O Natal se aproximava. Certa manhã em meados de dezembro, Hogwarts acordou coberta com mais de um metro de neve. O lago congelou e os gêmeos Weasley receberam castigo por enfeitiçarem várias bolas de neve, fazendo-as seguir Quirrell aonde ele ia, que quicavam na parte de trás do seu turbante. As poucas corujas que conseguiam se orientar no céu tempestuoso para entregar correspondência, tinham de ser tratadas por Hagrid para recuperar a saúde antes de voltarem a voar.
Todos mal aguentavam esperar as férias de Natal. E embora a sala comunal da Grifinória e o salão principal tivessem grandes fogos nas lareiras, os corredores varridos por correntes de ar tinham se tornado gélidos e um vento cortante sacudia as janelas das salas de aulas. As piores eram as aulas do Professor Snape nas masmorras, onde a respiração dos alunos virava uma névoa diante deles e eles procuravam ficar o mais próximo possível dos seus caldeirões.
- Tenho tanta pena. - Disse Draco Malfoy, na aula de Poções. - Dessas pessoas que têm que passar o Natal em Hogwarts porque a família não as quer casa. - Olhou para Harry ao dizer isso. Crabbe e Goyle miraram Harry, que estava medindo pó de espinha de peixe-leão, e não lhes deu atenção. Malfoy andava muito mais desagradável do que de costume.
Era verdade que Harry não ia voltar à Rua dos Alfeneiros para o Natal. A Professora Minerva passara a semana anterior fazendo uma lista dos alunos que iam ficar em Hogwarts no Natal e Réveillon, e Harry assinara seu nome na mesma hora. Não sentia nenhuma pena de si, provavelmente aquele seria o melhor Natal que já tivera.
Ron e os irmãos também iam ficar, porque o Sr. e a Sra. Weasley iam à Romênia visitar Charlie.
Quando deixaram as masmorras ao final da aula de Poções, encontraram um grande tronco de pinheiro bloqueando o corredor à frente. Dois pés enormes que apareciam por baixo do tronco e alguém bufando alto denunciou a todos que Hagrid estava por trás dele.
- Oi, Rubeus, quer ajuda? - Perguntou Ron, metendo a cabeça por entre os ramos.
- Não, estou bem, obrigado, Ron. - Respondeu o guarda-caça
- Você se importaria de sair do caminho? - Ouviu-se a voz arrastada e seca de Draco atrás deles. - Está tentando ganhar uns trocadinhos, Weasley? Vai ver quer virar guarda-caça quando terminar Hogwarts. A cabana deve parecer um palácio comparada ao que sua família está acostumada.
Ron avançou para Draco justamente na hora em que Snape subia as escadas, e Harry, já vendo a merda que podia dar isso, rapidamente apontara sua varinha:
- Rictusempra. - Harry proclamara com Draco caindo no chão, o Malfoy ria sem controle algum, fazendo muitos a volta rir como se aquilo fosse uma brincadeira de que estavam testando magias bobas.
O mestre de poções pouco ligara ao que ocorria ali, e logo sumira por entre os corredores, com Harry enfim parando com a magia de cócegas.
- Já disse Draco, veja bem o que fala! Talvez da próxima eu tenha de realmente lhe machucar. - O Potter disse sem olhar para ele, onde logo usara de mais uma magia.
- Wingardium Leviôsa. - Harry conjurara onde ele controlara o grande pinheiro a ser levitado um pouco ao lado, de forma que Hagrid pudesse fazer o que bem-queria sem irromper o fluxo do corredor atrás deles.
Draco, Crabbe e Goyle passaram por eles com brutalidade sob riso sarcástico de Harry.
- Eu o pego! - Prometeu Ron, rilhando os dentes as costas de Draco. - Um dia desses eu o pego.
- Pense melhor, vai cair mesmo na pilha dele? - Disse Harry fazendo Hagrid rir orgulhoso pela maturidade nos atos de Harry perante as briguinhas infantis da molecada.
- Vamos, ânimo, o Natal está aí - Disse Hagrid. - Vou lhes dizer o que vamos fazer, venham comigo ver o salão principal, está lindo. - Então os três acompanharam Hagrid até o salão principal, Harry vendo que o guarda-caça não podia usar magia, optara por continuar com a magia de levitação, que facilitara e muito no transporte, onde a Professora Minerva e o Professor Flitwick estavam trabalhando na decoração para o Natal.
- Ah, Hagrid, a última árvore, ponha naquele canto ali, por favor. - Ela disse enquanto via somente o grande homem.
- Por favor, Harry, mantenha-a em pé. - Hagrid disse saindo da frente, onde a diretora de Hogwarts se surpreendera por seu aluno favorito já estar conjurando magia, e apesar de ser proibido no corredor, claramente ali era uma exceção sob companhia de um funcionário.
O salão estava espetacular. Festões de azevinho e visco pendurados a toda à volta das paredes e nada menos que doze enormes árvores de Natal estavam dispostas pelo salão, umas cintilando com cristais de neve, outras iluminadas por centenas de velas.
- Quantos dias ainda faltam até as férias? - Perguntou Hagrid.
- Um - Respondeu Hermione que chegara nesse momento até eles. - Ah, isso me lembra: Harry, falta meia hora para o almoço, devíamos estar na biblioteca.
- Ih, você de novo. - disse Ron secamente, despregando os olhos do Professor Flitwick, que fazia sair bolhas azuis da ponta da varinha e as levava para cima dos galhos da árvore que acabara de chegar.
- Biblioteca? - Espantou-se Hagrid, acompanhando-os para fora da sala - Na véspera das férias? Não estão estudando demais?
- Ah, não estamos estudando - Respondeu Harry, animado. - Desde que você mencionou o Nicolau Flamel, estamos tentando descobrir quem ele é.
- Vocês o quê? - Hagrid parecia chocado. - Ouçam aqui: já disse a vocês, parem com isso. Não é da sua conta o que o cachorro está guardando. - Disse ele só para assim arregalar os olhos em horror por expor algo que não podia.
- Não é isso Hagrid... Ouça, quando estava prestes a embarcar na plataforma do expresso de Hogwarts, trombei com um homem de cabelos escuros e olhos avermelhados. - Harry explicou baixamente para o guarda-caça. - Em resumo, conversamos um tempo e ele me deu um presente que me interessara muito, um livro sobre tratos de criaturas mágicas, e no fim disse que o nome dele era Niklaus.
- De alguma forma sinto que esses dois tem a ver, só quero saber quem é Nicolau Flamel, só isso - Por fim Harry disse, vendo surpresa no olhar de Hagrid.
- Isso é incrível... Após a queda de Grindelwald, ninguém nunca mais ouviu falar de Nicolau Flamel... tubo bem garotos, podem ir. - Hagrid dissera vendo que Harry não estava em si buscando se meter. - Mas me prometa uma coisa Harry, depois me deixe ver esse livro de tratos de criaturas magicas, quem sabe tenha algo que eu ainda não saiba. - O guarda-caça pediu, onde via Harry sorrir misteriosamente.
- Tudo bem, Hagrid! Acredito que vai se surpreender muito. - Por fim, Harry disse misteriosamente. - Mas se quiser dizer sobre ele. Pouparia um bom trabalho. - Harry dissera com um sorriso. - Já devemos ter consultado uns cem livros e não o encontramos em lugar nenhum. Que tal nos dar uma pista? Sei que já li o nome dele naquelas cartinhas animadas.
- Não digo uma palavra. - Respondeu Hagrid decidido, para só assim o Potter novamente rir, e enfim sair do salão comunal.
Andavam procurando realmente o nome de Flamel nos livros desde que Hagrid deixara escapá-lo em uma das noites em que o guarda-caça bebera cerveja amanteigada além da conta.
O problema, é que era muito difícil saber por onde começar, sem saber o que Flamel poderia ter a ver com Niklaus, sendo que Harry não conhecia nenhum dos dois, não se encontrava em "Grandes sábios do século", nem em "Nomes notáveis da mágica do nosso tempo", não era encontrável tampouco em "Importantes descobertas modernas da mata" nem em "Um estudo aos avanços recentes na magia", nos quais Hermione tanto procurava e ainda se exasperava por ver que páginas especificas foram rasgadas dos livros.
E, é claro, havia também o tamanho da biblioteca em si, dezenas de milhares de livros, milhares de prateleiras, centenas de corredores estreitos.
Hermione puxou uma lista de assuntos e títulos que decidira pesquisar enquanto Ron se dirigiu a uma carreira de livros e começou a tirá-los da prateleira aleatoriamente. Harry vagou até a direção da seção reservada. Não para entrar nela, mas sim ver os livros perto daquela seção. Poderia ter algo importante.
Vinha pensando há algum tempo se Flamel não estaria ali. Infelizmente, os estudantes precisavam de um bilhete assinado por um professor para consultar qualquer livro reservado e ele sabia que nenhum jamais lhe daria o bilhete.
Eram livros que continham poderosa magia negra jamais ensinada em Hogwarts e somente lida por alunos mais velhos que já haviam terminado o ano e que estudavam no curso avançado de Defesa Contra as Artes das Trevas, ou melhor dizendo, os famosos DCAT que Harry ouvira de algumas alunas mais velhas, na qual ele se enturmara todas as noites no salão comunal da Grifinória.
- O que você está procurando, jovem? - Uma mulher alta, pele clara, olhos azuis, batom vermelho e cabelos escuros, com curvas bem acentuadas em um terninho social disse com curiosidade, já que via Harry todos os dias ali, e não conhecia o de nenhuma classe acima do quarto ano.
- Hm?... - Harry murmurou a estudando. - Qualquer coisa relacionada a Nicolau Flamel, Newt Scamander, ou algo envolvendo um livro de Trato de Criaturas Magicas e uma Maleta Engana Trouxa.
A bibliotecária, olhou-o sabendo bem que ali naquela sessão não teria nada.
Mas quem disse que o conhecimento dela não podia ser útil:
- Bom... Claramente aqui não tem nada a respeito disso, desde que o diretor alugou alguns livros exclusivos que retratando figuras de grande importância no mundo mágico. Por qual motivo não pede uma permissão a um professor, se for estudante de DCAT, claramente não irão negar. - Ela disse agora sentando-se a uma cadeira. Claramente seria estranho uma bibliotecária conversando logo ali, porem como não tinha ninguém por perto, e sua curiosidade falou mais alto.
