towers era incrível, bonita demais para ser verdade. Costumava olhar pelas imagens do computador e ao olhar por olho nu é melhor ainda. Olhava nos jovens e nas pessoas que passavam, a maioria com hoodie ou chapéu com logo da Welty Towers, então dava para perceber quem era estudante e quem não era. 

Welty Towers era uma cidade muito movimentada e jovem. Apenas tinha pessoas que trabalhavam bastante e ficava muito ocupada o dia todo. Era normal para as pessoas ouvirem notícias de coisas que aconteciam em festas, principalmente a festa de boas vindas na universidade. Não sei que irei, pois pessoas poderia saber da minha cara pelas notícias. 

Mr. Giordano viu que tinha um café perto, então ele entrou e me perguntou o que queria. Dez minutos depois, ele volta com as bebidas e donuts. Eu não tinha pedido donuts para que eu sabia. No mesmo momento, Mr. Giordano dá uma mordida enorme no donuts, acabando com a metade do donuts. Eu não sabia aonde que esse homem tem esse músculo todo com tanto açúcar. 

Era bizarro a forma que ele adorava doces, mas era terrível em pessoa. 

Logo que voltamos a caminhar para dar uma volta, senti um olhar no meu nuca, então olhei para trás. Lá estava ela. A menina do apartamento. Não tinha esquecido o nome dela. Maddison. Queria saber o sobrenome dela também, iria ser mais interessante. Notei que ela estava tentando se distrair, evitando a minha presença ali. 

Percebi que ela estava nervosa, então sabia que não era um bom momento para falar com ela, mas eu sabia que iria ver ela outra vez. 

— Quem era aquela menina? — perguntou Mr.Giordano com a boca cheia de donuts e com açúcar no canto da boca. 

— Ninguém que você possa conhecer. — respondi, esperando que ele voltasse a andar para irmos embora.

— Interessante. 

Na mesma hora, Mr.Giordano estava caminhando em direção para a menina. Eu estava em pânico, pois sabia que isso não acabar bem. Tentei alcançar o mesmo, mas sem sucesso, fiquei apavorado. Apenas congelei. Como que eu iria explicar para o Mrs. Giordano que ela era simplesmente uma garota que conheci como vizinha de apartamento? Seria pior ainda. 

Eu não poderia fazer com que ele contasse na minha mãe. Eu já ouvi essa história antes, sempre que me aproximo de alguém, sempre acaba sendo machucada pela minha família de qualquer forma. Mesmo que ela fosse uma pessoa como vizinha. 

Mr. Giordano terminou o donuts, jogando o papel no lixo, limpando o açúcar que tinha nos lábios, olhando fixamente para a Maddison, fazendo ela perceber a presença dele, se assustando pelo tamanho do mesmo. Caminhei rapidamente, ficando entre os dois, querendo explicar a situação. 

— Giordino, ela não é da sua conta. — esclareci para o musculoso, ainda não convencido de que ele iria embora.

— Mas você olhou para ela. — confessou Mr.Giordano, inclinando a sombrancelha, cruzando os braços, esperando que ele fosse falar.

— Por quê que você estava olhando para mim? — perguntou Maddison completamente apavorada, com os olhos arregalados, claramente mostrando medo e confusão em seu olhar. 

— Não precisa ter medo. Apenas queria dizer oi, fica bem.

Suspirei de raiva, massageando a testa, segurando a bebida com força, caminhando em direção ao meu apartamente, fazendo o Mr.Giordano caminhar atrás. Eu sabia que isso iria acabar com o meu dia e logo que sabia que o Mr. Giordano tinha voltado, tudo iria voltar como era antes.

Um inferno. 

XXXXX

Ser uma mãe solteira não é fácil. Principalmente quando se trata de dois filhos adultos. Poderia ficar tranquila, mas após do Christopher nasceu, acabou com a minha vida. Tendo a cara do pai, o meu primeiro e último amor da minha vida. Era tão jovem e engravidar o primeiro filho no último ano da faculdade é algo assustador, mas quando você tem alguém do lado, sempre acaba ficando melhor. 

