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Chapter 8 - Capítulo Seis

Christopher Persing

As aulas tinham começado e realmente não me via em assistir as aulas, mas eu tenho que ser desta forma apenas para enganar a todos que sou um bom cidadão e que não matei ninguém para todo mundo ficar calado e não falar do crime que cometi. E para isso, eu tenho que tirar boas notas. 

Vou parecer um psicopata, mas se é para limpar a minha ficha, eu não ligo.

Já se tinha passado uma semana e não tinha ouvido nada da Maddison depois que a segui no Instagram e ela mandar mensagem. Eu queria responder de volta, mas não queria parecer chato ou um desocupado sem vida enchendo o saco dela. Optei por não tentar stalkear ela. Era o melhor. Acredite em mim. 

Hoje iria ser um dia chato. 

Tentei o máximo para convencer a minha mãe para não ir ao funeral, mas não deu certo. O meu irmão ainda estava em choque pela morte da sua mulher, mesmo sabendo que queríamos saber quem tinha matado ela. Ainda estava em investigação e minha mãe não quer falar sobre. Compreendo ela perfeitamente depois de tudo que aconteceu. Mesmo assim, eu sentia certa culpa. 

Sinto que a culpa tinha sido minha por não ter resolvido os meus problemas e deixar agravar. Não deveria ter deixado isso acontecer, pois ninguém merecia ser morto pelo meu caos. A verdade era essa. Me sentia uma criança, porque minha mãe sempre me tratou como uma criança e nunca consegui fazer as coisas sozinho. E quando decidi, tinha sangues nas mãos. 

Foi muita coisa que estava acontecendo nos últimos e simplesmente não sabia como lidar com tanta coisa. Esse era o motivo que não queria aparecer no funeral da Yolanda. Uma dominicana, completamente charmosa, cabelos escuros e longos, sempre andando com as suas calças jeans e saltos. Mesmo conhecendo ela desde os 14 anos de idade, ela nunca tinha mudado. Ela era incrível para o Maison. 

E hoje seria o funeral dela. 

Minha mãe tinha me enviado um fato preto, uma gravata preta e uns sapatos formais que parecia sapatos de um velho que tinha se aponsentado. Eu não me via em colocar aqueles tipos de sapatos de sapo, mas por respeito da Yolanda, irei usar. Coloquei a caixa dos sapatos e o fato em cima da cama, segurando a gravata, tentando lembrar de como poderia colocar a gravata de forma correta. Eu não estava com paciência nenhuma. 

A única coisa que me restava era assistir um tutorial no YouTube de como fazer a gravata de forma mais simples possível. O homem que estava assistindo mal sabe queestou assistindo para um funeral. Apenas de pensar, me fazia rir. Suspirei aos poucos, caminhando aos poucos no quarto, finalmente encarando o espelho. Lá estava eu. Completamente diferente de eu há três meses anos atrás. 

É assustador como uma pessoa pode mudar completamente. Movi a língua, dando pressão nos dentes, sentindo que não iria conseguir fazer a gravata, mas tinha que o fazer. Tentei pela primeira vez com a maior paciência e lentamente. Não deu certo. Assisti o tutorial e pausei nos primeiros segundos do vídeo. Coloquei a gravata na posição da mesma forma que o homem tinha colocado. Achei estranho, mas mesmo assim continuei. 

Imitava o homem do vídeo e quando fui aperceber, estava conseguindo fazer a gravata. Sorri na hora, apressando para o espelho, ajeitando a gravata no pescoço. Já me imaginava eu completamente charmoso para o funeral. Espera aí. Charmoso para o funeral? Já sei que já vou para os fundos dos infernos depois dessa. 

Meu celular vibrou. 

Peguei o celular que estava na cama, vendo que era mensagem da minha mãe. Ignorei. Estava cansado de ouvir dela e com os segredos dela. Ela apenas aparece quando quer e como quer, mesmo que eu queira respostas, ela nunca dá e sempre resolve as minhas coisas em silêncio. Ainda quero saber quem é a pessoa que matou a Yolanda e como essa pessoa está interligava com os meus crimes. É isso que estou tentando saber. E se minha mãe não me der uma resposta, muita coisa vai piorar para o lado dela. 

Costumava pensar no que poderia fazer para facilitar o trabalho da minha mãe após fazer borrada ou algum crime, mas esse era eu com 15 anos. Eu já não tenho 15 anos. Poderia ser considerado como fugitivo, mas a minha ficha está prestes a ser limpa e quem sabe, eu posso andar livremente, sem um segurança estranho atrás de mim em qualquer lugar que eu vou. 

