Chapter 18 - A-Floresta-Proibida.

Harry que pensava no Filch castigando-os com algo bem longe da professora Minerva.

Simplesmente levou-os à sala da Professora Minerva no primeiro andar, onde eles ficaram sentados esperando, sem trocar uma palavra entre si. Hermione tremia. Desculpas, álibis e justificativas fantásticas substituíam-se umas às outras na cabeça de Harry, cada qual mais capenga do que a anterior. Ele não conseguia ver como iam se livrar desta encrenca. Estavam encurralados. Como podiam ter sido burros a ponto de se esquecerem da capa? Não havia nenhuma razão no mundo para a Professora Minerva aceitar que estivessem fora da cama, esgueirando-se pela escola a altas horas da noite, e muito menos que estivessem na alta torre de astronomia, que era proibida aos alunos a não ser durante as aulas.

Harry que achou que as coisas não poderiam ficar piores. Estava enganado. Quando a Professora Minerva apareceu, vinha trazendo Nevílle.

- Harry! - Exclamou ele correndo até sua única fonte de salvação no momento, se agarrando ao mesmo em proteção contra Minerva. - Eu estava tentando encontrar vocês para avisar que ouvi Malfoy dizer que ia pegar vocês, disse que vocês tinham um drag... - Harry sacudiu com força a cabeça para fazer Nevílle calar a boca, mas a Professora Minerva viu. Parecia provável que ela cuspisse fogo pelas narinas do que Norbert, ali a olhar os três de cima para baixo.

- Eu jamais teria acreditado que vocês fossem capazes disso. O Sr. Filch diz que vocês estavam no alto da torre de astronomia. É uma hora da madrugada, não sabem os riscos de estarem lá sem a supervisão de um maior de idade. Expliquem-se: - Era a primeira vez que Hermione deixava de responder a uma pergunta de uma professora. Olhava para os sapatos, imóvel como uma estátua. - Acho que tenho uma boa ideia do que anda acontecendo. - Disse a Professora Minerva. - Não é preciso ser gênio para somar dois mais dois. Vocês contaram ao Sr. Malfoy uma história para atrair a atenção dele sobre um dragão, tentando tirá-lo da cama e metê-lo em apuros. Eu já o apanhei. Suponho que achem engraçado que o Sr. Longbottom tenha ouvido a história e acreditado nela também. - Harry surpreendeu o olhar de Nevílle e tentou lhe dizer, sem falar, que aquilo não era verdade, porque Nevílle tinha uma expressão de espanto e mágoa. Pobre Nevílle trapalhão. Harry sabia o que deveria ter-lhe custado tentar encontrá-los no escuro para avisar.

- Estou desapontada. - Disse a Professora Minerva. - Quatro alunos fora da cama em uma noite! Nunca ouvi falar numa coisa dessas antes! - Na verdade, ela tinha e acabara de ter um déjà vu repentino de outros quatro encrenqueiros de Hogwarts. - Você, Hermione Granger, achei que tinha mais juízo.

- Quanto a você, Harry Potter, achei que ser um Divergente significava mais para você do que parece. Os três vão pegar uma detenção, sim e você também, Sr. Longbottom, não há nada que lhe dê o direito de andar pela escola à noite, principalmente nos dias que correm, é muito perigoso, e vou descontar cinquenta pontos da Grifinória.

- Tá bom, professora, mas convenhamos... Essas regras são bem simplórias. - Harry disse se aproximando da mesa dela. O olhar da mais velha era fulminante, porém ali tinha um pingo de curiosidade sobre o que o Potter se referia. - Pense bem: Eu e Hermione só queríamos praticar feitiços que vinhamos estudando, porém, não a momento algum que podemos fazer isso fora as aulas. E sempre é impossível durante as aulas, pois tem muita teoria e pouca prática, nos corredores é proibido, nos terrenos Severus está sempre voando sob todos feito um morcegão.

- Eu não preciso de matéria teórica, minha mente grava a tudo que leio, preciso de aulas práticas para usar esses feitiços sem drenar meu núcleo magico, e como conseguir isso se não há momento algum uma prática durante as aulas, como fazer isso a noite se estou trabalhando na biblioteca, ou como principalmente fazer isso se somos obrigados a ir dormir as 22h.

- Sei que está com raiva de tudo isso, mas se as regras não fossem tão rígidas a ferrar mais com os alunos do que impor a ordem, nada disso teria ocorrido.

Harry que explicava a tudo tinha um certo ponto positivo em questão, muitos alunos mais velhos precisavam estudar, praticar, e tudo isso em grupo. Havia escadas que atrasavam os alunos, e quando se atrasavam perdiam pontos, pois isso não era desculpa, não era permitido realizar feitiços nos corredores, nem um mísero feitiço de levitação para carregar os materiais e evitar chegar atrasado, muitos tinham treinos de Quadribol a noite, ou tarefas extras como na biblioteca que era onde Harry podia ler e se aprofundar mais nos fundamentos do mundo bruxo situados da seção restrita, e por fim o horário, que impedia qualquer um de realizar suas tarefas, ou estudar até mais tarde.

- Tem um ponto em questão, Sr. Potter... Porém, regras são regras, se quer mudar algo, se voluntarie ao serviço de monitores. - Minerva ditou autoritária. - Cinquenta pontos de cada um. - Acrescentou a Professora Minerva, respirando com esforço pelo nariz longo e pontudo.

- Professora... A senhora não pode...

- Não venha me dizer o que eu posso e o que eu não posso, Harry James Potter. Está agindo igualzinho a seu pai, agora voltem para a cama, todos vocês. Nunca senti tanta vergonha de alunos da Grifinória antes. E você sendo um divergente deveria tomar cuidado, ou quer as quatro casas contra ti?

- Tudo bem. - Harry murmurou cabisbaixo saindo da sala de transfiguração.

Mal sabia os outros que um riso mínimo se propagara na face do Potter quando ele atravessara a porta. Pois ele tirou um grande problema das costas e amenizou a situação, seria horrível Minerva descobrir sobre os amigos de Charlie, ou que Harry pagou para eles enviar um dragão falso.

- "Ao menos tirei um peso das costas de Hagrid, e não fui pego pelo crime real." - Harry pensou contente, indo em direção a seu dormitório sob encalço de Hermione e Nevílle.

[ ... ]

Cem pontos perdidos para Sonserina, e cento e cinquenta perdidos para as outras três casas. Isto deixava a Grifinória em último lugar. Em uma noite, tinham estragado as chances de Grifinória conquistar a taça das casas. Harry teve a sensação de que o fundo do seu estômago se soltara.

Como iria poder compensar a perda? não queria uma casa inteira como inimiga.

Harry não dormiu a noite inteira. Ouviu Nevílle soluçar com a cara no travesseiro durante o que lhe pareceram horas. Harry não conseguia pensar em nenhuma palavra para consolá-lo. Sabia que Nevílle estava se tornando ainda mais corajoso, porém ter a chance de ser expulso amedrontava a qualquer um, principalmente a ele que sempre acreditou ser um aborto.

