Após os eventos terem seguidos na perspectiva de Yuki no dia 13 de setembro, voltamos à noite do dia 14, onde Yuki se encontrava em um combate contra a mulher de preto — Fenícia da seita esotérica que usa o Tarô como forma de mágica.
E um Sado Yasutora que entrou de penetra para defender sua recém formada amiga.
— Me bater? Ah, me poupe. Quão cheio de si você ficou em menos de 1 dia. Quando te vi pela primeira vez, você estava tremendo como um cãozinho no frio.
Debochou a mulher de batom vermelho sangue. Ao que Sado replicou com certa indignação.
— Não acredita nas palavras dela, Yuki. Certamente está mentindo.
— Não, eu vi você se tremendo todo mesmo.
— De que lado você está!? Não tá vendo que eu tô tentando ser o herói aqui? Que tipo de herói é esse que tem um lado fracote? Ah, cara...
Sado limpou o cenho com a mão e suspirou.
Ele teve seu momento de medo na noite passada, mas agora, depois de ter experimentado tanta adrenalina, a sensação de capacidade adormecida dentro deste garoto vagabundo aflorou como uma planta na primavera. Era assim que ele gostaria de pensar.
Depois de perceber que era praticamente invencível contra as mãos mágicas, maldições e a lança de metal que ele julgou ser do mesmo teor da máquina de bebidas cujo ele tocou e tudo se desfez, o rapaz se convenceu de que sua faze popular que tanto almejou foi ouvida pelo próprio Deus e o concedeu essa benção.
Ele sorriu.
— Sabe, aquele seu lacaio não serviu de nada. E aquele teu chefe também foi pouca bosta. Fico pensando se você vai ser grande coisa também.
A mulher pareceu intrigada pelas palavras do menino de casaco azul e ergueu uma sobrancelha. Tal como Yuki que pareceu um pouco surpresa pela forma de dizer dele. Aos olhos dela, o jovem Yasutora estava convencido... Até demais...
Mas deixou isso passar por enquanto quando a mulher questionou do outro lado.
— Meu lacaio, você diz? Que intrigante. Não possuo nenhum. Mas... Quem seria esse que você se refere como "chefe"?
Sado revira os olhos.
— Pfft, vai se fazer de sonsa agora? Claramente me refiro ao maluco do taco de metal. Ele disse que você era uma subordinada ou algo assim. Bem antes de eu espancá-lo e arrebentar aqueles dentes. Maldito sádico psicopata...
Sado ainda nutria algum sentimento de raiva a respeito do terrorista do taco de beisebol e também representante dos Arcanos Menores do 5 de paus — Maxuel Willians.
Em relação à revelação do Sado, a mulher pareceu entender perfeitamente a situação, e assentiu com os olhos fechados por um momento.
— Entendo... Maxuel não cansa de caçoar de mim. Mas saiba que eu e ele fomos designados juntos para essa missão.
Revelou ela assim. E continuou agora os fitando.
— Então foi você... Foi você quem botou o meu irmãozinho na cadeia...
Ao terminar de dizer isso, a atmosfera naquela praça abandonada nas regiões de lugar nenhum ficou pesada e tensa.
Mesmo se sentindo mais capaz, uma gota de suor escorreu pela face de Sado e ele tensionou o seu corpo já prevendo que algo ruim começaria agora.
— Yuki, fica atrás de mim. — disse com o braço estendido para a garota.
— Sado? Você não sabe o que diz. Não baixe a guarda para essa mulher!
— É, tá tudo bem. Não se preocupa. Vai dar tudo certo.
— ....
Por algum motivo ele sorriu para a menina albina e menor que ele. Era o seu melhor sorriso. Era o melhor sorriso que ele poderia dar a ela.
E mesmo esse sorriso estava tingindo com certo temor.
"Não posso vacilar. Eu senti muito bem as dores que aquele taco me causou quando o maluco sádico me acertou! Mesmo que eu rebata aquela lança toda hora, ainda assim... Ainda assim essa mulher é um monstro de forte! Mas eu devo... Eu devo proteger essa menina a todo o custo! E então essa aventura mágica obscurecida acaba."
Ele cerrou seu punho com força determinado a isso.
Yuki estava ferida. Ele deveria fazer algo a respeito.