Era isso que eu odiava na minha mãe. Ela me tratava como uma criança, nunca poderia fazer nada, mas sempre a ouvir. Se eu acabar me levantando para mostrar que sou capaz de fazer algo, ela é bem capaz de acabar com a minha vida com um simples gesto. A minha mãe não é o que as pessoas pensam que ela é. Infelizmente essa é a verdade. Poderia mostrar diversas provas sobre, mas acredito que ela é mais inteligente que eu. 

E esse é o problema. Ela é mais inteligente que eu e eu tenho que mudar isso. Tenho que achar uma forma de pisar o pé dela e conseguir ultrapassar ela de todas as formas possíveis para conseguir saber como que ela esconde tantos segredos. É isso que quero tanto saber. Ando lidando com isso por anos e eu estou cansado. Eu quero saber o que minha mãe anda escondendo e acabar com tudo. 

Zumm. Zumm.

Meu celular vibrou novamente. 

Rezava para não ser a minha mãe novamente, enchendo a minha paciência como ela sempre fazia, mas era o segurança. O Mr.Giordano. Ele seria bem capaz de me ajudar se eu beneficiasse ele de alguma forma, mas tinha que ser inteligente e saber mais que possível. Lentamente peguei o meu celular e abri as mensagens. 

Rato de Donuts: Você tem 5 minutos para sair. 

Rato de Donuts: O carro da sua mãe chegou

Só me faltava essa. Ter que aturar a minha mãe o caminho todo para o cemitério e encarar a cara dela como se eu não quisesse nada ou nada estava acontecendo. Iria ser díficil, porque não consigo lidar com a minha mãe para além de 5 minutos. Dei um suspiro ainda pensando o que responder, decidindo em não responder á mensagem de Mr.Giordano. 

Lentamente, me preparava para o funeral para chegar atrasado de propósito, não queria que minha mãe estivesse de bom humor. Apenas para picar. Apenas para provocar. Estava já com o fato preto e gravata preta, colocando perfume, vendo os meus cachos ainda molhados do banho, caminhando lentamente para a entrada para colocar o cinto e o sapato. 

Zumm. Zumm.

Meu celular vibra de novo. 

Desta vez não era a minha mãe, mas sim, um número desconhecido. Eu nunca recebia números desconhecidos, porque não dava o meu número para ninguém, principalmente na época que estou sendo perseguido constantemente por alguém: polícia ou alguém que quer vingança de mim. Rapidamente, coloquei os sapatos, ainda agachado, aproximando ao celular, atendendo a ligação, colocando no ouvido. 

— Quem é? — perguntei na hora com certo receio, tentando ouvir o outro lado com atenção, sentando na cama. 

— Escute com atenção, Christopher. Depois do funeral, você vai me ver completamente coberto, apenas me siga e não diga mais nada. — disse o homem do outro lado da ligação com a voz completamente grave e suave, mas com o fundo embaçado. 

— Mas quem é você? Por quê que você quer que eu vá com você sabendo que eu não te conheço—

— Eu sei muito bem quem é 24/6 e bem capaz de você conseguir o que quer, principalmente da sua mãe. A escolha é sua. — o mesmo interrompeu, desligando a ligação após deixar a maior decisão que poderia ter na vida. 

Não sabia o que poderia fazer naquele momento além de aceitar a proposta, mesmo que poderia arriscar a minha vida. Eu tinha que ser cauteloso com o que eu poderia fazer agora. Era capaz da minha mãe saber desta ligação e simplesmente acabar com tudo. Mas eu tinha que saber. Eu tinha que ser cauteloso. Se minha mãe reagir, seria capaz de ser algo importante para ela. 

Caso contrário, era pior. 

Zumm. Zumm. 

Meu celular vibrou de novo. 

Mas desta vez, era ligação. Muito engraçada, achando que eu iria atender a ligação. Achei isso muito hilário. Peguei o meu celular e a pendrive estava no meu computador, colocando no bolso. Caminhando para a porta, dando de cara com o Mr.Giordano, dando um suspiro, vendo que um carro preto já estava a minha espera. 

Uma das janelas se abaixou, vendo que era minha mãe ali. Ela tirou os óculos escuros, olhando para mim como expressão de "Se apresse", deixando mais irritado. A cara dela me irritava. Me virei para o Mr.Giordano e ele estava completamente sério. Era bizarro como todo mundo mudava na presença dela como se estivessem com medo dela. 