- Acho que não entendeu... Sou primeiranista, por mais que peça a algum professor, duvido muito que irão me fornecer acesso a isso. - Ele respondeu agora olhando para ela. Que ao ver sua cicatriz, logo fizera um cara de surpresa e compreendimento.
- Então, você é o famoso Harry Potter? - Ela disse vendo-o aproximar de si.
- Somente Harry já está ótimo, esse lance de famoso é tudo papo furado. - Ele disse a fazendo soltar um mínimo riso. - E você, é? - Harry indagou buscando a cumprimentar com as mãos.
- Irma Pince. - Ela respondeu enquanto apertava a mão do Potter, para só em surpresa ele puxá-la carinhosamente e dar um beijo nas costas da mão dela.
Um cumprimento antigo e pouco usado hoje em dia, porém que Harry gostava muito de utilizá-lo com o sexo feminino, sempre amava ver o rosto corado das mulheres, e não fora diferente agora, onde Harry soltara um mínimo riso e sentara-se de frente a ela.
- É um prazer Irma Pince..., mas me diga! Será que há outro local para encontrar ao que tanto procuro? - Harry indagara com ela sorrindo ao mesmo.
- Fora a seção restrita, essas informações a quem procura não são encontradas com detalhes específicos. - Ela informou sob desânimo dele. - Mas, pode ser que eu saiba uma coisa ou outra que o ajude. - Ela continuou vendo-o olhá-la surpreso, pois realmente não esperava nela se voluntaria a explicar. - Porem, nem tudo pode ser dado.
- Do que precisa? - Harry indagou.
- Vi como tem controle com magias de levitação ao organizar os incontáveis livros a que retirou nas últimas semanas. Infelizmente, são poucos alunos que tendem a se interessar de ajudar-me aqui na biblioteca, e quando surge algum, pouco sabe magias específicas no que preciso.
- Em geral, façamos o seguinte... Você passa a trabalhar aqui comigo no período noturno enquanto lhe instruo nas magias necessárias a se cuidar de uma biblioteca, em troca te dou explicações do que quer, e um acesso permanente na sessão restrita, porém sob minha supervisão, e quem sabe, alguns pontos a mais na sua casa. - Ela por fim explicou com Harry sorrindo para ela.
- Por mim está perfeito, posso começar ainda hoje se estiver interessada - Ele respondeu para animação dela, e já achando uma oportunidade de passar mais noites fora de seu salão comunal após o toque de recolher.
- Muito bem! Qual sua primeira dúvida? - Ela perguntou se ajeitando a cadeira.
- Quem foi Newt Scamander?... E o que tem de tão especial na suposta Maleta Engana Trouxa? - Harry indagara já sabendo sobre eles, porém precisava de algo mais específico na visão de terceiros e não somente a sua.
- Bom... primeiramente, Newt Scamander foi um famoso Magizoologista. - Irma Pince iniciara a explicação. - Desenvolveu um interesse em animais fantásticos ainda quando criança, incentivado pela Sra. Scamander, mãe de Newt.
- A Sra. Scamander era uma criadora entusiástica de Hipogrifos. Newt iniciou os estudos na Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts, na qual foi integrado na casa Lufa-Lufa.
- Escolheu provavelmente o Trato das Criaturas Mágicas como opção curricular em seu terceiro ano. Newt era tímido, tinha poucos amigos e provavelmente não era a primeira opção das garotas. - Continuou ela dando um risinho pelas informações que se lembrava do livro.
- Mesmo assim, era um aluno brilhante em Trato das Criaturas Mágicas, porém era razoavelmente mal em Transfiguração. Seus estudos foram interrompidos quando foi acusado de pôr em risco a vida humana dado ao seu interesse inabitual em criaturas mágicas, fazendo-o ser expulso de nossa escola.
- Se sabe que Albus Dumbledore, professor de Transfiguração na época, argumentou a favor do jovem, mas que não conseguiu impedir sua expulsão, assim adotando ele como protegido e auxiliar.
== Trabalho para o Ministério da Magia ==
Não demorou muito para o Ministério da Magia colocar as mãos em Newt Scamander após a expulsão. E muito menos para o seu meneio de cabeça que indicou o seu entusiasmo em estar conforme o cargo no Departamento para Regulamentação e Controle das Criaturas Mágicas.
Newt trabalhou dois anos na Seção de Recolocação de Elfos Domésticos, (que segundo o Newt, foram dois anos extremamente tediosos) antes de ser transferido para a Divisão de Animais, onde o seu prodigioso conhecimento de animais mágicos bizarros lhe garantiu rápidas promoções.
== Magizoologista e Escritor ==
Em 1918, Augusto Worme da Obscurus Books convidou Newt para escrever a primeira edição de Animais Fantásticos e Onde Habitam. Newt, com um salário realmente baixo trabalhando no Ministério, visando a hipótese de um pouco mais de dinheiro, e a oportunidade de passar as férias viajando pelo mundo em busca de novas espécies mágicas, aceitou sem titubear.
Viajou para centenas de países em cinco continentes pesquisando e coletando informações para o livro. Observando de perto o comportamento, os hábitos e os modos curiosos de animais fantásticos. Estudou ainda sobre as habilidades dessas criaturas, ganhou sua confiança, e em certa ocasião, ele os espantou com sua chaleira de viagem. Lançado em 1927, o volume Animais Fantásticos e Onde Habitam que rapidamente tornou-se um best-seller, escolhido como livro-texto para Hogwarts. Atualmente, está em sua quinquagésima segunda edição.
Em 1926, ao entrar em território americano, Newt deixa alguns animais escaparem, causando uma confusão com o Congresso Mágico dos Estados Unidos, que zela pela exclusão da sociedade bruxa da sociedade no-maj (mais conhecida como trouxa), devido ao medo gerado no Julgamento das Bruxas de Salem. A exposição que Newt causa leva as autoridades no-maj, principalmente a família Shaw, a darem maior atenção ao grupo radical de extermínio bruxo Second Salamers, liderado por Mary Lou.
== Maleta Expansiva ==
Após Newt Scamander ser expulso de Hogwarts, em particular ele decidiu viajar pelo mundo com a missão de salvar as criaturas mágicas, principalmente aquelas que eram ameaçadas por bruxos, caçadores, colecionadores e traficantes dessas criaturas.
Para transportar essas criaturas de forma segura e secreta, Newt criou uma maleta mágica, cujo interior possuía o habitat desenvolvido especificamente para cada uma delas, um artefato que se tornou muito admirado por conta do feitiço apresentar ser permanente, deixando a dúvida de como isso é possível, pois todo feitiço de expansão é temporário e requer um grande grau de uso do magoi.
[ Propriedades Magicas ]
A propriedade atribuída a maleta foi o feitiço de expansão indetectável.
Graças a essa magia, ao abrir a maleta é possível entrar dela como se fosse uma porta para um galpão.
Ela possui seu próprio mundo magicamente expandido, com diversos habitats distintos para cada criatura.
Tem a aparência de uma mala comum, cor castanho mel. Porém, essa maleta possui encantada em si a magia de expansão indetectável permanente, que foi realizada pelo Newt Scamander que foi embutida junto a um dispositivo "engana trouxa" para transformar a maleta mágica em uma maleta comum a fim de evitar problemas entre sociedade magica e no-maj.
- E isso é tudo que sei a respeito do famoso Magizoologista Newt Scamander. Sua Maleta expansiva hoje em dia é considerado um artefato do mais alto calão de raridade para o ministério bruxo, e mesmo assim, ninguém nunca soubera seu paradeiro, muito menos onde foram parar as diversas bestas e animais em extinção que viviam lá dentro.
- Nossa... Isso é realmente ótimo de saber. - Harry disse, com a mulher compreendendo que ele tinha um grande interesse em criaturas mágicas, e não que ele próprio tinha consigo a maleta magicamente diminuída e presa a uma pulseira em seu pulso. - Mas, e a respeito de Nicolau Flamel!? Quem foi esse homem, e o que ele tem de tão especial? - Harry indagara, onde notara pelas feições da mulher, que nem mesmo ela tinha um conhecimento deveras aprofundado na biografia dele.
- São poucas coisas que sei, até porque ele nunca foi uma figura muito voltada a entrevistas e discursos. Porém, a mais importante informação sobre si, é que ele é um bruxo e alquimista francês extremamente habilidoso, conhecido por produzir a Pedra Filosofal, uma substância física lendária portadora de capacidades incríveis.
- Tendo incríveis Seiscentos e Cinquenta e sete anos, ele deve sua longevidade ao Elixir da Vida, o qual ele e sua mulher, Perenell, criaram usando a Pedra. - Madame Pince explicara isso enquanto se levantava. - Como disse, são poucas coisas que sei sobre ele, mas o mais importante, registrado, é isso. - Ela explicou com Harry também se levantando.
- Enfim, se está tudo bem para ti, volte hoje aqui a partir das 18h, iremos começar seu primeiro dia no trabalho, e o instruirei a todas as suas funções, dessa forma terá acesso à seção restrita, e poderá procurar mais sobre Nicolau Flamel, mas não abuse muito... ainda há professores que podem reclamar, então, todo e qualquer livro que retirar terá minha supervisão. - Vendo-a se afastar atrás de três alunos baderneiros que derrubaram alguns livros.
Harry prontamente lembrara de algo relacionado a Hagrid, por isso logo a chamara uma última vez:
- Irma Pince. - Harry disse a vendo se virar em dúvida. - Poderia me informar se a tal pedra filosofal, pode ser um objeto pequeno que caiba em um saquinho do tamanho da nossa mão?
- Na verdade, é bem isso mesmo que retratam sobre ela. Uma pedra mediana vermelha escarlate, meio transparente, mas que contém um poder opressor, e a olhos ignorantes, uma pedra confundida com rubis, incríveis, mas não tanto quanto esta pedra e suas capacidades. - A bibliotecária respondeu.
- Certo! Obrigado, estou ansioso para começar o serviço mais tarde. - Por fim, Harry disse indo em direção à saída da biblioteca sob riso dela que via o jovem garoto-que-sobreviveu realizar uma reverência engraçada para a mesma.