Anos foram passando e ele foi mostrando quem ele realmente era. A máscara caiu. A minha vitalidade desapareceu naquele instante. Não tinha mais eu. Meses foram passando e tinha chegado o inverno. Neve percorria e preenchia as ruas de branco com o frio cruel que poderia lacerar a pele de forma bizarra.

Tinha vezes que a presença dele não estava mais ali e muito menos o aroma, que costumava durar uma semana ou duas. Ficava mais difícil de encaixar e ser alguém que não era, eu tinha que reciprocar algo que era impossível e isso, isso era tão cruel da parte dele. Não conseguia ser ela. E isso me irritava de todas as formas. 

Maison cresceu e acabou me ajudando bastante a ficar de olho com o Christopher. Não gostava de ficar muito perto do Christopher, ele apenas tinha a cara do pai dele. Não queria sofrer com aquilo todos os dias. No fundo, tinha que aceitar que ele era o meu filho e não a pessoa que apaixonei há 25 anos atrás. 

Para mudar isso, eu tinha que o proteger de longe e sempre cuidar dele como o meu filho, mas tive um certo problema. Christopher é um garoto mais problemático que vi na minha vida e mesmo assim, consegue ser pior que o pai dele: matar pessoas. Ele parecer ser tão dócil e tão obsequioso e ao mesmo tempo, ser a pessoa que pode acabar com a sua vida. 

O problema é que ele nunca vai entender isso.

Pensava com isso tudo,balançando a minha cadeira, vendo a cidade correr em meus olhos, percebendo que hoje não foi um dia produtivo, mas longo ao mesmo tempo. Cerrei o salto no chão, virando o meu corpo para a mesa, segurando a fotografia dos meus amados quando eram novos, estando eu no meio com o cabelo loiro. Eu era tão sorridente. 

A porta bate. E eu permito.

— Alguma informação do meu filho? — perguntou a Mrs.Persing, virando a cadeira, finalmente olhando para o seu funcionário. 

— Ele fez uma amiga. Aparentemente, senhora Persing. 

— Não trabalhamos com essa palavra "aparentemente". Se tiver provas, já não é um rumor. — sorriu a mesma, vendo que o funcionário ter um envelope, estendendo a mão para receber o mesmo. — Obrigada. Dispensado. 

Esperei a porta fechar, me levantando da cadeira, pegando a unha, cortando o envelope pela entrada, abrindo o mesmo. Deixando as fotos despejar pela mesa, me inclinando para ver melhor com os detalhes em cada imagem. Não estava esperando ver o que realmente estava vendo. Uma menina estava ao lado do meu filho. Não, espera. Uma mulher. 

O sorriso já tinha se formado no rosto, analisando a foto que mostrava a jovem com maior detalhe possível, notando o seu filho ao lado. Dei um suspiro, massageando a testa, percebendo que não era o que queria, mas ao mesmo tempo, poderia conseguir sossegar o meu filho que estava causando o maior caos possível naquele momento. Poderia dar paz por algum tempo. 

Sinceramente, não sabia se poderia me sentir livre e feliz após saber que o meu próprio filho está com uma menina. Apenas desejo que ele não se apaixone, porque eu sei que isso vai atrapalhar bastante daqui para a frente. Eu sabia o que meu filho seria capaz de fazer se ele se apaixonasse. Ele é como eu. 

— Meu pequeno filho…— dizia, caminhando de volta na cadeira, movendo aos poucos o pescoço, estralando na hora, dando um pequeno suspiro.

XXXXX

Eu não queria que isso fosse acontecer de novo, nunca mais. 

