Chereads / A Representação do Deus Supremo - Apocryphal Testament / Chapter 9 - Arco 1 Capítulo 7 "Paixão ardente que se dirige para o sul!"

Chapter 9 - Arco 1 Capítulo 7 "Paixão ardente que se dirige para o sul!"

Como dito por Yuki Sato, eles seguiam para o sul.

A distância média de onde estavam para o local onde Yuki disse que sentia certa vibração maligna era de alguns quilômetros atravessando a cidade.

Por isso, tinham que se apressarem e correrem. Era a prioridade acabar com essa anomalia no mundo o quanto antes.

O problema, no entanto, era...

— Oi...! Yuki Sato...! Você é ra-... Rápida demais...!! Arff, arff...

Enquanto corriam como o vento, Sado seguia as costas bonitas daquela pequena menina, cujo a idade real não condizia com a aparência, e percebia que se distanciavam cada vez mais.

Ele, já perdendo o seu fôlego, gritou para ela se lamentando da ampla diferença que existia entre os dois e começou a reduzir a velocidade.

Tal como a garota que parou e olhou para trás.

— Tá tudo bem aí, Sado?

— V-você... Você...! Não é nada normal...

A menina não estava com um único resquício de fadiga ou cansaço. Nem parecia que estavam correndo a cerca de uns 5 minutos sem pausa.

Por outro lado, foram os 5 minutos mais desgastantes e insuportáveis para Sado Yasutora e seus pulmões mal acostumados.

Alcançando-a quase que se rastejando, ele para pra descansar se apoiando nos próprios joelhos e recuperar o fôlego.

Suor era visível escorrendo de sua face e gotejando no chão.

O menino não parava de resfolegar e seus batimentos cardíacos estavam insanos.

— Minha garganta já tá doendo de tão seca... E sinto dores nos lados do abdômen e panturrilhas...

Se queixando com o rosto abatido, ele limpa o suor da testa com a manga.

A jovem demonstrou certa preocupação ao perceber que ele tinha ficado mais pálido.

— A sua pressão caiu mesmo. Olha... Tá tudo bem se você quiser parar por aqui. Tipo, sério mesmo. Só o seu entusiasmo foi bastante louvável.

Ela não dizia isso por mal. Realmente teve preocupação para com o garoto sedentário e tentou expressar isso da melhor forma possível.

Embora...

— Quê? Nem pensar. Eu disse que ia contigo, pô. Só deixa... Deixa eu recuperar a estamina. Eu ainda sou Level 1 nesse atributo.

— .....

Vendo-o ir até a parede e se recuperar perto dela com feição de enjoo, Yuki entendeu que não adiantava questionar sobre isso. Sado jamais iria voltar atrás. Ele era teimoso a esse ponto.

— Tudo bem. Espera aí. Vou pegar algo pra você.

— Sério mesmo? Ok...

Era a primeira vez que ele lembrava de receber a atenção de uma garota perto de sua idade que demonstrava ser atenciosamente educada para com ele. E isso o deixou meio encabulado.

Ela pergunta:

— Você está com fome? Comeu algo recentemente?

— Ah, uh... Eu andei desacordado por no mínimo umas 6 horas ou mais, então não lembro de ter comido algo nesse horário.

Sado não tinha nenhuma noção de tempo, mas não era como se ele prestasse atenção para cada detalhe.

Ficou ele esse período desacordado após ser nocauteado na luta contra o Naipe de Paus número 5 — Maxuel Willians.

— Certo. — disse a menina olhando ao redor como que procurando por algo. — Vamos entrar ali — apontou.

O garoto seguiu com o olhar para a direção indicada, e via uma pequena lanchonete à alguns passos mais a frente nesse mesmo lado da rua.

— Eu tô sem dinheiro.

Foi automaticamente a preocupação dele.

— Relaxa, eu consigo.

— Você consegue? Isso quer dizer que... Que você vai me pagar um lanche?

— É isso mesmo. Não está com fome?

Ele ficou sem palavras por alguns segundos. O olhar dela estava em silêncio quando ele prestou atenção no rosto dela.

"Uma garota vai mesmo comprar um lanche pra mim!? Eu tô sonhando ou o quê!?"

