Christopher Persing
Ainda me sentia completamente imóvel.
Eu não conseguia me mover. Eu sentia a criança que era quando tinha 7 anos. Ele ainda lembrava como ele era e ele simplesmente não mudou. Depois de mais de 10 anos, ele tinha voltado e eu não sabia o que poderia fazer. Eu não sabia como reagir. O meu pai tinha voltado depois de mais de 10 anos e simplesmente estava
Os meus olhos não conseguiam carregar e aguardar as lágrimas que estava enchendo nos mesmos, fazendo as lágrimas escorrer pelo rosto. Eu queria esconder o meu rosto naquele exato momento pela vergonha que estava sentindo. Desta vez, não era o Maison chorando. Era eu. Eu estava chorando porque eu estava com raiva do meu pai. Eu estava chorando porque eu tinha saudades dele.
— Por quê que você mentiu para mim, huh? Você acha que eu sou um palhaço? — gritava com raiva, vendo que ele ainda continuava completamente intacto, sem nenhuma emoção. — Por quê que você não voltou? Por quê? Por quê?
Ele continuava imóvel e sem responder nada. Ele sabia o motivo que eu estava daquela forma e aceitou tudo que estava fazendo. Ele não reagia a nenhum grito e muito menos aos impurrões que eu dava. Ele apenas aceitava. Eu não conseguia gritar, porque o choro apenas tirava o meu ar. Mal conseguia ver o rosto dele pelos olhos embaçados cobertos de lágrimas, deixando o nariz pingar.
Cada vez que me sentia fraco, mais alto tornava o choro. Maison apenas manteve ali assistindo e eu tinha a certeza que ele sabia que o pai estaria aqui. Ele estava tranquilo demais. Os olhos dele mesmo estando mais que mortos por não descansar, dava para ver que ele nem estava ligando muito no meu choro. E quando um Persing não importa de um choro, ele sabe de muita coisa.
Engoli o choro aos poucos, limpando as lágrimas lentamente, tentando me acalmar, enquanto o mais velho caminhava lentamente em direção e eu não queria chegar nem perto dele. Nem um pouco. Muito menos sentir o mesmo casaco cargo de 10 anos atrás com o mesmo cheiro de sempre. Perfume árabe. Sentia raiva, mas muita raiva dele e tudo que vinha com ele.
Estava prestes para gritar e o empurrar, mas ele sempre me abraçou. O abraço foi rápido e simples. Ele simplesmente bagunçou o meu cabelo e beijou a minha testa, dando um leve sorriso, logo olhando para mim e para o Maison. Ainda confuso, tentei racicionar o que estava acontecendo e simplesmente, ele ri.
— Chris, você continua o chorão de sempre. Junia está cuidando bem de vocês, cresceram tanto. — e isso foi a única coisa que Mr. Persing diz, caminhando em direção á entrada do funeral. — Vamos que temos muita coisa para fazer hoje.
— Agora você vai caminhar normalmente como se não aconteceu nada, idiota? — reclamei alto para que ele ouvisse, mas ele parou de caminhar.
Senti um certo frio. Não sabia se era medo ou arrependimento, talvez os dois. Não queria admitir, mas a raiva ainda estava ali pronta para sair e sabia que se eu não controlasse, outra coisa pior poderia acontecer. Nunca me senti tão fraco como agora e isso estava me deixando mais irritado que nunca. Esperava por uma resposta e Maison começou a caminhar junto com ele.
— Bora, Chris.
E é assim que a família Persing é. Eles não importam uns com os outros e muito menos têm sentimentos. É engraçado como eu considero eles como família, porque eu sei que qualquer eles vão acabar por se matar entre si sem perceber. Eu sei que isso é bem assustador de pensar, mas essa é a realidade de uma família Persing.
Caminhei atrás deles, me ajeitando aos poucos, percebendo que tinha um carro nos esperando, fazendo o meu pai destrancar o carro de longe, ficando um pouco surpreso. O meu pai estava bem de vida. Ao entrar dentro do carro, o meu pai simplesmente estendeu a mão para Maison e olhou para mim.
— Celular, vamos. — disse o Mr.Persing, ainda com as mãos estendidas.
— Mas que raios que tá acontecendo? — perguntei enraivado, olhando para o mesmo, completamente confuso.
