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Chapter 4 - Capítulo Dois

Christopher Persing

— Mãe, não é preciso você carregar isso tudo, pode deixar aqui, eu carrego.

Estava de mudança para o apartamento perto da universidade, minha mãe estava me ajudando com as mudanças. Nunca nos demos bem, mas ela estava lá nos momentos que menos esperava. Minha infância não foi assim tão boa. Era um pai diferente a cada dia e sempre tinha que ver uma camisinha diferente jogada na privada, em vez de colocar no lixo. E sim, eu tinha que pegar, antes que ia entupir.

Durante a adolescência, eu mudei bastante e tive grande liberdade, já que minha mãe não ligava o que eu fazia de bem e mal. Isso me irritava. Queria ter uma imagem presente parental na vida, onde alguém me falasse o que era certo ou errado na vida. Eu apenas aprendi essas coisas através de amigos e conversas que eles tinham com os pais. Minha mãe nunca foi de me zangar ou me corrigir e por certos motivos, fui vendo ao logo do tempo.

Minha mãe suspirou, olhando para mim, se encostando no carro, me olhando, vendo que pegar todas as malas para a frente do prédio e me dando o olhar de "o que está acontecendo com você", como se ela não tinha notado que eu tinha 19 anos e estava fazendo a minha vida, coisa que ela não tinha feito em momento nenhum.

— Certeza que você não precisa de nada?

— Não.

— Por quê que você não me deixa entrar no apartamento?

Ela era esperta demais.

Ela sabia que eu não queria mostrar em que apartamento eu estava, pois eu não queria que ela me visitasse. A pior parte já estava feita, ela sabia onde era o prédio onde vivia, apenas queria acabar com toda a guerra que eu tive durante 19 anos e finalmente ter paz e responsabilidades pelas minhas próprias coisas.

Terminei de tirar tudo na bagagem do carro, fechando a porta, logo colocando as duas últimas caixas junto com as outras caixas, parando em frente dela. Nos despedimos. Não sei se iria sentir saudades dela por simplesmente ela ser minha mãe ou estar acostumado a viver com ela, mas uma coisa tinha a certeza: minha paz finalmente tinha começado.

Por enquanto.

Ainda estava pensando como que iria explorar esse lugar enquanto iria estar no começo do semestre e várias pessoas estavam se mudando como eu. Eu não era o único. Seria super difícil levar tudo aquilo para cima. Eu iria precisar de ajuda, então fui vendo pessoas que estavam passando e um menino que estava entrando no prédio olhou para mim.

— Precisa de ajuda? Porque não tem elevador, meu amigo.

— Fiquei com sorte agora, obrigado.

Levou um tempo para levar as coisas para cima, mas finalmente conseguimos. Estava cansado. O menino deixou tudo na frente do meu apartamento, agradecendo a ele, mas estava ansioso de ver como era. Peguei as chaves do bolso e finalmente abri a porta com elas, olhando em volta. Era espaçoso a sala, tinha um banheiro pequeno mas dava pra mim e quando fui ver cozinha, era até boa. O que faltava era acessórios por ali e pra lá e pronto. E finalmente o quarto, cama king, duas cabeceiras, uma varanda e um armário.

Dava para o gasto, pensei. Peguei todas as minhas e deixei num canto da sala, pois eu sabia que ia demorar para arrumar. Tirei a minha blusa, ficando de tronco, evitando que a blusa ficasse colado no meu corpo com o suor, pegando a minha guitarra e minhas roupas no quarto e os sapatos no meu armário. Tinha outro armário que tinha trazido e ia ficar na sala como decoração, coloquei os lençóis da cama e dobrei a roupa, abri um pouco a porta da varanda. Precisava de cortinas.

Eu sabia que dia seguinte tinha várias coisas para comprar mas não queria preocupar com isso agora, estava exausto. Logo que percebi que tinha terminado, peguei os cremes, o sabonete e a minha toalha no banheiro. Estava morto para tomar banho, mas não sabia como funcionava. Tirei a roupa e entrei no chuveiro, ligando o mesmo, vindo a água muito quente, deixando arrefecer. Achei que estava bom para tomar banho, começando a tomar o banho, mas a água começou a ficar super fria, fazendo eu quase gritar, me afastando na hora.

Eu não sabia como aquele chuveiro funcionava, eu precisava de ajuda.

Eu realmente precisava de ajuda. Não queria pedir, pelo estado que eu estava e nem sabia se teria pessoas nos apartamentos ao lado se iriam me ajudar, mas eu tinha que o fazer, mesmo que eu não quisesse. Respirei fundo e peguei a toalha, tentando me secar, caminhando em direção da porta para ver se alguém estava passando pelo corredor.

O corredor estava vazio. Não sabia ao certo se seria uma boa ideia em bater em alguma das portas e saber se alguém poderia me ajudar com o banheiro. Olhava para as portas e fazia um enorme silêncio. No último quarto, tinha alguém tocando música com o volume completamente estrondoso que acaba sentindo as vibrações pelas paredes do corredor. Sabia que isso iria durar para sempre enquanto estivesse a viver no apartamento da universidade, então teria que aguentar tudo aquilo. 

Eu tinha que bater uma das portas. 

Caminhei devagar e bati na porta mais próxima que estava ao meu lado. Bati duas vezes. Esperei e nenhuma resposta. Quando estava prestes a bater a porta pela segunda vez, a porta abriu. Os olhos da pessoa foram diretos para o meu corpo que nem eu mesmo tinha notado o quão molhado estava. A camisola estava encharcada e conseguia se ver a estrutura do meu torso por completo. 

