Chereads / A Representação do Deus Supremo - Apocryphal Testament / Chapter 6 - Arco 1 Capítulo 4 "O gosto do sangue"

Chapter 6 - Arco 1 Capítulo 4 "O gosto do sangue"

Quando o jovem bizarro se apresentou corretamente, Sado ficou incrédulo e não conseguia desviar o olhar.

Maxuel Willians — assim se apresentou com grande convicção diante de Sado.

Que por sua vez...

— Tarot...? Naipe de paus...? O que é isso, um jogo de cartas?

Ele deixou sair uma risada seca e sem graça como que debochando dessa situação. Era muito provável que o jovem de cabelos bagunçados e piercing no nariz estivesse só caçoando dele.

Como alguém que tenta contar uma piada ofensiva na hora de fazer algum mal para o próximo, no intuito de ver a reação desejada.

Mas Maxuel não demonstrou nenhum contentamento.

— Do que é que tu tá rindo aí, seu palerma? Achou alguma coisa engraçada?

O olhar frio de Maxuel foi direcionado para o Sado que travou nervoso do lado da farmácia.

— Eu só acho engraçado um valentão como você dizer coisas assim. Sabe... Se isso for algum tipo de trollagem pra internet, você mandou muito bem...

Afim de esconder o seu medo, o garoto tentou persuadir o jovem do taco metálico, mas a resposta não foi condizente com o que imaginava. Sequer chegou perto de qualquer coisa que poderia esperar.

— Você parece não entender mesmo. Ela estava certa. Você é um anômalo? Me diga... Qual doutrina você serve?

— Hãn?

A confusão mental parecia impregnar na mente de Sado como um rio distorcido, e nada fazia sentido para ele.

O garoto estalou a língua e continuou perguntando:

— O que que há com você, hein? Como pode ser tão tapado! Tô perguntando de que grupo você veio. Você é Budista, Xintoísta, Gnóstico... da Doutrina Salvadora da Cruz...? Ou quem sabe um grupo de Espiritismo? Quais suas práticas mágicas?

— ....

Que tipo de pergunta era essa do nada? O jovem queria saber sobre a crença de Sado? Isso não fazia sentindo nenhum. Sado não conhecia nenhum desses nomes citados.

— Vamos, responda!

— ...E-eu não sigo religião alguma...

— Hãn? É Agnóstico então?

— Hein? Espera, espera, espera. — disse abanando as mãos. — Por que isso de repente? Qual o seu objetivo?

O homem vendo a insistência de Sado em querer continuar confuso, colocou os dedos entre os olhos como que sem paciência e voltou a se pronunciar.

— Você. — apontou com o taco. — O que tem algo incomum. Você claramente destorce a realidade, ou ao menos, é capaz de agir de forma antinatural. Sendo assim, é um usuário de magia. Quero saber qual a sua origem antes que eu te esfole aqui e agora, droga.

— ...Por quê...?

Foi uma pergunta do "por que você quer me matar?", ou "por que está tão interessado em mim?", mas Maxuel interpretou de outra maneira.

— Por quê, você diz? É apenas uma cortesia nossa. Devemos por no relatório. Não queremos nenhuma outra Guerra Mágica por aqui. Mas sabe como é, né? Devemos cumprir com nossas funções.

— ....

"Do que esse cara tá falando? Guerra Mágica? Magia?? Isso... Isso é mesmo real?"

— Haah... Você não quer mesmo me dizer? Eles te doutrinaram bem a esse ponto?

— E-eu não fui doutrinado por ninguém! Não sou Agnóstico e nem nada do tipo. Eu sequer sabia que algo como uma Guerra Magica poderia existir. Isso é loucura! Não fala nada com nada!

De tanto reter dúvidas e informações que enchiam seu cérebro, Sado se irritou e começou a gritar.

— É mesmo? Bem. Mesmo que diga isso, eu sei que você é o cara. Foi difícil achar você, que não da indícios algum de ter alguma vibração mágica saindo de si.

— É porque e sou só um cara normal, droga! Dá pra me deixar ir!?

— Não. Mesmo que diga isso, está mentindo. Você está ocultando seus poderes, não é mesmo? Você usa algum método de autossuficiência? Ou está envolvido com alguma seita?

— Quê? Não! Eu disse que-...

— Você não faz parte de nenhuma doutrina. Mas é incomum. Então a resposta que eu encontro para você ser capaz de usar magia é...

Então, o olhar frio do jovem rebelde mirou Sado com puro desgosto e desprezo.

— ...Você é membro daquela organização.

— ...Do que... Você...?

A voz de Maxuel Willians estava completamente tingida em ódio e rancor. Todo o desprezo que ele poderia ceder a alguém estava sendo jogado para Sado Yasutora.

— Tsk... Eu odeio todos vocês, sabia? Então aquela garota também é sua comparsa? Isso explica muita coisa.

— Que garota...? Não me diga que...