O que aconteceria quando o resto de Grifinória descobrisse o que tinham feito?

A princípio, os alunos de Grifinória que passavam pelas gigantescas ampulhetas que marcavam o placar das casas, no dia seguinte, acharam que tinha havido um engano. Como podiam de repente ter cento e cinquenta pontos menos do que no dia anterior?

E então a história começou a se espalhar. Harry Potter, o famoso Garoto-Que-Sobreviveu, seu herói dos jogos de Quadribol, membro divergente que era capaz de calcular pontos em todas as casas, fora o responsável pela perda de todos aqueles pontos, ele e mais uns dois panacas do primeiro ano.

Da posição de aluno mais popular e admirado na escola, Harry passou a demais odiado. Até os alunos da Corvinal e Lufa-Lufa se voltaram contra ele, porque todos desejavam há muito tempo ver a Sonserina perder a Taça das Casas. Para todo lado que Harry ia, as pessoas o apontavam e não se davam ao trabalho de baixar as vozes para xingá-lo. Os da Sonserina, por outro lado, batiam palmas quando ele passava, assobiavam e davam vivas, pois mesmo com a incompetência de Draco em perder cinquenta, Harry, Hermione e Nevílle agora eram intitulados pelos Sonserinos como o Trio de Ouro, os responsáveis pela vantagem da casa das cobras.

Harry estava tendo inimizade com três casas, e a única que deveria o hostilizar, agora estava o acolhendo mesmo que fosse de maneira sarcástica, tendo até os estudantes que iriam se formar tendo certa compaixão com o rapaz, puxando ele para sua roda de estudos dos futuros formandos de 1992.

Não queria problema com nenhuma delas, porém tinha de dar um jeito de recuperar tais pontos perdidos. 

Somente Hermione continuou do seu lado. Ron mal falava com Harry e se juntou a um novo grupinho de amigos fissurados em zoar o nome de Harry, o que para ele era bem bobo, mas que ele não gostou em nada de ver o rapaz sendo tão convencido e arrogante... mas os alunos mais velhos o ignorarem e parecerem realmente irritados é o que lhe afetava, Fred e George mal se importavam, só queriam ver o circo pegar fogo, Nevílle estava até bem, pois desde a briga que teve com Crabble e Goyle na arquibancada, eles vieram parar de atacá-lo.

- Eles vão esquecer dentro de umas semanas. Fred e George já perderam montes de pontos desde que chegaram aqui e as pessoas continuam a gostar deles. - Hermione dizia enquanto caminhava ao lado de Harry.

- Eles nunca perderam cento e cinquenta pontos de uma tacada, ou perderam? - Retrucou Harry, infeliz.

Tinha que bolar alguma coisa rápido, pois só após estudar alguns pergaminhos de Minerva, que ele descobriu que a contagem de pontos ou a taça das casas, não eram somente títulos figurativos, e sim honrarias dos formandos do ano letivo em questão, tendo uma indicação direta de Hogwarts quando for buscar emprego pela Dimensão Espelho do Reino da Inglaterra.

Algo que ele deixou em segundo caso para estudo, pois de curtos relances nos pergaminhos, conseguiu notar que ali citavam que todos estavam em uma espécie de dimensão alternativa separada do planeta terra, e não estando em uma área de terra oculta por barreiras magicas como Harry vinha pensando ser o caso.

- Bom... Não. - Admitiu ela. - Olhe, esqueça... todos podem estar te ignorando, mas eu continuo aqui e não vou sair, nunca. - Disse ela sorrindo, com o mesmo correspondendo a isso e dando um selinho em sua testa.

- Obrigado, Jean... é só que estar sendo ignorado e esse ar de raiva e frieza... me faz lembrar de meus parentes, e sei que não vem coisa boa se isso continuar. - Harry desabafou desarrumando o cabelo em exasperação.

- "Só espero que não continue muito, pois se chegarem ao ponto de agir como Valter e Petúnia, vou ter que responder como sempre fiz." - Pensou Harry tocando a bainha de sua espada e único meio de segurança que sempre teve contra agressões físicas.

[ ... ]

Era um pouco tarde para consertar o estrago, mas Harry jurou nunca mais se meter em coisas que não eram de sua conta. Bastava de espiar e espionar para saciar sua adrenalina. Sentia tanta vergonha que foi procurar Oliver para oferecer sua demissão do time de Quadribol.

- Se demitir? - Trovejou o capitão. - Que bem faria isso? Como vamos poder recuperar os pontos se não conseguirmos vencer no Quadribol? - Mas até mesmo o Quadribol perdera a graça. Metade do time não queria falar com Harry durante os treinos e quando precisavam se referir a ele chamavam-no de "o apanhador".

Apenas Katie Bell e outras duas de suas amigas que "consolavam" Harry, mas nem isso ajudava.

No caso de Oliver e os membros dos times de quadribol, pontos elevados e chances de ganhar a Taça da Casa, eram especificamente bem vistos aos olheiros de times profissionais, que visavam assistir aos jogos e estudarem os capitães e membros dos times, a se futuramente contratarem, um caso específico de por que Oliver estar tão irritado com Harry, desde que Quadribol profissional era seu sonho de profissão.

Hermione e Nevílle estavam sofrendo também. Não estavam eram hostilizados tanto quanto Harry, porque não eram tão conhecidos, mas ninguém falava com eles, tampouco. Hermione parara de chamar atenção nas aulas, mantinha a cabeça baixa e trabalhava em silêncio.

Harry quase se alegrava que os exames não estivessem muito distantes. Todas as revisões que precisava fazer o distraiam de sua infelicidade. Ele, Nevílle e Hermione ficavam sozinhos, trabalhavam até tarde da noite, tentando lembrar os ingredientes das complicadas poções, aprender os feitiços e encantamentos de cor, decorar as datas das descobertas mágicas e das revoltas dos duendes...

Então, uma semana antes de começarem os exames, a nova resolução de Harry de não se meter em nada que não fosse de sua conta, foi submetida a um teste inesperado. Ao voltar da biblioteca, sozinho certa noite, quando terminou seu serviço, ouviu alguém choramingando numa sala de aulas mais adiante. Ao se aproximar, ouviu a voz de Quirrell.

- Não... Não... Outra vez não, por favor... me mate. - Dizia o homem em pura lamúria dolorosa. - Mas não me faça continuar com isso, Dumbledore é muito poderoso, e aquele pirralho Potter parece ainda mais sádico que o Severus quando me olha.

Parecia que alguém o estava ameaçando. Harry se aproximou um pouco mais.

- Está bem... Está bem. - Ouviu Quirrell soluçar em derrota e pura dor. - Eu vou fazer o que manda, mas por favor, pare com a tortura. - Dizia o mesmo com a mão direita segurando firmemente a esquerda, na qual apontava uma varinha para sua própria testa com um feitiço vermelho sendo finalmente finalizado, assim o mesmo caindo em puros espasmos no chão.

