O som ambiente permeava no silêncio daquela praça, dando fim à batalha que se desenvolveu ali.
Poderia até chamar essa praça abandonada de "usável" mesmo nas condições que ela se encontrava. Mas agora nem isso, tendo em vista que o chão estava queimado, esburacado em diversas áreas e árvores que crescia por ali estavam cortadas.
As principais protagonistas dessa destruição toda estavam em condições opostas. Uma se via imóvel no chão, com seu cabelo tampando todo o seu rosto. Poças de sangue se formavam a partir das dezenas e dezenas de cortes espalhados pelo corpo esbelto. Sua respiração fraca mas continua.
A outra estava de pé e não havia um traço de cansaço. Apenas alguns resquícios de sujeira espalhados por sua roupa e camisa branca aqui e ali. Nada do qual ela devesse se preocupar realmente.
Essa era Yuki Sato, a vencedora deste duelo.
Um duelo que acabou.
Felizmente acabou.
Enquanto Yuki olhava para a imagem da mulher de roupas escuras e rasgadas estirada no chão, ela sente pesar.
Na troca de golpes, ela tentava por meio das vibrações de cada ataque, entender os sentimentos por detrás do coração dessa mulher. A menina pode sentir enorme tristeza enquanto isso.
— Fenícia... Não irei te julgar por ter feito o que acreditava ser o certo. Mas pessoas também morreram por isso. Pensou que o mundo estava cego, mas não via a tamanha cegueira em seus próprios olhos. Talvez pra você o mundo não conheceu a luz. Mas e quanto a ti, conheces?
Com essa questão, a menina apertou o lábio em tristeza e se virou, indo em direção a um terceiro que também estava envolvido — Sado Yasutora, um jovem comum de 18 anos do ensino médio.
— Sado, você está todo ferido...
Ela se agachou ao lado do garoto e o segurou gentilmente com os braços, erguendo a sua cabeça.
— He, he... Eu apanhei feio, não foi...?
Um olho mal abria, e todo o seu rosto apresentava hematomas e sangue. Sua roupa, sua camisa estava completamente manchada.
— Não ria, você está com muita dor. Se ao menos meus poderes de cura funcionassem em você...
Por algum motivo, Sado era imune a poderes sobrenaturais e isso incluía também a menina de casaco vermelho e cabelos brancos em sua frente.
— Acho que é daqui pro hospital... Por sorte, um pai de uma garotinha que eu salvei disse que cobre as despesas médicas...
— Seu bobo. Você vai ter que ir mesmo... Agiu de forma imprudente! Como você sabia que atirar os seus tênis iria funcionar?
— Eu não sabia.
— ...Huh?
Ela o fita perplexa.
— Eu tive fé em você.
— ...
— Que você conseguiria...
O plano dele para vencer a luta contra Fenícia Silver Waite era único. Ele se aproximaria servindo de isca e criando distração o suficiente para arremessar seus tênis pelo cadarço, acreditando que Faker destruiria a sombra que mantinha Yuki imóvel e deixaria tudo com ela depois.
— Mesmo assim... Não muda o fato que eu deixei você se ferir dessa forma. Essa responsabilidade é toda minha...
Yuki mais uma vez demonstrou culpa em seu olhar.
Um jovem que ela conhece neste mesmo dia, foi até a parte isolada da cidade para ajudá-la em uma tarefa de vida ou morte.
Um jovem extremamente cabeça-dura diga-se de passagem.
E isso a entristeceu, por envolve-lo dessa forma.
O rosto de culpa que ela fazia, fez o garoto perceber que nunca mais iria querer ver esse rosto mais uma vez em toda a sua vida.
Nunca mais.
— ...Sorria, porque você tá me devendo uma.
— ...Estou te devendo?
— Yep. Então faz o favorzinho de não sumir quando eu...
— Quando você o quê?
— ...Me diz... A luta... Já acabou... Né?
— Sim. Está tudo bem agora.
Escutando dela, ele sentiu a tensão do corpo espairecer e sua mente relaxar.
— ...Então eu deixo contigo... Não some até... Até eu acor-... dar...