[ ... ]
Harry esperou do lado de fora no corredor para saber se os outros dois tinham encontrado alguma coisa extra que o mesmo não obterá, mas não alimentava muitas esperanças devido a ter obtido informações bem melhores, e oportunidades de estudar ao que tanto busca.
Cinco minutos depois, Ron e Hermione se reuniram a ele, balançando negativamente a cabeça. E foram almoçar.
- Agora que você pode ter acesso à sessão restrita, vai continuar procurando enquanto eu estiver fora, não vai? - Recomendou Hermione. - E me mande uma coruja se encontrar alguma coisa. - Ela continuou com Ron bufando em não querer mais contato com ela do que já tem, mas que Harry achava engraçado a persistência da menina em querer saber quem foram os vândalos que rasgaram os livros da biblioteca.
- E você poderia perguntar aos seus pais se sabem quem é Flamel - Disse Ron. - Não haveria perigo em perguntar a eles.
- Nenhum perigo, os dois são dentistas... então o que saberiam sobre uma pessoa que é ainda mais difícil de entender no mundo trouxa. - Hermione disse sarcasticamente enquanto fazia Ron bufar irritado.
- Isso vai dar namoro um dia. - Harry disse para si, enquanto via a cara de nojo dos dois, e ria da infantilidade deles. Ao menos era melhor ver tais discussões bobas, do que sentir que algum deles estava com ciúmes de si ou da atenção.
[ ... ]
Uma vez começadas as férias, Ron e Harry estavam se divertindo à beça para obter informações sobre Flamel, isso desde que Harry disse que Nicolau podia transformar ferro em ouro, e os olhos da criança praticamente brilharam. Tinham o dormitório só para eles e a sala comunal estava muito mais vazia do que o normal, usavam das poltronas confortáveis ao pé da lareira. Sentavam-se a toda hora para comer tudo que pudessem espetar em um garfo de assar: pão, bolinhos, marshmallows, até mesmo um puta churrasco barrado por Minerva após eles quase incendiarem o salão comunal em auxílio dos gêmeos Weasley.
Mas no fim, faziam de tudo para manter o tédio longe, e a adrenalina de Harry a mil.
Algo ótimo, já que ao lado dos gêmeos Weasley, as coisas nunca se tornavam monótonas.
Ron também começou a ensinar Harry a jogar xadrez de bruxo. Era exatamente igual a xadrez de trouxa, exceto que as peças eram vivas, o que fazia parecer que a pessoa estava dirigindo tropas em uma batalha. O jogo de Ron era muito velho e gasto como tudo o mais que possuía, pertencera em tempos a alguém da família, no caso, ao seu avô. No entanto, a velhice das peças não era um empecilho. Rony as conhecia tão bem que nunca tinha dificuldade de mandá-las fazer o que ele queria.
Harry jogava com peças que Simas Finnigan lhe emprestara e estas não confiavam nada nele. Ainda não era um bom jogador e elas não paravam de gritar conselhos variados, o que o confundia:
- Não me mande para lá, não está vendo o cavalo dele? Mande-o, podemos nos dar ao luxo de perder ele. - A peça dizia fazendo Harry rir, pois para ele meses atrás isso seria uma loucura completa.
- Saiam da frente, peões. - Dizia a rainha, que mais parecia bombada e peituda. - Tenho um esposo a proteger. - Continuava ela, com o Rei atuando envergonhado e seus olhos se tornando coraçõezinhos.
- "Essa merda é incrível." - Harry pensou consigo vendo a cena que as peças faziam.
Na noite de Natal, Harry foi para a cama pensando com ansiedade no que faria, pouco lembrara de presentes e tudo mais, na verdade, nunca recebera um, e agora mal ligara a isso, tinha que resolver algumas coisas com Percy e duas amigas dele, e isso era seu único pensamento quando saiu da cama longe do conhecimento de Ron.
Quando acordou cedo na manhã seguinte, a primeira coisa que viu foi uma pequena pilha de embrulhos ao pé de sua cama.
- Feliz Natal. - Disse Ron sonolento quando Harry pulou da cama e se espreguiçou na janela.
- Para você também - Falou Harry. - O que é isso?
- O que você acha que é? - Respondeu Ron, virando-se para a sua pilha que era bem maior do que a de Harry. - Seus presentes, obvio.
Harry apanhou o pacote de cima. Estava embrulhado em papel pardo grosso e trazia escrito em garranchos: Para o Harry, de Hagrid.
Dentro havia uma flauta tosca de madeira. Era óbvio que Hagrid a entalhara pessoalmente. Harry soprou-a, parecia um pouco com um pio de coruja.
Um segundo embrulho, muito pequeno, continha um bilhete: Por conta da insistência de Duda ao ver uma carta comunicado de presente de aniversário a parentes em Hogwarts em retribuir ao presente que você enviou, estamos o enviando um presente... Feliz Natal. - Tio Valter e Tia Petúnia.
Presa com fita adesiva na nota havia uma moeda prateada de cinquenta centavos.
- "Fazendo-se de santos agora." - Pensou Harry sarcástico, pois claramente os tios não quiseram fazer isso, mesmo assim enviaram mesmo que seja uma mínima coisa.
Ron ficou fascinado pela moeda de cinquenta centavos, como se ela fosse uma raridade ou relíquia antiga a ele:
- Que esquisito. - Disse o ruivo de olhos azuis. - Isso é dinheiro?
- Pode ficar com ela... me disse que seu pai adora coisas No-mag, não é? - Disse Harry rindo-se ao ver a satisfação de Ron. - Mostre-a ele um dia, pode ser que eu envie algumas coisas básicas para seu endereço, acredito que seu pai vai adorar. - Por fim, ele terminou com Ron contente.
- Acho que sei quem mandou esse. - Disse Ron, ficando um pouco vermelho e apontando para um embrulho disforme. - Mamãe. Eu disse a ela que você não estava esperando receber presentes... Ah, não... - Gemeu ele. - Ela fez para você um sobretudo Weasley, acho que não foi um suéter por não saber suas medidas. E deve ter usado meu pai como modelo. - Ele explicara com Harry abrindo o papel, para só assim encontrar um sobretudo preto, com um tricotado vermelho-escuro ditando "Potter" nas costas. Tal sobretudo em mais parecia com o tecido de um terno e caia até seu joelho, no qual em si parecia incrível em Harry. - Todos os anos ela faz para nós um suéter... - Disse Ron, desembrulhando a dele. - E o meu é sempre cor de tijolo, o seu é o primeiro a parecer tão incrível.
- Foi realmente muita gentileza dela. - Disse Harry, experimentando as barrinhas de chocolate que vieram junto, e que estavam muito gostosas ao ver dele, já que pareciam ter sido feitas em casa. - Agradeça-a por mim.
O presente seguinte também continha doces, uma grande caixa de chocolates trufados dados por Hermione. Tal garota que pegara grande amizade com o Potter, mas com o Weasley pareciam mais se odiar, fazendo Harry rir, pois isso aparentava dar em um namoro futuro.
Restavam apenas dois embrulhos. Harry apanhou-o o mais próximo e apalpou-o sentindo no processo uma espécie de caixa.
Para somente quando abrir, ele ver um envelope acima de uma caixa levemente larga: Obrigada pelo presente que enviou, li sua carta e percebi que detinha de muitas receitas próprias do mundo trouxa, irá ajudar muito em minha loja, quando puder vir até Hogsmeade, será muito bem-vindo na Dedos de Mel e quem sabe um dia tomemos uma cerveja amanteigada. - De: Amanda Flume.
O cartão era repleto de coraçõezinhos e uma marca de batom dando indícios que ela beijara ali, tal coisa apenas fizera o Potter rir, pois muitas pessoas visavam testar se ele agia timidamente feito alguém de onze anos a qual ele deveria ser, ou alguém mais velho e maduro ao qual ele apresentava.
Mas uma coisa que o impressionara nesse mundo, foi que diferente dos trouxas, alunos menores de idade podiam beber bebidas alcoólicas, contanto que seja fora dos limites do colégio.
Já no mundo trouxa as coisas eram bem diferentes, seja com restrições de 18 a 22 anos.
Assim guardando a carta, Harry prontamente abrira a caixa que Amanda o presenteara, para somente ali encontrar algumas especiarias do mundo trouxa que ela preparara.
Logicamente que Harry repartiu com Ron, pois o garoto realmente se viciara em especiarias do mundo trouxa, fazendo Harry logo ver um último embrulho.
Era muito leve. Desembrulhou e uma coisa sedosa e prateada escorregou para o chão onde se acomodou em dobras refulgentes. Ron soltou uma exclamação:
- Já ouvi falar nisso. - Disse em voz baixa, deixando cair a caixa de feijõezinhos de todos os sabores que ganhara de Hermione num ato dele sofrer com alguns sabores bem ruins. - Se isso é o que eu penso que é, é realmente raro e realmente valioso.
- E o que é? - Harry apanhou o pano brilhoso e prateado do chão. Tinha uma textura estranha, parecia tecida com fios de água.
Para somente assim Harry a vestir, e o ruivo dar um berro devido ao corpo do Potter sumir, sobrando apenas a cabeça flutuando.
- Eu sabia! É uma capa da invisibilidade... - Disse Ron, com uma expressão de assombro no tosto. - É muito rara, e caras. - O ruivo continuará a dizer admirado.
Harry olhou para os pés, mas eles tinham desaparecido. Correu então para o espelho. Não deu outra, o espelho refletiu sua imagem, só a cabeça suspensa no ar, o corpo completamente invisível. Ele cobriu a cabeça e a imagem desapareceu completamente.
Isso era realmente incrível, e já imaginava quanta coisa iria aprontar junto aos gêmeos Weasley quando eles descobrissem sobre ela.
Se já tentavam causar o caos com sua Katana, imagina com uma capa da invisibilidade.
- Tem um cartão... - Disse Ron de repente sob dúvida de onde Harry estava. - Caiu um cartão.
Harry tirou a capa e apanhou o cartão. Escritas numa caligrafia fina e rebuscada que ele nunca vira antes estavam as seguintes palavras: Seu pai deixou isto comigo antes de partir para sua próxima grande aventura. Está na hora de devolvê-la a você desde que percebi que é responsável suficiente. Use-a bem e desejo um Natal muito Feliz para você.