— Não sei se você sabe, mas sua mãe está nesse "24/06" e matando pessoas, principalmente a Yolanda. — disse Mr. Persing no mesmo segundo que o Maison entregou o celular.
Ele não olhou para o meu pai ao entregar o celular.
Ele sabia!
Meus olhos arregalaram completamente assustado, ainda mais confuso. Eu não sabia o que falar ou pelo menos reagir do que poderia falar sobre tudo que estava acontecendo. Eu queria respostas. Mesmo assim, o Maison não foi capaz de segundo nenhum em olhar para mim e muito menos para o meu pai.
Esse era o motivo que ele se sentia tão mal. Não era pelas pessoas sentirem pena dele e ele se sentir sozinho, mas sim, porque a própria mãe estragar a sua vida. Mas por quê? Eu quero saber o por quê. Eu não tinha bolas para falar, já que o meu pai estava conduzindo o carro com maior silêncio possível e eles sabiam que alguma de ruim estava acontecendo.
No mesmo momento, meu pai para o carro na rua isolada e pega o celular do Maison e sai do carro. No mesmo momento, ele vai para o banco de trás onde eu estava e abre a porta, estendendo a mão. Que raios que estava acontecendo? Lentamente, peguei o meu celular do bolso e entreguei ao mesmo, fazendo ele rapidamente jogar no chão junto com o celular do Maison.
— Mas que—
— Eu explico depois, Chris. — disse Mr.Persing rapidamente me interrompendo, pegando um martelo no seu bolso, começando a atirar e martelar no celular.
Agora estava sem celular.
Estava prestes a enlouquecer. Eu não sabia como que isso poderia estar acontecendo, mesmo que eu não estivesse sabendo de nada. Agora tinha que me segurar, apenas me segurar. Apoiei a minha cabeça no banco, apressionando a testa, tentando me controlar e pensar o que poderia acontecer a seguir. Levar um tiro no meio da testa? Talvez.
Não era do momento que ele estava irritado, mas era o fato que ele sempre era o último a saber das coisas e nunca entender o que estava acontecendo. O meu pai tinha aparecido depois de 10 anos e tinha destruído o seu celular na sua frente e revelar que a minha mãe era uma assassina profissional? Eu queria respostas o mais rápido possível e eu sabia que não ia ter as respostas agora.
A única opção era esperar. Esperar que eles fossem contar tudo que eles têm para contar e enquanto isso, terei que segurar toda a angustia e ansiedade que sentia por dentro.
A viagem continuava e o ambiente estava silente. Mesmo assim, o silêncio me incomodava. Olhava para a janela e via um caminho completamente diferente do que o esperado, entrando em uma estrada desguarnecida, coberta de árvores em volta. Não dava para ver muito o céu, mas dava para perceber que estava escurrecendo aos poucos.
E a fome permanecia ao ponto da minha barriga roncar, mas ignorar porque não tinha chance nenhuma de ter uma loja de fast-food ou restaurante por perto. A boca salivava de tanta fraqueza e nem puder sequer fazer nada, porque mesmo que eu quisesse sair deste carro, eu não iria conseguir e muito menos, não sabia o que estava indo.
Lentamente, o carro estava desacelerando e estava se aproximando de uma casa. Espera, não era uma casa. Era uma mansão no meio do mato, para assim dizer. Poderia parecer engraçado, mas poderia ser facilmente um castelo de forma moderna da atualidade. Olhei para o Maison com uma expressão de confusão.
— Chegamos em casa.
— O quê?!
— O quê?!
— O que foi? — perguntou Mr. Persing sem entender, segurando a porta do carro, vendo os seus filhos completamente surpresos, saindo do carro. — Bora, está frio! Vamos para dentro.
Mr. Persing permaneceu parado enquanto Maison e eu caminhássemos em sua frente, fazendo eu caminhar até a grande porta um pouco ansioso. Maison não parecia muito animado, pois ele ainda estava mal com tudo que estava acontecendo nos últimos dias. Mas o problema, é que não conseguia esconder a ansiedade.