Fugir até poderia ser uma opção. Mas a mulher de preto era inimaginavelmente mais veloz que o garoto que tinha a velocidade de um humano normal para a sua idade. Não... Até mais baixa se levarmos em conta a falta da prática de exercícios físicos.
Ele jurou que se esforçaria mais caso saísse vivo daqui. De preferência com a Yuki intacta também.
E ele não poderia arriscar mandar Yuki fugir. Mesmo que pedisse com todo o carinho, ela aceitaria sem mais e nem menos?
"Claro que não. Não combina com ela. Posso prever isso."
Então estava decidido.
Ele lutaria para que ambos saíssem vivos daqui.
Negociar? Isso nem passou pela sua cabeça agora.
O motivo?
— Você vai pagar por ter atentado contra mim e o meu apartamento na noite passada. Eu vô te manda pro mesmo lugar onde o teu irmãozinho está. Aí quem sabe vocês podem ter o tão caloroso encontro de irmãos!
Gritou para a mulher — Fenícia.
Ao que em resposta, ela estalou os dedos para a lança de metal que saiu de onde estava e voltou rodopiando para a sua mão esquerda.
— Que garoto irritante. Você está convencido demais. Isso é bom. Era isso o que eu esperava na vez em que te encontrei. Quero ver se é tão forte assim.
— Pode apostar que eu não sou. Sou tão fraquinho quanto um adolescente magrelo do ensino médio. Tão normal que nem chego perto dos personagem de mangá, sabe? Então isso pode te desapontar um pouco.
— Oh, hô, hô. Quão modesto ele é. Venceu apenas algumas batalhas mínimas e está com o seu ego lá no alto. Saiba que eu não sou descuidada quanto o meu irmão.
— É mesmo? Bom pra você.
Enquanto ambos trocavam palavras e farpas, Yuki sussurra atrás do jovem.
— Sado, você tem um plano?
Talvez ele tivesse um. Talvez tenha chamado ajuda e só estivesse ganhando tempo.
— Nenhum. Meu plano é bate nessa aí. Bem forte. E mandar ela pra prisão.
— O quê? Você realmente veio sem nenhum plano!? Sado...!
— Há, há! Você não me deu outras escolhas. Sumiu de repente e sem avisar!
— Eu não sumi sem avisar! Deixei uma carta!
— Eu não queria carta. Eu queria você!
— ...
Yuki ficou muda e arqueou as sobrancelhas bonitas com esse comentário dele. Vendo ela sem reação, Sado se sentiu obrigado a se desculpar.
Ele coçou o cabelo bagunçado rudemente e disse:
— Ah, olha. Eu sei que nos conhecemos hoje. Digo... Não foi hoje, hoje. Foi ontem. Você me salvou lembra? Eu tô aqui para retribuir o favor. Você literalmente salvou a minha vida que não vale nem um tostão. E isso significou muito pra mim. Então eu... Eu quero fazer isso. Se eu posso fazer, eu irei fazer. Isso é tudo, eu acho.
Ele estava um pouco encabulado em ter dito esse tipo de coisa que se espera ver em mangás ou jogos com teor romântico para uma garota em sua frente. Mas foi todas as palavras que ele conseguiu organizar agora e foram todas com sinceridade do seu coração.
Em resposta, Yuki abaixou os olhos indicando que não iria oferecer nenhuma resistência.
— Vocês dois já pararam de discutir a relação? Uma mulher jovem como eu está se sentindo um pouco solitária aqui.
Ouvindo a voz de Fenícia, Sado voltou a sua atenção para ela.
— Desculpa aí. Não sou tão popular entre as mulheres, então não consigo dar conta de mais de uma por vez.
Abanou a mão de forma leviana. Fenícia soltou um som pela garganta e apontou a lança de metal na direção de Sado.
Ver aquele objeto enorme que facilmente tiraria uma vida, mesmo que rebatido por ele a alguns instantes atrás, causou-lhe certo borbulho no estômago.
Então ela se apresentou:
— Das 78 cartas do baralho de Tarô, representante dos Arcanos Menores, do elemento ar, o número 2 do naipe de espada: Fenícia Silver Waite.
Sado se sentiu na necessidade de se apresentar também:
— Vadio, perdedor, desempregado e fracassado. Não representa nada pra ninguém e nem para si mesmo. Estudante comum do ensino médio — Sado Yasutora.