Não havia assinatura. Harry ficou olhando o cartão. Ron admirava a capa enquanto trajava, na qual cobria seu corpo todo e se esparramava pelo chão.
- Eu daria qualquer coisa para ter uma dessas. Qualquer coisa... Que foi? - Ron dissera animado, para só assim ver o estado quieto de seu amigo.
- Nada. - Harry estava se sentindo muito estranho. Quem mandara a capa? Será que pertencera mesmo ao seu pai? E antes que pudesse dizer ou pensar qualquer outra coisa, a porta do dormitório se escancarou com Fred e George Weasley entrando aos pulos. Harry rapidamente olhou para Ron, mas o mesmo já sumira por debaixo da capa.
- Feliz Natal, nobre Lorde Potter! - Ambos gritaram animadamente.
- Ei, olhe só, o Harry ganhou um sobretudo Weasley. - Disse George quando vira um "W" suspeito na gola do sobretudo. Fred e George estavam usando suéteres azuis, um com um grande "F", o outro com um "G".
- Mas o do Harry é melhor do que o nosso. - Comentou Fred, erguendo o sobretudo de Harry. - Ela com certeza capricha mais se a pessoa não é da família.
Harry, que via George ao lado, logo vira o cabelo dele sendo abanado, para assim ele encarar assustado para trás e descer um socão no nada, enquanto um baque era escutado seguido de um gemido:
- Ron! - Harry dissera no local que escutara o impacto, para só assim sentir o tecido e o puxar fazendo os olhos dos gêmeos brilharem.
- NÃO ACREDITO! - Fred e George disseram em coro sob atenção de Harry. - É uma capa da invisibilidade.
- Não é somente uma capa, Forge... - George disse ignorando a figura caçula ruiva esparramada no chão.
- É a capa que um dos marotos usava, Gred. - Fred continuou ignorando o socão que deu no irmão.
- Marotos? - Harry indagou não entendendo.
- Não conhece? Foi o quarteto que seu pai formava junto a seus amigos... Os marotos são como deuses para nós, e aí está uma das ferramentas mais utilizadas por James Potter. - Um dos ruivos dissera enquanto vestia a capa e ficava alucinado com tudo para baixo de seu pescoço sumindo.
- Caramba, Harry! Primeiro um metabolismo acelerado, depois uma espada, com isso uma maleta engana trouxa, e agora uma capa da invisibilidade. - George dissera baixamente enquanto via Ron pular na cama.
- Seja o que acontecer! Se descobrir mais coisas, nos chame imediatamente. - Fred disse dando a capa para George provar.
- Tudo bem! Foi uma surpresa descobrir sobre ela também, e eu pouco sei quem me mandou de presente, só que meu pai a entregou a ele antes da morte. - Harry disse sob entender de ambos os gêmeos.
- Por que você não está usando o seu suéter? - Perguntou George. - Vamos, vista logo, eles são ótimos e quentes. - O ruivo dissera ao irmão menor que tentava fugir do agarre do irmão após tomar um socão de um deles.
- Detesto cor de tijolo. - Lamentou-se Rony, desanimado enquanto vestia o suéter.
- Pelo menos você não tem uma letra no seu. - Comentou George. - Ela deve pensar que você não esquece o seu nome. Mas nós não somos burros, sabemos que chamamos George e Fred.
A bagunça que se instaura com os gêmeos no quarto, logo obtivera atenção dormitório afora, onde logo a porta escacara-se:
- Que barulheira é essa, desgraça!? - Percy Weasley meteu a cabeça para dentro da porta, com um olhar de censura e puro sono ou ressaca. Era visível que já desembrulhara metade dos seus presentes porque trazia também um suéter grosso enrolado no pescoço, que Fred logo agarrou não notando a marca de batom no pescoço do irmão mais velho, algo que Harry notou, dando um sorriso malicioso ao monitor que corara com o compreendimento de Harry do que eles fizeram noite passada com aquelas duas garotas da Sonserina.
- M de monitor! Vista logo, Percy, todos estamos usando os nossos, até Harry ganhou um.
- Eu... Não... Quero. - Disse Percy com a voz embargada e uma das mãos na cabeça ao sentir dores de cabeça de sua pura ressaca, enquanto os gêmeos forçavam o suéter por sua cabeça, entortando seus óculos.
- E você hoje não vai se sentar com os monitores. - Disse George agarrando o mais velho pelo braço direito.
- Natal é uma festa da família. - Fred finalizou agarrando o mais velho pelo braço esquerdo, dito isso, ambos saíram carregando Percy para fora do quarto.
- Eles ficam um pouco animados no natal... desculpe pela cena. - Ron disse envergonhado.
- Na verdade, eu gostei, pelo menos sei que o Natal de vocês nunca é algo triste ou entediante. - Dito isso, Harry lembrara-se de uma época natalina passada, fazendo-o tocar em seu tórax, no qual detinha de uma cicatriz coberta pela camisa escura e sobretudo que foi presenteado.
[ ... ]
Harry nunca tivera em toda a vida um almoço de Natal igual àquele. Cem perus gordos assados, montanhas de batatas assadas e cozidas, travessas de salsichas, terrinas de ervilhas passadas na manteiga, molheiras com uva-do-monte em molho espesso e bem temperado e, a pequenos intervalos sobre a mesa, pilhas de bombinhas de bruxo.
Essas bombinhas fantásticas não se pareciam nada com as bombinhas fracas dos trouxas que os Dursley, em geral, compravam, cheias de brinquedinhos de plástico e chapéus de papel fino. Harry puxou a ponta de uma bombinha de bruxo com Fred e ela não deu apenas um estalinho, ela explodiu com o ruído de um canhão e envolveu-os em uma nuvem de fumaça azul, enquanto caiam de dentro um chapéu de almirante e vários camundongos brancos, vivos. Na mesa principal, Dumbledore tinha trocado o chapéu de bruxo por um toucado florido e ria alegremente da piada que o Professor Flitwick acabara de ler para ele.
Pudins de Natal flamejantes seguiram-se ao peru. Percy quase quebrou os dentes em uma foice de prata que estava escondida em sua fatia. Harry observava o rosto de Hagrid ficar cada vez mais vermelho à medida que pedia mais vinho e acabou beijando a bochecha da Professora Minerva, e quase para espanto de Harry, rira e corara, o chapéu de bruxa enviesado na cabeça.
Quando Harry finalmente saiu da mesa, estava levando uma montanha de brinquedos das bombinhas, inclusive uma embalagem de balões luminosos e não-explosivos, um kit para cultivar capixingui, a planta símbolo de Hogwarts, e um jogo de xadrez de bruxo. Os camundongos brancos tinham desaparecido e Harry teve a desagradável sensação de que eles iam acabar virando jantar de Natal para Madame Nor-r-ra.
Harry e os Weasley passaram uma tarde muito alegre ocupados em uma furiosa guerra de bolas de neve. Depois, frios, molhados e ofegantes, voltaram para junto da lareira na sala comunal de Grifinória, onde Harry estreou o seu novo jogo de xadrez, perdendo espetacularmente para Ron. Suspeitou que não teria levado uma surra tão grande se Percy não tivesse tentado ajudá-lo tanto.
Após lancharem sanduíches de peru, bolinhos, gelatina e bolo de frutas, todos se sentiram demasiado fartos e sonolentos para fazer outra coisa senão sentar e assistir a Percy correr atrás de Fred e George por toda a torre de Grifinória porque eles tinham furtado seu crachá de monitor.
Estava sendo o melhor Natal da vida de Harry. No entanto, no fundinho da cabeça alguma coisa o incomodara o dia inteiro. Somente quando finalmente se deitou é que teve tempo para pensar nela, a capa invisível e a pessoa que a mandara.
Ron, cheio de peru e bolo e sem nenhum mistério para perturbá-lo, caiu no sono assim que puxou as cortinas de sua cama de dossel. Harry debruçou-se pela borda da cama e puxou a capa que escondera ali.
Do seu pai... Aquilo fora do seu pai. Ele deixou o tecido escorregar pelas mãos, mais macio do que seda, leve como o ar. Estranhamente sem nenhuma runa desenhada como a informações sobre as raras capas de invisibilidade deveriam ter. Em um grande formato como um cobertor, mas que ele em surpresa descobriu que atuava como manto ou até sobretudo se fosse do seu desejo.
- "Use-a bem." - Era informado no cartão, sem nenhum indício de algum nome. Tinha de experimentá-la agora. E saiu da cama onde se enrolou na capa. Olhando para as pernas, viu apenas o luar e as sombras.
Era uma sensação muito engraçada, mas que sabia que se acostumaria
- Use-a bem. - Harry murmurou, e de repente, Harry se sentiu completamente acordado. Toda a Hogwarts se abria para ele com esta capa. Sentiu-se tomado de excitação em pé ali na escuridão silenciosa. Podia ir a qualquer lugar com a capa, qualquer lugar, e Filch jamais saberia.
Ron resmungou adormecido. Será que Harry devia acordá-lo?
Porém, alguma coisa o deteve, a capa era do seu pai, sentiu que desta vez, a primeira, queria usá-la sozinho.
E saiu sorrateiro do dormitório, desceu as escadas, atravessou a sala comunal no qual passou pelo buraco do retrato.
- Quem está aí? - Perguntou esganiçada a Mulher Gorda. Harry não respondeu. Saiu depressa pelo corredor onde deveria ir? Parou, o coração acelerado, e pensou. E então lhe ocorreu.
Com isso poderia ir a Hogsmeade sem a necessidade de permissão, que Minerva prontamente negou até ele iniciar o terceiro ano.
Poderia invadir a seção restrita, desde que Irma Pince pegou férias, e tal local se encontrava fechado a todos
Logicamente que ele podia tentar isso quando estivesse de volta ao trabalho, mas seu desejo por algo que tire o tédio falava mais alto.
Poderia ler o tempo que quisesse, o tempo que precisasse para descobrir quem era Flamel. Foi, então, desejando que a capa se tornasse um sobretudo, sentindo no processo a mesma se ajustar em seu corpo, assim sumindo totalmente sem necessidade de ficar se cobrindo com a mesma como se fosse um cobertor.