Olhava em volta e tinha um grande bosque entre si. A casa tinha várias janelas pela frente e poucas varandas, parecendo que tinha uns quatro ou cinco andares. Casas como esta, não, deixa eu corrigir, mansões "barra" castelos como este, parecem ter um ou dois andares abaixo e isso realmente iria me deixar completamente ansioso para descobrir.
As luzes estavam apagadas, mas apenas uma luz estava acesa. A luz da porta de fora. Era enorme e o portão da frente demonstrava a proteção e a elegância do lugar. Bati a porta de novo e a porta abriu na hora. Era uma senhora completamente baixa, parecendo um metro e meio, completamente bochecuda e com um sorriso enorme no rosto. No momento que ela olhou para mim, ela me reconheceu na hora.
— Christopher?! Você cresceu tanto! Meu menino! — disse a mesma completamente alegre, me abraçando fortemente e acredito que ela era bem capaz de me levantar de tão forte que era, mesmo sendo velha.
— Ah… então, você me conhece—
— Eu fui sua babá por anos, meu anjo. Você era um ratinho quando nasceu. — contava ela, abrindo a porta para mim e os que estavam atrás de mim. — Seus pais eram muito ocupados, bem, seu pai não, mas ele trabalhava em casa no momento e não sabia cuidar de você. Por outro lado, sua mãe apenas trabalhava para o hotel que ela está até hoje. Ela era obcecada.
— Resumindo, a senhora Felicia limpou a sua bunda por três anos. — disse Mr.Persing tirando o casaco, colocando na entrada, logo fechando a porta. — Obviamente que você não se lembra, mas ela fez você gostar de milho doce desde bebê. Coisa que você nem deveria comer porque poderia engasgar, mas você sempre devorou milhos sem problema nenhum com 3 anos de idade. — este ria junto com a senhora Felicia, cruzando os braços, tendo a certeza que fez lembrar boas lembranças de anos atrás.
— Talento, viu. — dizia Maison dando um leve sorriso de lado, fazendo eu o empurrar de longe.
— Bem, muito obrigado, Felicia. O jantar está pronto? — perguntou Mr. Persing, caminhando em direção em uma sala que parecia ser a sala de estar.
— Está sim, senhor. Decidimos fazer lasanha de modo italiano.
— Muito obrigado.
Ainda estava completamente espantado de como o castelo era por dentro. Era moderno e elegante. Completamente um museu para assim dizer. Tinha estátuas enormes na entrada e artes no teto. Os meus olhos não conseguia enxergar tanta pulcritude de uma só vez, andando lentamente pela entrada e observando cada detalhe.
Tinha uma escada enorme que dava caminho a dois corredores dos dois andares de cima e sabia que iria demorar para conhecer tudo que estava em volta, mas acreditava que eu iria conseguir percorrer em cada canto daquela casa. Mas me deixava com perguntas, como que o meu pai estava se escondendo num castelo no meio do bosque, quando ele sabia que nós existíamos e não gastou nenhum dos seus dias em nos visitar?
Ainda me deixava com mais perguntas se eu fosse pensar nessa, mas acabei por tentar ignorar e focar na fome que tinha. Eu sabia que eu estava num lugar de paz onde ninguém sabia onde eu poderia estar naquele momento, mas acredito que mesmo que a minha mãe soubesse, ela não viria aqui de qualquer forma. Só se ela quisesse acabar com a vida do meu pai.
Estava a ficar morno e percebi que tinha aquecedores de chão e paredes onde poderiam deixar o castelo com a temperatura adequada para o tempo de fora. Estávamos falando de um castelo com elegância e alta tecnologia. Estava distraído pelos quadros e artes nos corredores enormes que davam espaço para uma casa pequena em Londres e não estava exagerando de qualquer forma.
Voltei aos meus sentidos e ambos tinham desaparecido. Conseguia ouvir a voz do meu pai e do Maison de longe, mas não sabia exatamente onde estavam. Caminhei em um corredor que era mais pequeno que tinha visto. Talvez seria fácil de decorar os quatros por lá. Por algum motivo não tinha muita luz como os outros corredores. A luz era baixa e não dava para ver muito. Olhava nos quadros e nas portas. As portas tinha etiquetas romanas e eu não estava entendendo o que estava escrito.