Quirrell parecia ter finalmente cedido a algo, Harry até pensara em Snape, porém, não era Snape quem ameaçara Quirrell... era algo bem maior que o conhecimento atual do Potter. Mesmo acreditando ser uma mentira aquela voz sinistra na floresta, agora começava a notar bem que Quirrell parecia mais um escravo torturado, sem controle de seu próprio corpo, e isso deixou o mesmo com um gosto amargo na boca, como se não gostasse nada de ver isto.

Ficando assim o dia inteiro com uma face de pura preocupação e até raiva de não conseguir controlar sensação conflitantes que vinha sentindo pela primeira vez, seus olhos até mesmo reluziam em puro poder negro como o de um demônio que servira para no passado assustar a seu tio, mas que agora deixara alguns alunos amedrontados. 

[ ... ]

- Snape então conseguiu. - Exclamou Ron se intrometendo na conversa de Harry e Hermione. - Se Quirrell contou a ele como quebrar o feitiço. - Ele dizia como se nada nas últimas semanas tivesse ocorrido, e que ele não estava falando mal de Harry a todos a sua volta.

- Mas ainda temos o Fofo. - Lembrou Hermione ignorando o ruivo.

- Hermione, eu acalmei o cérbero com carinho... Acha mesmo que o cão impediria alguém de invadir, após tantos problemas que tiveram para entrar, devem ter descoberto alguma coisa.

- Aposto como tem um livro por aqui que ensina como se passar por um cachorrão de três cabeças. Então, o que vamos fazer Harry? - Ron indagou fazendo o Potter olhar a ele fixamente.

- Achei que não estava falando comigo. - Harry disse friamente, sob sorriso sem graça do ruivo.

- Desculpe, não sei o que deu em mim... Acho que cai na conversa de todos e me afastei... foi mal. - Ele disse, porém, Harry não se importara muito, pois sabia que, na verdade, eram os outros que estava caindo na conversa do ruivo, e caramba, irritava ele o fato de alguém que o mesmo começou a chamar de amigo, simplesmente virar as costas e até dizer aos outros que sempre teve medo da presença de Harry, tipo... ele era um monstro ou aberração? Pois se for isso, ele já sabia muito bem e havia aceitado faz tempo, mas que realmente incomodou ele um amigo deixar isso claro aos outros como se ele fosse algum tipo de assassino em série perto das crianças.

O brilho de aventura voltava a iluminar os olhos de Ron, mas Hermione respondeu, antes que Harry pudesse fazê-lo, visto que a mesma notou a patada que Harry daria ali na frente de todos, só podendo piorar sua imagem.

- Vamos procurar Dumbledore. Isto é o que deveríamos ter feito há séculos. Se tentarmos alguma coisa por conta própria, com certeza vamos ser expulsos.

- Mas não temos provas. - Disse Harry. - Vai exigir muita explicação e o porquê de estarmos nos metendo em coisa que não é da nossa conta.

Hermione pareceu convencida, pois sempre acreditou nas autoridades e realmente eles podiam cuidar de tudo, pelo menos acreditava ela, mas não Ron.

- Se déssemos só uma espiadinha...

- Não. - Respondeu Harry, decidido ao ruivo. - já demos muitas espiadinhas, não é problema nosso, Albus deve saber o que está fazendo, até porque ele é adulto, e convenhamos, só a presença dele aqui no castelo já é muita segurança contra Quirrell, ou seja, lá o que esteja controlando-o.

[ ... ]

Na manhã seguinte, Harry Hermione e Nevílle receberam bilhetes à mesa do café da manhã. Diziam o mesmo:

"Sua detenção começará às 23:00. Pode ter demorado, pois todos estivemos muito ocupados, mas não pensem que esqueci da aventura noturna de vocês.

Aguardem o Sr. Filch no saguão de entrada.

Professora Minerva."

No furor provocado pela perda de pontos, Harry esquecera que ainda tinham detenções a cumprir. Esperou que Hermione reclamasse que aquilo representava perder uma noite inteira de revisões, mas não disse uma palavra. Achava, como Harry, que teriam o que tinham merecido.

Às onze horas da noite eles se despediram de Ron na sala comunal, pelo menos Hermione se despediu, pois Harry estava mais focado em permanecer em total silêncio do que falar besteira, e desceram com Nevílle para o saguão de entrada. Filch já se encontrava lá com Malfoy. Harry esquecera que Malfoy pegara uma detenção também, até porque o menino tinha estado bem longe deles nas últimas semanas, castigado pelo que escutara de Severus, que mais agira como pai dele, do que o próprio Lúcius Malfoy, no qual somente servia para mimar o menino e agraciá-lo com tudo que for de sua vontade.

- Sigam-me. - Disse Filch, acendendo uma lanterna e levando-os para fora.

- Aposto que vão pensar duas vezes antes de desobedecer novamente ao regulamento da escola, não é mesmo? - Disse caçoando. - Ah, sim, trabalho pesado e dor são os melhores mestres, se querem saber. É uma pena que tenham suspendido os castigos antigos, pendurar o aluno no teto pelos pulsos durante alguns dias, ainda tenho as correntes na minha sala, conservo-as azeitadas para o caso de precisarem. Muito bem, lá vamos nós, e nem pensem em fugir agora, será pior para vocês se fizerem isso.

Eles caminharam pela propriedade às escuras. Nevílle não parava de fungar. Harry ficou imaginando qual seria o castigo.

Devia ser alguma coisa realmente horrível, ou Filch não pareceria tão contente.

A lua brilhava, mas as nuvens que passavam por ela lançavam-nos na escuridão escondendo as belas estrelas que se apresentavam no céu, muito diferente do que os No-mag eram capazes de ver. À frente, Harry via as janelas iluminadas da cabana de Hagrid. Então, ouviram um grito distante.

- É você, Filch? Ande logo, quero começar de uma vez.

O ânimo de Harry melhorou, se eles iam trabalhar com Hagrid então não seria tão ruim. Seu alívio deve ter transparecido no rosto, porque Filch falou:

- Acho que você está pensando que vai se divertir com aquele panaca? Pois pode pensar outra vez, menino. É para a floresta proibida que você vai e está muito enganado se vai ser capaz voltar inteiro. - Ao ouvir isso, Nevílle deixou escapar um gemido e Malfoy ficou paralisado.

- A floresta? - Repetiu Malfoy, enfim mostrando medo. - Não podemos entrar lá à noite... Tem todo tipo de coisa lá... Lobisomens, ouvi falar. - Seu pai dissera muitas coisas em vida, mas uma coisa era fato, não entre na floresta, diferente de muito tempo no passado, outrora um paraíso para os estudantes, atualmente era lar das criaturas mais perigosas do mundo, e até ele não era burro de entrar no reino dessas criaturas quando o mesmo era tão preconceituoso para com suas espécies.

Nevílle agarrou a manga das vestes de Harry e pareceu se engasgar, com Harry puxando o lado esquerdo de sua capa de invisibilidade, que do lado oposto era bem bonita com símbolos das relíquias da morte, e que servia bem para cobrir o menino, desde que seu lado direto já acolhia e protegia Hermione.