Ficava cada vez mais constrangedor em saber que a Maddison poderia ficar traumatizada depois do que eu tinha feito. Foi estranho demais. Senti que nem seria capaz de fazer amizades aqui, mesmo que eu começasse do zero. Maddison tinha sido minha primeira oportunidade e falhei. 

Talvez nunca serei o mesmo depois de tudo que aconteceu. Não sabia como iria resolver todos os problemas que tenho e acabo deixando nas mãos da minha mãe, deixando a situação ainda pior. 

Mr.Giordano caminhou comigo até a porta e entrei no quarto, sentindo um vento fresco, lembrando que tinha deixando a janela aberta. Merda. Eu deixei a janela aberta. Apressei até a cozinha e as cortinas estavam flutuando junto com o vento forte e gélico, notando que tinha um papel onde tinha escrito alguma coisa com a faca espetada no papel. Eu sabia que aquilo era uma ameaça.

Fechei as janelas apressadamente, junto com as cortinas, fazendo o meu olhar ir para a nota que estava na mesa com a faca espetada. Eu estava completamente frustrado, pois eu não sabia quem seria a pessoa, mas com certeza, eu acabei com a vida daquela pessoa. Puxei a faca e peguei a nota para ler. 

"Fico feliz que está vivo. Ainda posso vingar de você. 

Ore para não perder a sua mãe ou talvez um irmão.

— "24/6".

Eu ri, mas não deveria. 

Até que foi interessante como a pessoa não tinha colocado inicial ou último nome, mas sim alguma data. Talvez naquela data, eu tinha matado alguém e a pessoa quer se vingar do que eu fiz. Já vai fazer três meses, supera. Se eu matei, foi um algum motivo e com certeza, a pessoa era ruim. Me considero uma pessoa terrível, mas talvez aquela pessoa seria pior que eu. Mas tinha que saber quem.

Lembrei que minha mãe sempre me enviava os documentos onde eu tinha tribunais para ir e não ia. Reuniões de família que eu também não ia. Apressei em pegar o meu computador no quarto, mas ouvi alguém bater a porta. Merda, mas quem será? Não vai me falar que vai dar a vingança e me dar dois tiros na porta do meu apartamento. Golpe baixo, isso aí. 

Caminhei até a porta, vendo pela sombra da pessoa de fora pela cortina que era o Mr.Giordano, fazendo eu abrir a porta na hora. Ele aparecia preocupado, logo entrando no apartamento, indo em direção á cozinha, me deixando completamente confuso do que estava acontecendo, fazendo eu ir atrás. 

— O que está acontecendo? — perguntei, andando atrás do musculoso apressadamente, sem entender o que estava acontecendo. 

— Sua mãe recebeu uma ameaça no inbox dela. Seu irmão recebeu uma ameaça no seu local de trabalho. A mulher dele através do recibo do restaurante quando foi pagar o seu lanche. — falava Mr.Giordano, olhando em volta, vendo o papel na mesa com a faca ao lado, correndo para ler, dando um suspiro. — Estou vendo que recebeu também. Alguém entrou aqui? 

— Eu entrei e a janela da cozinha estava aberta e- 

— Eu tenho que avisar a sua mãe, ela pode saber quem é. A pessoa que você matou no dia 24 de Junho. — interrompeu Mr.Giordano, colocando luvas que tinha no bolso, colocando o papel e a faca num saco transparente, logo colocando mais um saco preto. — Tranque a porta quando eu sair e qualquer coisa estranha, me avise. 

— Tudo bem… — confirmei completamente confuso, vendo que a situação tinha agravado em poucos minutos. 

Não sabia como iria resolver aquela situação, mas tinha que saber primeiro quem seria a pessoa de 24 de Junho. Naquele momento, eu fiquei um pouco em choque sem saber quem seria, mas tudo estava em jogo, a vida da minha família e as pessoas que mais amava, então não sabia como iria resolver essa situação. 

