Chapter 16 - 16. Porque? 1

Apesar da grande onda de ódio e ressentimento que se abateu sobre ela Sofi ainda conseguiu se segurar o suficiente pra não mostrar qualquer reação além de encarar o cajado enquanto os outros admiravam a espada.

Mentalmente ela sabia que não adiantaria nada aquele ódio, ódio esse que ela nem sabia bem pra quem era direcionado, para a arma que poderia tela ajudado no dia que mais precisou, para o deus que só depois de séculos desde o pior desastre que aconteceu ao mundo, ou há si mesma por não ter conseguido impedir que ele acontecesse e e ainda perdendo os que mais se importava e aquele com que mais amava no processo.

Fosse oque fosse, ela sabia que não adiantaria se remoer nesse sentimento por muito tempo, ainda mais agora que tinha decido dedicar tudo que tinha para essa mesma entidade enigmática que os tinha ajudado antes.

Assim como Hannah, Sofi também prometeu dar oque fosse necessário para salvar Matt ontem a noite, ainda que com muito mais ceticismo e bem menos esperança que qualquer um na taverna mesmo depois de ver em primeira mão os destinos do nobre e seus capangas.

Mesmo que esse deus os tivesse ajudado e ela fosse sim grata há ele, sempre tinha havia uma persistente sensação de traição e raiva que nunca há abandonava, pode ter se passado apenas um dia (nem mesmo isso na verdade) mas isso não importava, para os aldeões era tempo oque já havia acontecido era mais que o suficiente para tornamos adoradores sinceros e pelo que acabara de acontecer agora no "altar" esses adoradores estavam prestes há aumentar.

Mas essa sensação nunca ia embora, afinal ela tinha começado há muitos anos antes, muito tempo antes desse pequeno vilarejo existir e mesmo com oque tinha presenciado nesses quase 2 dias, Sofi não sabia se essas sensações algum dia iram embora.

Enquanto ela contemplava a própria angústia, hora olhando para o cajado, hora estranhamente para seu bracelete, Sofi não percebeu que a multidão de pessoas finalmente se acalmava e passaram a exigir explicações. Logo Gerard o não oficial chefe do vilarejo disse-lhes.

"Meus amigos tenham calma, não adiantaria nada vocês se exaltarem e exigirem respostas que nem nos sabemos. Acredito que pelo menos alguns de vocês já ouviram sobre oque aconteceu ontem. Mas lamento dizer que nós também não temos ideia do que ele." Disse apontando para o altar onde a seus pés ainda estava o cajado. "Quer de nós, nem temos ideia de como poderíamos compensar pela ajuda, só especular assim como vocês. Mas garanto!" Disse o homem no tom mais forte e autoritário que conseguia.

"Garanto a todos que ele não deseja mau há nos, todos vocês viram. O javali que apresentamos foi aceito, assim como nossos agradecimentos. Não só isso como Ele também nos mandou esses armamentos, mesmo sendo apenas dois acredito que todos sabemos que mesmo uma faca pode ser útil em tempos de necessidade. Quem dirá então uma espada que pode ter sido feita por um Deus?"

Gerard pode não se considerar nada mais que um aldeão com um pouco mais de estudo e uma mente levemente mais afiada que a maioria. Mas era inegável que ele tinha um talento natural para oratória e um carisma magnético que fazia as pessoas ouvi-lo e até certo ponto segui-lo.

"Mas porque? Porque agora? Porque esse seu.... "Deus" não ajudou antes. Porque não ajudou quando os goblins apareceram, ou quando um grupo de bandidos ateou fogo na casa do Sam por não pagar uma moeda de prata pela "proteção". Porque não quando houve tornados, secas ou fome? Porque aqui e não em outro lugar, senhor Gerard?!"

Um dos recém chegados que quase perdeu uma perna, estava com o braço direto quebrado e bandagens na cabeça veio da taverna e começou a esbravejar sua raiva.

Não que ele pudesse ser inteiramente culpado, a casa dele, vários amigos e conhecidos foram mortos ou tiveram que suportar desastres aparentemente sem motivo e sem nenhum tipo de ajuda, fosse mortal ou divina, claro incluindo ele mesmo.

Em segundos o espanto e admiração que muitos tinham sentido quando o javali sumiu e os armamentos apareceram foi substituído por raiva e ressentimento, muitos começaram a levantar a voz enquanto outros simplesmente começaram a gritar.

Gerard percebeu que as coisas estavam prestes a tomar um rumo para o pior se não fizesse algo logo, muitos dos recém chegados estava feridos, exaustos ou ambos.

Porém acima disso estavam com raiva por terem que fugir de suas casas, raiva essa que era suprimida pelo cansado e a fome mas que quando encontrava uma forma de se mostrar, tomava conta do pensamento e nublada a lógica, afinal oque as pessoas do vilarejo teria há ver com os desastres que aconteciam com os vizinhos, não era como se eles mandassem seria desastres para eles ou que eles mesmo também não tivessem enfrentado problemas.

Contudo, o cerne do problema se baseava no fato de que, realmente quem estava em um estado pior eram os recém chegados que não haviam recebido nenhum tipo de ajuda ou descanso. Enquanto os residentes do vilarejo haviam sim enfrentado desastres, do ponto de vista dos recém chegados era um desastre "menor" que o deles e os residentes ainda tiveram ajuda como acabou de ser muito bem demonstrado com os armamentos.