A biblioteca estava escura como breu e muito estranha. Harry acendeu a ponta de sua varinha com o Lumos, e embora Harry sentisse que seu braço a sustentava o brilho em seu caminho, aquela visão lhe deu arrepios.
A seção restrita era bem, no fundo da biblioteca. Saltando com cautela a corda que separava esses livros do resto da biblioteca, ele ergueu a lâmpada para ler os títulos.
Eles não lhe informavam muita coisa. Suas letras descascadas e esmaecidas formavam dizeres em línguas que Harry não entendia. Alguns sequer tinham título. Um livro tinha uma mancha escura que fazia lembrar horrivelmente de sangue. Os pelos na nuca de Harry ficaram em pé. Talvez fosse imaginação dele, talvez não, mas achou que ouvia um sussurro inaudível vindo dos livros, como se eles soubessem que havia alguém ali que não deveria estar.
Precisava começar por alguma parte.
Vira livros dos mais diversos, porem um o chamou atenção:
Era escuro em um azul-marinho estrelado como se fosse o céu noturno, junto a isso um leão incrustado se mostrava presente parecendo que segurava a uma pedra luminosa.
- O Despertar da Animagia. - Harry leu a capa achando interessante.
- "Bom, não custa nada ficar com isso por um tempo." - Harry pensara pegando o livro o colocando dentro de sua maleta engana trouxa que o mesmo visara dominar o feitiço de expansão e diminuição a fim de mantê-la sempre consigo.
Assim, o mesmo continuou a procurar na prateleira mais baixa um livro que parecesse interessante. Um grande volume preto e prata chamou sua atenção. Puxou-o com esforço, porque era muito pesado, e equilibrando-o nos joelhos, deixou-o abrir ao acaso.
Um grito agudo de coalhar o sangue cortou o silêncio, o livro estava gritando! Harry fechou-o depressa, mas o grito não parou, uma nota alta, continua, de furar os tímpanos. Ele tropeçou para trás. Em pânico, ouviu passos que vinham pelo corredor do lado de fora enfiando o livro gritador de qualquer jeito no lugar, ele correu para valer. Passou por Filch quase a porta. Os olhos claros e arregalados de Filch atravessaram-no, Harry escorregou por debaixo dos seus braços estendidos ainda invisível e saiu desabalado pelo corredor, os gritos do livro ainda ecoando em seus ouvidos.
Parou subitamente diante de uma alta armadura. Estivera tão ocupado em fugir da biblioteca que não prestara atenção onde estava indo. Talvez porque estivesse escuro, ele sequer reconheceu onde se encontrava. Havia uma armadura perto das cozinhas, ele sabia, mas ele devia estar uns cinco andares acima.
- O senhor me pediu para eu vir direto ao senhor, professor, se alguém estivesse perambulando durante a noite e alguém esteve na biblioteca, na seção restrita. - Harry sentiu o sangue se esvair do seu rosto. Onde quer que estivesse, Filch devia conhecer um atalho, porque sua voz baixa e untuosa estava se aproximando.
E para seu horror, foi Snape quem respondeu:
- A seção restrita? Bom, eles não podem estar longe, vamos apanhá-los. - Harry ficou imóvel no lugar em que estava quando Filch e Snape viraram o canto do corredor à frente. Eles não podiam vê-lo, é claro, mas era um corredor estreito e se chegassem mais perto esbarrariam nele, a capa não o impedia de ser sólido.
Recuou o mais silenciosamente que pôde. Havia uma porta entreaberta à sua esquerda. Era sua única esperança. Esgueirou-se por ela, prendendo a respiração, tentando não a empurrar e, para seu alívio, conseguiu entrar no aposento sem que percebessem nada. Eles passaram direto e Harry apoiou-se na parede, respirando profundamente, ouvindo os passos dos dois morrerem a distância. Fora por pouco, por um triz. Passaram-se alguns segundos até ele reparar em alguma coisa no aposento em que se escondera.
Parecia uma sala de aula fechada. Os vultos escuros das mesas e cadeiras se amontoavam contra as paredes e havia uma cesta de papéis virada, mas escorada na parede à sua frente havia uma coisa que não parecia pertencer ao lugar, alguma coisa que parecia que alguém acabara de pôr ali para tirá-la do caminho.
Era um magnífico espelho, da altura do teto, com uma moldura de talha dourada, aprumado sobre dois pés em garra. Havia uma inscrição entalhada no alto:
- Oãça rocu esme ojesed osamo tso rueso ortso moãn. - Era o que Harry lera estando entalhada no alto.
Já livre do pânico, agora que não ouvia sinal de Filch e Snape, Harry aproximou-se do espelho querendo mostrar-se sem ver nenhuma imagem como antes. Adiantou-se para o espelho.
Virou-se. Seu coração batia com muito mais fúria do que quando o livro gritara, porque não vira somente a própria imagem no espelho, mas a de uma verdadeira multidão por trás dele.
Mas o quarto estava vazio. Respirando muito depressa, ele se virou lentamente para o espelho.
Lá estava ele, ou em si uma versão infantil sua sendo refletido, parecendo franzino e assustado, e lá estavam, refletidos às suas costas, pelo menos outras doze pessoas visíveis, Harry espiou por cima do ombro, mas continuava a não haver ninguém mais. Ou será que eram todos invisíveis também? Será que estava de fato em um aposento cheio de gente invisível e o truque desse espelho é que ele refletia tudo, invisível ou não?
Olhou para o espelho outra vez. Uma mulher pouco mais velha que ele parada logo atrás de sua imagem sorria e lhe acenava. Ele esticou a mão e sentiu o ar atrás dele. Se ela estivesse realmente ali, ele a tocaria, pois, suas imagens estavam muito próximas, mas ele pegou apenas ar, ela e os outros só existiam no espelho.
Era uma mulher muito bonita que parecia ter em torno de vinte anos. Tinha cabelos ruivos e os olhos...
- "Os olhos são iguaizinhos aos meus." - Harry pensou, acercando-se um pouco mais do espelho. "Verde-vivo... Exatamente do mesmo formato." - Então reparou que ela estava chorando, sorrindo, mas chorando ao mesmo tempo. O homem alto, magro, de cabelos bagunçados, parado ao lado dela, abraçou-a. Usava óculos e seu cabelo castanho era muito rebelde. Espetava na parte de trás, como o de Harry antes dele cortar, na verdade..., sendo quase uma versão própria sua... apenas um pouco mais feliz se Harry podia dizer isso.
Harry estava tão perto do espelho agora que seu nariz quase encostava em sua imagem infantil que não percebia ter desde seus sete anos.
- Mamãe? - Murmurou ele estranhamente. - Papai? - Eles apenas olharam para ele, sorrindo, e lentamente Harry olhou para os rostos das outras pessoas no espelho.
Harry estava olhando para sua família, pela primeira vez na vida. Havia um homem de aparência velha, porém olhar extremamente poderoso segurando a uma capa idêntica à sua, outro mais velho com uma espécie de chapéu avermelhado, outra era loira de olhos azuis, o seguinte era uma figura masculina de aparência bonita com cabelos longos e barba bem feitos, a seguinte tinha os cabelos claros e olhos azulados, com um homem de mesma idade aparente e óculos redondos a abraçando, o próximo mais parecia um diplomata de terno com cabelos bem penteados, que abraçava a uma linda ruiva que acenava ao mesmo, mas o que o surpreendera, fora o seguinte, um homem de aparência idêntica à sua, de mesma fisionomia, com o único diferencial dos olhos e cabelos compridos, havia ao seu lado uma mulher de olhar estoico e rosto belo com longos cabelos acastanhados, com pôr fim tendo seus pais presentes na frente.
Os Potter sorriram e acenaram para Harry e ele retribuiu o olhar carente, as mãos comprimindo o espelho como se esperasse entrar por dentro dele e alcançá-los. Pois realmente nada em si o prendia a ficar deste lado quando podia somente atravessar e se entregar a uma próxima grande aventura. Sentiu uma dor muito forte no peito quando sua mão se chocara com o espelho o impedindo de atravessa para o outro lado, e pelo olhar triste de seus parentes, estavam desapontados com isto também.
Em sua mente rondava todo o abuso, toda a dor, todas as feridas que sofrera nessa vida. E imaginava se caso tivesse eles a seu lado, as coisas não poderiam ter sido diferentes.
Muitas pessoas em si usariam a desculpas de que sem sua infância ou as complicações em sua vida, que não estariam no mesmo lugar, mas para Harry ele pensava diferente, para o mesmo não havia problema algum em não ter dificuldades na vida e esperar para ver onde isso o levaria, poderia ser que em algum universo isto ocorria, onde ele era amado e totalmente dependente de seus pais, nascido em berço de ouro e quem sabe até mimado, e para o mesmo, em si não tinha problema algum nisto, pois cada um tinha seu próprio desenvolvimento, e ser mimado para ele era muito melhor que ser abusado.
Quanto tempo esteve parado ali, ele não sabia. As imagens não esmaeceram e ele continuou mirando-as até que um ruído distante o trouxe de volta ao presente. Não podia ficar ali, tinha de encontrar o caminho de volta para a cama. Com esforço, desviou os olhos do rosto de sua mãe, sussurrando "Eu volto" e saiu depressa do aposento.
[ ... ]
- Você podia ter me acordado! - Falou Ron, aborrecido.
- Você pode vir hoje à noite. Vou voltar, quero lhe mostrar o espelho. - Harry respondeu após ter explicado sobre tudo que vira durante a noite.
- Eu gostaria de ver sua mãe e seu pai. - Disse Ron, animado.
- E eu quero ver toda a sua família, todos os Weasley, você vai poder me mostrar os seus outros irmãos e todo o mundo quando tivermos a oportunidade.
- Você pode vê-los a qualquer hora. E só vir à minha casa neste verão. Bom, tanto faz, talvez o espelho só mostre gente morta. Mas é uma pena você não ter achado o Flamel. Coma um pouco de bacon ou outra coisa qualquer, por que é que você não está comendo nada? - Harry não conseguia comer. Vira os pais e iria vê-los de novo à noite, e em si pela primeira vez sentira uma sensação incomoda com a dura realidade de que estava para ir ver seus parentes, porém mortos. Quase se esquecera de Flamel, já não lhe parecia tão importante.