Que vergonha. A menina inclinou o rosto um pouco confusa, olhando para mim para saber o que queria. Seria um desastre em falar para ela que nem sabia como que o chuveiro dos apartamentos da universidade funciona e eu era homem. Poderia fazer alguma coisa. Ou até aceitar a oferta da minha mãe, mas prefiro estar morto do que ter a minha mãe me perseguindo. 

— Vai ficar aí parado ou não vai falar? — perguntou a menina, se encostando á porta, continuando me julgando pelo olhar. 

— Então… o chuveiro arrebentou e apenas sai água fria. — expliquei, dando um pequeno suspiro, tentando ter expectativas. 

— Te entendo. Eu tenho uma peça extra. Vou buscar e depois vou te ajudar. — disse ela sorrindo, levantando as sombrancelhas. — Espere aí fora. 

E ela fechou a porta. 

Bem na minha cara. Se as pessoas da universidade são assim tão arrogantes, eu acho que vou começar a ser um filho da puta para ter amizades. Trabalho fácil para falar a verdade. Não é a primeira vez e não vai ser a última vez que vou ser um desgraçado que acaba com a vida dos outros. Mesmo que eu goste. 

Continuei esperando por ela fora da porta até ela abrir e caminhando diretamente para o meu apartamento. A questão é: como que ela sabe que aquele era o meu apartamento? Apenas fiquei em silêncio e fui atrás dela, abrindo a porta para ela, fazendo ela dar um pequeno sorriso forçado e caminhando para o banheiro. 

— Como sabia que este era o meu apartamento? — falei com certa curiosidade, enquanto a mesma entrava no banheiro, olhando no chão molhado. 

— Barulhento com as mudanças e completamente burro em relação em canos. — dizia ela completamente desconfortável ao pisar no chão molhado. 

— Eu não tenho culpa que o cano era velho?! — reclamei, revirando o olhar, me encostando na porta. 

— Você está me distraindo. — confessou a menina, concentrada em tentar desapertar o cano. 

— Você está distraída porque eu estou aqui mostrando o tronco nu e está com dando raiva ou está com raiva porque eu estou te distraindo? — ri, vendo a mesma tentar de novo sem sucesso. — Deixa que eu ajudo. 

Caminhei devagar para o chão, tirando o chinelo e a blusa molhada para entrar no chuveiro, analisando o cano que não estava saindo, pegando no mesmo e apertando com força e virando. O cano desapertou na hora, dando um suspiro, estendendo a mão para o cano novo. A mesma entregou o cano, fazendo eu substituir o novo cano no lugar, apertando para ficar no lugar certo. 

Notava que a menina ainda estava ali. Parecia que estava congelada e os olhos delas estavam em mim. Sinceramente, eu entendo ela. Liguei o chuveiro e me desviei para o lado para a água não cair para cima de mim, tocando na água, vendo que ela ainda estava completamente fria. Suspirei, desligando o chuveiro. 

— A água está fria, porque você simplesmente não ligou o gás. 

Por quê que ela está me envergonhando dessa forma? É preciso ser tão fria assim? Quem acabou com a sua vida para você agir assim com as pessoas? Deus é mais. Revirei os olhos, saindo do chuveiro, caminhando para a caixa de gás, virando o botão para cima, ligando o chuveiro de novo, vendo a fumaça de água quente sair do chuveiro segundos depois. 

— Acho que não precisa de mais nada. — disse a mesma, caminhando para a saída do apartamento, parando em frente da porta. — Ah, esqueci de falar. Se não quer lesmas no seu apartamente, feche as janelas de noite. Chove muito aqui. 

— Você está de brincadeira. Tem lesmas aqui-

— Filho, aqui é rodeado de árvores e chove bastante. Se ficar comendo e não limpar, claro que elas vão vir. — explicou ela com frieza, fazendo eu dar um pequeno sorriso. 

Ela é fofa quando fica sem paciência. 

— Qual é o seu nome? — perguntei sorrindo, enquanto segurava os meus chinelos e a minha blusa molhada. 

— Maddison?! — disse a mesma completamente confusa, analisando a minha cara.

— Christopher. Pode me chamar de Christopher. — estendi a mão, esperando algum comprimento dela. 

Ela apontou para a minha mão. A minha mão estava molhada e apenas tinha percebido na última da hora. Ela apenas deu um sorriso e se despediu, fechando a porta. Suspirei. Seria mais díficil para mim ter amizades do que eu pensava, mas estava tudo bem. Eu estava numa nova cidade e ninguém iria saber de mim ou do meu passado. E isso é o mais importante. 

Não queria que ninguém vá puxar o meu passado apenas para arruinar o que estou tentando construir ou começar uma vida normal, mesmo que seja difícil, mas teria que lidar com tudo e se for necessário, posso dar o dobro do que eu recebo eu estiver no caminho. 

Naquele momento, o meu celular vibra. O ecrã cria iluminação da cozinha escura, fazendo eu colocar o chinelo no chão e a camisola em cima da mesa, pegando o meu celular na hora. Era o que menos esperava e o que mais poderia me irritar do momento. Suspirei na hora em abrir a mensagem. 

Mãe: Filho, achei uma casa que fica perto daí. 20 mil por mês, não é mau. 

Mãe: Me diz o que acha e por favor, não crie problemas

É errado bloquear a minha mãe? Acho que não.