Ele apontou para si mesmo.
♧◇♧◇♧◇
Após as tentativas frustradas de Yuki tentando convencer Fenícia de que lutar era desnecessário e que não queria que ninguém se ferisse, Sado apareceu com uma sede de batalha jamais vista.
Em fato, ele não iria dar ouvidos a menina de que deveria se conter e tentar buscar um outro meio para resolver essa situação.
Na verdade...
— Eu iria barganhar com ela sobre o prisioneiro que você supostamente derrotou antes. Então lutar ainda não é necessário.
Disse uma Yuki atrás do menino. Ao que ele claramente retruca.
— Desnecessário? Lutar é desnecessário? Claramente lutar é o mais óbvio aqui! Você tá toda machucada!
— Relaxa, já tô bem.
— Mas que raios!?
As expectativas dele foram todas superadas quando a menina foi para o seu lado e deu uns tapinhas nos supostos cortes e roupa.
— Eu deixei me ferir de propósito pra manter uma estabilidade neste combate. — no entanto, ela olhou sério para a mulher de lança — Mas agora, não irei mais me segurar Fenícia.
Vendo que a presença do garoto estava sob risco, Yuki deveria agir de forma séria aqui, impedindo que o jovem se machucasse.
Em verdade que se Sado não aparecesse, ela teria ido por um ritmo diferente.
— Espera, espera... Então se você tá bem. Qual o meu proposito aqui!?!?
Sado ficou estupefato quando apontou para si dizendo algo que facilmente quebraria a moral de qualquer um.
Mas...
— Me assegurar de que eu não vá fazer besteira.
Yuki sorriu.
Em resposta ao sorriso dela ele fechou um olho coçando o cabelo em aceitação.
Agora, do outro lado...
— Vocês já conversaram demais. Sinto lhe dizer mas fui contratada para assassinar. Irei cumprir minha missão.
Sado e Yuki viraram rapidamente assim que a atmosfera se tornou densa e cruel. Até mesmo aquele garoto fracote e cheio de si poderia sentir a sede assassina que vinha daquela mulher.
E então, assim que ela proferiu tais palavras, moveu sua mão direita em um arco na direção dos dois como se usasse uma espada invisível para cortar.
Foi rápido demais. Foi súbito demais.
O menino não teve tempo de reagir quanto a isso.
— Sado!
— ...Uah!?
Ao grito de preocupação da menina ao seu lado, Sado Yasutora sentiu o corpo se desequilibrar como se estivesse caindo.
E foi aí, quando ele percebeu que o chão entre os dois havia sido cortado ao meio por algo que ele não viu mas produzia um som cortante de serra.
Yuki empurrou o garoto e pulou para o lado reverso. Foi puro instinto. E por consequência disso, ela teve a palma de sua mão cortada em vermelho sangue.
— Uhg...!
Fenícia havia usado sua magia de vento para condensar o ar de tal forma que se tornasse uma lamina ao ser disparado por suas mãos.
Ela sabia que seria um ataque inútil. O ferimento na palma em Yuki rapidamente cicatrizaria, e era provável que Sado anulasse a magia.
Então qual o intuito disso?
— Heh.
Era óbvio. Separa-los.
— Opa, opa...
Sado quase caindo, manteve o equilíbrio cambaleando com uma só perna para trás. Neste mesmo instante, a viúva-negra saltou em direção a ele como o julgando sendo o elemento mais fraco.
— Eu não vou deixar! — gritou Yuki do outro lado.
— Venti Flamina!
— Latim!?
Interrompendo as ações da garota albina em proteger o rapaz, Fenícia Silver Waite conjurou com poucas palavras o nome de um feitiço mágico com sua palma vazia, e diferente daquele onde ela sequer falou algo e já poderia ser um ataque que partiria facilmente uma pessoa em dois, neste, uma rajada invisível de vento foi unida como lâminas afiadas na direção da menina.
Encurralada, Yuki rapidamente estende as palmas das mãos formando um campo invisível e recebendo o ataque em cheio.
— .....
Dentre todos os 4 elementos básicos, o mais rápido era sem dúvidas o ar. Rápido, flexível, cortante e discreto — perfeito para uma assassina habilidosa.