Suspirei, caminhando em direção ao carro, vendo outro segurança abrir a porta para mim. Fazendo eu entrar no carro, ficando de cara com a minha mãe. A porta do carro fechou, fazendo assim, Mr. Giordano entrar no outro lado do carro e finalmente o véiculo arrancar. Por algum motivo, algo não estava certo. 

Tinha uma menina jovem, parecia que tinha a minha idade, ao lado da minha mãe. No mesmo momento que olhei para ela, ela deu um sorriso. O que ela estava ali fazendo? Desviei o olhar, olhando para a janela. 

— Soube que arranjou uma amiguinha. — essa foi a primeira coisa que Mrs.Persing diz, olhando para mim.

Bingo. 

Ela sabia da Maddison.

— Não é da sua conta. — respondi na hora, ainda olhando para a janela, cruzando os braços.

— Maddison Junez. 19 anos, filha de—

— O que você quer? — respondi revoltando, olhando para ela, vendo que ela abre um sorriso enorme. 

Mordi o isco. Aff. 

— Ela é assim tão importante para você? Você apenas a conheceu faz menos de uma semana, querido. Tenta focar na universidade e conhecer novas pessoas. — disse a mesma completamente tranquila, guardando os óculos dela na sua mala, se virando um pouco ao lado da menina. — Falando nisso, te apresento a Nyran Guren. 

A menina simplesmente deu um sorriso, mas não era um sorriso tímido que você acaba conhecendo alguém e simplesmente se apresenta. Era um sorriso mais íntimo, como se ela já me conhecia e simplesmente estendeu a mão para mim, fazendo eu ficar completamente confuso. Engoli em seco, olhando em volta e Mr. Giordano não mexeu um dedo. 

Ele sabia de tudo. 

Estava cercado de cambada de traidores que simplesmente querem me ver calado. Estava cansado disso, mas não poderia perder o isco. Era arriscado demais para tentar fazer alguma coisa. Esse era o motivo que ela colocou vidros blindados em um carro preto e diversas pessoas dentro do carro. Para me controlar. 

Isso foi um passo inteligente da minha mãe. Isso é clássico dela. Agora eu tinha que virar o jogo lentamente, sem ela perceber. Dei um suspiro, finalmente encarando a cara da minha mãe, vendo que ela não se importava de jeito nenhum. Ela sabia como eu era e isso me irritava, pois ela sabia como jogar as cartas. 

— Quem é ela? — perguntei. 

— Digamos que ela vai se mudar para o seu apartamento dentro de uma semana. Então, prepare o seu espaço para ela ter o espaço dela. Era vai te ajudar bastante, não é Nyran? — Mrs.Persing sorriu largo, acariciando os ombros da menina, vendo que as duas estava olhando para mim. 

— Como assim se mudar? Ela vai viver comigo? — perguntei ainda mais confuso, olhando para minha mãe querendo saber se ela estava falando sério ou ela estava apenas brincando com a minha cara. 

— Aparentemente sim. 

Aparentemente sim. 

Ela estava fazendo isso de propósito para me irritar e ela conseguiu. Eu sabia o que ela estava fazendo, mas não ia deixar isso acontecer. Dei um suspiro, dsviando o olhar, olhando para a janela para o resto do caminho. Não queria ouvir a voz de ninguém e nem falar com ninguém até chegar ao funeral. 

Era capaz do meu irmão estar completamente desanimado e sem forças de falar sequer. Ainda me lembro quando o Maison apresentou a Yolanda pela primeira vez. Eu simplesmente nunca tinha visto o meu irmão tão feliz como aquele dia. Minha mãe nunca gostou dela por algum motivo, mas simplesmente eu sabia o motivo. A Yolanda era uma mulher que não escondia e era crua. 

Minha mãe é o contrário. Esconde tudo, não fala nada e é fria e mole. Ela não importava se as suas palavras iriam doer ou não. Ela não importava se ela alguém estava morrendo ou não. Ela sempre pensou nela e sempre foi assim. Como agora. Era o funeral da Yolanda e ela simplesmente quer tentar me controlar e consertar os meus problemas, quando ela piora ainda mais. 

Eu nunca vou entender o que ela quer. Depois que o hotel ficou completamente famoso e com grandes eventos, Mrs.Persing ficou como vice presidente do hotel, mas misteriosamente o presidente do hotel morreu no seu escritório. Minha mãe ficou em casa por uma semana e depois voltou a trabalhar. Mas agora, começou a trabalhar como presidente do hotel. Algo que nem estava esperando, mas acreditei que as coisas iriam começar a melhorar para melhor. 