- Isto é o que pensa, não é? - Disse Filch, a voz esganiçando-se de satisfação. - Devia ter pensado nos lobisomens antes de se meterem em encrencas, não acha? Pois a muito mais que lobisomens ali dentro.

Hagrid saiu do escuro caminhando em direção a eles, com Canino nos calcanhares. Carregava um grande arco e uma aljava com flechas de prata pura pendurada ao ombro.

- Até que enfim. Já estou esperando há meia hora. Tudo bem, Harry, Hermione?

- Eu não seria tão simpático com eles, Hagrid. - Disse Filch com frieza. - Afinal eles estão aqui para serem castigados.

- E por isso que você está atrasado, não é? - Disse Hagrid, amarrando a cara. - Andou passando carão neles, não é? Isso não é sua função. Você fez a sua parte, eu pego daqui para frente.

- Volto ao amanhecer para recolher o que sobrar deles. - Disse Filch maldoso, deu meia-volta e retornou ao castelo, balançando a lanterna na escuridão.

Malfoy virou-se então para Hagrid:

- Não vou entrar nessa floresta. - Disse, e Harry ficou contente de ouvir a nota de pânico em sua voz.

- Vai, sim, se quiser continuar em Hogwarts. - Disse Hagrid com ferocidade. - Você agiu mal e agora tem de pagar pelo que fez.

- Mas isso é coisa para empregados e não para estudantes. Achei que íamos fazer uma cópia ou outra coisa do gênero, se meu pai souber que eu estou fazendo isso, ele...

- ... Lhe dirá que em Hogwarts é assim. Ele mesmo já foi bem castigado no passado com seus coleguinhas. - Rosnou Hagrid. - Fazer cópia! Para que serve? Você vai fazer uma coisa útil ou vai sair da escola. E se pensa que seu pai vai preferir que você seja expulso, então volte para o castelo e faça suas malas. Vamos!

Malfoy não se mexeu. Encarou Hagrid furioso e em seguida baixou os olhos.

- Muito bem, então. - Disse Hagrid. - Agora prestem atenção, porque é perigoso o que vamos fazer hoje à noite e não quero ninguém se arriscando à toa. Venham até aqui comigo. - Ele os conduziu à orla da floresta. Erguendo a lanterna bem alto, apontou para uma trilha serpeante de terra batida que desaparecia por entre árvores escuras. Uma brisa leve levantou os cabelos dos meninos, quando eles se viraram para a floresta.

- Olhem ali, estão vendo aquela coisa brilhando no chão? Prateada? Aquilo é sangue de unicórnio. Tem um unicórnio ali que foi ferido gravemente por alguma coisa. É a segunda vez esta semana. Por sorte não teve nenhum morto, mas extremamente ferido. Vamos tentar encontrar o pobrezinho. Talvez a gente precise pôr fim ao sofrimento dele.

- E se a coisa que feriu o unicórnio nos encontrar primeiro? - Perguntou Malfoy, incapaz de conter o medo na voz.

- Não há nenhuma criatura viva na floresta que vá machucá-lo se você estiver comigo e com o Canino, não com a mãe dele sendo a fofa que é, e o que representa nessa floresta. E siga a trilha, nunca saiam dela ou no mínimo nunca se distanciem muito. Muito bem, agora, vamos nos separar em dois grupos e seguir a trilha em direções opostas. Tem sangue por toda parte, ele deve estar cambaleando pelo menos desde a noite passada. - Disse Hagrid, por pura hipocrisia na visão de Harry, já que se ele era a segurança, porque os estava dividindo.

- Eu quero Canino. - Disse Malfoy depressa, olhando para as presas de Canino.

- Muito bem, mas vou-lhe avisando, ele é covarde. Então eu, Harry e Hermione vamos por aqui e Draco, Nevílle e Canino por ali. Agora, se algum de nós achar o unicórnio, disparamos centelhas verdes para o alto, certo? Peguem as varinhas e comecem a praticar agora, assim. E se alguém se enrolar, dispare centelhas vermelhas, e vamos todos o procurar, então, cuidado. Vamos. - Disse o mesmo sem os outros ao menos contestarem que Hagrid acabara de utilizar um feitiço vindo de seu guarda-chuva.

A floresta estava escura e silenciosa. Entrando por ela, chegaram a uma bifurcação, e Harry, Hermione e Hagrid tomaram o caminho da esquerda enquanto Malfoy, Nevílle e Canino tomaram o da direita.

Caminharam em silêncio, com os olhos no chão. Aqui e ali um raio de luar penetrava por entre os galhos e iluminava uma mancha de sangue prateado nas folhas caídas.

Harry viu de longe que Nevílle parecia muito preocupado. Só para assim eles se distanciarem ainda mais.

- É possível um lobisomem estar matando os unicórnios? - Perguntou Harry ao guarda caça. - E na realidade existem lobisomens aqui?

- Não com essa rapidez, não é fácil matar um unicórnio, eles são criaturas mágicas poderosas. Nunca soube de nenhum ter sido ferido antes. - Hagrid disse com um riso. - E sim, a bem mais do que lobisomens aqui, diferente de todas as outras sociedades magicas, aqui é o epicentro da magia, a primeira dimensão espelho criada e em tal magnitude, pode até ser corrompida pelo governo, mas na Era de Ouro foi o reino das bestas e até hoje é o único lugar que a política e governo não são capazes de pôr suas regras e corrupções, é... Hogwarts é bem mais incrível do que só um castelo mágico, o lago negro, a floresta ou Hogsmeade. Tudo, desde o que você pisa, até o que você respira, tudo no horizonte de eventos que ocorre desde a entrada no PUB Caldeirão Furado, até o limite das alas espelhadas, tudo é a Dimensão Espelho Magica do Reino da Inglaterra... mas não importa no momento, é algo que irão estudar só no futuro.

Passaram por um toco de árvore coberto de musgo. Hermione ouviu água correndo, devia haver um riacho por perto. Ainda viam manchas de sangue de unicórnio aqui e ali pela trilha serpeante.

- Você está bem, Hermione? - Sussurrou Hagrid. - Não se preocupe, ele não pode ter ido longe se está tão ferido e então poderemos... PARA TRÁS DAQUELA ÁRVORE! - Hagrid agarrou Harry e Hermione e guindou-os para fora da trilha e para trás de um enorme carvalho. Puxou uma flecha e encaixou-a no arco, e ergueu-o, pronto para atirar. Os três apuraram os ouvidos. Alguma coisa deslizava pelas folhas mortas ali perto, parecia uma capa arrastando no chão. Hagrid apertava os olhos para enxergar a trilha escura à frente, mas, passados alguns segundos, o ruído desapareceu. - Eu sabia! - Murmurou ele parecendo um caçador profissional e perigoso com toda essa força física e estatura, fazendo Harry o olhar com outra visão do bondoso e gentil amigo que ele fez. - Tem alguma coisa aqui que está fora de lugar.