— Sim. Ela mesmo. Quem mais seria? Vocês vivem impedindo o nosso progresso de levar a nossa ideologia para essa cidade. Eu sinceramente odeio isso. Mas agora já sei que parte vocês tem com o mundo. Era tão óbvio. Como nunca havíamos pensando nisso!?

O homem rio sarcasticamente, como se tivesse entrando em êxtase ou achado o maior dos achados.

— Ei, ei... Eu não faço parte de organização nenhuma. E muito menos sou religioso ou pratico alguma coisa como me conectar com a natureza ou sei lá.

— Cala a boca! Não tente se justificar agora! Você. Vai. MORRER!

— Ik...!

Erguendo a palma para cima, Maxuel berrou com grande vontade, e dela foi produzido algo anormal para os olhos de Sado que solta um barulho com a garganta.

O calor do ar rebatido estava chegando até ele e ele pode concluir que era aquilo o que incendiou o veículo.

— Bola de fogo...!?

— Queime...! Queime e não sobre nada da sua existência!

— Não, espera!!

A imensa esfera flamejante que se formou acima da palma do jovem do taco emitia um enorme calor e claramente iria proporcionar um imenso incêndio.

Aquilo foi jogado na direção de Sado Yasutora que tentou implorar.

Mas suas palavras não iria parar um ataque desses.

— Ah! Que droga!

O chão explodiu em chamas que se alastraram pelo asfalto como uma bomba e tudo se tornou cinzas.

— .....

A fumaça foi produzida e parecia tampar a visão de Maxuel que esperou por algo.

E então, com o silêncio de um jovem explodido, Maxuel concluiu que:

— Eu errei.

Havia ali o chão queimado e vapor subindo aos céus, mas nenhum vestígio de um Sado Yasutora.

O que ocorreu foi que...

— Cof... Cof... Isso é insano.

...Assim que viu sua vida passar diante de seus olhos, Sado como por instinto, tomou a direção da farmácia ao seu lado e entrou pela porta se jogando lá dentro.

O impacto que a esfera causou estilhaçou a vidraça e derrubou dezenas de produtos internos.

Sado derrubado no chão tentou se erguer para ver o estrago.

— Eu tô muito ferrado... Isso é loucura...

Se levantando ele olha para a porta que cremou e derreteu junto da calçada. Logo escuta:

— Oi, oi... Você realmente desviou dessa, huh? O que foi, não vai tentar lutar comigo? Não me diga que se mijou mas calças que nem uma menininha? Há, há, há, há! Hilário!

Ignorando os dizeres do rapaz que estava do lado de fora e não aparentava reter nenhum tipo de empatia, Sado Yasutora se ergueu do chão com dor.

A sua mente estava aflita e tudo o que ele procurava era um meio para desaparecer dessa insanidade.

Dando uma olhada pelo interior da farmácia, Sado vê uma porta de emergências. Se estiver aberta, esse seria sua fuga de escape.

Então correu até ela e quando foi abrir...

— Papai... Que barulho foi esse? Eu estou com medo...

Uma voz chorosa e doce ecoou pelos seus tímpanos. Sendo direcionado pela voz por instinto, o garoto de cabelos pretos viu que havia pequenas e finas pernas atrás do balcão da recepção.

— Ah, não...

Ele temeu pensando nessa hipótese. Vai ver seria só imaginação por conta do medo? Ele adoraria acreditar nisso.

Mas mesmo tentando enganar sua própria mente, Sado andou até o outro lado balcão só para ver...

— Uma menina...

Havia ali uma garotinha de cabelo castanhos e estava agarrada aos próprios joelhos. Assim que ela percebeu a presença de Sado, ergueu o rosto com olhos lacrimejados.

— Onde... Onde está meu pai? Você viu ele em algum lugar?

Ela perguntou em um tom de esperança, mas mais perdido que ela, só o próprio Sado.

Por isso...

— Eu não sei aonde está seu pai. Mas você não pode ficar aqui...! Por qu-...

— Oi, oi, oi! Você não vai querer sair mesmo? Tudo bem. Tudo bem então. Eu vou aí te pegar.

Maxuel que se mantinha cada vez mais impaciente decidiu que seria melhor ir atrás de Sado por conta própria, e isso fez as costas do garoto se arrepiarem.

— D-droga! Vêm! A gente não pode ficar aqui! Tem um maluco terrorista querendo explodir as coisas com magia ou sei lá. Anda logo e pega a minha mão!

Ele estendeu a sua palma para a menina acuada. A pequena garotinha se sente apreensiva com a extrema pressa do garoto mais velho e questiona:

— M-mas e o meu pai? Ele tinha saído aqui perto e de repente sumiu. Quando eu escutei barulhos vindo de fora e pessoas gritando, me escondi esperando o meu pai voltar, mas ele ainda não veio...

— Escuta, eu sei que está com medo. Eu também estou...! Mas se ficar aqui um cara mau pode fazer algo ruim com você! E eu não quero saber nos noticiários que uma criança morreu e que eu poderia ao menos ter feito algo! Vamos sair daqui e eu ajudo a procurar o seu pai!

