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Chapter 11 - Capítulo Nove

Maddison Junez

Ele não deveria estar aqui. 

Não comigo. Eu tinha matado a pessoa que tinha me criado desde criança, mesmo que ele tinha sido um horrível ser humano, eu não tinha direito nenhum de matar ninguém. Eu estava me sentindo culpada. Mas tão culpada. Consigo imaginar as pessoas procurando por mil e saber aonde eu estou, porque eu sou considerada uma assassina agora e não tinha como voltar atrás.

Sempre pensei que não tinha outra solução a não ser fugir, mas eu naquele dia, eu estava cansada, eu queria mudar isso e fugir. E talvez, eu tenha que fugir de todos, mas o problema era ele. A pessoa que estava me abraçando com certeza sabia do que estava acontecendo e veio até mim. Me abraçou como se eu não tivesse sangue nas minhas mãos e me apertou tanto que dava para sentir o calor. 

Um calor que eu nem era suposto eu sentir. 

Estava com tanto medo do que poderia acontecer a partir de agora, mas eu sabia que teria que tomar cuidado mesmo que eu quisesse sair. Eu não sabia o que fazer e muito menos o que como iria começar a me esconder, se eu conseguisse. Eu tinha que me esconder de tudo e de todos. Correr por onde ninguém poderia me ver, mas eu estava nos braços de alguém que mal conhecia. Que raios que estava acontecendo com a minha vida? 

— Você sabe, não é? 

— Eu sei, não se preocupe. Sou pior que você.

Aquelas palavras fez os meus olhos arregalar de espanto do jeito que fez acreditar que eu estava completamente sem proteção de onde eu estaria naquele exato momento. Eu estava imóvel, falta de ar e sem chance de viver. O que ele quis dizer em ser pior que eu? Isso não fazia sentido nenhum. Agora ele faz competição de quem mata mais, é isso? Ridículo. Eu não entendia mais. 

Eu sabia que não poderia ficar aqui por muito tempo, mas mesmo assim, eu sabia que tudo poderia piorar se ele estivesse comigo. Ele poderia contar em alguém ou até mesmo ficar me vigiando, querendo saber algo de mim. Minha mente apenas zumbava apenas de pensar que eu poderia ficar sem ver o sol por um crime que não tinha intenção de cometer. 

Christopher ainda analisava a minha cara e o local em volta. No mesmo instante, ele se levantou como se tivesse finalmente despertado, tentando procurar algo que não tinha, como se estivesse faltado alguma coisa. Mas aquele olhar era diferente. Os seus olhos estavam completamente nublados, como se fosse difícil de ler o que ele queria ou o que ele desejava. Apenas queria o entender. 

Apenas por um pouco. Já que ele estava tentando me ajudar de alguma forma, eu sabia que não era o fim no final das contas. Lentamente, ele se levantou, começando a pegar as coisas desarrumadas, colocando no lugar lentamente, começando pela jarra deitada no chão com flores, deixando a jarra em pé e ajeitando as flores. 

— Está vendo essas rosas? — apontou Christopher, se aproximando aos poucos das rosas, tocando nas pétalas rosas e macias. — Mesmo sendo delicadas, elas não se machucaram. 

— O que quer dizer com isso? — perguntei confusa, me encostando na cama, olhando para o rosto do mesmo que tinha moderado completamente, fazendo eu apertar as minhas mãos no carpete. 

Christopher parou lentamente, olhando para baixo. Ele me analisou e olhou para as minhas mãos. Seu olhar mudou. Mas desta vez, foi um olhar vazio. Como se não tivesse sentimento, apenas remurso. Como se tivesse arrependido de estar presente exatamente onde ele estava. O seu olhar dizia que ele queria ir embora. 

— Você tem medo de mim, Maddison? 

Aquela pergunta picava na pele. O nervosismo começou a piorar e mesmo assim, eu não queria ter medo dele, porque sabia que ele estava ali para ajudar, mas não conseguia esquecer das palavras que ele dizia. Eu matei o meu pai por acidente, mas ele matava de próposito. Disso, eu sabia. 