Quem ligava para quem era o louco de simplesmente dar uma maleta cheia de feras mitológicas e raras?
Quem ligava para o livro de animagia que ele derrubara na sala do espelho?
Tudo que mais parecia importar era retornar imediatamente aquela sala e ficar para sempre olhando para sua família no espelho, mesmo que isso aparentasse ser completamente errado e não-saudável se algum olhar externo notasse.
- Você está bem? - Perguntou Ron. - Está com uma cara tão estranha... Parece até que sente raiva ou ódio de alguém. - Ron continuou preocupado, e até apreensivo com a presença que mudou tão de repente em Harry.
Sim, com certeza Harry tinha ódio, com certeza ele tinha raiva, e isso destinado a seus tios...
Nossa como ele praguejava pela sorte de seus tios por ter o Duda como filho, do contrário, Harry nunca mais manteria contato com aqueles lixos ou muito pior.
Porém, o que Harry mais temia era não conseguir encontrar o aposento do espelho outra vez. Com Ron também coberto pela capa, eles tiveram de andar muito mais devagar na noite seguinte. Tentaram refazer o caminho de Harry ao sair da biblioteca, andando a pelos corredores escuros durante quase uma hora.
- Estou falando... - Disse Ron. - Vamos esquecer tudo e voltar.
- Não. - Sibilou Harry com um leve olhar vidrado que mais assustou ao ruivo. - Sei que é em algum lugar por aqui.
Passaram pelo fantasma de uma linda bruxa alta que deslizava na direção oposta, Harry jurara que viu em algum livro que encontrara com algumas amigas da Corvinal.
Sim, aquela era o fantasma de Helena Corvinal, ou comumente conhecida, a Dama Cinzenta... Por mais que Harry quisesse puxar conversa com ela, tinha o que fazer.
Na hora em que Ron começou a reclamar que seus pés estavam dormentes de frio, Harry enfim identificou a armadura.
- É aqui... logo aqui... é. - Harry disse animado ou até com aparente dependência de encontrar tal local, isso enquanto empurrava a porta.
Harry deixou a capa cair dos ombros e correu para o espelho.
Lá estavam eles. Sua mãe e seu pai sorriam ao vê-lo. Isso junto de mais uma dezena de pessoas atrás, todas com características dos Potter, ou o que ele imaginava serem parentes antigos que nunca teria a chance de conhecer.
- Está vendo? - Harry cochichou.
- Não consigo ver nada. - O ruivo disse olhando por cima do ombro de Harry.
- Olhe! Olhe eles todos... Ali, um montes deles. - Harry disse enquanto via a imagem de sua mãe negar com a cabeça, como se aquilo estivesse errado e ele não entendesse o que o espelho representava.
- Só consigo ver você, e cara... você tem que fazer a barba, acho que só falou desse espelho o dia inteiro, parece até estranho. - Ron disse com Harry afiando o olhar pela insinuação de que ele estava se tornando algum fanático ou coisa do tipo.
- Olhe direito, vamos, fique aqui onde eu estou. - Disse Harry o puxando para seu lugar.
Harry deu um passo atrás, mas com Ron diante do espelho, não conseguiu mais ver sua família, apenas Ron como seu pijama de lã escocesa.
Ron, porém, estava mirando a própria imagem, petrificado.
- Olhe só para mim! - Exclamou ele com euforia.
- Você está vendo toda a sua família à sua volta? - Harry tentou imaginar se era isso.
- Não, estou sozinho, mas estou diferente... Pareço mais velho, alto, forte... e com um brasão de chefe dos prefeitos de Hogwarts. - Explicou o ruivo vendo um reflexo dele mais velho, com um uniforme esportivo, uma Nimbus 2000 na mão e o que pareciam muitas garotas secando o mesmo.
- O quê? - Harry indagou.
- Estou... Estou usando um brasão igual ao do Gui... E estou segurando a taça das casas e uma Nimbus 2000, sou capitão do time de Quadribol também. - Ron despregou os olhos dessa visão magnífica para olhar excitado a Harry como se eles encontrassem um tesouro. - Você acha que esse espelho mostra o futuro?
- Como mostraria? A minha família está toda morta. Deixe-me dar outra olhada. - Disse Harry querendo dar um passo à frente.
- Você teve o espelho só para você a noite passada, me deixa olhar mais um pouco. - Reclamou o ruivo com seu olhar se afiando em desafio, o que fez Harry afiar o olhar também, só agora vendo algo de diferente por aqui.
- Você só está segurando a taça de Quadribol, que interesse tem isso? Eu quero ver os meus pais. - Reclamou o Potter dando um passo à frente e permanecendo superior ao ruivo.
- Não me empurre... - Ron dissera tentando empurrar Harry, porem inútil, pois Harry era muito maior, e somente fez ele rir, isso junto a imagem da família dele, que pareciam vê-los e achar graça disso e da discórdia que estava começando a se iniciar.
Um ruído repentino do lado de fora no corredor pós-fim à discussão dos dois. Não tinham se dado conta do como estavam falando alto.
- Depressa! - Harry disse rapidamente enquanto pegava o livro que perdera noite passada. - Para baixo da capa.
Ron atirou-se abaixo da capa que Harry abrira para cobri-los bem na hora que os olhos luminosos de Madame Norra aparecera à porta. Ron e Harry ficaram imóveis, ambos pensando o mesmo, será que a capa fazia efeito para os gatos? Passado um tempo que pareceu uma eternidade, ela se virou e foi embora.
- Isto é perigoso. Ela pode ter ido buscar o Filch, aposto que nos ouviu. Vamos. - E Ron puxou Harry pata fora do quarto, onde ambos ao passar juntos pelo espelho, não puderam ver o olhar malicioso e até psicótico do reflexo dos parentes de Harry e do Ron capitão de quadribol.
Algo que se notassem, poderiam perceber que falar do espelho, pensar no espelho e querer ficar se encarando no mesmo, era algo que somente os prenderiam ali até definharem em inveja, tristeza, desilusões, assim consumindo-os completamente por dentro.
Pois o dono de tal espelho não estava presente e sabia bem ele que tal artefato faz com que os sujeitos o observem por mostrá-los os seus desejos mais íntimos, os prendendo a esta ilusão vivenciada no reflexo e assim abandonando suas vidas sociais, profissionais, amorosas, até o ponto que enfim seria "sugados" pelo espelho, o que seriam na real eles morrerem desiludidos com a vida ou presos em suas misérias mentais.
[ ... ]
A neve ainda não derretera na manhã seguinte. Harry acordara bem desta vez. Gostara muito de ver como sua família era, porém, junto a isso vinha uma dor lacerante de que nunca os veria fisicamente.
Realmente queria ter uma família, mas pelo visto isso nunca seria possível.
- Quer jogar xadrez, Harry? - Convidou Ron.
- Não. - Harry negou sem dar muita atenção, com seus pensamentos presos ao espelho.
- Por que não descemos para visitar Rubeus? - Tentou o ruivo.
- Não... Pode ir você. - Pensava ele no que tentaria conversar com sua família esta noite.
- Sei o que você está pensando, Harry, naquele espelho. Não volte lá hoje à noite, nos quase brigamos ontem... e parecia estranho quando saímos.
- Estou com uma intuição ruim, e de qualquer forma você já escapou por um triz muitas vezes. Filch, Snape e Madame Norra estão andando por lá. E daí se eles não conseguem ver você? E se esbarrarem em você? E se você derrubar alguma coisa.
- Olha só... - Harry disse com um sorriso acusatório. - Diz que odeia Hermione, mas já está falando igual a ela. - Harry disse presunçosamente.
- Estou falando sério. Harry, não vai não. - Mas Harry só tinha um pensamento na cabeça, voltar para frente do espelho.
E não em si uma culpa sua, pois o maior desejo de Harry refletido no espelho o afetava muito emocionalmente, bom, ao menos comparado ao maior desejo de uma garotinho de onze anos que desejava ser reconhecido, fazendo assim os traumas do Potter falarem mais alto e o iludindo mais de que algo podia melhorar se continuasse falando com os mortos.
[ ... ]
Naquela sexta noite após o Natal, Harry visara voltar ao local, ele encontrou o caminho ainda mais rapidamente do que nas vezes anteriores. Andava tão depressa que sabia que estava fazendo mais barulho do que seria sensato, mas não encontrou ninguém.
E lá estavam sua mãe e seu pai sorrindo de novo para ele, e um dos seus avós acenava feliz com a cabeça. Harry se situava de pé diante do espelho.
Ele via que seus pais pareciam apenas um pouco mais velhos que a aparência atual dele, dando a entender que sua mãe engravidou cedo, e infelizmente, morrera também muito cedo.
Não havia nada que pudesse impedi-lo de ficar ali a noite inteira com a família, talvez a semana inteira ou até quando as férias terminassem, talvez até mesmo se ele pedisse para Minerva deixá-lo ficar no castelo depois que as aulas terminarem, assim não abandonaria seus parentes, sim... nada o faria sair da frente daquele espelho.
A não ser...
- Então, outra vez aqui, Harry? - O mesmo escutara uma voz rouca após um som de chicote. - Harry sentiu como se suas tripas tivessem congelado. Olhou para trás. Sentado em uma das mesas junto à parede estava ninguém menos que Albus Dumbledore.
Não sabia como o homem chegara ali, porém, com certeza ele não estava lá quando Harry invadiu a sala.
Mesmo assim, isso não afetara as feições de Harry, no qual prontamente respondeu:
- Eu não vi o senhor.
- É claro que não. Eu aparatei para cá agora mesmo. - O velho disse com um sorriso, onde Harry se dera conta de que era a primeira vez conversando com o diretor.
Notara a enorme janela atrás do velho, e finalmente notara que essa era a torre de astronomia do castelo.
Não sabia Harry porque deixara tudo isso passar quando sempre era tão atencioso a tudo a seu redor, e agora mesmo teorizava ele o porquê de agir tão descuidado vindo para cá, quando com certeza esse não seria atos de seu normal eu.