— .....

O incisivo Sado continuou tentando convencer a menina enquanto mostrava e chacoalhava a sua palma na frente dela.

A jovem não parecia de toda confiante nas palavras dele, mas só de ver que alguém apareceu para ajudar fez a sua resistência abaixar e ela decidiu pegar na mão dele e ser erguida do chão.

— Boa garota...

— Encontrei você!

— ...Agora vamos!!

Sendo surpreendido por Maxuel que apareceu na porta destruída com um grande sorriso sádico e um taco metálico no ombro, puxou com força a menina que solta um som da garganta ao ser puxada com certa agressividade.

— Não vai fugir!

Exclamando, Maxuel — o 5 de paus, gerou uma esfera flamejante de sua palma livre e jogou em direção aos dois que corriam.

Sado rapidamente correu pro lado daquela porta de emergências de antes e tentou a sorte.

Se ela estivesse aberta, sairiam para a rua. Mas se estivesse fechada, virariam churrasco ali mesmo. Ele e a menina. Sendo assim, era até melhor ter deixado ela onde estava, pois agora, exposta ao perigo, a garotinha de uns 10 anos estava em extrema vulnerabilidade.

O problema era que a sorte parecia nunca estar do seu lado.

"Por favor... Só nesse instante. Por favor!"

Então, como em câmera lenta, seus dedos tocaram na superfície metálica da porta e a puxou com agressividade.

E houve uma explosão.

— .....

A parte interior da farmácia foi completamente destruída pelas chamas e pela explosão que se sucedeu assim que aquela esfera entrou em contato com...

— Abriu! Ah...! Droga! Eu tô vivo! Eu tô vivo!!

Gritou Sado correndo freneticamente pela rua com um rosto nada bonito e olhos marejados de intensidade.

O seu plano de fuga simplesmente funcionou. Estavam ambos vivos.

Assim que aquela saída foi aberta, Sado Yasutora levando a jovem menina, virou a rua mais próxima e conseguiu, por muito pouco, escapar da explosão.

Mas só isso não era motivo de cantar vitória. De forma alguma.

— Quem era aquele!? — indagou a menina em prantos.

— Um lunático que parece ter saído de alguma banda de rock e fala um monte de besteiras! E que deve ter sérios problemas mentais em não recuar quando for atacar uma garotinha indefesa!

Por mais que as palavras de Sado não conseguiam ser reconfortantes para os ouvidos da menina, era a mais pura verdade.

Chocada, ela virou o rosto enquanto corria, e a imagem do rapaz de piercing no nariz apareceu saindo da farmácia.

Ver a imagem dele fez ela apertar os dentes com medo, mas o jovem Maxuel parecia casual até demais em ver os dois fugindo.

— Há, há, há, há! Olha só para você. Quão heroico você acha que está sendo, pondo uma criança em risco, hãn!? Você acha que salva as pessoas!? Você acha que é capaz de salvar alguém, "soldado"!? Está enganado! Você e o seu tipinho é o que mais me dá raiva, sabia? Mas não importa. Sério, não importa mesmo. Não há como você... ESCAPAR!

Maxuel levantou seu taco com ambas as mãos e bateu no chão de forma que um enorme estalo ecoou. Logo em seguida, como que respondendo ao seu ataque de raiva, o chão rachou ao meio, dividindo a rua em duas metades.

A rachadura que queimava em chamas foi em direção a Sado e a menina como uma serpente flamejante.

— Isso não é nada bom! Por aqui, entra!

— Waaah!

Ele seguiu para o outro lado da rua, saindo da divisa que poderia dividi-lo ao meio e entrou junto da menina que gritava para o hotel próximo.

O espaço largo da recepção estava, de forma anormal, vazio e solitário.

— Não tem ninguém aqui mesmo!? Mas que droga...!

— O-o que vamos fazer agora? Eu estou com medo...!

— É eu também tô. Vamos subir para os andares de cima...!

Ele pegou-a pela mão continuamente e guiava a menina.

Sado tinha ouvido de Maxuel que alguns tipos de selos estavam no topo de alguns prédios apontados. Se ele subisse para o terraço, poderia desestabilizar esse selo, mas a questão é que ele não sabia nem por onde começar.

"Como será que eu faço isso?"

Com essa questão, ele foi até o elevador e apertou o botão.

Sequer a porta abriu.

— Hein? Tá de sacanagem!? Abre, vai!

Impaciente, ele apertou aquele botão repetidas vezes mas nada acontecia. Estava completamente quebrado.

— Ah, droga. Que se dane, vamos subir pelas escadas!

Como última medida, Sado tomou o rumo da escadaria e se pôs a subir com passos apressadíssimos, dificultando a locomoção da pequena garota de pernas curtas que não era capaz de manter o mesmo ritmo.

— Wah... Rápido demais, moço. — reclama ela tropeçando.

Sado parou logo em seguida, e ofegante ele se virou para a menina que fazia certa cara de desconforto.