Por isso que ele sentia que não queria estar ali. Mas era impossível de eu contar, mesmo que quisesse. Eu não era uma mulher livre lá fora. E capaz de nunca ser. A questão era : como que poderia mudar isso? Tinha que usar todas as minhas oportunidades que fosse preciso para conseguir ser livre e era isso que tinha que mudar. O mais rápido possível. 

Ainda não tinha respondido a pergunta dele e a cada segundo que passava, apenas piorava. Não tinha como consertar. Os meus olhos apenas fixava no olhar dele. Como se ele não tivesse sentimento nenhum como ser humano. Apenas não queria morrer ali. Não no meu quarto. Seria considerado suícidio instantâneo após cometer um crime acidental. Muito comum. 

— Não. 

Tinha respondido seco, mas ele acabou por dar um pequeno sorriso, dando um pequeno suspiro, como se fosse de alívio. Mas não era. Ele finalmente se ajeitou, movendo o seu pescoço, dando estralos em cada lado. Era mais para algo que ele estava satisfeito. Feliz com a minha resposta, até demais. Estranhei. 

— Ótimo. Então podemos fugir juntos. — disse Christopher de imediato, cruzando os braços, esperando pela minha resposta.

— Como assim? Igual casal de criminosos? — palpitei, completamente confusa com que ele queria chegar com aquilo.

— Vale a pena tentar. — acrescentou ele, dando um sorriso falso, logo deixando o mesmo sorriso desaparecer, mostrando nenhum ânimo.

— Não?! — respondi, me levantando rapidamente, ainda confusa com a situação que estava, mesmo que ele quisesse criar um plano terrível. — Eu nem sei o seu nome, vamos começar daí—

— Meu nome é Christopher… — suspirou o mesmo, massageando a testa, dando um pequeno assopro, expirando ar com certa força.

— Okay, mas o que você está tentando fazer aqui? Você acha que vai me safar dessa? O que você quer—

— Maddison, você quer sair dessa, certo? Então, me escuta! Nós não temos tempo, porque nem eu e nem VOCÊ temos liberdade lá fora. Não temos nada a perder. Tem gente atrás de nós, então temos que fugir AGORA! — esclareceu Christopher com um tom alto, com o rosto bem aproximado ao meu, deixando sentir a respiração quente, mantendo os meus olhos aos dele. — Você está nessa ou não?

— Estou. 

Com essa resposta, eu sabia que iria arrepender bastante do que estava fazendo. 

Eu estava confiando uma pessoa que mal conhecia para me salvar de um crime acidental que eu fiz. Não sabia o que poderia dar de tão ruim. Eu sabia que poderia dar muito mal em confiar um desconhecido, mas quem sou eu agora? Um dia antes estava bebendo um latte gelado na rua para conhecer a universidade, mas agora… agora, não vou puder nem ver se vai chover. 

Confesso que estava com mais medo de sair do apartamento do que fugir com o Christopher. Eu sabia que não tinha nada a perder, mas sinceramente, eu tinha que arriscar de qualquer forma. E isso me fez lembrar de tudo que eu passei na vida até agora. Nunca confiei em ninguém. Sempre andei sozinha. Minha mãe foi a única coisa que me importava, ela era a minha casa. O meu comforto. 

Depois da escola, voltar para casa até a minha parte favorita do dia, pois sabia que a minha mãe estava me esperando o dia inteiro. Ela foi a única pessoa que eu confiava e agora estava confiando um desconhecido porque ele iria me ajudar. Não sabia se abria a mão para isso, mas estava me deixando um certo receio. Um receio que iria dar errado. Não errado para ele, mas para mim.

Mesmo assim, eu teria que conseguir alguma coisa com isso, mesmo que fosse pequeno. Uma conquista, um sentimento. Um alívio. Algo que pelo menos me deixasse feliz e fizesse sentir paz dentro de mim, algo que não sei o que realmente é por anos. Eu queria sentir isso. E apenas tinha uma forma de fazer isso. 