Caminhei até a última porta. Por curiosidade, a porta não tinha etiqueta romana, mas sim, completamente diferente das outras. A cor e a qualidade da madeira pareciam velhas e existia ali por mais de 10 anos no mínimo. Poderia ser que por detrás da porta, tinha algo de especial e ninguém entrar lá. Lentamente, peguei na maçaneta da porta, virando-a aos poucos, até ouvir passos altos se aproximarem em mim.
— Hora de comer.
Me assustei na hora, prendendo a minha respiração, virando para trás e ver o meu pai. Dei um pequeno sorriso de alívio, mas o seu olhar parecia mais séria que nunca. Engoli em seco. Segui o mesmo para a sala de jantar. A sala de estar era enorme. Tinha cortinas gigantes que cobriam as janelas do mesmo tamanho, com luzes grandes no teto e nos cantos da sala.
A mesa era enorme e largo demais para apenas ter três pessoas comendo lasanha. Não conseguia imaginar o meu pai jantar todas as noites sozinho por anos naquela mesa. Estava com tantas perguntas, mas não sabia se poderia responder e isso que me deixava mais estressado. Me sentei na mesa em frente do Maison e ao lado do meu pai.
Ele estava sentado na cadeira principal da mesa. Dava para ver como ele era organizado e respeitado pela casa pela forma que tinham colocado a mesa para nós. Duas travessas de lasanha, vinho, água, sumo de laranja natural, pão fatiado, manteiga e queijo. Ainda olhava em volta de como as artes se espalhavam pela casa e os quadros se diferenciavam entre si.
— Eu sei que estão com muitas perguntas, principal você, Chris. — disse Mr.Persing, pegando o meu prato, servindo a lasanha para mim, colocando em minha frente, logo de seguida, pegando o prato do Maison, vendo que ele não estava interessado em estar ali. — Primeiramente, dentro da minha casa não tem celulares e vou explicar o por quê. A vossa mãe vos localiza pelo celular, até pode saber o que vocês estão falando e ter ecrãs partilhados com eles sem vocês saberem.
— A mãe não tem motivo para fazer isso. — opinou o Maison completamente confuso, olhando para o seu pai.
— Hmm, claro. — na mesma hora, Mr.Persing pega um dispositivo onde tinha um ecrã preto com pontos verdes se movendo lentamente.
— O que é isso? — perguntei, olhando para os pontos verdes se movendo lentamente, se tornando cinco pontos verdes.
— Os homens que querem me matar e trazer vocês de volta para casa. Os mesmos homens que trabalham para a sua mãe. — explicou Mr.Persing, olhando para o ecrã, inclinando a cabeça, dando uma garfada na lasanha, levando á boca. — A vossa mãe nunca aceitou divórcio, então se eu fizesse, seria pior. Por isso que ela ainda tem o Persing no nome, ela adora usar os meus bens e sempre gostou de poder. O problema agora é que ela está tentando proteger vocês a todo custo, mesmo que Christopher apenas ter um caso.
— Espera aí, a mãe apenas está usando o casamento para ter mais poder? — perguntou Maison, completamente confuso, se virando aos poucos com a cadeira. — Então, por que raios que estamos aqui.
— Boa pergunta, Maison. — sorriu Mr.Persing dando um gole da água, limpando a sua mãe com guardanapo. — Christopher é a chave e o ponto fraco dela. Por esse motivo que ela protege ele com qualquer coisa que ele faz—
— Agora está me chamando de criança? É isso? — interrompi um pouco irritado, olhando para o mesmo, mesmo que ele não estivesse olhando para mim.
— O Hotel não cresceu sozinho. Ela matou tantas pessoas e colocou a culpa em pessoas inocentes, porque ela queria poder e dinheiro. Os homens têm ordens para matar as pessoas e ela faz o resto, coletando evidências e colocar em pessoas que já tem ficha suja. Semana passada, ela matou uma família. Foi um enorme massacre. — suspirou o mesmo, massageando a testa, percebendo que não era uma boa hora de lembrar de cenas de crime. — E a vítima que vai ser uma menina que matou o seu pai recentemente e foi parar nas notícias, eles não sabem que foi ela ainda, mas sua mãe tem uma equipe de investigação criminal completamente profissional que ajuda ela a coletar pessoas para ter culpa e ela ter ficha limpa.