— Não consegue me acompanhar? Vêm, eu te pego no colo.

— Heh...? — a menina olhou pra cima pega de surpresa.

— Mas não espere muito de mim...! Tá bom?

— Tudo bem...

Cansado de correr e sendo movido pela adrenalina de estar em uma perseguição, o Yasutora recolheu a jovem com seus braços magros e levou-a junto de si.

— Arff... Arff... Eu tenho que malhar um pouco... Arff... Arff...

Quantos quilos pesava uma criança da idade dela? Ele tinha certeza que o seu sedentarismo estava no limite agora.

E abraçada ao Sado, ambos pararam no meio quando escutaram então:

— Oi, está gostando do passeio? Que tal dificultarmos um pouco mais o nosso pique-pega? Hãn? O que me diz?

— Do que esse desgraçado está falando...?

A voz vinha do que parecia ser o autofalante do hotel. Era como uma piada. O agressor definitivamente estava em puro divertimento em manter Sado em um beco sem saídas.

— Estamos passando por uma tribulação neste exato momento. Parece que a rede de eletricidade do hotel vai ser cortada em breves segundos após essa chamada! Aproveite a sua estadia! Há, há, há, há!

Com uma risada escrachada, a voz finalizou e logo em seguida, todas as luzes do prédio se apagaram. Deixando Sado e a pequena garota em um breu sufocante.

— Wah!

Com medo, ela abraçou ele mais forte, e a vista obscurecida de Sado tornava impossível andar mais além ou sequer voltar.

E o pior de tudo...

— Ele tá no prédio... Maldito desgraçado!

Ele rangeu os dentes apreensivo com a situação horrenda que foi submetido. Mas praguejar em rancor não iria adiantar em nada. Sado Yasutora precisava tomar um rumo.

Por isso, pegou o caminho silencioso do corredor ao lado. Ele não sabia em que andar estava, mas era esse que iria vagar por hora.

A passos cautelosos e com sua visão se adaptando fracamente, ele se rastejou cuidando para que escutasse o som do agressor.

"Merda... E tem essa menina. Como que eu vou proteger a nós dois? Como que eu vou proteger essa garota...? Não dá. É impossível pra mim!"

A impotência batia e o arrependimento estava cada vez mais próximo.

Em questões normais, Sado não era nem capaz de lidar consigo mesmo, quem diria uma pequena menina do qual se deu a responsabilidade de proteger.

E como se não fosse o pior de tudo, estava em um lugar hostil com um perseguidor.

"Se ao menos eu tivesse com o meu celular..."

Ele se arrependeu ainda mais por não ter mais o seu celular de flip. Quem sabe com ele poderia ligar para a polícia?

"Mas a polícia iria conseguir vencer aquilo?"

Ele viu do que aquele jovem era capaz. Viu que tinha habilidades anormais que não se vê na vida real. Um punhado de policiais não daria conta de pará-lo.

— Talvez a guarda nacional, há, há...

Ele soltou um breve suspiro, como forma de se desapegar da realidade desastrosa. Mas não importa o quanto feche os olhos para falsas esperanças; ignorar o que está diante de si era um grande erro.

— Eu estou com medo. Ele vai pegar a gente?

Mas o falar da garotinha o trouxe de volta a si do seu devaneio breve.

— Huh? Não seu preocupa. Vai dar tudo certo.

Mesmo dizendo isso, ele nem conseguia sorrir par a menina a um palmo distante da sua face.

Todavia, com a incerteza rondando seu interior e a sua mente, ele ainda assim era capaz de dizer isso.

Sado Yasutora era um garoto normal dos quais você encontra estudando em qualquer escola pública.

Essa era a pessoa que ele era.

— .....

Foi então que, um assovio era ouvido vindo do mais absoluto breu da escuridão.

— ...

Sado instintivamente parou de caminhar e observou o corredor sem iluminação. O som do assovio rebatia nas paredes e dava a impressão de estar vindo de qualquer lugar através desse caminho.

— ...

E outro som se formou junto — o som de algo arrastando pelo chão ou parede.

"Ele tá aqui..."

Não havia dúvidas sobre isso. O perseguidor estava no andar por onde Sado se conduzia. Tinha como ser pior do que isso?

A sensação sufocante parecia esmagar o seu pescoço.

"Droga...!"

Sado tomou direção à entrada ao seu lado, que deu para um quarto do hotel.

Fechou ele a porta e soltou a menina no chão.

— Vamos nos esconder debaixo da cama.

Sussurrando ele disse isso, no que a garotinha assentiu sem hesitar.

Eles tatearam até a cama, cuidando para não fazer nenhum barulho e foram para debaixo dela.

Se arrastando no chão, Sado e a menina se esconderam no escuro.

E então...

— .....

O som de porta se abrindo foi ouvido.

— ....

Mas não era a porta do quarto em que estavam.

E mais uma vez, o som de outra porta se abrindo foi ouvido.

O que estava acontecendo do outro lado? O perseguidor estava abrindo porta atrás de porta para os encontrar?