- Um lobisomem? - Sugeriu Harry, eufórico em saber se iriam apresentar olhos amarelos, azuis ou vermelho.

- Isso não era um lobisomem e tão pouco um unicórnio. - Disse Hagrid sério, como se farejasse o ar e sentisse algo distante, feito a audição de Harry que captava algo rastejando longe deles. - Muito bem, me sigam, mas tenham cuidado.

Continuaram a caminhar mais devagar, e com o passar dos minutos em puro silêncio com somente o som da floresta, Harry sorrira consigo mesmo e começou a recitar macabramente com uma voz que ecoava pela floresta:

1... 2... Não olhe para trás...

3... 4... Correr não adianta mais...

5... 6... Chegou a sua vez...

7, 8, 9, 10... ELE VAI PUXAR SEUS PÉS!

- Finalizou Harry engrossando sua voz e seus olhos se tornando puro poder obscuro com a pupila reluzindo em um verde-esmeralda, na qual ele olhou para Hermione e deixou ela em choque.

- AAAHHHH! - Hermione gritou chutando Harry nas bolas, com ele caindo de joelhos no solo.

- É zueira! É zueira. - Gritou Harry rolando nas folhas segurando suas partes íntimas. - Aí meu saco.

- Hehehe, castigo para besta é pouco. - Hagrid disse com graça. - Igualzinho Lily aterrorizando James, só falta casarem. - Finalizou com Hermione corando e indo ajudar seu amigo.

E assim quando tudo novamente se acalmara, escutaram ruídos atrás das árvores, ambos olharam para Harry, mas até ele estava focado dando a entender que não era ele, alguma coisa na clareira adiante, alguma coisa sem dúvida se mexia e Harry percebia que vinha muito rápido e de tão distante.

- Quem está aí? - Chamou Hagrid. - Apareça. Estou armado! - E na clareira apareceu um vulto: era um homem, ou um cavalo? Até a cintura, um homem, com cabelos e barba ruiva, mas da cintura para baixo era um luzidio cavalo castanho com uma cauda longa e avermelhada. Os queixos de Harry e Hermione caíram.

- Ah! É você, Ronan. - Exclamou Hagrid aliviado. - Como vai?

Ele se adiantou e apertou a mão do centauro.

- Boa noite para você, Hagrid - Disse Ronan. Tinha uma voz grave e triste. - Você ia atirar em mim?

- Cautela nunca é demais, Ronan. - Disse Hagrid, dando uma palmadinha em sua besta. - Tem alguma coisa à solta nesta floresta. Ah, sim, estes são Harry Potter e Hermione Granger. Alunos lá da escola. E este é Ronan. É um centauro.

- Já percebi. - Disse Hermione com a voz fraca.

- Boa noite... - Cumprimentou Ronan. - São alunos, é? E aprendem muita coisa na escola?

- Hmm... - Harry murmurou. - Se for útil, sim.

- Um pouquinho. - Respondeu Hermione tímida.

- Um pouquinho. Bom, já é alguma coisa. - Suspirou Ronan. Depois, jogou a cabeça para trás e contemplou o céu.

- Marte está brilhante hoje.

- É… - Disse Hagrid, mirando o céu também, como se buscasse Marte que os centauros eram tão capazes de vislumbrar. - Olhe, foi bom termos nos encontrado, Ronan, porque tem um unicórnio ferido. Você viu alguma coisa?

Ronan não respondeu imediatamente. Continuou a olhar para o alto sem piscar e então suspirou outra vez:

- Os inocentes são sempre as primeiras vítimas. Foi assim no passado, é assim agora.

- É, mas você viu alguma coisa, Ronan? Alguma coisa anormal?

- Marte está brilhante hoje. - Repetiu Ronan enquanto Hagrid o observava impaciente. - Um brilho anormal, como se aguardasse uma grande mudança.

- Sim, mas estou me referindo a alguma coisa mais perto da terra e de nosso reino. Você não notou nada estranho?

Mais uma vez, Ronan levou algum tempo para responder. Por fim disse:

- A floresta esconde muitos segredos.

Um movimento nas árvores atrás de Ronan fez Hagrid erguer a besta outra vez numa velocidade e mira incríveis que cativava cada vez mais Harry, mas era apenas um segundo centauro, de cabelos e corpo negros e de aspecto mais selvagem do que Ronan.

- Olá, Agouro. - Cumprimentou Hagrid. - Tudo bem?

- Boa noite, Hagrid, você vai bem, espero.

- Bastante bem. Olhe, eu estava mesmo perguntando a Ronan, você viu alguma coisa estranha por aqui ultimamente? É que um unicórnio foi ferido. Você sabe alguma coisa?

Agouro foi se postar ao lado de Ronan. Olhou para o céu.

- Marte está brilhante hoje. - Disse simplesmente.

- Já sabemos. - Respondeu Hagrid agastado. - Bom, se um de vocês vir alguma coisa, me avise, por favor. Vamos indo, então.

Harry e Hermione saíram com ele dá clareira, espiando Ronan e Agouro por cima dos ombros até as árvores tamparem sua visão.

Pouco assim notando o olhar de ambos os centauros fissurados no céu, e logo um sorriso surgir em suas faces quando viram o trio se distanciar, principalmente o garoto Potter que mal compreendia sua existência o que ela representava quando entrou na Dimensão Espelho.

- O Rei está enfim voltando. - Ambos ditaram em sussurro, encarando a Marte. - Logo teremos nosso lar de volta.

- Nunca... - Disse Hagrid irritado. - Tentem obter uma resposta direta de um centauro. Vivem contemplando as estrelas. Não estão interessados em nada que esteja mais perto do que a lua, em específicos fissurados em Marte como se fosse possível tal local ser um lar para todas as criaturas mágicas.

- E têm muitos deles aqui? - Hermione indagou.

- Ah, um bom número, não sei exatamente, pois a floresta pode ser imensa... Vivem isolados na maior parte do tempo, mas tem a bondade de aparecer quando preciso dar uma palavrinha. São inteligentes, veja bem, os centauros... sabem das coisas além do que outras criaturas compreendem... só não falam muito.

- Você acha que foi um centauro que ouvimos antes? - Indagou Harry.

- Você achou que era barulho de cascos? – Sabendo que Harry tinha uma audição anormal que chamara muito atenção do guarda-caça. - Não, se quer saber, aquilo é o que anda matando os unicórnios. Nunca ouvi nada parecido antes, mas as pegadas eram bem naturais para um feiticeiro e não criatura.

E continuaram a caminhar pela floresta densa e escura. Hermione não parava de espiar, nervosa, por cima do ombro. Tinha a sensação ruim de que alguém os observava. Estava contente que tivessem Hagrid e seu arco com eles, junto a Harry e sua katana. Acabavam de passar uma curva na trilha quando Hermione agarrou o braço de Hagrid.