Bem, se a aparência dela que é tão anormal e adorável que pode se dizer jamais existir no mundo real, então ele poderia sim concluir que estava sonhando.

Mas de fato não estava. Existia mesmo uma menina tão bela quanto um anjo e que estava lhe oferecendo sua atenção.

Sendo assim...

— E-eu... Obrigado. Obrigado pela... atenção...

Por algum motivo as palavras só não saíram da forma como deveria. E agradecer foi tudo o que ele achou certo dizer.

A respeito disso a garota albina sorriu serenamente.

— Disponha. Eu tô aqui pra ajudar.

— C-certo...

"Quando que uma menina foi tão legal assim comigo antes!?!? Ah, acalme-se... Ela parece meio nova pra você ficar divagando nos pensamentos dessa forma. Contenha-se Sado Yasutora!"

— Vêm, vamos entrar.

Guiando o anêmico Sado para a lanchonete, Yuki abre a porta e demonstra ser educada segurando a porta para ele.

— Obrigado...

Assim que o Yasutora entrou, tendo ainda mais boa impressão sobre ela, ele escolheu algum lugar perto da vidraça.

— Acho melhor irmos sentar ali?

— Pode ir e escolher o que você quiser no menu.

— É sério?

— Claro. Escolhe o que você quiser comer.

— Tudo bem então. Se você permite mesmo, eu vou ser um pouquinho cara-de-pau, he, he.

Ele foi até o acento e averiguou o cardápio em cima da mesa.

Sado não era o tipo de pessoa que se aproveitava dos outros. Ele apenas se considerava alguém que usava do momento ao seu favor.

E mesmo assim...

"Eu não posso usar da boa vontade dela assim! Vou pegar o hambúrguer mais basicão que tiver e mandar pra dentro."

Seus olhos rapidamente seguiram o menor número e ele foi capaz de dizer à jovem que-...

— Já escolheu, Sado?

— Ikk...!

...Que apareceu subitamente pondo o rosto ridiculamente perto do dele para ver o menu também.

A face dela estava a literalmente alguns centímetros da dele e ele pode sentir algo novo.

O aroma dos cabelos brancos.

"Que cheiro bom... E ela tá perto! Muito perto! Perto demais!!"

Se ele se concentrasse, daria para perceber a respiração calorosa dela.

Mas isso já estaria intenso demais para ele que não tinha controle do seu próprio corpo e das situações.

— ...

— Não escolheu ainda? Tudo bem, eu vejo um pra você. Espera sentadinho aí, está bem?

No que ele perdeu a oportunidade de dizer qualquer coisa quando o seus sentidos simplesmente desvaneceram de si e ficou mudo.

Yuki se afastou dele e foi até o balcão apontando para a TV que mostrava alguns dos lanches. Ela parecia estar fazendo o pedido no lugar dele.

"Eu sou tão merda... Deixando uma menina que acabei de conhecer, cuidar assim de mim..."

Se sentiu mal quando voltou ao normal e pareceu compreender a situação em que estava.

"Eu não quero parecer que tô só me aproveitando da boa vontade dela, afinal de contas quem deveria retribuir era eu. Foi ela quem me salvou de ser morto..."

Aquela noite jamais sairia da cabeça dele. Ele jamais se esqueceria.

Não seria possível esquecer de um dos momentos mais emocionantes em toda a sua vida assim de repente.

A noite que foi salvo pela "garota fantasma".

— .....

Enquanto ficava fora da realidade e pensando um monte de coisas, ele é interrompido quando Yuki Sato voltou pondo a bandeja na frente dele.

— Está aqui. Pode comer.

— Ah, Uh... Muito obrigado mesmo.

Ela sorriu pra ele o vendo meio perdido e levou a palma branca até a sua testa.

Mas parou no caminho...

— Ops... Esqueci que você é capaz de desfazer meus poderes. Bem... Não é preciso checar a sua testa para saber que a sua temperatura decaiu um pouquinho. Mas não deve ser nada grave. Descansa um pouco e depois seguimos.

— .....

O cuidado dela para com o mal estar dele foi o suficiente para uma incrível sensação calorosa semelhante ao acolhimento ser sentida dentro de Sado Yasutora.

"Ela... Ela... É tão boa comigo..."

Teve essa impressão. E por um instante, sentiu certo "Tibum" no peito.