- Então... - Continuou Dumbledore, escorregando da cadeira até o chão para se olhar no espelho. Lá ele via dois adolescentes trocando feitiços esverdeados ligados um ao outro, e distante dos mesmos, uma loira de olhos azuis aparentava gritar enquanto estendia as mãos e empurrava com uma névoa obscura os dois adolescentes, com o feixes duplos esverdeados investindo diretamente contra a mesma. - Você, como centenas antes de você, descobriu os prazeres do Espelho de Ojesed.
- Eu não sabia que se chamava assim, diretor. - Harry respondeu curioso com o que vira o diretor para fazê-lo ter tal olhar melancólico.
- Mas espero que a essa altura você já tenha percebido o que ele faz? - Indagou o velho se virando para Harry, que impressionantemente a Dumbledore, se encarava de mesma altura com o que deveria ser um de seus estudantes de onze anos.
- Bom... me mostra a minha família. - Começou Harry vendo no olhar do velho que ele não queria tal resposta.
- E mostrou o Sr. Weasley como chefe dos monitores. - Dumbledore finalizara.
- Como o senhor soube? - Indagou Harry.
- Eu não preciso de uma capa para me tornar invisível. - Disse Dumbledore com brandura. - Agora, você é capaz de concluir o que o Espelho de Ojesed mostra a nós todos?
Harry sacudiu negativamente a cabeça.
- Deixe-me explicar. O homem mais feliz do mundo poderia usar o Espelho de Ojesed como um espelho normal, ou seja, ele olharia e se veria exatamente como é. Isso o ajuda a pensar?
Harry pensou. Então respondeu lentamente:
- Ele nos mostra o que mais desejamos... Seja o que for, impossível ou não.
- Sim e não... - Disse Dumbledore. - Mostra-nos nada mais nem menos do que o desejo mais íntimo, é claro..., mas também os traumas ou desejos mais desesperados de nossos corações.
- Você, que nunca conheceu sua família, a vê de pé a sua volta.
- Ronald Weasley, que sempre teve os irmãos a lhe fazerem sombra, vê-se sozinho, melhor que todos os irmãos.
- Porém, o espelho não nos dá nem o conhecimento, nem a verdade. Já houve homens que definharam diante dele, fascinados pelo que viam, ou enlouqueceram sem saber se o que o espelho mostrava era real ou sequer possível.
- O espelho vai ser levado para uma nova casa amanhã, Harry, e peço que você não volte a procurá-lo. Não faz bem viver sonhando um reflexo e se esquecer de viver a realidade, lembre-se. E agora, por que você não põe essa capa admirável outra vez e vai dormir como todos estão fazendo nessa bela noite? - Por fim o velho disse com brandura, porem Harry ainda queria dar uma última olhada em seus pais, sob olhar avaliativo do diretor.
- É realmente fascinante o que ocorreu a seu corpo. - Dumbledore disse sobre o metabolismo acelerado de Harry. - Acredito que se tornou uma celebridade em sua escola no mundo trouxa? Quem sabe quantas garotas se encontram fascinadas com você, com certeza vai quebrar muitos corações no futuro. - Dizia ele com um riso para quebrar o climão.
- Não tem nada nisso em mim. - Harry de imediato respondeu aos dizeres do diretor que se surpreenderá pela mudança de tom que o mais jovem usara.
- Algum problema, Harry? - Dumbledore indagou não entendendo.
- Porque me deixou com os Dursley... Não podia ter me deixado em um orfanato qualquer... Qualquer lugar que aquele seria melhor. - Harry disse com certa amargura, por logo esse velho vir dizer para ele largar sua bela ilusão para viver uma vida miserável que em parte ele tinha culpa.
- Acredito que o afastar de uma sociedade que estava em guerra o faria se tornar um garoto melhor, digo... não é bom para uma criança viver em constante mimos, e famas.
- Está fugindo da pergunta! Por que escolheu me deixar com os Dursley? - Harry dissera sentindo um formigamento no braço direito.
- Por que escolheu não me visitar a fim de ver se estava tudo bem? - Harry dessa vez disse enquanto tocava em seu braço, para assim sentir sua varinha que viera não a utilizá-la nenhuma vez desde a saída do Olivaras.
- Que tipo de guardião abandona uma criança no breu? - Dito isso, Harry pode notar a face irritada da personificação de seus pais no espelho.
- Você que se diz tão sábio, e não sabe nem ao menos o que me ocorreu nessa desgraça de vida. - Com um tom sério e irritado na voz, Harry dissera ainda mais rápido atropelando qualquer explicação do diretor, vendo assim um olhar chocado na face da personificação de sua mãe que parecia sentir uma dor dele dizendo isso da própria vida.
- Então me diga! Por que logo agora quer pagar de bonzinho e responsável? - Com isso Harry se virara para o velho que o encarava sem saber o que dizer.
- Eu olho para sua cara, e só de saber que me abandonou sem um pingo de dúvida naquele inferno de lugar, já sinto raiva em estar na sua presença... - Harry continuará frente a frente com o diretor, que o encarava nos olhos, tais olhos que brilhavam fortemente em um verde-esmeralda pela luz do luar. - E tudo só piora quando dia após dia, infelizmente eu vejo esse seu olhar sob mim, então me diga?
- Harry! Entendo que você passou por dificuldades, e a isolação do conhecimento bruxo não ajuda em nada..., ou até o espelho pode estar nublando seus pensamentos, tudo bem, eu já passei por isso, mas... - Dumbledore tentara continuar, para somente assim Harry soltar um riso irônico.
- Entende mesmo? - Harry disse enquanto se afastava em direção à janela onde era mais iluminado pela luz do luar, assim desabotoando sua camisa com uma sensação mínima de borbulho em sua pele, no qual logo fora possível mostrar incontáveis cicatrizes. Porém, pareciam que elas encolheram devido ao metabolismo acelerado de Harry, mas que mesmo assim eram horríveis e grotescas. - Entende o que é te espancarem brutalmente quando você é somente um garotinho indefeso? - Harry continuou ironicamente.
- Entende o que é ser deixado um verão todo passando fome, pois seus tios foram curtir suas férias de verão? - Dessa vez ele disse, enquanto fingia que o diretor era alguém que passou mesmo por sua dor.
- Entende o que é seu corpo estar por um fio entre a vida e a morte, onde seu corpo passa a crescer acelerada e dolorosamente por algum motivo bizarro que ninguém sabe? - Harry disse se lembrando do ocorrido quando seus tios estavam fora.
- Entende o que são seus tios descobrirem sobre isso e você ser praticamente vendido para uma vizinha, a fim de ser obrigado a trabalhar para se sustentar e não morrer de fome já que se tinha a aparência de um adulto, podia se sustentar como um? - Harry dissera rápido para o diretor não interromper seu descontrole emocional.
- Entende o que é essa mulher abusar sexualmente de você por conta de um metabolismo acelerado que te deixa com uma aparência tão bela quanto a de um adulto formado? Sabe como isso ferra com a mente de alguém e me faz toda noite planejar maneiras diferentes de assassinar cada um deles, somente para me dar algum alívio mental?
- Entende o que é sua mente infantil ser destruída numa forçagem dela amadurecer em compreendimento desse mundo podre e patético?
- Entende o que é sua inocência ser tirada por dois desgraçados que te venderam a uma mulher que somente quer se aproveitar do seu corpo sem pudor e nem bom-senso? Somente por que essa cadela vagabunda não conseguia nenhum homem decente para trepar, assim decidindo se engraçar com uma criança!?
- Entende mesmo como eu fui obrigado a aprender Kenjutsu e comprar uma katana, apenas para ameaçar qualquer um que me obrigasse a algo? - Harry disse vendo que a personificação de seus pais no espelho, tal imagem que mostravam todos horrorizados pelo que escutavam.
- Entende mesmo isso que eu sinto durante anos?
- E no fim descobrir que... que após tudo isso, que após tudo que passei nessa miserável vida, você ainda desviava dinheiro de minha herança bruxa para manter aqueles porcos desgraçados com os bolsos cheios enquanto eu morria de fome na rua, era estuprado por uma cadela desgraçada e ainda era forçado a arrumar meu próprio emprego, isso antes da porra dos onze anos de idade!?
- E agora me vem querer tirar a única coisa que me dá uma certa felicidade por ver meus pais, pois nem saber como eles morreram eu sabia até meses atrás.
- Então seu velho imbecil, decrépito e ordinário! Não venha para perto de mim achando que irei olhá-lo e vê-lo como um sábio e honrável bruxo, com essa fachadinha de avozinho bondoso..., pois para mim você é mais um desses desgraçados de merda que não merecem a porra de confiança alguma.
- Harry... eu! - Dumbledore tentara dizer, porém, logo Harry interrompera com lagrimas caindo nos olhos, mas não deixando de falar tudo que sentia, o que era muito estranho, pois nunca ele imaginava que iria expor tais coisas, e talvez nem mesmo era uma decisão sua, já que no fim tudo isso saia somente pelo sentimento de risco que era não poder ver mais sua família no reflexo do espelho de Ojesed. - ... Eu sinto muito! - Dumbledore dissera de início quando correra até o jovem e o segurara pelos dois braços. - Não direi que entendo sua dor..., pois claramente seria mentira, e tudo que menos quero e sua desconfiança.
- Mas me diga! Por favor, me diga o que posso fazer para recompensá-lo ou tranquilizá-lo. - Albus dissera sinceramente com uma sensação de pânico e perigo inundando seu ser, uma sensação de perigo mortal e pior, de que nunca conseguiria consertar seus erros e pecados.
Harry que agora o encarava seriamente, porém com apenas os olhos vermelhos pelo choro descontrolado. Se desvencilhara das mãos do velho e andara novamente em direção ao espelho.
- Há duas coisas a se fazer... - Harry disse seriamente. - Mas terá que prometer que as irá cumprir... Do contrário, eu nunca mais confiarei em uma coisa vinda de você. - Dissera ele não olhando para o velho, mas sim dando total atenção a aparência tristonha e pesada que se instaurara com todos seus parentes no reflexo do espelho após todo o desabafo de Harry.
- Primeiro: Irá abdicar da posse do espelho de Ojesed, e doara a família Potter no cofre de confiança do banco Gringotes da Grã-Bretanha, no qual farei um ótimo uso disto, e se eu definhar até a morte na frente dele, será problema meu e pelo menos enfim foi uma decisão minha. - Harry dissera para surpresa do diretor, mas claramente o olhar de Harry era de ordem.