O corpo dele perdeu rigidez nos braços de Yuki e Sado Yasutora finalmente se deixou ser levado pela dor de cabeça profunda que o puxava para a escuridão dormente da sua cabeça.
Com os olhos fechados, ele adormeceu.
Vendo-o assim, ela reconheceu o seu esforço e não podia deixar de notar que ele foi além dos seus próprios limites só para se assegurar de que a veria novamente.
Alguém que se arriscou por ela e foi tão longe assim...
Yuki não percebeu mas seus lábios formaram um leve sorriso.
Ela acariciou os cabelos desgrenhados dele com a palma macia.
— Sado Yasutora... — sibilou o nome dele lembrando do que ele disse horas atrás. — Então somos amigos, é?
A menina olhou para cima, contemplando o céu noturno. A beleza da lua invejava a sua própria beleza pálida.
Com o satélite natural da Terra iluminando no alto, ela determinou:
— Pode deixar comigo. Eu cuidarei de você.
Um amigo era alguém que se cuidava, entretanto.
♧◇♧◇♧◇
A fraca luz solar entrava pela janela e queimava as suas retinas. Tendo recuperado sua consciência de volta, Sado Yasutora abriu os olhos e finalmente acordou.
— Um teto em branco.
Seu rosto estava cheio de bandagens, e ele olhou para o lado da janela e percebeu que estava em um quarto hospitalar.
— Sado, se sente melhor?
Uma voz chamou seu nome do outro lado, então ele se virou até ela.
Ali, sentada em um banquinho, estava uma jovem pálida de cabelos brancos finíssimos. Seus olhos heterocromáticos direcionados a ele quando ela fala.
— Yuki... Você não sumiu. Que bom.
Um alívio singelo percorreu o peito do garoto agora. Seu maior medo seria acordar e ver que ela tinha desaparecido.
— Não iria sumir assim do nada. Você me pediu para te trazer até o hospital. Eu procurei informações na sua bolsa, parece que é esse.
— Boa! Garota esperta. É pequena, mas é esperta.
Ela rui disso e logo pegou um prato com maçãs cortadas em pedaços e descascadas.
— Quer umas, Sado? Eu posso dar pra você.
— Não fala assim que eu acabo levando pro mal caminho.
— ?
Ele entortou um sorriso abobalhado dizendo "nada não", e ajeitou sua postura se sentando na cama do hospital.
— Quero sim, por favor.
Estendeu as mãos para o prato para poder pegar as maçãs e degustar do sabor cheio de suco que eram as maçãs. Mas Yuki distanciou o prato das mãos dele.
— Hum? Que foi?
— Deixa que eu dou pra você. Que nem você fez na lanchonete, lembra?
— Uhh... Espera um segundo, então...?
— Diga "Aaa".
Ela espetou a ponta da faca em um dos pedaços cortados e aproximou até a boca do menino. Que vendo isso, ficou embasbacado.
— Você vai mesmo...?
— Sim. É o mínimo que eu possa fazer por você.
A feição dela, levemente desconcertada dizendo isso. Ele achou fofo a forma como ela desviou o olhar para os lados.
— Que bom que você não é uma tipo tsundere.
Se imaginar fazer coisas semelhantes a essa e ser xingado por isso seria literalmente o cúmulo da paciência. Sado nunca iria entender esse estereótipo de garotas.
Felizmente Yuki aparentava estar extremamente distante dessa realidade.
— Tsundere? O que é isso?
— Te explico mais tarde. Agora irei aceitar comidinha na boca. Nham, nham.
Ele abriu a boca, sinalizando para Yuki que deveria fazer o que tinha que ser feito. E então, em poucos segundos, a maçã foi aproximada e ele segurou com os dentes, fazendo a faca sair de forma limpa e suave.
— Que tal? — pergunta ela.
— Está ótima. Fazia tempo que eu não comia maçã.
— Quer mais uma?
— Sim, por favor.
Ela continuou alimentando ele com mais alguns pedaços antes dele sinalizar com a palma que não precisava mais.
— Ninguém nunca me deu comida na boca antes.
— Eu posso dizer o mesmo. Mas um certo alguém quis que eu provasse batata frita.
— Ah, você lembra disso?
— E depois saiu todo estranho para o banheiro.