— Então, esse massacre que ela ordenou fazer vai ficar na ficha da menina que matou o seu pai? — questionou o Maison de um tom manso e certo receio, percebendo que as coisas estavam indo além do que eles esperavam.
— Sim, uma universitária. Não sei muito detalhes, mas muita coisa vai mudar depois desse crime. Quero ir em mais detalhes esta noite, antes de vocês irem amanhã. — disse Mr.Persing, dando uma mordida no pão, limpando as suas mães com a farinha.
— Você sabe pelo menos quem é? — perguntei curioso, percebendo que não tinha tocado na lasanha, mesmo que estava com enorme fome fazia horas.
— Ah, sei lá. Uma menina que você conheceu e sua mãe não quer você com ela, então foi alvo certo. — esclareceu Mr.Persing desviando o olhar completamente despreocupado.
Maddison?! Ela matou seu pai?
— Eu tenho que ir. — falei apressando rapidamente, me levantando da mesa, caminhando para a saída da sala de estar.
— Christopher, eu não terminei. É perigoso você ir agora. Tem uns cinco homens—
— Eu não vou deixar a menina ir presa por algo que ela não fez e tudo ser por causa da minha família hipócrita que não sabe ter empatia! — interrompi o meu pai completamente revoltado, batendo na mesa.
— Hipócrita é uma palavra muito forte, Chris—
— Não, é até fraca demais. Você sabia de tudo, então por quê que não fez nada? Você deixou essas pessoas aprodrecem nas mãos da mãe para quê? — perguntei rapidamente, me aproximando cada vez mais do rosto do meu pai, vendo que ele simplesmente ficava em silêncio. — Sabe que mais? Não vale a pena ficar aqui falando com você. Você não mudou nada. Você é igual a mãe.
Caminhei em saída da sala de estar, caminhando para o corredor principal, indo para a entrada do castelo, abrindo a porta do portão, fechando a porta com força. Olhei em volta, não tinha muita coisa que poderia pegar. Se eu usasse o carro, seria óbvio de ser identificado pelos homens da minha mãe e poderia ser perseguido sem perceber. E eu não queria isso de jeito nenhum.
Fui me aproximando do carro, vendo que tinha uma pequena garagem aberta. Não dava para ver muito por causa da falta de luz, vendo se conseguia ter algum acesso de luz, vendo um interruptor, clicando no mesmo. Bingo! Estava uma bicicleta na minha frente, vendo que não tinha de errado em usá-la, logo pedalando em direção ao bosque. Eu sabia que seria mais fácil escapar no bosque, porque não iria conseguir ir na estrada principal.
Mas lembrei de uma coisa.
Estava longe de casa e o chão parecia um pouco inclinado. Estrada principal não era inclinada, era estreita, então eu sabia que estava perto da estrada principal que, era coisa boa. Isso poderia ser um guia e direção de onde ir. Por enquanto. Não sabia se iria chegar a tempo, mas o meu objetivo era chegar até a Maddison. Não queria que nada acontecesse com ela, mesmo que fosse tarde mais.
Mesmo que eu fosse me machucar, eu não me importava. Não queria acreditar que a mesma menina que tinha o rosto e o jeito mais doce, fosse possível de matar o próprio pai. Não encaixava na minha cabeça mesmo que eu quisesse acreditar. Eu precisava de respostas, mesmo que agora seja um perigo para mim em chegar até ela, porque nesse exato momento, a minha mãe estava procurando por mim, como sempre.
Pedalava rapidamente e não olhava para trás, mesmo que não tivesse muita iluminação. Se eu conseguisse ver alguma luz, eu poderia concluir que estava em perigo e um dos homens estaria perto de mim. Eu teria que estar em completo escuro entre as árvores e fazer o máximo de ficar perto da estrada principal ao sentir a inclinação do chão. Era apenas isso que precisava, mas sabia que não iria ser fácil de qualquer jeito.
Aos poucos, sentia alguns passos apressados. Parei a bicicleta, olhei em volta e não conseguia ver nada. Estava um completo silêncio que conseguia sentir o batimento do meu peito de tanto nervosismo e cansaço. Algo não estava batendo certo, então sai da bicicleta lentamente, mas ouvi outro passo. Um passo lento. Um passo próximo. Logo que me virei de costas, senti um corpo até mim, colocando os braços em meu pescoço.