- Rubeus! Olhe! centelhas vermelhas, os outros estão em apuros. - Apontou a mesma para o céu em que as faíscas subiam e assim desciam.

- Vocês dois esperem aqui! - Gritou Hagrid. - Fiquem na trilha, volto para apanhá-los.

Eles o ouviram romper o mato numa velocidade absurda para alguém grande como ele, e ficaram parados se entreolhando, muito assustados, até não conseguirem ouvir mais nada a volta exceto o farfalhar das árvores.

- Você acha que eles estão machucados? - Sussurrou Hermione.

- Espero que não... É culpa minha que Nevílle esteja aqui.

- Não foi sua culpa, Harry. - Hermione explicou agarrando um dos braços dele em busca de proteção.

Os minutos se arrastaram. Seus ouvidos pareciam mais aguçados do que o normal. Harry parecia estar registrando cada suspiro do vento, cada graveto que quebrava. O que estava acontecendo? Onde estavam os outros?

Finalmente, um grande barulho de galho partido anunciou a volta de Hagrid. Malfoy, Nevílle e Canino o acompanhavam.

Hagrid vinha danado da vida. Malfoy, ao que parecia, agarrara Nevílle por trás para lhe dar um susto, Nevílle se assustara e mandara o sinal.

- Teremos sorte se apanharmos alguma coisa agora, com a barulheira que vocês aprontaram e o sinal no céu. Muito bem, vamos trocar os grupos: Nevílle, você e Hermione ficam comigo, Harry, você com o Canino e esse idiota. Sinto muito - Acrescentou Hagrid para Harry num cochicho. - Mas vai ser difícil ele assustar você e precisamos acabar o nosso serviço antes das 03:00, esse horário nunca é bom de se estar andando por aí, principalmente em um lugar tão magico e saturado de entidades distintas.

Então Harry entrou pelo coração da floresta com Malfoy e Canino. Andaram quase meia hora, embrenhando-se cada vez mais, até que a trilha se tornou impraticável, pois as árvores cresciam demasiado juntas. Havia salpicos nas raízes de uma árvore, como se o pobre bicho tivesse se debatido de dor por ali.

Harry viu uma clareira adiante, através dos galhos emaranhados de um velho carvalho.

- Olhe... - Murmurou, erguendo o braço para deter Malfoy. - Alguma coisa muito branca brilhava no chão. Eles se aproximaram aos poucos.

Era o unicórnio, sim, e estava morto. Harry nunca vira nada tão bonito, nem tão triste. As pernas longas e finas estavam esticadas em ângulos estranhos onde ele caíra e sua crina espalhava-se sobre as folhas escuras.

Harry dera um passo à frente, mas um som de algo que deslizava a uma velocidade alucinante, o fez congelar onde estava. Uma moita na orla da clareira estremeceu... Então, do meio das sombras saiu um vulto encapuzado que se arrastava pelo chão feito um réptil à caça. Harry, Malfoy e Canino ficaram paralisados. O vulto encapuzado aproximou-se do unicórnio, abaixou a cabeça sobre ferimento no flanco do animal e começou a beber o seu sangue feito um vampiro brutal e angustiado sedento por sangue após um grande período de seca.

- AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAH! - Malfoy soltou um grito terrível e fugiu, seguido por Canino. A figura encapuzada ergueu a cabeça e olhou diretamente para Harry. O sangue do unicórnio escorrendo pelo peito. Ficou de pé e avançou rápido para o Potter.

Então uma dor, como ele nunca sentira antes, varou sua testa, como se a sua cicatriz estivesse em chamas, como se algo quisesse sair a força, rasgando toda a cicatriz e voar contra a entidade maldita ali na floresta, ele forçou sua perna direita atrás para forçar equilíbrio, e com a katana sendo desembainhada, um corte horizontal foi feito.

Era notável que ferira a criatura que avançara, pois ela recuara com muito, mas muito sangue caindo na terra e um grito estridente de horror e surpresa, como se duas entidades tivessem reações únicas. Ouviu cascos as suas costas, galopando, e aí alguma coisa saltou por cima dele, e atacou o vulto.

A dor na cabeça de Harry foi tão forte que ele caiu de joelhos.

Levou uns dois minutos para passar. Quando ergueu os olhos, o vulto desaparecera. Um centauro avultava-se sobre ele, mas não era Ronan nem Agouro, este parecia mais novo, tinha cabelos louros prateados. Teve sorte de algo ter se intrometido, pois quando caiu de joelhos com a dor na cabeça, com certeza teria estado vulnerável contra a criatura inimiga.

- Você está bem? - Perguntou o centauro, ajudando Harry a se levantar.

- Posso fazer isso a noite toda. - Harry riu quando limpou sua cicatriz e percebeu que ela sangrava algo negro. - Eu o cortei... - Harry indicou o rastro de uma abundância de sangue no solo que criava uma trilha. - O que foi aquilo?

O centauro não respondeu. Tinha espantosos olhos azuis, como safiras muito claras. Mirou Harry com atenção, demorando o olhar na cicatriz que se sobressaia, lívida, em sua testa. E principalmente parecia estudar algo ainda mais oculto, assim dando um mínimo sorriso.

- Você é o menino Potter. É melhor voltar para a companhia de Hagrid. A floresta não é segura há estas horas, principalmente para você. Sabe montar? Será mais rápido. Meu nome é Firenze. - Acrescentou ao dobrar as patas dianteiras para Harry poder subir no seu lombo.

Ouviram repentinamente o ruído de galopes vindo do outro lado da clareira. Ronan e Agouro irromperam do meio das árvores, os flancos arfantes e suados.

Firenze! - Agouro trovejou. - O que você está fazendo? Está querendo carregar um humano! Não tem vergonha? Você é uma mula?

- Você sabe quem ele é? - Retrucou Firenze. - É o menino Potter. Quanto mais rápido ele sair da floresta, melhor.

- O que você andou contando a ele? - Rosnou Agouro. - Lembre-se, Firenze, juramos nunca nos indispor com os céus. Você não leu o que vai acontecer nos movimentos dos planetas?

Ronan pateou o chão, nervoso.

- Tenho certeza de que Firenze achou que estava fazendo o melhor. - Falou Harry em um tom sombrio onde via o sangue pingar de sua lâmina.

Agouro escoiceou com raiva:

- Fazendo o melhor! O que tem isso a ver conosco? Os centauros se preocupam com o previsto! Não é nossa função ficar correndo por aí como jumentos recolhendo humanos perdidos na nossa floresta.

Firenze de repente empinou-se nas patas traseiras com raiva, de modo que Harry teve de se agarrar nos seus ombros para não cair.

- Você não viu o unicórnio. - Firenze berrou para Agouro. - Você não percebe por que foi morto? Ou será que os planetas não lhe contaram esse segredo? Tomei posição contra o que está rondando a floresta, Agouro, tomei, sim, ao lado dos feiticeiros se for preciso.

Harry, que se lembrara do unicórnio ali, rapidamente pulara de cima de Firenze e se ajoelhara diante da linda e pura criatura, pois seus ouvidos aguçados realmente captaram algo fraco, mas algo presente.