— Yuki se tá be-... Guagh!?
Assim que recuperou o equilíbrio, Sado elevou sua voz para a cena da menina que teve o ataque recebido em cheio. Uma enorme nuvem de poeira se elevou no local e ele não pode ver o resultado.
Pior que isso, ele não viu a cotovelada que veio de Fenícia e atingiu o seu rosto com força o suficiente para o fazer cambalear novamente.
Tendo seu campo de visão girando, ele perdeu momentaneamente a sensação de espaço, o impossibilitando de forma penosa de escapar de um chute dado pela sola do pé da mulher que calçava um tamanco diretamente em seu estômago.
— Uhgg...!!
Sentindo todo ar sendo retirado de seus pulmões, Sado Yasutora voou alguns metros no chão, caindo de costas, rolando e parando finalmente.
— Cof, cof... Porque o meu Faker não me protegeu?
Ele resmungou segurando a barriga com uma mão e se forçando a se levantar com a outra, sentindo muita dor no processo.
A força sobre-humana de Fenícia Silver Waite não poderia ser subestimada.
— Eu descobri uma brecha dessa sua habilidade estranha do qual não consigo sentir. Pode anular meus ataques mágicos, possivelmente de todos os quatro elementos, mas ainda assim você é só um garoto. Não é uma barreira que te protege. Se fosse, ao menos o daria uma defesa maior contra meus ataques físicos. Sendo assim, eu posso te matar.
O rosto sombrio da mulher causou fortes arrepios nas costas do jovem que por sua vez questionou toda a sua fase potente de instantes atrás.
Seria essa a única brecha de Faker?
Sado era um menino normal, não resistiria em uma luta 1 versus 1 contra uma anomalia como essa mulher.
— Você não era uma maga? Distribuiu seus atributos em força também? Isso aí já é roubado...
— Deboche o quanto quiser.
A mulher, áspera em seu tom de voz, elevou sua perna do chão, deu um giro e desferiu um ataque de calcanhar que visava acertar o rosto do Sado — cortado pela cotovelada, sangue fresco escorria do local.
— Gah!
Mas ele utilizou seus braços como escudo tentando suportar o enorme peso que o atingiu fazendo um choque nervoso percorrer seu corpo automaticamente.
— Ghhhh!!
A pressão da perna da mulher que emitia força era, na visão de Sado Yasutora, maior do que o peso de um armário cheio caindo da parede. Sentia que seria esmagado por essa pressão ou teria seu corpo arremessado como antes.
Ele estava colocando toda a sua força nisso, impedindo que a sua cabeça fosse acertada, ele se mantinha fixo e seus pés arrastando pelo chão. Tamanha era a força natural de Fenícia Silver Waite.
Ele tinha um trabalho: impedir o chute de propagar em si danos sérios. Sado não queria sentir dor. Pensou que já teve o suficiente da briga insana contra Maxuel onde estava movido totalmente pela adrenalina.
O garoto tinha que parar a potência do chute e sair da área de impacto. Assim poderia pensar melhor.
Todavia seus esforços eram básicos e inúteis demais...
— Humpf.
Rapidamente, ele sentiu que conseguia empurrar de volta, pois a pressão havia reduzido, e seus braços teriam um descanso de não serem quebrados.
Infelizmente era só uma mera ilusão que teve, quando a mulher retirou seu calcanhar da cara dele, girou no sentido horário, voltou o pé mais uma vez e o acertou, quebrando todas suas defesas.
— Uhg!
E o chutando no peito com a mesma perna sem muitos esforços.
Sado se juntou ao chão mais uma vez.
— ....
Seu peito doeu a ponto de que o chão o recebia com carinho como se fosse uma cama feita para repousar.
A cena dele tendo dificuldades em respirar pela boca e atirado na terra fez a mulher entortar o rosto em desprezo.
— Onde está todo aquele gosto por batalhar que você havia demonstrado antes? Parece que aquele menino entusiasmado era apenas uma casca. Um mero reflexo de algo superficial a ponto de se desfazer só com alguns chutes. Vergonhoso.
Receber ataques físicos parecia não ser o suficiente, Fenícia também sentia a necessidade de expor seu descontentamento para com o rapaz de casaco azul.