Logo que o Mr.Giordano saiu, tranquei a porta e confirmando ao outro lado que estava realmente trancado. Naquele momento, apenas sabia que tinha que descobrir quem tinha acabado com aquela pessoa no verão, sabendo que não lembrei que tinha matado alguém nesse verão. Estava nervoso e não sabia o que poderia fazer para limpar as minhas mãos que estavam cobertas de linfa de pessoas que mal sabia o nome. 

Por algum motivo, sabia que algo não estava batendo certo. 

Caminhei para o meu quarto para pegar o meu computador, indo direto aos ficheiros. Passei por volta de uma hora com os papéis e cartas que tinha do tribunal, mas não tinha nada sobre o caso de verão entre antes ou depois de 24 de Junho. Eu estava perdendo o júizo. Como que era possível que não tinha nada sobre. 

Será que a pessoa não foi descoberta ainda? Caminhei até os ficheiros em uma pasta onde tinha as informações das pessoas que estavam envolvidas comigo e onde tinham morrido. Procurei, procurei e…nada. Isso estava sendo mais estranho do que eu esperava, fazendo assim a minha opção era ligar na minha mãe. Senti gotículas de suor cair na minha coxa, fazendo eu limpar. 

Me levantei da cama e percebi que estava suando. Tinha que tirar os lençóis da cama. Não tinha durado nem um dia, Chris! Melhore. Eu sabia que estava a fazer frustrado e odiava sentir que estava passando por uma situação que nunca tinha passado até agora. Não era possível eu matar alguém que não sabia. Ou não tinha sido eu? Olhei nas horas no canto do ecrã do computador e tinha percebido que já tinha passado duas horas. Estava duas horas procurando quem seria a tal pessoa de 24 de Junho.

Naquele exato momento, o meu celular toca. Sabia que poderia ser a minha mãe, Mr.Giordano ou simplesmente o meu irmão. Quando peguei o meu celular, lá estava o meu irmão e sim, com certeza que ele estava a me ligar do que estava acontecendo aquele momento e ele não estava contente, ele iria me insultar por todos os nomes que ele pudesse encontrar e não encontrar, e com esses, ele iria inventar. Até que é engraçado de ouvir. Atendi a chamada e simplesmente ouvi silêncio do outro lado. Isso é novo. 

— Maison? — o chamei, mas logo que deu eco, apenas ouvi soluços, dando o maior arrepio em meu corpo. — MAISON!

— Ela morreu… 

— QUEM? 

— Yolanda morreu, Chris…

A mulher do meu irmão simplesmente morreu. A mulher do meu irmão morreu. Ela não morreu. Alguém a matou. Mas quem? Não acredito que poderia acabar dessa forma, ameaças há duas horas atrás e agora está realmente colocando em ação. Eu tinha que fazer alguma coisa. Alguma coisa urgente. 

Meu cérebro estava congelado, sem puder pensar ou reflexionar o que poderia fazer naquele momento. Caminhei rapidamente pela janela da entrada da sala de estar e abri a cortina lentamente. Estava um carro preto. No outro lado da rua. E logo que encarei, o carro começou arrancar, saindo da rua lentamente. Engoli em seco, sem tirar os olhos do carro, ainda ouvindo os soluços do meu irmão do outro lado. 

— Maison, esconde o corpo dela. — falei, trancando a janela, fechando as cortinhas, caminhando para a cozinha.

— Que merda que está falando..? —disse o mesmo com um tom confuso, ainda soluçando, vendo que ele se arrastava no chão pelo barulho que fazia do outro lado.

— Maison, não chame a polícia. Esconde a Yolanda e mantenha em silêncio. Tranque a porta e eu vou ter contigo. Não saia de casa, por favor. — disse, respirando fundo, massageando a testa de frustração, caminhando de um lado para o outro, vendo que estava tremendo. — Repito, Maison. Esconde a Yolanda e mantenha em silêncio. 