"A sensação de ser cuidado é muito boa...!"

Por hora, Yuki Sato recolheu a palma quando conclui aquilo e se sentou logo a frente.

Sado se recuperou e averiguou o lanche em sua mesa: Batatas fritas, um refrigerante pequeno e um hambúrguer embalado.

"Ela realmente comprou isso pra mim. O quão miserável eu pareço ser, hein!?"

Estava chorando por dentro. Definitivamente estava derramando rios de lágrimas internamente.

Mas algo o fez questionar.

— Não comprou nada para você, Yuki? Não me diga que eu acabei com todas as suas economias!? Por favor que não seja isso senão eu vou me sentir muito mal, mesmo!

— Hi, hi. Não precisa agir assim. Eu não estou com fome.

— Hum. Mesmo, mesmo?

Olhou para ela nos olhos, como quem caça até o limite da verdade, fazendo Yuki olhar para o lado sendo forçada a revelar algo.

— Na verdade...

— Na verdade?

— Bem... Seria estranho para você caso eu diga que não preciso me alimentar para continuar viva e saudável?

— .....................

Ela esboçou um sorriso incômodo com a reação dele que ficou mudo por um instante. Como não estaria? Essa reação era a mais esperada. Afinal Sa-...

— Que papo é esse!? Você está simplesmente perdendo um dos maiores prazeres da vida!

— Eu sei, está bem? Mas não é como seu eu não comesse nada. Eu só não necessito.

— Tá de sacanagem? E toda essa comida é pra mim? Isso não tá certo. Toma aqui.

— Heh, você...?

— Vamos. Prove.

Indignado, o Yasutora colocou uma batata frita dentre seus dedos e a levou até a face de Yuki no intuito de induzi-la a experimentar.

Com aquilo nitidamente em frente a seus olhos, ela pareceu ficar meio pasma.

— Ei, ei... Eu já conheço o gosto de batatas fritas...

— Apenas prove! Senão eu vou me sentir mal em comer tudo isso com o dinheiro que você gastou só para mim!

Mais uma vez ele estava sendo teimoso e novamente não parecia que iria aceitar as esquivas dela, de jeito algum.

Então Yuki se viu obrigada a fazê-lo.

— Tá legal...

Os lábios dela se aproximaram daquela pequena e indefesa batata cortada em tiras e iria abocanhar nos dedos de Sado.

...Foi só aí que ele percebeu o perigo da situação.

— E-espera um pouco...!

Mas a sua mão não recuou, e mesmo que fique tímido, foi tarde demais.

...Ele deu comida na boca dela sem realmente pretender algo assim.

"Nhack".

Mastigando aquele pedaço de batata frita que acabou de receber do Sado, Yuki parecia relembrar o sabor. Gostoso como de costume.

Todavia, o menino estava em prantos enquanto olhava para a sua própria mão direita.

— Eu... Eu... Eu realmente fiz isso...

"Eu dei comida na boquinha."

Ainda que...

"E não era a de qualquer uma. Foi a boca dela...!"

Quanto mais pensava em besteiras, sentiu o seu rosto esquentar de forma estranha e começou a ficar envergonhado.

"Os lábios dela..."

Algo nele dizia que isso não poderia ficar assim.

"Lábios, lábios, lábios, lábios, lábios, lábios, lábios, lábios, lábios, lábios, lábios, lábios, lábios, lábios, lábios, lábios, lábios, lábios, lábios, lábios, lábios, lábios, lábios, lábios, lábios, lábios, lábios..."

Se continuasse assim, sentia que algo que nutriu durante 3 anos, seria derrubado por um mero momento de alguns minutos.

E lábios em um tom finos de rosa desbotado.

Ele tinha que defender o sentimento duradouro a todo o custo.

— Com licença! Tô indo no banheiro!

Por isso, fingiu desculpa, se levantou e saiu apressado dali.

Sado se dirigiu em pânico para o banheiro masculino segurando o pulso parecendo que havia cortado a mão.

Ele entrou pela porta azul e foi logo em direção a torneira da pia e começou a lavar.

— Não, não, não, não, não, não, não, não, não! Assim não! Eu gosto da Seminari! Seminari é tudo pra mim! Meu futuro, meu sonho, minha estima! Garota ruiva e bom partido para todo homem. Não posso trair esse sentimento de anos, assim de repente! Foi sem querer. Foi realmente sem querer! Ah, o preço do pecado!!