Isso era desesperador em meio ao silêncio claustrofóbico.

"O que eu vou fazer para sair daqui? Talvez se esperarmos ele passar, eu deva pegar o caminho da escada e descer ela para a saída. Correr com tudo o que tenho para o mais longe daqui e deixar essa menina e eu em algum lugar seguro. Sim... Se eu conseguir escapar daqui, vai valer a pena. Se eu estiver salvo, então não importa o que rolou por aqui. Hãn?"

Ele parou seu raciocínio quando percebeu o que estava pensando.

"Espera... Eu sair salvo, é? E quanto à ela? É claro que ela tem que ser salva também. Não era isso que eu estava querendo dizer. Eu não..."

Ele olhou para a menininha ao lado, que estava com tanto medo quanto ele. Mas o medo dela condizia com a sua idade, já Sado Yasutora parecia apenas um covarde e indeciso.

As mãos de um covarde e indeciso...

Foram nessas mãos que ela colocou suas esperanças.

— ...

Quando ele pensa sobre isso, e pensa nos riscos que viriam em seguida, uma ideia vaga e patética e completamente maluca surge em sua mente.

— Eu só posso tá ficando louco...

Mas o que ele deveria fazer senão isso? Esperar o agressor apenas perambular para longe parecia improvável.

Por isso ele tinha que agir.

— Não é isso que você sempre quis, Sado Yasutora? Dar uma de herói e salvar alguém de uma situação super improvável? Eis aqui o seu tão famigerado desejo...

— Moço, você está bem?

— Relaxa aí. Eu não tô nada bem. Mas isso é o suficiente pra ter certeza de que eu não sou nada normal.

A garota expressou um rosto confuso, por mais que Sado sequer conseguia ver, e então se aproximou disse algo à ela. Algo que somente ela escutou.

— Entendeu?

— Certo...

— Ótimo. Então eu só preciso sobreviver. Há, há...

Ele tinha um plano. Mas estava mais para uma ideia suicida.

— É o que eu tenho pra hoje.

Ele não era esperto e muito menos sabia lutar. Sado era um completo amador em brigas. Nunca brigou com ninguém em sua vida.

E muito menos arriscou a si mesmo para salvar alguém.

— Mas pra tudo tem a primeira vez...

Com um grande suspiro que tira toda e qualquer determinação, ele se rastejou para fora da cama e se ergueu.

Então...

— Eu tô sentindo que vou ter que explodir quarto atrás de quarto, até te achar, hein?

— Não precisa. Tô aqui.

Respondendo a voz de Maxuel Willians, o garoto saiu do quarto em que estava e apareceu de frente com o oponente.

Maxuel iluminou uma pequena chama de sua mão livre e sorriu.

— Então você enfim decidiu bancar o durão, hein?

— Não sei nada sobre "bancar o durão", mas eu não vou deixar que você machuque uma criança.

Maxuel pareceu feliz em ver que Sado estava resoluto em lutar. Vendo o jovem que finalmente o encara com um rosto fechado, apesar de certo medo, Maxuel apertou firme o bastão em mãos.

— Gostei, gostei. Então vamos ver do que você é capaz, bancando aí o defensor. Coisa que você não é!

O garoto de roupas escuras continuava a praguejar em relação à determinação do Yasutora por tentar proteger alguém.

Embora estivesse certo — Sado não era nenhum herói — essas palavras tentavam diminuir a ação bastante louvável que ele tomou agora ao arriscar a si mesmo.

Porém, Maxuel decidiu quebrar essa determinação com um de seus ataques, demonstrando para Sado e para si mesmo que isso não passava de um blefe.

Por isso, tomado de raiva, a pequena chama em sua palma cresceu e se tornou um enorme flamejar de puras chamas.

— Isso não vai te matar. Mas vai te causar queimaduras pelo resto da vida!

Sem nem hesitar ou demonstrar quaisquer piedade, o lunático expeliu aquele mar de fogo como se estivesse conduzindo um lança-chamas na direção de Sado.

— Tá de sacanagem!

Sado estava na frente da porta do quarto onde prometeu proteger a pequena garotinha. Se ele saísse da frente, iria incendiar a porta, impedindo o acesso e a garota ficaria em uma situação horrível em um forno.

Ele até poderia tentar voltar atrás e se jogar pra dentro do quarto enquanto bate a porta com força, assim se livrando de qualquer dano.

Mas não era como se Sado Yasutora tivesse toda essa habilidade de reação que no mínimo seria supersônico.

Ele era um jovem normal. Com capacidades normais.

Por isso, tudo o que fez foi agir por puro instinto e defender seu rosto com os braços enquanto se contorcia para evitar que as chamas queimem o máximo possível do seu corpo exposto.

— ....!!

E quando sentiu o turbilhão chegando e batendo com tudo em seu corpo, fechou os olhos. A dor foi inevitável. Suas roupas balançaram com a potência do jato de puro inferno e Sado teve a sensação de estar sendo mantido em um micro-ondas, torrando todo a sua carne e suas roupas...