Por causa disso a raiva deles, a tristeza, preocupação e esgotamento acabaram se mostrando e rapidamente se aproximava do ponto de ruptura.

*ffffffffiiiiiiiiiiiiiiiiiiuuuuuuuuuuuuu*

Até que um assobio extremamente agudo e auto foi ouvido. O assobio foi tão alto que pode ser ouvido literalmente por 1/5 do vilarejo (que não era grande, excluído os campos e o "celeiro" o vilarejo ainda teria menos que 30 quilômetros em média), forçando os aldeões prestes a explodir há voltarem a um estado de aparente calma.

"OQUE VOCES ACHAM QUE ESTÃO FAZENDO!!!" o jovem Dan que veio mancando com a ajuda de Ogar disse o mais alto possível. Dan assim como Gerard tinha as qualidades necessárias pra ser um poder com um adicional, ele tinha uma voz forte e foi criado em uma aldeia bem mais próspera oque lhe dava uma vantagem grande em comparação ao mais velho.

Gerard era muito amigável e "macio" com os outros, Dan em comparação sabia dizer quando ser "macio" e quando ser "rígido", coisa que Gerard nunca tinha conseguido (ou se importado de saber na verdade) como fazer.

"NOS ESTAMOS AQUI AGORA, COMENDO A COMIDA DELES E RECEBENDO ABRIGO EM UMA SITUAÇÃO QUE NÃO SERIA DIFICIL QUE NOS NEGASSEM AJUDA. MAS AINDA ASSIM FIZERAM E COMO VOCÊS AGRADECEM. COM UMA DEMONSTRAÇÃO FANTÁSTICA DE MENOSPREZO E CULPAR QUEM NÃO TEM COMO FAZER NADA!!!" o jovem gritou a pelos pulmões com o rosto vermelho, tanto pelo esforço de erguer a voz em sua condição quanto pela de raiva e vergonha.

Apenas com isso os aldeões voltaram totalmente ou quase totalmente a um estado mais calmo e reviram as coisas que aconteceram e de fato como Dan tinha dito, não seria difícil ter negado ajuda ou os enxotado, mas ainda assim eles decidiram ajudar e mesmo que eles tenham de fato enfrentando problemas "maiores sem ajuda" isso não tira a gravidade dos problemas do vilarejo.

Apenas esse simples raciocínio, que na realidade todos tinham mas havia sido nublado pela raiva e um desejo de descontar a sensação de injustiça em alguém, mesmo que não merecese, fez com que todos os aldeões recém chegados de que tinham levantado a voz ou gritado besteiras se encolhecem de vergonha. Mas alguns não conseguiam deixar essa sensação de raiva ir embora tão facilmente.

"Nós não estamos menosprezando oque eles fizeram por nós, oque etão fazendo por nós. Mas não podemos deixar o fato de que eles." Disse o aldeão com o braço quebrado. "Terem conseguido se manter em ordem e prósperos enquanto nós... Não"

Essa declaração fez com que alguns murmura sem concordando, embora outros agora mais calmos vendo que o filho do chefe da aldeia estava bem, acharam que tinham reagido de forma exagerada.

"Prósperos hein... Sabe Henri, isso é bem oque os viajantes dizem, ou diziam sobre nós em relação há eles, a diferença é que graças a essa diferença de prosperidade fez com que nossa aldeia se desenvolvesse mais. Oque acabou chamando a atenção de um grande grupo de goblins. Um grupo de goblins disciplinados e que usam armas tão bem quanto qualquer humano. Tem ideia do porque disso Henri?"

O aldeão ficou em silêncio, assim como todos na praça.

"Porque quanto mais humanos, mais carne para eles, mas os goblins não são tão burros ao ponto de correrem direto para as pontas de lanças e espadas por trás de muros de carvalho reforçado. Por isso eles aprenderam a se adaptar até chegarem há esse ponto. Tenho certeza que você e vários outros voltam rumores de grupos de goblins armados com ferro aparecendo com mais frequência e atacando viajantes, mas certamente não deram muita atenção não é?" Ele perguntou mas não precisava de resposta.

"Sei muito bem que vocês aqui não são tolos e entendem oque quero dizer. Nós já podíamos ter previsto esse ataque dos goblins muito tempo antes, não na verdade nos realmente o prevíamos, mas não acreditamos que fosse possível para meros goblins nos vencerem. E porque isso?" Ele disse gesticulando com os braços agora sem a ajuda de Ogar.

"Porque nós acreditamos que nossa "prosperidade" e "ordem" seriam o suficientes contra os goblins que nem nos importamos de sequer saber seus números, por onde viriam ou quais as armas que usariam. Não estou dizendo que não havia motivo para isso, ao longo dos anos nos vencemos qualquer ataque que os goblins, bandidos, lobos ou outros seres mais fortes que aparecerem nas bordas de nosso vilarejo.

Mas pro causa disso ficamos complacentes e deixamos os goblins brincarem com oque achávamos que sabiamos, o resultado todos experimentamos em primeira mão." O jovem concluiu com uma expressão de derrota.

"Tudo que podemos fazer agora é nós recuperarmos o mais rápido possível e correr ainda mais rápido para tentar salvar oque ainda tivermos, quem ainda tivermos, e para isso vamos precisar de todos que pudermos quer seje de nossa aldeia, quer seje do vilarejo." Ele disse, lentamente se virando para o altar de pedra e o mais do jeito mais cuidadoso que conseguiu se ajoelhando enfrente há ele. "Quer seje qualquer ajuda que os céus possam mandar."