Não sentia um mata-leão a tanto tempo.
Esqueci de como era a sensação de falta de ar e poder mexer livremente. Sabia que era um dos seguranças da minha mãe pelo símbolo que ele tinha na jaqueta, no lado do ombro. Rapidamente, fiz pressão com as pernas para puder ter balanço e força. No momento certo, segurei o corpo do segurança, puxando para frente, fazendo o mesmo cair de costas para o chão, tendo o mesmo na minha frente.
O homem sabia que ele estava em perigo, talvez estava sozinho. Rapidamente, ele pega o aparelho comunicativo, completamente fraco e perdendo o fôlego e estava pronto para falar a minha localização. Eu sabia o que ele estava fazendo e eu não poderia demorar muito, porque apenas estava começando.
— Reforços, rápido! Ele está aqui! Repito, reforços—
No mesmo momento, chutei o aparelho e pisei. Ele não queria olhar para mim, mas olhou. Por causa do medo. E mesmo que eu não quisesse fazer o que estava prestes a fazer, teria que o fazer para me proteger. Lentamente, caminhei em direção ao homem, fazendo com que ele entrasse em pânico, começando a gritar desesperadamente, até eu ver que ele tinha uma faca presa na cintura dele.
Ele estava a segurando como que ele seguro ou protegido e poderia me atacar, para se levantar em qualquer momento e conseguir me pegar. E era isso que eu não ia deixar isso acontecer mesmo que ele quisesse ou a minha mãe fosse querer comigo. Ela era a última pessoa que queria ver naquele momento.
O homem se levantou, pronto para me esfaquear. A faca que estava em sua mão era pequena, então seria difícil de pegar, tinha que atacar a mão que ele estava segurando a faca. Poderia funcionar. O mesmo correu até mim, fazendo eu chutar o peito dele, fazendo seu corpo cair no chão. Segurei o pescoço do mesmo, pegando a faca na hora.
— Por favor, eu apenas estou seguindo ordens—
No mesmo momento que ele fala, enfio a faca no meio da cabeça dele, fazendo o chão saltar e cair para todo canto que poderia ser possível de ir. O homem tinha morrido de olhos abertos e o sangue escorria sua cabeça para seu rosto. Lentamente, segurei o corpo pelas costas, debaixo dos braços, arrastando o corpo com certa dificuldade pelo peso até a uma árvore próxima, deixando o corpo apoiando na árvore.
Vi a arma que ele tinha na cintura. Tirei a luva que o homem tinha, colocando em mim, mesmo que estivesse um pouco larga para mim, pegando a arma, observando a mesma e ela estava carregada. Por que ele não me matou quando me viu? Talvez recebeu ordens de eu ser entregue vivo. Bem capaz. Apontei a arma no ar e atirei. Foi dois disparos e altos.
Eu sabia o que fazendo.
No mesmo momento, sabia que tinha que desaparecer antes que eles me pegassem, mas um corpo morto com a cabeça esfaqueada poderia ser uma boa mensagem para todos que estavam me perseguindo.
Principalmente a minha mãe.
XXXXXXX
Fazia tempo que não tinha sinal dos meus filhos e isso estava me deixando apavorada. Engoli em seco e peguei a quinta chávena de chá que tinha tomado no dia após o funeral. O meu celular ainda tentava chamar o número do Maison, mas nada. Era suposto ele estar sofrendo pela morte da sua mulher e tirar o seu tempo, mas mesmo assim, ele não tinha falado nada após o funeral.
Ouvi a porta bater.
Talvez seria alguém relevante que nem poderia fazer o trabalho direito e mesmo assim, teria que aturar e fazer o trabalho sozinha. Não sabia como iria o fazer, mas tinha que o fazer de alguma forma. A única que eu sei é que meu maior inimigo está com os meus filhos e eu não quero eles perto daquele homem.
— Entre.
— Senhora, as passagens já estão programadas—
— Eu falei que quem entrasse, era MAISON OU CHRISTOPHER! — gritei, jogando a chávena de chão para a parede, vendo que a minha secretária entrou em pânico, logo saindo do local.