— .....

...Ao menos era isso que seu cérebro estava premeditando no início.

Todavia:

— Espera... Isso...?

Quando sentiu o "calor" desaparecer, Sado vagarosamente abriu os olhos e ergueu o rosto para ver o inimigo.

Olhou para seus braços e nada via de anormal neles.

— Hãaaaah? Que palhaçada é essa, otário!? O que você fez!?

A voz repleta de rancor e dúvida de Maxuel revelou algo que nem mesmo o garoto entendia. Isso porque...

Sado estava intacto.

— Como...? Como eu não...

Estupefato, ele não conseguia acreditar. As chamas de Maxuel foram tão fracas assim?

Não.

Não era como se nada ocorresse.

Ele olhou para o chão e viu o carpete tostado, assim como a parede em sua volta que estava quente e escura.

Só ele e a porta atrás dele estavam em perfeita condições. O que claramente fez Maxuel ficar ainda mais indignado.

— Desgraçado...! Como que tu tá ileso!?

— E-eu não sei...! Sério. Não sei mesmo!

— Cala a boca e morre!

— Droga!!

O mar escaldante foi jogado em direção ao menino que se cobriu novamente e recebeu em cheio todo o ataque. O som do fogo e a sensação de ter suas roupas ventilarem era nítido que algo estava acontecendo.

Mas quando terminava...

— O quê? O que diabos é você!?

...Apenas Sado Yasutora se mantinha sem nenhum dano.

Nem roupas queimadas. Nem pele minimamente tostada.

Era como se o ataque não existisse. Como se não pegasse nele.

Como se surtisse zero de dano.

Vendo um Maxuel espantado e com um semblante de ira, Sado percebe que algo não estava nas expectativas do agressor.

— Eu não faço a mínima ideia do que tá acontecendo aqui. Mas se dá pra usar isso ao meu favor, então eu vou usar.

— Calado... Como minhas chamas não te transformaram em churrasco!? O que você fez, hein!?

— Fiquei parado.

— CALADO, DROGA! Tá tirando com a minha cara!? Você claramente não está usando magia. O que é que você tá escondendo aí, hein!?

— Já percebeu que você fala muito o "hein" no final das suas frases? Melhora isso aí.

— Desgraçado... Não quer me contar é?

Maxuel obscurecia seu semblante irado cada vez mais. Mas não era como se a culpa fosse do Sado. Ele realmente não fazia ideia do porquê de não estar sendo afetado.

Isso era uma anomalia até mesmo para o Yasutora agora.

Mas Maxuel parecia sempre tirar suas próprias conclusões não infundadas.

— Ahhh... Já sei. Só pode ser isso. Claro que é. Nem sei porque fiquei surpreso. Um bastardo como você deve estar usando esse casaco a prova de fogo e mesmo sabendo disso, decidiu caçoar da minha cara correndo pra lá e pra cá, como um ratinho assustado, dando a entender que estava em plena desvantagem, né não!?

— Eu realmente não sei nada sobre isso...

— Já disse pra calar a boca! Se a minha magia não vai funcionar em você... — Ele serra o punho e aponta o bastão para o alvo. — Então eu vou te moer de pancada.

Imediatamente, Sado cerrou os punhos e ficou em pose de luta. Claramente sendo um grande amador, ele não usava de nenhuma técnica básica de batalha, estava apenas agindo por instinto ou replicando o que via na TV.

Porém, foi o bastante para alegrar Maxuel, o 5 de paus, e fazê-lo voar em direção a Sado a uma velocidade que surpreendia a percepção humana comum.

— !?

— Toma essa!!

Com os olhos arregalados, Maxuel estava em cima do garoto amador, estendendo seu bastão com as duas mãos pronto para inferir um golpe para baixo.

Sado elevou seus dois braços para proteger seu crânio com a ossada dura dos antebraços e recebeu o ataque.

— Ahg!!

Ele sentiu.

Ele sentiu a dor destroçar seus membros e enviar cargas eletrizantes para o cérebro que chorava em dor.

Com a pressão do ataque, os joelhos não suportaram e se dobraram no carpete queimado e ainda quente.

A ferida escondida na calça da noite em que caiu entrou em contato com essa queimação e ardeu fazendo-o lacrimejar de ambos os olhos.

— Oi, oi, oi. Parece que você não é imune a pancada... Há!

Maxuel caçoava com um enorme sorriso sádico mostrando seus caninos em sua expressão doentia.

Mas Sado não tinha tempo de levar isso nem para o pessoal. Seus braços tremiam com a dor imensa do metal pesado esmagando tudo o que tinha em um braço e provavelmente deixou roxo por debaixo das mangas.

Ele apertou os dentes com força e "mordeu" a sensação de dor pronto para se erguer e socar Maxuel com o punho fechado.

Todavia...

— Lento.

— Uhgf!!

Ao se erguer, o golpe de bastão atingiu seu esôfago sem qualquer piedade ou meios de reação, tirando-lhe todo o seu ar.