Desliguei a chamada. Eu sabia que alguma estava errada e sabia que o Mr.Giordano não poderia ficar ao lado o tempo todo, mas sei que ele estava com a minha mãe. Tinha que me virar para ter segurança á noite e não sabia como que iria visitar o Maison. Mesmo assim, acredito que isso iria tornar a pior revolução, pois eu não sabia quem era, mas estava pronto para mostrar o que era capaz de fazer, começando por ameaçar e comprir as ameaças que, não era coisa de criança. Era coisa de homem grande. 

A pessoa que tinha feito aquilo sabia muito mais do que estava á espera. Eu tinha que ligar a minha mãe o mais rápido possível. Na primeira tentativa, estava chamando. Na segunda tentativa, já não estava a chamar. Ela estava me ignorando. Ótimo. Quando eu mais preciso dela, ela vira as costas quando o pato cai no estogo e nesse caso, eu sou o pato que ficou atrás. 

Joguei o meu celular na cama, pensando no banho que precisava. Realmente precisava pensar no que iria fazer naquele momento, porque nem eu sabia o que fazer. Ainda a minha consciência não aceitava o fato que a Yolanda estava morta e era alguém que estava querendo vingança de mim e da minha família, ou seja, eu tinha matado alguém no dia 24 de Junho, mas não tem nada registrado, nem corpo e muito menos na minha memória. 

É como se tivesse desaparecido igual pó na existência e nunca mais teria aparecido. Eu não queria estar pagando por algo que eu não fiz. Odeio isso. Mas também não queria estar fugindo igual uma criança medrosa pelas coisas que eu faço. Infelizmente, a minha mãe acaba sempre ficando no meio de tudo e limpa todo o histórico e quando as coisas não saiem do jeito dela, ela paga um advogado. 

É assustador como a minha mãe sempre tem uma forma de conseguir e resolver grandes problemas e está sempre disposta, mas hoje, realmente acabou sendo estranho demais. Não fazia ideia do que ela estava fazendo, mas estando quieta e silenciosa, acaba me dando medo ao ponto de arrepiar até o osso, porque a minha mãe não é silenciosa. E sei que alguma coisa estava acontecendo. 

Peguei o meu telefone, pronto para ver se tinha mensagens e verificando se tinha alguma atualização. Mr.Giordano tinha mandado mensagem que estava de volta. Cliquei na mensagem para verificar. 

Rato de Donuts: Não precisa se preocupar, estou de volta e sua mãe está lidando com a situação

Rato de Donuts: Boa noite.

Menos mau. 

Suspirei de alivío, apenas reagindo na mensagem, voltando a ver as atualizações. Logo entrei no instagram e simplesmente vi tantas pessoas recomendadas e, para piorar era todo mundo da universidade. Então seria fácil demais para saber que as pessoas que estariam estudando comigo ou não. Fui passando a lista de pessoas recomendadas e vi uma pessoa familiar. Cliquei no perfil e sorri na hora. 

Lá estava ela. Maddison. Com dois D. Simplesmente me senti contentepor encontrar ela. Triste era que ela tinha a conta privada, então tinha que enviar solicitação para ela aceitar, poxa, seria vergonha demais. Imagina se ela não aceitar! Eu nunca iria conseguir olhar para ela de cara e dizer apenas um "oi" ou um "olá, como você está?". Ainda mais do que tinha acontecido hoje. 

Eu estava ferrado. Ela não ia aceitar de qualquer jeito, mas por que não arriscar. Apenas tenho uma vida e deveria arriscar com tanta coisa que fiz pela minha vida e a vida da minha família e mesmo assim falhei, isso não seria o fim do mundo, apenas uma tentativa de conhecer alguém que poderia mudar a minha vida. Não queria pensar muito, mas ao mesmo tempo, era impossível. Ela me fazia pensar muito. Odeio isso. 