Ele tocara no sangue que jorrava de uma mordida em seu pescoço que dilacerara a região, o sangue estava quente... e Harry teve uma mínima impressão de pulsação, igual a de quando cuidara de um cavalo machucado do zoológico.

O trio de centauros encarava a ele com curiosidade, e Harry mal notara, mas sentia que devia fazer algo.

Seu braço queimava como na noite em que se relacionara com Rita Skeeter, e na manhã quente que tivera com outras duas mulheres, porém diferente daquela vez, algo dentro de si o fazia sentir raiva, ódio, e amargura pela brutalidade contra um animal tão belo e puro.

E com isso, Harry enfim puxou com a mão esquerda, a Varinha do Destino ligada por magia em seu braço.

Vulnerar Sanentur... - A voz de Harry era agora calma, sua varinha brilhava como se uma magia avermelhada condensada, se espalhava pela mão e braço que a empunhava.

Vulnerar Sanentur... - Harry continuará a ditar, onde sentia o ritmo acelerado do coração da criatura que até instantes atrás se encontrava parado.

Vulnerar Sanentur... - Dessa vez o sangue da criatura espalhado por todo o local, visara retornar a seu ponto de origem, era prateado, e a criatura parecia convulsionar sob carinho do Potter que parecia tentar acalmá-la.

Vulnerar Sanentur... - Ditando pela quarta vez, Harry sentiu um grande peso sair de suas costas. Era como se permanecer sem usar a varinha do destino fosse algo negativo, e quando a usava, todos os males e negativismo iam em bora com uma carga extremamente poderosa de magia.

Vulnerar Sanentur Máxima. - Sendo por fim agora a última conjuração de magia... Harry enfim pode ver a ferida grave da criatura, ser convertida numa cicatrização que se fechara completamente, deixando somente a área em questão sem pelos.

Ela estava respirando descompassadamente, e Harry acariciava suas orelhas de forma calma, que a mantivesse parada.

- Está tudo bem... não tem mais perigo. - Harry disse com a criatura olhando para sua katana, na qual vira o sangue pingando da besta que a atacara e tentara atacar a Harry.

Harry, que se levantara, ajudou imediatamente o unicórnio a não cair com a fraqueza eminente sobre ela.

A soltando calmamente, ela realizara uma espécie de reverência com a nuca a mostra ao Potter, isso Harry rapidamente entendera que era um sinal de agradecimento e confiança onde enfim ela saíra de lá rapidamente.

Ronan e Agouro encaravam a Harry estranhamente e Firenze virou-se depressa para partir, com Harry subindo nele agarrando-se o melhor que podia para não cair, eles mergulharam entre as árvores, deixando Ronan e Agouro para trás.

Harry não fazia a menor ideia do que estava acontecendo.

- Por que Agouro está tão zangado? O que era aquela coisa que cortei de que você me livrou?

Firenze abrandou a marcha, alertou Harry para manter a cabeça abaixada a fim de evitar os galhos baixos, mas não respondeu à pergunta. Continuaram por entre as árvores em silêncio por tanto tempo que Harry achou que Firenze não queria mais falar com ele.

Estavam passando por um trecho particularmente denso da floresta, quando Firenze parou de repente.

- Harry Potter, você sabe para que se usa o sangue de unicórnio?

- Não. - Disse Harry surpreendido pela estranha pergunta. - Só usamos o chifre e a cauda na aula de Poções. - Ele continuou olhando para sua mão que detinha de sangue prateado do unicórnio.

- Porque é uma coisa monstruosa matar um unicórnio. Só alguém que não tem nada a perder e tudo a ganhar cometeria um crime desses. O sangue do unicórnio mantém a pessoa viva, mesmo quando ela está à beira da morte, mas a um preço terrível. Ela matou algo tão puro e indefeso para se salvar e só terá uma semivida, uma vida amaldiçoada, do momento que o sangue lhe tocar os lábios.

- Mas quem estaria tão desesperado? - Pensou em voz alta. - Se a pessoa vai ser amaldiçoada para sempre, é preferível morrer, não é?

- É. - Concordou Firenze. - Exceto se ela precise se manter viva o tempo suficiente para beber outra coisa, algo que vai lhe devolver a força e o poder totais, algo que significa que jamais poderá morrer. Sr. Potter, o senhor sabe o que está escondido na sua escola neste momento?

- A Pedra Filosofal! É claro, o elixir da vida. Mas não percebo quem... - Harry dizia para só assim ser interrompido.

- Não consegue pensar em ninguém que tenha esperado muitos anos para retomar ao poder, que se apegou à vida com tanto medo da morte, esperando uma chance?

Foi como se uma com firmeza de repente apertasse o coração de Harry. Acima do farfalhar das árvores, ele parecia ouvir mais uma vez o que Hagrid lhe contara na noite que se conheceram:

"Uns dizem que ele morreu. Bobagem, na minha opinião. Não sei se ele ainda teria bastante humanidade para morrer."

- Você está dizendo… - Harry falou rouco. - Que o responsável por matar os meus pais, a criatura que me atacou, e que consegui ferir essa noite... Era realmente o Vol…

- Harry! Harry, você está bem? - Hermione vinha correndo desesperada ao encontro deles pela trilha, Hagrid a acompanhava arfando.

- Estou bem... - Disse Harry, sem nem saber o que estava dizendo. - Mas diga, Firenze... o unicórnio que curei. Voldemort não irá atrás dele como agora a pouco, ou vai? - Harry indagou para susto de todos ali, que não acreditavam no que ouvia.

- Felizmente não... agora que você feriu novamente o Lorde das Trevas, ele se encontrará ainda mais fraco do que já tem estado desde sua queda década atrás, tudo que ele trabalhou para se fortificar até o momento, foi novamente colapsado pela sua presença, o sangue em sua ferida que foi causado por sua lâmina, agora está predominado por toda a floresta e todos irão rastreá-lo... Não há uma criatura que não o tentaria atacá-lo em tal estado de fragilidade. Agouro e Ronan escoltarão o unicórnio... não há com o que se preocupar. - Firenze explicava a tudo enquanto baixava o olhar para o Potter. - Você ressuscitou um unicórnio que já estava morto, Sr. Potter... se orgulhe disso, pois a varinha que conjurou tal, é algo tão poderoso que nem mesmo o conhecimento de uma legião de centauros poderia compreender. - Ele continuou com Harry rapidamente a guardando em seu braço direito, onde se situava o cordão magico que a mantinha presa.

- E é aqui que eu o deixo. - Murmurou Firenze vendo o guarda-caça sorrir a ele. - Está seguro agora.

- Boa sorte, Harry Potter. - Disse Firenze. - Os planetas já foram mal interpretados antes, até mesmo pelos centauros. Espero que seja o que está ocorrendo agora. Você é a mudança que todos esperavam... o eleito e responsável por manter a esperança tanto do mundo bruxo, quanto do mundo No-Maj. - Virou-se e entrou a trote pela floresta, deixando para trás um Harry cheio de tremores com tais palavras e responsabilidades.