— Há, há, há, há! O que há com você? É patético! É hilário! Você não passa de um amador. É um lixo quando se trata de lutar. Sua guarda é aberta e você é previsível até demais. Vexame.

Maxuel cospe no chão sentindo suas expectativas diminuírem drasticamente em relação ao menino ofegante em sua frente que cambaleia para trás e se apoia na parede segurando sua barriga.

— Eu disse que só era um cara normal... Dá próxima vez espero que você entre em um mangá caso queira ter uma luta do seu nível.

— Você ainda tem papas na língua, hãh? Te torturar com isso não vai ser nada legal. Eu posso te espancar usando os meus punhos.

O rebelde deixou seu taco metálico de lado e estalou os dedos.

E repentinamente a iluminação retornou ao local.

Ambos se surpreenderam e Sado olhou para cima conferindo.

— A luz voltou...

— Não é bom tirar o foco de uma luta!

— !?

Maxuel Willians, há uma distância segura, correu em direção a Sado com toda a confiança de que enfrenta um oponente indigno.

Assim que Sado se alertou sobre o perigo, voltou a estender os braços em posição de luta... Ou melhor, defesa e recebeu o soco do garoto na cara.

— Uhg!

Saliva voou do impacto fortíssimo no seu maxilar e ele sentiu como se uma pedra abatesse seus dentes.

— Vamos, vamos, vamos! Eu quero que você ao menos acerte um soco! Eu tô pegando bem leve com você.

A visão de Sado perdeu o foco quando foi recebido pelo golpe e ele cambaleou para trás novamente dando de costas com algo duro.

— ...Um extintor de incêndio...?

Sem nem pensar duas vezes, Sado agarrou aquele objeto vermelho e o retira da parede com um puxão. O peso tomou conta dos seus pulsos doloridos, mas era tudo ou nada.

Maxuel gargalhava cada vez mais. Era divertido para ele e estava sem quaisquer sinais de medo.

— Um extintor de incêndio? Sério isso?

— Vai se ferrar, é uma luta! Eu não tô aqui pra brincar de amiguinho com você seu desgraçado. É bom ter a cabeça feito de pedra, porque isso vai doer!

Com dores nas articulações, mesmo assim avançou com o objeto pesado em mãos visando acertar Maxuel que estava em êxtase.

Sado tenta atingir o rebelde na cabeça, mas o peso desajeitado era mal distribuído pelo seus braços e desmantelava seu equilíbrio geral.

Maxuel desvia com certa facilidade e rebate com um soco de esquerda na face do garoto que perde ainda mais o seu senso de direção.

— Vamos, vamos. Eu to adorando isso!

— ....!

Sem desistir, Sado Yasutora avançou novamente e tentou acertar o rosto de Willians com uma estocada. Todavia, lento e previsível, Sado Yasutora foi surpreendido tardiamente quando Maxuel se agacha e acerta um leve soco em seu estômago, enrijecendo o local da pancada e fazendo Sado perder forças.

— Uhg...!

— He, he, he, he, he, he. Seu abdômen é mole demais pra ser espancado. Mas nada que o costume diário não resolva.

Ignorando os dizeres de Maxuel que caçoava em meio a briga, Sado aproveitou que ele estava logo a baixo e decidiu esmagar o crânio do oponente aqui mesmo.

Todo o peso do seu corpo foi posto naquele ataque pesado afim de infringir o máximo de dano.

E mesmo assim...

— Não, não, não... Isso é sem graça.

O extintor de incêndio foi parado com uma única palma, como sem esforço algum e todo o ataque do jovem foi cauterizado.

Imediatamente após isso...

— É assim que é um golpe certeiro...

— !?!??!?!

Maxuel se ergue direcionando seu punho livre na direção do rosto do menino de cabelos pretos.

O impacto de 4 dedos fortes esmagou o nariz e fez o menino cair para trás, batendo as costas no chão.

— .....

Maxuel jogou o extintor de incêndio longe e olhou um Sado que grunhia de dor abissal enquanto segurava o nariz torcido que respingava sangue de forma amedrontadora.

— Esse é o seu limite. Fraco.

Além de ter que suportar a dor com unhas e dentes, sua moral era esmigalhada a todo o momento pelas palavras impiedosas do mago Arcano.

Sado sentia que sua dignidade escorria para fora de si junto do sangue vermelho que manchava tudo por onde tocava.

E...

— Levanta.

— ...

A voz do mago foi incisiva e seca.

— Se levanta. Eu ainda quero mais.

O quão cruel e desgostoso era ouvir isso? Sado sentia que a cada palavra seu espírito queria se esconder, ao mesmo tempo que sentia ódio constante por esse que estava de pé.

Mas vendo que Sado mal conseguia se mover pela tremenda dor no nariz, Maxuel estalou a língua e se virou.

— Eu vou matar aquela criança.

— ...Não vou djeixar...

— Hô? Criou coragem foi?

