Chapter 12 - 12. Ajudar nossos vizinhos.

"Levem todos os com ferimentos mais serios para a taverna, acomodem os demais na praça e peça pra todos disponiveis se dividirem em equipes para preparar comida, um grupo cuida dos utensilios e preparar o fogo, o outro pega as provisões dos cavaleiros pra fazer a comida."

Gerard disse ao pequeno grupo de curiosos que veio tentar entender oque estava acontecendo.

A história era algo relativamente comum, uma aldeia tomada por um grupo mais forte que invadiu procurando lucro e provisões. Mesmo comum ainda seria o suficiente prós moradores do vilarejo ajudarem, muitos dos que viviam na aldeia vizinha eram parentes dos que viviam aqui, primos, amigos de infância até irmãos muitos vezes.

Um diferencial que eles experimentaram era o tipo de invasores que apareceram.

Um grupo de goblins com armas e armaduras de ferro . Um grupo de goblins armados atacando vilarejos e algumas aldeias menores não era algo fora do comum.

Um grupo de goblins usando armas de ferro?

Difícil, mas também acontecia geralmente tomadas de viajantes solitários ou os chamados "desbravadores".

Agora, um grupo de goblins armados com armas de ferro, com força o suficiente pra atacar um vilarejo grande e próspero quase virando uma cidade? E não só atacar as periferias mas atacar toda a aldeia em um ataque coordenado?

Isso sim era uma coisa bem mais difícil, se não impossível até, de acontecer.

Estritamente falando, isso acontecer não era impossível, o impossível é o fato de terem perdido.

Todos os aldeões, exceto aqueles responsáveis por preparar a comida e trazer água, vieram ajudar aqueles que já não aguentavam ficar de pé. Sofi também mandou 3 pessoas para sua cabana para trazerem seus medicamentos enquanto ela foi para casa de Gerard pegar a bolsa que tinha deixado no quarto de Matt durante a avaliação.

Ivan por sua vez foi para sua cabana pegar os dois javalis que tinha guardado no seu "porão", na realidade era só um buraco com terra batida pra deixá-lo firme com espaço pra duas pessoas no máximo, coberta por uma "porta" (tábua) de madeira enorme.

"Eu... agradeço... Senhor Ger—"

Antes que pudesse terminar o jovem que liderava o grupo, Dan, desmaiou por causa dos ferimentos. Por pouco não batendo a cabeça no chão.

Gerard agiu rápido e pegou a quase jenro antes que isso acontecesse. Queliand, ou só Dan, era o filho do chefe da aldeia vizinha que eles pretendiam pedir ajuda contra os goblins que ameaçavam aparecer, mas parece que o destino gosta de fazer brincadeiras cruéis com as pessoas.

Não só a aldeia mais próxima deles como também a mais próspera da região já estava enfrentando perigos, esse mesmo perigo tinha potencial para se espalhar para eles também.

Existe uma considerável diferença entre um vilarejo e uma aldeia nesse reino, assim como teria uma grande diferença entre uma aldeia e uma cidade. Principalmente no número de habitantes e renda que cada uma tem.

Só esse grupo que conseguiu chegar até aqui numeravam quase 200, se contar as crianças de colo e bebes o número facilmente excederia isso.

Agora além dos goblins que poderiam aparecer, eles também teriam que cuidar desse imenso grupo em uma vila que mal tinha lugar para 100 habitantes, dizer que todos estavam com problemas ainda seria pouco.

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"Oque devemos fazer?"

Perguntou Gerard para ninguém em específico dos que estavam na casa do chefe.

Todos os que estavam presentes se mantiveram em silêncio, Ivan, Sofi, Agatha, Hannah, Matt (que se recusou a ficar na cama e pegou um lugar na reunião sobre muitos protestos dos pais), Gertrude que estava no lugar do marido ainda desmaiado e Ogar, que agia como represente dos recém chegados enquanto Dan se recuperava depois que Sofi havia cuidado de seus ferimentos (Constance ficou com ele no quarto esperando que acordasse).

"Nós lamentamos ter aparecido dessa forma—"

"Você não tem do que se desculpar Ogar, nos conhecemos desde que usávamos fraudas, é natural que ajudemos vocês nesse caso. Só estou lamentando o fato de tantas coisas ruins acontecerem ao mesmo tempo."

Gerard disse no tom mais amigável que conseguiu, mas ainda era fácil notar o tom sombrio que não conseguia disfarçar. Não que alguém pudesse culpa-lo todos estavam pensando nas mesmas coisas.