Viver o nunca. 

Eu queria arriscar e fazer o impossível. Talvez um dia eu poderia caminhar na rua e sentir livre e feliz na vida, sem problemas ou stress em mente. Não queria sentir o medo atrás de mim na minha vida toda, eu sabia que não poderia viver dessa forma por muito tempo. Talvez isso fez com que eu estivesse fugindo agora, porque o medo me fez acabar com a vida de alguém. Mesmo que eu não quisesse, apenas queria fugir. E de novo, estava fugindo. 

Passei a vida toda fugindo e agora, vou ter que fugir com o mundo inteiro. Sem olhar para trás, sem segredos, sem calma e muito mesmo, medo. E era isso que eu iria fazer a partir de agora. Não sabia se o Christopher iria ser a mesma forma, mas acredito que ele iria passar por muito, mas por muito mesmo. 

Rapidamente, comecei por arrumar as minhas coisas, colocando em uma mala, sem pensar muita coisa. Christopher apenas fechava as janelas e avistava se alguém estava vindo. Confesso que estava com enorme medo, mas tinha que enfrentar tudo que estava sentindo naquele momento. Era uma montanha russa de emoções. 

De repente, ouviu-se um ruído. Olhei para o Christopher de imediato com os olhos arregalados, vendo que ele tinha ouvido, fazendo sinal de silêncio, fazendo eu ficar imóvel. Lentamente, os passos foram se aproximando, fazendo Christopher pegar uma tesoura que estava em cima da cômoda. Aquilo me deixou mais torduada. Eu sabia o que estava prestes a acontecer no momento que Christopher se escondeu por detrás da porta e me mandava afastar. 

Fiquei no canto do quarto, atrás da cama, fechando os olhos com força para tentar me controlar, mas logo que os passos chegaram até ao quarto, me levantou e o Christopher deu o golpe. A tesoura foi diretamente para o pescoço do homem, fazendo Christopher virar a tesoura e aprofundar mais, fazendo o homem gemer mais de dor. Sangue escorria por toda a parte, deixando o chão coberto de sangue. 

E a visão tinha voltado de novo. A cama coberta de sangue, sangue escorrendo pelo chão, tecidos com manchas de sangue acastanhado-vivo e velho e tudo estava virando. Mas desta vez, era real. Tudo que estava vendo, era real. O corpo respondeu pior que antes e sabia que ele tinha razão. Ele era pior que eu. Muito pior que eu. Todos os palpites que tinha, estava tudo certo. Em verde. 

Eu tinha que fugir. Eu realmente tinha que fugir, porque sabia que agora o Christopher é perigoso. Eu não deveria estar perto dele, mesmo que eu quisesse. Se eu estivesse mais tempo com ele, eu sabia que iria acabar sendo morta nas mãos dele. Eu estava com medo do que ele era capaz. Mas de uma coisa eu tinha a certeza, ele sabia do que estava fazendo. 

Christopher lentamente chutou o corpo lentamente, vendo que o homem realmente não estava com nenhum sinal de vida, analisando os olhos abertos do homem. Lentamente, ele se virou para mim. O meu corpo ficou completamente dormente. Eu não conseguia sentir mais nada além do meu coração começar a bater desparadamente, fazendo eu colocar as mãos no meu peito, olhando em volta, ainda tremendo.

— Ei. 

A voz dele chamou a minha atenção. Senti tudo parar logo que olhei diretamente para o rosto dele. O meu redor estava em silêncio. Apenas conseguia sentir o meu coração bater forte e alto como se quisesse sair do meu peito. Se eu corresse, ele iria atrás de mim, se eu ficasse, ele poderia me poupar. Eu estava na mão dele. Literalmente na mão dele. 

Eu não tinha por onde ir. 

— Vamos embora antes que eu cause mais caos.