Era como se a água fria da torneira levasse junto a sensação incômoda, agitada e confusa do seu coração.

Todavia, o pensamento ainda permanecia ali. Era impossível que fosse retirado da mente, mesmo tentando colocar a imagem daquela que nutriu e cultivou sentimentos durante dias, meses, anos...

Dês de que Sado se viu sozinho neste mundo.

...Há três anos atrás.

— Sim... É verdade. É muito a verdade. Fazem três anos dês de que eu acordei daquele coma, não é mesmo? O que eu estive fazendo esse tempo todo?

Aos 15 anos de idade ele passou pela faze mais turbulenta e obscura de sua vida. Seus pais foram dados como mortos e Sado perdeu o brilho que tinha no olhar.

Ele se via solitário em um mundo tão grande e suas lembranças de 15 anos estavam todas borradas e muitas não se achavam.

Ele nem ao menos lembrava do rosto do seus pais ou seus nomes.

Parecia que estava perdido e não pertencia a lugar algum.

Mas uma jovem de mesma idade o tirou dessa escuridão onde se perdia.

— Sado Yasutora! Não fez o dever de casa novamente!? — dizia ela todo dia. Toda vez. Toda a manhã.

O menino de 15 anos só respondia:

— Pois é, né...? Acho que o meu cachorro comeu. Serião.

— Você nem tem cachorro!

Ele ria envergonhado toda vez que isso se repetia.

E mesmo com a desculpa mais velha que se possa conhecer...

— Tudo bem. Eu te ajudo. Afinal é o ensino médio, não? Se eu for a líder da turma, preciso fazer o meu melhor para todos. E isso inclui os mais esquisitinhos.

— É a minha cara ser chamado de otário.

— Eu nunca disse isso!

Sado gargalhou com a mão na barriga enquanto levava bronca de uma Seminari dizendo "poxa, leve isso mais a sério", mas que logo ria junto.

...Era sempre assim. E no fim ela o ajudava com seus deveres. Todo dia. Toda vez. Toda manhã...

— Sim... Mesmo após quase 3 anos... Mesmo após tanto tempo eu a via como um espelho a ser seguido.

Ela foi a única coisa que o manteve ativo durante todo esse tempo. Para ver ela todos os dias. Para escutar ela todos os dias. Para estar com ela todos os dias.

— Ou melhor... Eu a via como aquela que tomou uma parte de mim.

Seu coração.

Foi refletindo sobre isso e olhando a mão sendo molhada pela água gélida que não parava de sair, que a sensação inquietante no interior do Sado esvaneceu.

Sumiu por completo.

Ele não se permitia olhar para mais ninguém a não ser aquela que tomou o seu coração durante 3 anos seguidos...

— Certo. Até dei uma melhorada, há, há. Vou dividir o lanche com a baixinha e ir embora.

Conclui ele ao fechar a torneira e secar a mão.

Sado Yasutora saiu daquele banheiro com os pensamentos revigorados.

Ao retornar para a mesa de onde estavam...

— Ué? Cadê ela?

Via o seu lanche ali, mas não encontrava a menina.

— Que estranho. Ei, tio. Viu a menina de cabelos brancos por aí? Talvez foi para o banheiro?

Perguntou para um faxineiro que ali passava. Porém, a resposta foi negativa com a cabeça.

Subitamente Yuki havia desaparecido.

Seria isso obra do paranormal?

Ele olhou para a mesa onde estavam para pensar melhor e viu que o guardanapo branco continha letras.

Era um texto. Estava escrito algo ali.

Intrigado e sentindo uma sensação esquisita surgir de dentro — essa completamente diferente daquela outra sensação estranha de quando deu comida na boca — Sado retirou o papel debaixo da bandeja e o leu.

— O quê...?

Ficou pasmo.

Ali dizia: "Sado, me desculpe muito. Mas não posso levar você nessa caminhada perigosa. Você derrotou o 5 de Paus, não foi? Parece que a companheira dele está bem zangada. Mas não se preocupe, eu vou resolver isso rapidinho. Enquanto isso, recomendo você voltar para a sua casa :D "

E terminou com uma carinha de sorriso. O que por algum motivo o deixou ainda mais inseguro.