Cliquei rapidamente em fazer a solicitação, largando o meu celular, pegando a minha toalha, pronto para tomar o banho que tanto precisava. Eu não sabia que iria chegar a essa forma, muito menos com o que estava por vir depois da Yolanda morrer. 

Yolanda era uma mulher doce, discreta, misteriosa mas tímida. Ela poderia ser isso tudo e se ela precisasse ser fria, ela realmente iria te colocar para baixo em questão de segundos. Não conhecia muita coisa sobre ela, mas acredito que ela era uma mulher forte e isso fez com que o meu irmão fosse apaixonar por ela. Ela deixava tudo limpo e silencioso por onde andava e brilhava de longe. 

Poderia ver a diferença entre uma mulher vulgar da idade dela e ela ao lado. Poderia ver que ela estava acima sem muito esforço. Maison e ela conheceram quando Maison tinha 17 anos e ela tinha 16 anos. Os dois estavam conhecendo o mundo e parecia que eles viam o mundo da mesma forma, se encaixando perfeitamente. Yolanda dizia que ela não gostava muito a minha mãe, mas não dizia o motivo. 

Minha mãe nunca foi gentil com ela e sempre foi direta com ela por algum motivo, parecia ser proteção ou não queria perder o Maison. Talvez ela não tinha aceitado que o Maison era um pouco crescido e já tinha alguma ideia de namorar, mas como mãe solteira, ela não estava gostando nem um pouco do que estava acontecendo. Para ela, parecia que o tempo estava escorrendo pelas mãos. E eu entendo ela. Isso dá medo. 

Simplesmente fiquei com aqueles pensamentos e caminhei para o banheiro, tirando a minha blusa, lembrando do que tinha acontecido na última vez que tinha tirado a blusa para tomar banho. A forma que ela estava olhando para mim era realmente indescritível. Não sabia como começar ou acabar em falar sobre o olhar dela. Sim, era o olhar dela. Eu sabia que não deveria, mas aconteceu. 

Entrei no chuveiro e fiquei pensando como que ela poderia ser tão gentil e doce, mas pior pessoa do mundo em ofender a pessoa em cada cinco segundos. Mesmo assim, ela era fofa e eu falasse isso para ela, ela não ia acreditar. Nem um pedaço. Nem um pedaçinho de cada parte fofa e doce que ela tem. O bizarro é que estive com ela duas vezes e não sei porque diabos estou falando dela. 

Nem deveria estar pensando nela. Deveria estar pensando na Yolanda. A solução disto tudo. Tinha que pesquisar mais a fundo sobre quem tinha morrido naquele dia e saber mais através da minha mãe. Era estranho como a minha mãe estava tão tranquila e por outro lado, tinha aquele mistério todo em cima que todo está vendo e ficando em pânico, como se a casa estivesse pegando fogo e tinha pessoas se queimando dentro e ela seria a pessoa de fora da casa chamando os bombeiros, enquanto fazia manicure em suas unhas. 

Essa é minha mãe. 

Ao terminar o meu banho, apenas fui secando o meu cabelo e o meu tronco, indo para o meu quarto vestir. Coloquei a toalha na cintura e amarrei, pegando o meu celular para ver as horas e ver se tinha tempo para fazer algo rápido para comer. Logo que olhei nas horas, vi uma notificação no Instagram. Os meus olhos não queriam acreditar. Maddison tinha aceitado a solicitação. 

Aquela mulher de pedra me aceitou e foi por algum motivo, realmente não sabia como que eu fiz para ela me aceitar, mas consegui a parte mais díficil. Eu queria mandar mensagem, mas seria algo que iria ser um passo grande? Talvez sim. Talvez não. Senti que fosse mensagem mensagem, ela não iria responder. Com isso, larguei o celular e fui me vestir. Em apenas dois minutos, o meu celular vibrou. Era ela. 

@maddisonjunez: Poderia dizer no seu guarda que açúcar não é bom para dieta em ginásio?

E ela é engraçada. Muito engraçada.