— Ah! Você lembra disso!? Sua memória é boa, hein.
— Ocorreu faz nem 12 horas.
— É? — ele olhou ao redor. — Escuta, Yuki... A quanto tempo e tava apagado?
— Ainda era antes das 10 horas quando a batalha terminou. Agora são 06:12. — respondeu ela olhando o relógio na parede do hospital, em frente a Sado onde até ele poderia notar.
— Eu dormi pra caramba, hein... Ah! Será que da tempo de eu ir pra aula hoje!?
— Hoje é sábado, Sado.
— É mesmo? Mas já!?
Yuki suspira.
— Como é desleixado, que nem suas ideias para vencer o oponente. Se você não sabe lutar, então não tente...
— Não precisa me olhar com essa carinha triste. Eu estava confiante, sabe? Esse meu dom... Hum... Está mais pra uma capacidade minha do que um "dom". Eu posso chamar de "habilidade"?
Yuki deixou o prato com algumas maçãs em cima da cômoda ao lado e cruzou os braços vendo que ele mudou de assunto.
— Já falei que não é uma habilidade sobrenatural. Não é nada. Nem dom divino, nem algum tipo de poder mágico. Não é hereditário... É só algo que você é capaz de fazer.
— Ué? Assim eu fico confuso. — ele coça a cabeça. — Se eu sou capaz de desfazer magia ou coisas mágicas, então esse é o meu poder.
— Não é um poder. Se fosse, eu saberia que seria. Não é um poder. — ela reafirma.
— Isso não faz sentido...
— Exatamente. Não faz sentido algum. A sua capacidade única transcende toda a lógica, razão e sentido. Algo como "senso comum" não se aplica aí. O "bom senso" sequer existe. Francamente, de todas as coisas que eu já vi, li e ouvi, essa é uma das mais inacreditáveis, se não for a mais.
Yuki parecia ter dores de cabeça ao pensar sobre isso. Era absurdo demais.
— Então eu só sou capaz e pronto? É isso a explicação que você me da? Altamente sabia sobre as coisas, filosofias, magias e coisas do paranormal... É esse o seu veredito?
— Hum... Nunca disse que era esse o meu veredito. Mas se quer mesmo uma termo apropriado para tal, eu diria que se assemelha com o Niilismo.
— Niilismo? Nem sei o que é.
— O Niilismo é uma filosofia proposta por diversos filósofos antigos e conhecida por Nietzsche, onde, de forma super simplória e resumida, defende a inexistência em todos os sentidos. É uma negação ou descrença absoluta aos princípios, sejam mágicos, religiosos, éticos, morais, até mesmo filosóficos. Nada existe e nada é importante. Tudo se desfaz ao nada. Nada tem algum sentido ou finalidade. É isso.
— É ESSA A EXPLICAÇÃO QUE VOCÊ ME DA!?!?!?
Ele não poderia ficar mais chocado. Estupefato, só faltava ele saltar da cama.
— Sim, Sado, o Niilista.
— Pode apostar que eu não sou isso não!
— Há, há, há! Eu tô só brincando contigo. O seu Faker se assemelha a essa ideia filosófica. Eu diria que a sua capacidade é algo parecido. Sado, sua capacidade ainda é um mistério. Mas está OK acreditarmos nisso por hora? Mesmo que soa como uma contradição eu dizer isso.
— Então eu possuo algo que não existe?
— Você tem uma capacidade única, mas eu nunca afirmei nada. Se não existisse, ela entraria em paradoxo contra si mesma. Hum... Esse também é um dos princípios do Niilismo...
— Esse nome está me dando medo, pare agora mesmo!
Fazendo um "X" com os braços, ele considerou pularem essa parte da conversa por enquanto.
Yuki deu de ombros quanto a isso e Sado pode respirar em paz.
Mudando então o tópico para outro assunto.
— O que você fez com aquela mulher?
— Fenícia? Levei ela pra um lugar especial. Acredito que ela receberá tratamento e será cuidada, eu acho.
— As autoridades?
— As autoridades não conseguirão conte-la. Mas relaxa. Ela tá com um parceiro de negócios.