A fala dele estava levemente alterada pelo nariz entupido com sangue, mas isso não importou para o espírito de luta de Maxuel que teve sua perna segurada pela mão do rapaz ao chão.

Ao ouvir as palavras anteriores, uma chama de raiva e desejo de proteção se inflou dentro do garoto.

Mesmo todo acabado em sem chances para a vitória, Sado era movido pela responsabilidade que colocou nas próprias costas.

Mesmo que doa. Mesmo que machuque.

— Mesmo que eu morra, droga!!

Ele não iria deixar que aquela menina se machucasse. De forma alguma.

Com o berro que saiu com força de vontade, Sado olhou para Maxuel e pulou agarrando o jovem rebelde pelos ombros.

— Ei, que merda você tá fazendo?

— Vai se ferrar!!!!

A testa de Sado avançou para frente com toda aquela força de vontade.

Nem Maxuel e nem Sado Yasutora esperavam por isso.

Nem ninguém.

Mas houve o som de algo quebrando.

— ...

O som de pancada ecoou pelos ouvidos de ambos e a testa de Sado sentiu que esmagou algo no caminho. Foi pura intensidade e Sado que jogou todo o equilíbrio em sua cabeça, foi de encontro com o chão.

— Ahg, uhg... Arff... Arff... Arff...

Respirando o ar que entrava pela boca, ele estava debruçado e zonzo. E se perguntou se tinha funcionado.

Levantou só um pouco a sua cabeça dolorida e viu aquele rapaz sentado no chão pondo a mão no nariz que gotejava sangue e mais sangue.

A sua feição após receber esse golpe era do mais profundo desgosto.

— Seeeeuu!!!! O que você fez comigo!!

Completamente transtornado, Maxuel revela que faltava uma parte de sua narina direta cujo existia um piercing — e foi arrancada junto quando a testa de Sado o atingia.

Tendo seus lábios, pescoço e abaixo salpicado de sangue fresco, Maxuel Willians esboçava a mais forte revolta em seus olhos esbravecidos.

— Já chega. Eu decidi que vou matar você...

Ele se virou e agarrou o bastão de metal na mão e se ergueu zonzo.

Sado vendo isso, forçou seu corpo fatigado, dolorido e nauseado a se levantar também.

— Eu vou abrir o seu crânio de tanto golpe que eu vou acertar em você. E eu vou te matar. Eu vou te matar, seu moleque!

Com a hostilidade vindo de Maxuel atingindo o seu limite, Sado começou a andar pra trás com seu equilíbrio fora de ordem.

Ele não estava mais em condições de tentar alguma coisa. Talvez fosse melhor fugir?

Fugir não era a sua maior preocupação aqui. Onde estava aquela garotinha que Sado combinou um plano?

Ela deveria ter aparecido e saído correndo enquanto Sado Yasutora segurava o agressor com tudo o que tinha. Correr agora poderia por ela em risco.

Se bem que o agressor não parece querer saber de mais nada a não ser vingança.

O problema é que...

— ...Ah.

Sado mal conseguia se por de pé. Suas pernas perderam o equilíbrio com a cabeça pesada que oscilava e oscilava, junto do zumbido no ouvido e ele não era mais capaz de correr.

Com a visão girando, ele percebeu que estava em um beco sem saída.

Tentou se rastejar para trás, mas os passos de Maxuel Willians eram mais rápidos.

Mesmo resistindo até o fim, não havia o que ser feito.

— Morra, seu desgraçado! Morra!!

O bastão foi erguido para o teto e em abaixado com toda a fúria.

Sado rapidamente colocou os braços na frente e se encolheu premeditado o impacto.

E então houve um enorme som de algo se abrindo.

— ....

Nada.

Ele não sentia nada.

Estava zonzo e com dor. Mas o ataque nunca chegou.

Era estranho. Porque...

— Yo. Perdão pelo atraso, Sado Yasutora. Eu consegui achar o lugar.

Uma voz conhecida falou, e imediatamente Sado tirou os braços da frente e ergueu o rosto abrindo os olhos.

Quando viu as costas esguias de um certo loiro que se pôs na frente.

— Maldito...! Quem é você!?

Maxuel questionou quando teve, de forma simples, seu bastão segurado com uma única mão daquele que sorria com óculos escuros.

O homem apenas olhou para Sado dizendo:

— Caramba, amigo. Você tá bastante detonado. Poderia se afastar só mais um pouco?

— ...Você tá mesmo aqui?

Sado com muita dificuldade se ergueu apoiando as costas na parede.

O homem respondeu mexendo em seu óculos escuros mostrando um olho e piscando.

— Eu chego sempre no momento mais crucial.

— Não me ignora! — Maxuel enraivecido, soca o intruso no rosto.

...Mas sua mão parou a milímetros de distância pela palma do policial.

— Ei. Desacato à autoridade não será perdoado.

Virou o rosto e falou com um tom de voz digna da autoridade que ele era.

— Hoje você está sem sorte.

O maior sortudo do mundo.

...Assim compareceu Kitogawa ao campo de batalha.