O mesmo momento que ela estava prestes a fechar a porta, três homens entram, completamente cansados e desesperados. Pelo o olhar, eu sabia que alguma coisa tinha acontecido, mas não queria que fosse nada relacionado a morte ligado aos meus filhos ou alguma coisa tinha acontecido com eles.
— Senhora Persing, más notícias! Um dos nossos homens foi esfaqueado na cabeça e acreditamos que foi o Christopher. — disse um dos seguranças completamente preocupado, mostrando a fotográfia do homem morto.
— Claro que foi, ele é o mais sujo da família. — disse sorrindo, caminhando até a cadeira, me sentando, cruzando as pernas, voltando a olhar para eles. — Entrega eles aqui inteiros, ainda hoje. E procure a Maddison Junez. Agora.
XXXXXX
Continuava pedalando, mas tinha conseguido escapa do bosque sem ninguém me perseguir. Umas das partes mais difíceis que achei que não iria acontecer. Tinha conseguido passar pelo bosque e na estrada principal, conseguindo chegar na cidade, onde poderia saber exatamente onde a Maddison estava. Eu apenas tinha que apostar para eles não a pegasse antes de mim.
A universidade era grande e eu tinha que andar bastante para chegar do outro lado e ver onde estavam os quartos, então não valia a pena andar até lá, comecei a pedalar lentamente e pela minha surpresa, um carro preto apareceu. Eu conhecia aquele carro. Logo que eles abriram a janela, vi que era os seguranças pelo mesmo fato que vestiam.
Puxei a bicicleta em direção inversa, começando a pedalar rapidamente, mas sabia que iria me levar mais tempo para pegar a Maddison. Eu tinha que ser rápido, antes que eles fossem fazer alguma coisa com ela. Eu tinha que proteger ela antes que ela sofresse nas mãos da minha mãe como as outras pessoas foram.
Ao chegar na rua dos apartamentos, joguei a bicicleta para longe em um canto, onde eles não notassem a minha presença e cheguei no local. Entrei pela porta e fechei rapidamente. No momento, eu sabia que eles não iriam chegar onde eu estava, mas sabia que ainda tinha que manter a segurança. Passei pelo meu apartamento, indo direto ao dela. Eu tinha que destrancar a porta, mas no momento que queria abrir, notei que a porta já estava aberta.
Essa menina sabe que está em perigo e ainda tem a porta aberta?
Dava para ouvir pequenos soluços, quando aproximava mais da porta. Entrei lentamente a porta e encostei a mesma, colocando uma jarra de planta por trás da porta para que não abrisse mais. Logo que eu coloquei a planta no chão, a porta fechou. Eu sabia que ela ouviu essa, logo que os soluços começaram a ser mais altos.
Caminhei lentamente e cada vez que me aproximava dos soluços, a casa parecia mais desarrumada e danificada. Tinha vidros, terra, tecidos e água no chão e não dava para perceber o que tinha acontecido. Estava no corredor inteiro e as luzes estavam apagadas. A única luz que estava acesa era da sala de estar, o banheiro que estava no final do corredor e o quarto.
O banheiro estava de porta aberta e completamente vazio, então sabia que ela não estava lá. Ela estava no quarto. A cada passo que dava, mais medo sentia, porque eu sabia que ela poderia gritar ao me ver ou até me atacar, já que ela tinha matado o seu pai. Encostei o meu corpo na parede, ao lado da entrada do quarto onde Maddison estava. Contei até 3.
Um.
Dois.
Três.
No momento que virei, eu não queria acreditar nos meus olhos. Maddison estava sentada no chão, encostava na cama, balançando de um lado para outro, tapando os seus ouvidos, ainda chorando. Ela sabia que tinha matado o seu pai e talvez, foi um erro. Ela não era monstro como eu. Ela sentia tudo. E isso estava acabando com ela.
Rapidamente, me aproximei dela, a abraçando forte, acarenciando o cabelo dela, fazendo ela se tremer de medo, mas logo que ela viu o meu cabelo, ela tinha notado que era eu, fazendo ela parar de tremer na hora. O corpo dela estava frio e mole, parecia que ela não tinha vida por restar e estava pronta para se entregar ali.
— Shhh, está tudo bem. Você está comigo agora.
E estarei para sempre.