— Hum? Você tem algo como um "parceiro de negócios"!? Pensei que eu seria o seu primeiro e único "parceiro de negócios"...!
— Eu só falo com ele porque ele me ajuda e vice-versa. Você ainda é o meu primeiro amigo. Isso não vai mudar.
Ela deu um soquinho no braço dele enquanto sorria. Isso foi o suficiente para ganha-lo de novo.
— Awn. Isso foi incrivelmente fofo.
— He, he.
Enquanto Sado era sincero sobre o que sentia, ele mudou de assunto lembrando-se de algo.
— Ah, sim! Minha bolsa.
Se virando, o jovem pegou sua bolsa escolar que estava repousando em cima de uma estante, e a colocou em seu colo para vasculhar.
A menina ficou curiosa.
— Ei, Sado. O que está procurando? Não peguei nada seu, fica tranquilo.
— Relaxa que eu nem desconfio. Só espera um pouco... Cadê, cadê... Achei!
Ele então tirou uma sacola toda embolada, parecia conter alguma coisa macia dentro.
— Tcharan! Olhe isso. Eu trouxe pra nós.
— Esse cheiro. Isso é...
— Sim. — ele desembrulha o pacote, revelando o conteúdo. — Um hamburger meio mordido daquela lanchonete!
— Você trouxe isso mesmo...
Ela ficou surpresa em ver que ele guardou isso. Já estava com aspecto de guardado, tanto que ficou mais de 6 horas dentro de uma bolsa de escola.
Sado deu uma mordida.
— Tá gelado e o alface murchou. Vai querer uma mordidinha?
Ela olhou para aquilo sendo oferecido a ela. Ponderou sobre comer ou não. Sado vendo que ela pensava demais, instigou:
— É o nosso pão da amizade! Cada mordida são 10 anos que estaremos juntos!
— É mesmo é? Seu niilismo acabou com toda a magia do processo.
— Não fala uma coisas dessas! Não fala!
Yuki riu dele que balançava o braço pra cima e pra baixo irritado.
Ela então decidiu pegar o resto de sanduíche nas mãos e abocanhar um pedaço.
— E aí, que tal? Tem gosto de uma prospera e longa amizade?
— Tem gosto de pão brioche, gergelim, alface murcho, tomate, carne bovina, queijo cheddar, molho de ketchup, mostarda e maionese. E um retro-gosto de picles.
Ele piscou os olhos silenciosamente, encarando-a com a resposta dada.
Segundos depois, ele abriu a boca e o que ele disse foi:
— É esse o gosto da amizade, Yuki. Pondere sobre isso.
— All right!
Ele piscou para ela.
— Ah, lembrei agora. Sabia que eu espanquei umas mãos malucas antes de ir te salvar? Digo... De ter apanhado e só apanhado praquele mulher?
— Ignorando essa última parte... É mesmo?
— Sim! Vou te contar dês do início... Então, eu tava indo atrás de você e...
Alegremente, Sado Yasutora contava sobre a vez que lutou contra uma maldição parasitária. Yuki escutava tudo com um sorriso no rosto vendo a dedicação e força de vontade dele.
Ele terminou com:
— E é por isso que eu tava tão empolgado quando entrei em cena te livrando de ser atingida por aquela lança.
— Entendi, entendi. Você lutou bem. Sua capacidade te protegeu até mesmo disso.
— Né não? Há, há, há.
Rir dessa forma. Pela primeira vez ele sentia que estava tendo uma boa conversa descontraída com a menina. E para Yuki que ficava sozinha sempre, não estava sendo tão mal. Ela era, de alguma forma, bastante sociável.
— Ai, ai. E você destruiu aquela lança e derrotou a mulher. Acho que isso é um fim digno.
— Erm, bem... Sobre isso...
— Hum?
O jovem estranhou o comportamento de Yuki que revirava os dedos juntinhos de forma fofa.
— Parece que não é o fim das maldições. — revelou.
— Tá falando sério!? Mas eu pensei que você tinha derrotado aquela maluca.
— Eu derrotei, mas...
— Mas?
— Não foi o que ela disse.
— ....
Na noite anterior, a cerca de 6 horas atrás, com um Sado maior que ela sendo carregado em suas costas, Yuki foi ver Fenícia imóvel na terra.