Mas acabou por ficar para pior. 

O meu pai simplesmente decidiu ir embora e nunca mais voltar sem falar nenhum sinal e até hoje não se sabe se ele está vivo ou não. Minha mãe diz que estava investigando e desde então, nenhum resposta. Já fazia mais de 10 anos e ela diz que não quer tocar no assunto. E esse é o motivo que quero saber dos segredos dela. Eu quero saber de tudo. 

Logo que ela mudou o hotel para Persing Hotel, muita coisa mudou. Muitas pessoas começaram a ficar com medo e coisas bizarras começaram a acontecer. E apenas está prejudicando a mim e ao Maison, mas ela não vê isso. Ela pensa que tentar resolver os problemas do jeito dela, vai resolver tudo. Não é bem assim. 

E sou capaz de mudar isso tudo. 

Ao chegar ao funeral, sai e já estava diversas pessoas que eu não via há anos. Todo funeral é assim. As pessoas aparecem quando você morre e falam coisas que você nunca iria ouvir se estivesse vivo. Era a realidade do mundo e das pessoas de hoje em dia. Tentei procurar o Maison. Tinha tantas pessoas que mal conseguia o ver. Não esperava que tanta gente importasse com o Maison como este dia. 

Não era importar com o Maison apenas, mas também pela Yolanda que estava ali. Eu sabia que as pessoas estavam visitando apenas pela morte da Yolanda e não pelo estado do Maison. Eu sabia disso 100%. Ele tinha que aturar pessoas que sempre odiou naquele dia fingindo que importavam com ele e queriam saber como ele estava. Maison iria ficar mais que irritado hoje. Isso eu tinha a certeza. 

Percebi que ainda tínhamos chegado cedo. O carro ainda não tinha chegado e o Maison não aparecia de jeito nenhum que, era muito estranho. Não queria ficar ao lado da minha mãe, então caminhei aos poucos para ver se via o Maison em algum lugar. Me encostei na grade do funeral, vendo as pessoas passarem, percebendo que maioria das pessoas que via, eu não conhecia, mas minha mãe literalmente estava cumprimentando a todos como se fosse amigos próximos.

Estranho. 

Aos poucos, fui percebendo que a tal de menina estava caminhando para a minha direção, saindo do lado da minha mãe. O que ela queria? Isso já estava sendo longe demais e estava me irritando cada vez mais. Dei um suspiro, desviando o olhar, tentando me distrair, vendo que os passos dela estavam cada vez mais próximos que nunca. 

— Não precisa fugir, eu não mordo. — sorriu a mesma, parando ao lado, caminhando aos poucos á minha frente. 

— Eu sei que você não morde, porque quem morde aqui sou eu. — disse revirando os olhos, vendo que a menina começou a rir, me sentindo um palhaço na hora. 

— Você é engraçado e muito fofinho. — falava ela rindo aos poucos, de forma meio tímida e educada demais, isso me irritava de todas as formas. 

Não sabia o que ela queria de mim naquele momento, mas naquele momento, eu queria que ela desaparecesse da minha frente e mesmo assim, eu sabia que isso não ia acontecer. Olhei para trás, e a minha mãe conversava com as pessoas, olhando de canto para o meu lado e sabia que ela queria que eu e a tal de menina queria que ficássemos juntos ou algo do tipo. Isso estava longe de acontecer. Muito longe de acontecer. 

Apesar de ser um dia de respeito e silêncio para o Maison, vou tentar fazer o máximo para não estragar o dia dele com a sua mulher. Mesmo que uma betinha nojenta estiver ao lado lado a cada 5 segundos e ser forçado a ficar com ela. Eu sei que vou ter que aguentar isso por um bom bocado, mas não quer dizer que vou deixar isso acontecer. 

O carro tinha chegado. 

Lentamente estacionou em frente do funeral, fazendo dois seguranças sairem do carro e um dos seguranças abrir uma das portas do carro, fazendo o meu irmão sair do carro. Aquele era o meu irmão Maison. Completamente acabado e arrasado, apenas rezava que ele não estivesse bêbado ou algo do tipo. Já não era a primeira vez que o via daquela forma, mas hoje ele ficou aos picos do limite.

— Aquele é o seu irmão? O marido da mulher que morreu? — perguntou a betinha irritante, olhando para mim, se encolhendo aos poucos para o meu lado, percebendo que ela queria tocar o meu braço. 

— Não, é o carpinteiro do funeral. — suspirei, caminhando em direção ao meu irmão apressadamente ao ver que ele nem se aguentava em pé. 