Ao terminar de ler isso ele...

— Tá de secagem!?

Isso não poderia ser pior? O que ele iria fazer agora?

Por mais que Yuki fosse forte, ele temia por ela.

Pela segurança dela.

— Eu sei que te conheci faz nem um dia, mas não posso só deixar que uma pessoa tão boa e marcante como você acabe se ferrando por minha causa!

Se aquela mulher de lança estava furiosa, certamente foi por causa deste menino preguiçoso e sem poder de combate.

A responsabilidade caía sobre os ombros dele também.

Não... A culpa era muito mais forte.

— Droga! Se algo ocorrer com ela, eu não serei capaz de me perdoar!

O auto-perdão era uma coisa extremamente difícil de se conseguir, e ele não iria querer passar por uma experiência onde se odiasse a tal ponto de ter que atingir esse nível.

Por isso deixou tudo de lado e foi até o faxineiro novamente.

— Oi! Você viu alguma mulher muito assustadora por aqui!? Nenhum de vocês viu!??

Perguntou e perguntou para o atendente e os demais funcionários.

...Mas a resposta era a mesma. Sempre negativa.

— Mas que droga...!

Sendo assim, não havia mais nada para se fazer por aqui.

Sado Yasutora pegou sua bolsa e saiu as pressas daquele estabelecimento e se moveu pelas ruas.

— Droga, droga. Por que isso de repente!? As coisas só não poderia continuarem tranquilas como estavam? Tá certo que eu tenho as minhas crises de adolescente básico, mas só não poderia continuar como estava? É muito melhor do que isso!

Enquanto corria pela rua, aparentemente sem rumo algum, Sado se lamentava.

Ele sempre se lamentava.

— Eu sou um inútil mesmo! Se eu não tivesse saído do lado dela e pagado de frouxo, nada disso teria acontecido! Se eu tivesse junto dela... Se eu estivesse lá...

O que ele faria?

O que ele poderia ter feito?

Que diferença iria fazer?

— ...

Parou então no meio fio e olhou o céu que estava no fim da tarde, dando o prelúdio para o anoitecer.

— Eu sou burro...

Sim ele era. Se considerava um. Se dizia ser abaixo na média dos alunos da sua escola.

— Eu sou fraco...

Sim ele era. Não praticava nenhum exercício físico. Também sua força mental e emocional poderiam ser facilmente abaladas, ao mesmo tempo que divagavam entre um "cabeça-dura".

— Eu não tenho experiência com nada nessa vida.

Não sabia cozinhar. Não sabia limpar a casa corretamente. Não conseguia cuidar das coisas por si só.

— Não sou um mágico e nem um lutador. Nem pra ser suporte eu sirvo.

Ele era só um garoto normal.

Um simples menino que tem dezoito anos e está descobrindo a vida.

Mas por ser assim, que ele tomou uma decisão do fundo do seu coração.

— Quero ter ela na minha vida também.

Era por ser um jovem garoto, cheio de desejos e vontades para o futuro, que ele podia afirmar algo assim.

Que ele poderia falar algo como isso em relação àquela garota albina.

— Eu quero que ela esteja no meu futuro daqui em diante!

Falar sobre o mundo. Conversar sobre coisas. Rirem juntos. Talvez partirem em aventuras. Comerem outros lanches em outros lugares.

— Não é isso que amigos fazem?

Ele nunca teve amigos. Nunca foi de ter um alguém do qual falasse convicto "este é meu melhor amigo".

Portanto, se viu espelhado em Yuki que parecia solitária também.

Os dois se viam vivendo em suas próprias fantasias. Suas próprias realidades.

Neste quesito, ambos eram iguais.

— Tá certo. Eu tô realmente decidido!

Era pegar ou largar.

— Para o sul, né?

Lembrou que o objetivo inicial era esse. Não tinha mais nada a não ser uma pista que já poderia ter sido mudada com o passar do tempo.

Mas mesmo assim era tudo que ele tinha.

— Esse inútil aqui vai fazer algo para pagar aquela noite em que você me salvou, Yuki Sato, a menina mais "mágica" que eu já vi!

Ele bateu o punho reascendendo a sua determinação.

...Nem chamas e nem lanças poderiam parar isso.