Onde todos iriam dormir?

Onde conseguiriam comida para todos?

Será que os que ficaram para trás conseguiriam dar conta?

Ainda viriam mais?

Os goblins atacando a aldeia viriam atrás deles até o vilarejo?

Muitas perguntas, todas ruins, todas sem respostas fáceis.

Ogar não conseguia levantar a cabeça, ele sabia que as pessoas do vilarejo não iriam simplesmente deixá-los a própria sorte como outros fariam, assim como eles não os deixariam se fosse o inverso. Contudo tudo ainda se resumia há um jogo de números mesmo que o vilarejo tivesse um excesso de alimentos dificilmente seria o suficiente para 200 a mais, poderiam distribuir para quem precisa-se mais mas como poderiam fazer isso de uma forma realmente justa?

Não tinham como, do mesmo jeito que não tinham lugares para acomodar todos, tinham algumas cabanas vazias que poderiam acomodar até 5 pessoas mas eram muito poucas em comparação ao número de pessoas.

Se tivesse um lado bom seria no fato de que o comboio conseguiu trazer cavalos, bois e vacas, e até galinhas com eles mesmo que poucos. Com eles a necessidade de alimentos diminuiu um pouco.

Outro ponto positivo pelo menos para Gerard era que ninguém conhecido tinha sido morto pela goblins, pelo menos não ainda. Esse fato e o de ele estar de certa forma feliz com o fato da maioria dos que morreram serem estranhos ou estrangeiros o deixava com repulsa de si mesmo.

"Não comecei com esse jogo de culpa moralista, não temos tempo para isso agora."

Ivan disse lendo o óbvio no rosto do amigo.

"O melhor que temos a fazer é continuar com o plano original, consertar os buracos no muro, criar armadilhas e obstáculos e armar quem puder lutar. Com o adicional deles podemos ter melhores chances."

"Ivan não acha que está sendo muito precipitado, eles vieram correndo de longe para fugir de goblins e você quer que eles lutem com goblins aqui?!"

Agatha disse parte incrédula parte com raiva.

"Eu sei oque você acha disso. Mas sendo objetivo é o melhor a se fazer."

Ele disse impassível, mas quem o conhecia bem conseguiu perceber um pequeno embasbacar de garganta, um dos únicos sinais que mostrava o quanto o próprio Ivan detestava dizer aquilo.

"Pode ficar tranquila Agatha, vou garantir que todos saibam da situação, garanti que ninguém vai criar nenhuma confusão e vamos ajudar no máximo que pudermos."

Ogar disse levantando a cabeça, com a voz mais firme que conseguia, ele estava determinado a fazer exatamente isso, com o pai de Dan na aldeia junto da milícia para lutar contra os goblins e com o próprio Dan se recuperando cabia a ele garantir que nenhum problema aconteceria e ele estava decidido a fazer isso.

"Fora que tem um ponto positivo nisso."

Sofi disse depois de pensar bem em tudo que acontecerá.

"E qual seria?"

"O fato dos goblins que estão atacando a aldeia não serem os mesmos que nos vamos enfrentar."

"E porque isso seria uma coisa boa? ou Como voce teria tanta certeza?"

Hannah perguntou realmente não entendendo como isso seria positivo, só queria dizer que eles possivelmente teriam que lidar com dois grupos de goblins não é mesmo?

"Principalmente pela forma das marcas deixadas pelo goblins na plantação, aqueles sulcos era fundos mas desiguais, tipico de uma ferramenta de pedra. Nas comunidades goblins os únicos que com permissão de usarem armas de ferro são os comandantes, soldados e batedores, se esse batedor usava ferramentas de pedra então essa tribo não teria ninguem com armas de ferro, alem dos comandantes."

Sofi explicou.

" Por isso, na chances dos goblins da aldeia também vierem para cá, eles certamente vão entrar em conflito com os goblins que vão nos atacar aqui."

A herbologista e curandeira disse.

"Mesmo integrantes de uma mesma tribo muitas vezes não se dão bem entre si. Uma tribo diferente tentando roubar uma fonte de alimentos? É bem provável que eles lutem mais ferozmente contra o outro grupo de goblins que com a gente."

Ela disse com total certeza.

Com isso Ivan, Matt, Hannah e Gerard já tiveram uma ideia de como poderiam amenizar o perigo para eles mesmos e talvez até indiretamente ajudar a aldeia de seus vizinhos.

Mas para isso eles teriam que contar com uma ajuda extra.