Ninguém ali sabia ao que dizer, viam nas mãos de Harry o sangue prateado de Unicórnio, e na lâmina dele sangue de alguma criatura.

Mal sabia ao que fazia, porém, Harry puxara dois frascos que sempre carregava no blazer, no primeiro permitiu o sangue de unicórnio escorrer de sua mão ao frasco com uma magia fraca.

O mesmo fizera com sua lâmina, na qual detinha de mais sangue que enchera meio frasco.

- Harry... que história é essa de Você-Sabe-Quem? - Hagrid indagou com estranheza e descrença.

- Voldemort atacou a mim e ao Malfoy antes dele sumir. Eu o cortei... então acho que pode ser importante guardar o sangue dele, certo? - Harry indagou por fim fechando os fracos com magia e embainhando sua lâmina.

Cada um dali mostrava desconforto para com esse nome, e mal sabiam ao que debater. Nisso, enfim eles terminaram suas tarefas na floresta desde que Hagrid afirmou que iria estar a par de como Harry salvou um unicórnio.

[ ... ]

Ron adormecera no salão comunal às escuras, esperando os amigos voltarem. Gritou alguma coisa sobre faltas no Quadribol, quando Hermione o sacudiu com força para acordá-lo. Em questão de segundos, porém, seus olhos se arregalaram quando Harry começou entrar no seu estado de raciocínio murmurante, onde permanecia murmurando a tudo que aconteceu tentando em si buscar uma resposta logica.

Harry nem conseguia se sentar. Andava para cima e para baixo na frente da lareira. Continuava a tremer.

Quirrell quer a pedra para Voldemort... E todo esse tempo pensavam que Snape era quem queria isso. Porém, é Quirrell quem sempre fala sozinho, quem sempre parece estar recebendo ordens e sendo principalmente torturado...

- Pare de repetir esse nome! - Disse Ron num sussurro de terror como se Voldemort pudesse ouvi-los.

Harry nem o escutou:

- Firenze me salvou no mesmo momento que o cortei, mas não devia ter feito isso. Agouro ficou furioso... Falou de interferência naquilo que os planetas anunciaram que ia acontecer. Eles devem estar indicando que Voldemort vai voltar e que o fato de eu ter interferido acarretou alguma mudança drástica. Agouro acha que Firenze devia ter deixado Voldemort me matar por alguma razão distinta. Imagino que isso também esteja escrito nas estrelas.

- Quer parar de dizer esse nome! - Sibilou Ron.

Hermione parecia muito assustada, mas teve uma palavra de consolo:

- Harry, todo mundo diz que Dumbledore é a única pessoa de quem Você-Sabe-Quem já teve medo. Com Dumbledore por perto, Você-Sabe-Quem não vai tocar em você. Em todo o caso, quem disse que os centauros têm razão? Isso está me parecendo adivinhação, e a Professora Minerva diz que adivinhar o futuro é um ramo muito inexato da magia.

O céu havia clareado antes de terminarem de conversar. Foram se deitar exaustos, com as gargantas ardendo. Mas as surpresas da noite não tinham terminado.

Quando Harry chegou na primeira aula do dia, descobrira que Quirrell pedira licença por ter se ferido noite passada... Isso só assustou ainda mais a Harry, pois dava mais provas de que era verdadeiramente o professor a qual ele mutilou. Com seus pensamentos somente ligando a uma coisa:

O que Quirrell escondia no turbante, era nada mais nada menos que a face de Voldemort. E segundo os livros que vinha checando, de alguma forma o professor estava possuído por uma forte magia obscura, ou até uma derivação da Legilimência que o autor do livro tanto se mostrava proficiente ao ponto de burlar até mesmo o Veritaserum.

Por isso, quando cortara a criatura que o atacara noite passada, ela parecia andar com os pés virados para trás, feito a criatura brasileira, curupira.

Se estivesse certo, era Voldemort a todo momento, seja quando as aulas começaram, no jogo de Quadribol, quando nas festas os gêmeos Weasley tacaram bolas de neve enfeitiçadas na nuca do professor, e até mesmo na noite passada.

Sempre foi Voldemort, não um feiticeiro das trevas tentando acender ao poder, mas sim um Lorde das Trevas caído buscando de volta seu apogeu, não eram mais hipóteses e opiniões, eram fatos que ele tinha em mãos, não tinham como impedir sua invasão, pois ele já estava infiltrado, e agora ninguém sabia sobre sua localização.

A mente de Harry girava a mil, que pouco ligara quando Grifinória recebeu cento e cinquenta pontos devido ao Potter usar de um feitiço de cura extremamente avançado em um unicórnio na floresta proibida, e de extra cento e cinquenta pontos as outras três casas.

Não os colocavam na frente, mas já fazia a todos esquecerem dos problemas, e visarem teorizar sobre como um primeiranista foi capaz de curar um unicórnio gravemente ferido que nas palavras de Hagrid, estava morto e foi reanimado pela magia de Harry.

Sendo Harry o único ocupado nos livros, em ideias, planejamentos, treinamentos mentais e tudo que pudesse utilizar quando colocara na cabeça que iria ler todos os livros da biblioteca de Hogwarts e sua Seção Restrita, não seria mais pego de surpresa por inimigos e ficar tão vulnerável, começando tudo com o primeiro livro que vinha se interessado realmente, o livro que estava agora em mãos sob olhar estranho do diretor que o assistia ler fervorosamente algo a distância:

"A Arte da Expansão de Domínio. - Tom Marvolo Riddle."

E com isso dou fim a mais um capítulo da Changed Prophecy.

Espero que estejam gostando do raciocínio de Harry, de como a Varinha do Destino atua quando Harry não a usa, como atua quando ele a usa.

Como uma magia de curar feridas graves, causa um efeito extremamente alto ao ser utilizada por tal varinha.

Pois convenhamos, é a Varinha do Destino e mãe da Varinha das Varinhas.

Feita com lagrimas da própria morte. Mostrei também que Harry não tem uma katana só de enfeite, ele sabe a usar muito bem, só ainda não teve a oportunidade de mostrar suas habilidades mestres na arte marcial e no Kenjutsu.

Esse lance de Legilimência e Oclumência também será importante, pois possessão é algo raro no mundo bruxo, e a mente de Harry está de portas abertas para seu inimigo número 1 descobrir que pode afetá-lo diretamente sem ninguém poder fazer nada.

Agora peço: Mandem ideias de defesas mentais para o Harry.

Estou precisando de defesas simples para um primeiranista que nunca se aprofundou nessa área, porém, também uma defesa mental complexa ao raciocínio dos bruxos, de preferência coisas relacionadas ao No-Maj, pois bruxos tem conhecimentos ínfimos da tecnologia e coisas que rondam os No-Maj.

Assim, o valor da defesa de Harry não será o poder imposto, mas sim a complexidade de como tudo é oculto.