Os seguranças começaram por abrir a porta de trás do carro, prontos para carregar o caixão, fazendo eu segurar o meu irmão pelo braço, colocando a sua cabeça em seu ombro, beijando a sua cabeça. A vista de ver a mulher que ele tanto amava e estar naquele caixão era díficil de encaixar na cabeça. Não dava para acreditar. 

Maison estava de costas ao caixão, fazendo eu o segurar firmemente pelo braço, fazendo ele caminhar aos poucos ao entrar no funeral. Ele não tinha forças para andar. Ele arrastava o pé no braço. Dava para ver que não foi ele que não tinha se arrumado, porque ele nunca faria um penteado que mostrando tanto a sua testa. Alguém tinha lhe dado banho. E isso apenas estava me atormentando. 

Ele não poderia ficar sozinho. 

Consoante estávamos andando, as pessoas abriam espaço como respeito. Algumas começaram a chorar desperadamente e outras apenas abaixavam a cabeça. Eu sabia que hoje iria ser um dia mio difícil de engolir para a parte do Maison e não poderia o deixar sozinho naquele estado. Olhava em volta e os rostos desconhecidos apenas olhavam para o Maison como o coitado. 

Isso estava me deixando tão agoniado e irritado. 

Até sentir um olhar em mim. 

Virei a cabeça para ver o que era e por mais estranho que pareça, era um homem completamente coberto e apenas mostrava o olhar. Como que ninguém tinha notado esse homem no meio das pessoas do funeral. Abaixei a cabeça com certo receio, continuando a caminhar em direção ao túmulo, deixando espaço para o caixão passar por nós. 

O olhar do Maison continuava o mesmo. Era um olhar branco sem vida, olhando na mesma direção e seus olhos não se mexiam nenhum centímetro, com as olheiras escuras e seu rosto inchado. Ele não dormia há dias e com certeza que ele não estava comendo. O abracei de lado, beijando a sua testa, fazendo ele começar a chorar, escondendo o seu rosto no meu pescoço. 

Aquilo estava acabando comigo. 

O funeral começou e Maison mal conseguia olhar para o caixão e ver o rosto da Yolanda ali. Analisava as pessoas em volta ao ver o rosto da Yolanda. Algumas choravam, outras abaixavam a cabeça. Olhei para minha mãe e seu rosto estava intacto. Não mostrava nenhum tipo de sentimento de forma alguma. Lentamente, o seu rosto ganhou força e um leve sorriso saiu entre os lábios.

Os seus olhos estavam intactos ao rosto da Yolanda e eu sabia que naquele momento que alguma coisa não estava certo. Engoli em seco, apertando o braço do Maison, ficando de perto. Quando o funeral terminou, as pessoas começaram a se comprimentar umas ás outras, tentando conversar com o Maison, mas ele não respondia. 

Minha mãe foi a última a ir embora. Os seus olhos ainda continuavam intactos ao chão, mesmo que o caixão tinha sido enterrado e coberto de flores. Naquele momento, sabia que era seguro para deixar o Maison livre, fazendo a minha mãe passar por mim, acarenciando o meu ombro, indo embora. 

Maison se ajoelhou e ficou em silêncio em frente do tûmulo. Ele acarenciava o tûmulo como se fosse os cachos da Yolanda e isso estava acabando comigo. Desejava que isso nunca iria acontecer na minha vida, porque seria capaz de eu não ser forte como o meu irmão. Lentamente, senti o olhar de novo. 

Olhei para trás e o homem estava bem atrás de mim. Perdi um pulso de respiração, ficando completamente confuso, tentando saber quem era a pessoa. Maison lentamente se levantou, percebendo quem era a pessoa, dando um leve sorriso. O que estava acontecendo? Maison conhecia essa pessoa?

Aos poucos, o homem tirou a sua máscara e tirou as luvas. O homem tinha uma tatuagem no pulso e por algum motivo, me lembrou de coisas quando era criança. O mesmo pulso que segurava quando eu caia de bicicleta tinha essa tatuagem. O meu pulso que dava a bola de beisebol depois da escola e era o mesmo pulso que me dava doces antes de dormir. 

Lentamente, a minha garganta tinha ficado seca e sem forças para falar. Os meus olhos já estavam ardendo e enchendo de lágrimas. Mesmo que ele tivesse ido embora, eu queria que ele voltasse no dia seguinte e isso foi sempre o pedido de Deus. Pelo visto, Deus existe. 

— Pai?