E para conseguir a confiança do Potter, teria de realizar tais pedidos.
- Já o segundo: Quero minha emancipação de guardiões bruxos... - Harry dissera ironicamente, pois sabia que encurralara o velho em algo, sabia bem que não conseguiria isso fácil, mas era bom vender seu produto a um preço alto, pois aí o negócio pode ser minimizado, mas ainda a um preço em que o Potter saia ganhando.
- Harry! Feiticeiros não podem ser emancipados nessa idade. - Dumbledore dissera tentando convencer Harry.
- Já imaginava isso. Por isso, quero que a partir de hoje você, como diretor da escola de magia de Hogwarts, líder da luz, supremo chefe da confederação mundial de bruxos e meu guardião magico, transcreva uma petição com sua melhor dissertação e pedidos de que eu tenha acesso total a minhas heranças. Que em sua maior confiança, acredita que eu seja responsável suficiente para tomar conta de tais negócios e trazer de volta a honra da família Potter que está estagnada desde o fim da última guerra - Por fim Harry disse enquanto se voltava ao velho, com um sorriso presente em seus lábios. - E também que tudo isso seja mantido sob jurisdição minha em sua total confiança, com nenhuma chance do ministério da magia ou algum membro político de alto escalão contestar tais atos e pedidos com subornos ou corrupções, já que interferências de tais escalões comprometeria regras e tratados claros de paz entre o ministério magico e a facção de Goblins, sob risco de guerra. - Harry não sabia se eles podiam ouvi-lo do espelho, mas a imagem de cada um agia perante o que Harry e Dumbledore discutiam, e alguns aparentavam orgulho pela coragem do ultimato que Harry fizera ao diretor.
- É isso mesmo que quer? Assim eu posso obter sua confiança? - Dumbledore indagara. - E não somente por palavras, mas sim sua confiança de que não sou algum vilão maquiavélico ou espécime de lorde das trevas oculto por fachadas de títulos de Lorde da luz?
- Minha confiança não pode ser comprada..., mas caso realize esses meus dois pedidos, e dependendo de nossa relação seja amigável ou conflituosa... Pode vir de obter minha confiança..., um dia, mas no fim, é, eu acho que posso sobreviver olhando para você como um mocinho ao invés de um vilão, contanto que não cometa um deslize feio. - Harry explicara ao diretor com um riso de vitória, que prontamente o vira aparatar dali sabendo que nada podia fazer contra o ultimato de Harry e que precisaria movimentar muitos processos para que tudo seja bem feito.
Vendo que estava sozinho, Harry não pode deixar de suspirar em alívio, seja pela calma que se instaurou com a saída do diretor ou o silêncio de enfim poder voltar a conversar com sua família no espelho.
Harry até mesmo iria voltar a dar uma última grande atenção a imagem personificada de sua família.
Porém, logo uma voz irrompera por sua mente:
- "Revelio" - Uma voz grossa e muito conhecida que derivava de sua memória fotográfica, anunciava em sua mente.
- Revelio. - Harry ditara uma magia que recentemente lera, onde inconscientemente seu braço estendeu com a varinha armada para uma mesa do local.
Ou era isso que ele acreditava, pois logo surgiu uma mulher loira de vestes comumente trouxa, sendo uma calça jeans e uma regata preta.
Claramente ela demonstrava certo frio pela brisa gelada, mas o que mais Harry estranhava era o fato dela ter sido há poucos minutos um besouro-verde.
- Quem é você? - Harry indagou com receio pelo que ela escutara, e principalmente pelo que uma pena flutuante anotava furiosamente em um bloco de papel.
Sua varinha estava em mãos, porem Harry sabia que nada podia fazer de grandioso, já que não tinha feitiços poderosos para duelar, e sim apenas básicos citados em livros do primeiro ano.
- Ah... Fui descoberta. - A mulher disse envergonhada. - Prazer, sou Rita Skeeter, repórter geral do profeta diário. - Ela continuou enquanto fingia animação para cumprimentar Harry com um beijo na bochecha. - Não me olhe assim! Eu iria me apresentar pouco antes do diretor aparecer..., mas olha! Já tenho uma bela história em mãos. - Ela disse contente, porem logo Harry se aproximara dela enquanto tocava a bainha de sua katana, deixando claro o aviso ali.
- Diga qualquer coisa, e eu terei gosto de expor que uma animaga ilegal invadiu a escola, principalmente um andar proibido até mesmo a funcionários. - Harry disse a encarando nos olhos sob desafio da mesma. - O que acha pior, que eu seja colocado em detenção por estar brincando fora de hora no castelo, ou a pena de um ano em Azkaban por Animagia ilegal? - Deixava claro o Potter que não tinha medo nenhum de apelar para sua fama e ferrar com essa mulher que ameaçava expor sua infância.
- Tudo bem, relaxa... Só um louco para querer ficar contra o menino-que-sobreviveu... ou devo dizer Homem-Que-Sobreviveu. - Brincava ela maliciosamente sob olhar sem emoção do Potter que apontava para o bloco de notar. - Irei manter segredo, pois gostei de como falou com o velhote. - Rita disse como se eles fossem amigos. - Mas para isso, terá de me dar uma entrevista completa como planejava obter desde o início. - Ela continuava enquanto puxava duas mesas para perto deles com a utilização da varinha, assim incendiando as antigas notas rabiscadas pela pena flutuante.
[ ... ]
Já passava um bom tempo desde o início da entrevista de Harry com a suposta repórter do profeta diário.
Harry que não era nada bobo, prontamente visou a tratar bem para não expor o que escutara da discussão dele com o diretor da escola.
Tudo transcorreu bem, com ela perguntando sobre as aulas de Harry, de como é ele ser diferente perante os primeiranistas.
Eram muitas perguntas ousadas que fazia Harry rir da forma que ela trabalhava, onde por isso ambos passaram a caminhar por Hogwarts enquanto conversavam junto a sua pena enfeitiçada que anotava a tudo.
Era por volta de onze da noite, e Harry não era lá uma pessoa que ligasse para festas e festividades. Fazendo-o se esquecer bem de que teria uma queima de fogos no castelo em frente ao enorme lago.
Algo que Fred e George visaram aprontar para os alunos e funcionários que estavam na escola pudessem aproveitar.
Mas o que o Potter não entendia, era essa queimação toda em seu braço, não externa, mas sim como se sua varinha presa ali causasse algo nos nervos e músculos de seu braço.
Sentia-se levemente tonto, e até mesmo quente por dentro.
Sentira isso primeiro quando Ron dissera para ele não procurar o espelho de Ojesed, depois quando ocorreu seu descontrole na discussão com Dumbledore, e agora... Justo agora quando ele via Rita encarar o enorme lago parecendo se divertir com o que lia que sua pena de cotação rápida escrevera, com ela corrigindo algumas coisas.
Parecia que algo mexia na mente de Harry, algo que o fazia sentir-se tonto, mas ao mesmo momento, bem.
Para só assim, quando o relógio de Hogwarts marcou meia noite, e a exata virada de ano.
Quando o primeiro rojão subiu aos céus com George e Fred sobrevoando a vassoura em pura euforia.
Justo quando algumas dezenas de alunos e funcionários saíram do castelo para ver o espetáculo, que Harry enfim vira seu corpo agir sem controle.
Ele se aproximava lentamente de Rita que encarava os fogos, sua respiração se descompassara um pouco com um vapor gélido saindo por sua boca, devido à baixa temperatura da noite.
Para somente assim, ele enfim tocar ao ombro dela, obtendo sua atenção, para ser pega de surpresa quando o Potter chocara a seus lábios contra os dela.
Naquele local ninguém os via por estarem mais altos que os demais, e Harry não media esforços em explorar a boca da mulher, tendo o mesmo sentimento de quando foi abusado sexualmente por uma vizinha, na qual seus tios praticamente o venderam.
O sentimento de controle que tinha perante alguém que tentava usá-lo, o sentimento de não querer deixar ninguém no comando, principalmente sabendo que essa mulher poderia ser uma grande dor de cabeça com seja lá o que ela decidir escrever sobre ele, sendo ele e somente ele quem queria e atualmente dominava a situação para seu próprio bem.
Porém, não de um jeito que ele sentia como no passado, mas sim um sentimento novo que o fazia pegar a mulher de surpresa, sem saber como agir a não ser corresponder ao beijo completamente intenso vindo do Potter.
Ele a tocava parte a parte, enquanto desabotoava o sobretudo que emprestara a ela pelo frio, enquanto sentia a maciez de sua pele.
Para somente assim, ele notar o quão linda essa mulher era. Como seus olhos davam um ar intenso pelo brilho esmeralda que surgira ali por curtos segundos, assim retornando ao azuis naturais dela.
Harry não sabia como, mas os olhos da mulher pareciam com os seus, e tudo que ele podia fazer é pensar em tudo enquanto seu corpo agia sozinho, tornando o melhor de tudo a reciprocidade por parte da mulher, que agora visava percorrer suas mãos por baixo da camisa de Harry, enquanto estudava parte por parte do corpo dele com as mãos.
Harry queria muito continuar com isso, onde logo quando ele iria levar um passo adiante, ela visara interromper:
- Espere... - Rita disse ao notar que um grupo de alunas do sétimo ano os notara. - Aqui não. - Dessa vez ela disse rapidamente enquanto pegava seu bloco de anotações, se agarrava ao Potter pelo braço enquanto a capa de invisibilidade dele flutuava por cima de ambos.
[ ... ]
Harry a viu proclamando algo rapidamente, no qual fizera ele notar uma espécie de barreira intangível cobrindo sua cama antes de sumir completamente.
Com ela logo caindo em cima dele, enquanto visava atacar sua boca.
- Mexeu com a mulher errada, Sr. Potter. Não é bom senso e nem regras que me impedirão de fazer algo. - Ela disse euforicamente o prendendo contra a cama.
Isso, para logo os olhos de Harry e de Rita ressoarem em uníssimo num tom esmeralda mútuo. Com ele não gostando nada dessa sensação de estar preso, tendo o mesmo logo invertendo as posições com ele a prendendo contra a cama e atacando seus lábios.
Parte 02 no próximo Capítulo devido ao limite de palavras da postagem do capítulo.