Dês de que o jovem desativou uma maldição em uma máquina de vendas automática e derrotou Maxuel, ela teve um forte anseio nele.
Anseio esse que foi frustrado quando ele se mostrava não ter nada além de um grande dom.
Mantendo os olhos em Sado, ela iria caminhar até o garoto e pisaria em seu crânio, esmagando-o como se fosse uma fruta.
Ainda que...
— Iá!
Sem aviso prévio, a albina dos olhos coloridos apareceu do lado esquerdo prontamente para desferir um soco de punho fechado.
Yuki, assim que teve a chance, usou sua sagacidade para usar aquela nuvem de poeira a seu favor e contornou a área daquela praça enquanto a mulher prestava atenção em Sado.
Inevitavelmente o Yasutora acabou sendo usado como distração enquanto a jovem furtivamente se aproximava.
O lado bom é que agora estava perto o suficiente. E estando a essa distância, a mesma Yuki que derrotou aquela fortíssima maldição poderia lutar de frente contra Fenícia que...
— Aparatis Occultis.
— !?
Conjurando algo ao defender o golpe com a aste da lança, ela bloqueou facilmente o ataque furtivo da garota. Seria Fenícia mais forte que essa menina?
— Minha sombra... Fico feliz que finalmente se regenerou.
Não... Não foi porque ela era mais forte que Yuki, mas sim porque algo segurou a menina pela cintura e a impediu de ir até o final em seu ataque surpresa.
Aquilo que saiu da escuridão, e segurou a jovem em pleno ar. Nem mesmo Yuki viu, e ela não foi capaz de concluir seu ataque nitrogenado.
A sombra da mulher que se esticava levou Yuki Sato ao chão, prendendo-a com sua massa escura.
— Você me deu um belo ataque devo dizer. Mas agora indefesa, não há como escapar dos meus golpes.
— Fenícia...! Não precisar ser assim!
— Não. Precisa ser assim. Você vai morrer aqui. E logo após isso, irei matar o garoto por ter colocado meu irmãozinho na cadeia.
— Porcaria...!
Yuki tentava se mover para fora daquela sombra, mas não conseguia. Aquilo a apertava demais, a ponto de que era impossível mover um único músculo.
"Droga... Eu sequer consigo mexer nos átomos a ponto de diminuir a temperatura. Estou totalmente presa aqui!"
Se ela fosse capaz de congelar essa sombra, poderia facilmente se desvencilhar dela. Para Yuki, isso não seria nenhuma novidade, afinal, ela foi capaz de congelar maldições no dia anterior a esse.
Mas não era como se tudo estivesse perdido.
— Ah!
Gemendo, a viúva-negra soltou a sua lança como se acabasse de se queimar com algo.
Algo extremamente gélido e mortal.
— Minha lança...
Sua lança de metal jogada no chão foi completamente congelada. O nitrogênio do ataque de Yuki, ao tocar na lança, foi capaz de congelar toda a sua extensão. De ponta a ponta, a lança foi submetida a uma camada extremamente fria de cristal.
— Heh. Ao menos não foi em vão.
— Tsk. É uma pena. Mas isso não tira o fato de que...
Yuki cantou vitória em relação ao seu ataque e a mulher estalou a língua frustrada. Mas logo olhou para um Sado que se levantava com a mão no peito.
— ...De que esse jovem morrerá em sua frente.
Com Yuki incapacitada, só restou Sado Yasutora para resolver esse combate.
A menina, do chão, olhou para o garoto demonstrando clara preocupação em seus olhos. Talvez ela quisesse que ele fugisse dali. Pois só restava ele agora. E isso deixou Yuki extremamente culpada.
"Não há nada que eu possa fazer? Depois de tudo. Depois de tantos anos existindo com meus poderes, vai ser assim!?"
Ela turbou a face em um misto de profunda culpa e preocupação.
Mas Sado, olhando pra ela assim, sabia o que deveria fazer. Ele sabia muito bem.
No que em resposta a isso, ele assentiu para ela, demonstrando confiança.
Assim, ele cerrou os punhos com força, apontou um deles para a mulher.
E disse:
— Pode vir, vadia. Eu não vou te poupar só porque você tem um rostinho bonito. Eu juro... Eu vou acabar com essa fantasia e te trazer de volta para o mundo real!
...Era a sua frase de efeito.