Pov de Fernando:
À medida que nossa carruagem avançava pela estrada de paralelepípedos em direção a Valortow, a imponente muralha da cidade começava a se destacar no horizonte, erguendo-se como uma sentinela sombria e intimidante contra o céu crepuscular. A luz do sol poente lançava sombras distorcidas sobre as torres de pedra, criando uma atmosfera sinistra que pairava sobre a paisagem desolada.
Minha mente vagava pelos eventos que moldaram minha vida nos últimos seis anos, um período marcado pela ganância, pelo poder e pelo derramamento de sangue. Na época em que tinha apenas 22 anos, eu já estava profundamente enredado nas teias da intriga política e da ambição desmedida.
Comecei minha jornada vendendo trigo durante os tempos turbulentos da guerra, um comércio que logo se transformou em um negócio lucrativo de fornecimento de armas para os rebeldes. Os campos de batalha se tornaram meu campo de colheita, onde colhia os frutos sangrentos da destruição e da morte.
Foi nesse cenário de caos e desespero que conheci o Conde Hoster, um homem cuja sede de poder era tão insaciável quanto a minha. Nossos encontros clandestinos eram permeados pelo cheiro de enxofre e pela sombra da morte, enquanto conspirávamos nos becos escuros da cidade para garantir nossa ascensão ao trono do condado.
Agora, enquanto avançava em direção aos portões da cidade, minha mente se voltava para os segredos sombrios que aguardavam no interior do castelo do conde. Eu sabia que as alianças eram frágeis e as traições, inevitáveis. Mas estava determinado a assegurar meu lugar ao lado do conde, custasse o que custasse.
Pov de Konrad:
Passou uma semana desde que vi meu pai pela última vez. Ele costumava viajar com frequência, deixando-me aos cuidados de minha mãe, cuja tristeza era palpável quando ele não estava por perto. Apesar de minha pouca idade, eu conseguia sentir o peso de sua ausência, como uma sombra crescente que se espalhava pela nossa casa.
Enquanto observava minha mãe ocupar-se com as tarefas do dia-a-dia, minha mente absorvia os fragmentos de conversas dispersas ao meu redor. Meu entendimento da linguagem humana ainda era rudimentar, mas eu começava a discernir padrões sombrios nas palavras sussurradas pelos criados e pelos vizinhos.
Pov de Elisabeth:
Uma semana se passara desde que Fernando partira para o banquete, e finalmente era hora de conhecermos nossa nova casa. Enquanto nos preparávamos para a jornada rumo ao castelo do conde, uma sensação de apreensão pairava no ar, como uma névoa pesada que envolvia nossos passos hesitantes.
Cada passo em direção ao desconhecido trazia consigo a promessa de um novo começo, mas também o temor do que poderíamos encontrar além dos portões do castelo. Eu sabia que a vida que deixáramos para trás seria substituída por uma realidade ainda mais sombria e opressiva, onde as intrigas e os perigos se escondiam nas sombras.
Pov do Conde Hoster:
No silêncio de meu gabinete, minha mente já estava mergulhada em pensamentos sombrios e conspirações sinistras. Conversei com meu filho mais velho, Edric, sobre nossos objetivos a longo prazo, consciente da necessidade de consolidar nosso poder e esmagar qualquer ameaça que ousasse desafiar nossa autoridade.
"Edric," chamei-o para um canto da sala, longe das orelhas indiscretas dos serviçais. Seus olhos, como os meus, refletiam uma determinação inabalável, uma ambição que queimava tão intensamente quanto o sol poente. "Precisamos falar sobre o futuro do condado e da nossa família."
Ele assentiu, compreendendo a gravidade da situação. "Diga-me, pai, qual é o próximo passo em nosso grande plano?"
"Inevitavelmente, a paz é o caminho a seguir após a guerra", comecei, escolhendo minhas palavras com cuidado. "Mas a paz não é garantia de estabilidade. Precisamos garantir nossa posição no condado, estabelecer alianças fortes e eliminar qualquer ameaça potencial."
Edric inclinou a cabeça, absorvendo minhas palavras com seriedade. "E como faremos isso, pai?"
"Os Vós Lourenços são nossos principais candidatos", respondi, os cantos dos meus lábios se curvando em um sorriso sutil. "Fernando será o novo Barão de Marienburg, e seu filho recém-nascido, Konrad, se casará com Alice, minha quarta filha, quando atingirem a idade adequada."
Edric assentiu, entendendo o significado oculto por trás de minhas palavras. "Um plano astuto, pai. Os Vós Lourenços serão nossos aliados leais, e Marienburg será um bastião de nossa influência."
"Exatamente", concordei, satisfeito com a compreensão de meu filho. "Agora, vá. Encontre nossos convidados e estabeleça laços fortes com eles. Cuidado com Fernando; ele é ambicioso e astuto. Mas se jogar corretamente, ele se tornará uma peça valiosa em nosso jogo político."
Edric acenou com a cabeça em concordância e se retirou, pronto para colocar meu plano em ação.
Pov de Fernando:
Enquanto os nobres se reuniam no salão iluminado por velas, o murmúrio das conversas fluía como um rio através do espaço nobremente decorado. Mesas ricamente adornadas exibiam banquetes opulentos, repletos de iguarias exóticas e vinhos finos que brilhavam à luz das velas. Os convidados moviam-se com elegância, seus trajes luxuosos e joias reluzentes capturando a atenção de todos ao redor.
Em um canto do salão, um grupo de nobres discutia animadamente sobre a última batalha travada na guerra civil do condado de Hoster. O som de suas vozes ecoava pelas paredes de pedra, misturando-se com o tilintar de talheres e o suave murmúrio das servas que serviam os pratos.
Enquanto isso, na mesa principal, o Conde Hoster conduzia a cerimônia com uma aura de autoridade e pompa. Seu discurso ressoava pelo salão, ecoando os feitos gloriosos do Barão de Marienburg e exaltando sua lealdade e serviço ao reino. À medida que as palavras do Conde enchiam o ar, os nobres presentes prestavam respeito, reconhecendo a importância do momento.
Fernando, erguendo-se ao lado de Paulo Freegard, sentia um orgulho de leão enquanto o Conde pronunciava as palavras que o tornariam Barão de Marienburg. Cada sílaba ressoava em sua mente, ecoando o longo caminho que percorrera para chegar até ali. Uma mistura de orgulho e determinação enchia seu peito, enquanto ele olhava ao redor para os rostos dos nobres que o rodeavam.
Ao seu lado, Paulo Freegard, um homem intrigante, inteligente e astuto, oferecia um sorriso de apoio, compartilhando o peso do momento histórico. As vozes dos nobres ao redor pareciam distantes agora, à medida que Fernando se concentrava na solenidade da cerimônia e na importância de sua ascensão a nobreza.
Enquanto o Conde Hoster o declarava Barão de Marienburg, uma onda de emoção e surpresa percorria o salão. O murmúrio das conversas cessou, substituído pelo silêncio reverente dos presentes. Era um momento que ficaria gravado na memória de todos ali, um marco na história do condado de Hoster e um testemunho da ascensão de Fernando ao poder e à influência.
Enquanto os aplausos ecoavam pelo salão, Fernando sentia um senso renovado de propósito e determinação.