— Você está derrotada. Mas eu não perdoarei que implantou maldições vivas em homens com a vida destruída.
Fenícia Silver Waite usou de maldições ao decorrer do tempo em que passou na cidade. E sem dúvidas, a pior delas eram aqueles tentáculos que controlavam os sem tetos como hospedeiros.
Isso ela não-...
— Do que está falando...?
— Hein? Das maldições em forma de mãos e tentáculos que eu vi ontem. Você... Você se esqueceu?
Yuki olhou incrédula. A resposta foi ainda mais atordoante.
— Não sei do que está falando. Isso não é obra de minhas mãos.
— ?! Verdade??
— Minhas maldições são sofisticadas. Elas corrompem mecanismos e desfazem bênçãos. Mas se parecer com mãos ou algo do tipo? Sinto te dizer, mas não foi eu.
Fenícia olhava para a lua. Seu batom vermelho desbotando.
— Talvez você tenha um novo amigo...
— ....
Foi isso o que Yuki descobriu da mulher em seu último encontro com a mesma, antes dela ser apagada gentilmente.
Ela contou a Sado esperando uma reação.
No que ele...
— Então bora.
— Quê?
— Bora. Bora mete a porrada em lunáticos das maldições.
— Sado... Isso pode ser meio perigoso... Embora você tenha dito que teve um bom desempenho contra as maldições das mãos. Não temos uma prova de como você se sairia contra "coisas invisíveis" e mais abstratas.
— Coé, Yuki. Cê acabou de fala sobre o meu Faker e tals. Se eu sou capaz de desfazer isso ao nada, então eu farei! Vamos lá. Mais uma aventura vai! — exclamou ele com os olhos brilhando de emoção.
— Eu pensei que você não quisesse mais se envolver em brigas! — levantou-se Yuki da cadeira.
— Pftt... Eu já tô recuperado! Me sinto muito melhor, é sério! Tá, ainda dói bastante, mas é porque eu pensei que tava tudo acabado. Agora que eu sei que tem coisa rolando na cidade, eu quero muito, muito mesmo mete o louco e fazer a boa!
— Meter o louco e fazer a boa...
— Sim, sim! Mete o louco e fazer a boa! Bora, bora! — ele se ergue ficando de pé em cima da cama. — Sado e Yuki, resolvendo mistérios ocultos da cidade!
— Ei, ei, ei! Você está empolgado demais!
— Então porque você tá sorrindo?
— Eu não tô... Sorrindo...?
— He, he, he. Você quer também, não é? Temos o mesmo espirito aventureiro?
Yuki notara que estava sim sorrindo e demonstrando empolgação. Inconscientemente, ela ficou feliz em ver a alegria de Sado em demonstrar interesse pelo seu trabalho oculto que propagava pela cidade.
Ela colocou a mão não queixo pensando.
— Hmmm... Será que deixo?
— É claro que deixa! Tu comeu o hambúrguer da amizade. Estamos unidos pelo destino agora!
— "Bléeehg..."
— Não inventa vômito que é feio!
Yuki fingia com a língua para fora um som de vômito nada convincente, Sado saltou da cama e ficou de frente pra ela.
Ele estendeu a palma.
— Que tal, parceira?
A jovem Yuki se recompôs de sua brincadeira e olhou para aquela palma. Para aquele sorriso esperto de canto de boca e para aquela palma.
Ela coçou a cabeça.
— Você nunca obedece o que eu digo...
— He, he. Mas é porque eu sei que você vai me proteger dos monstros fortes. Então eu não preciso fugir como uma menininha.
— E tem outro jeito?
— Mas é claro que não.
Ela sorri.
— Está bem. Eu te protejo enquanto estiver comigo, Sado.
Ela levou sua pequena e delicada palma até a mão dele e ambos firmaram por fim um aperto de mãos.
— Estou contando com isso. — disse isso fechando um olho.
Ela assentiu assertivamente.
E foi assim que Sado Yasutora, um jovem comum do ensino médio como qualquer outro de escola pública que se encontra por aí, iniciou sua amizade com Yuki Sato, uma jovem menina de 16 anos, um pouco menor para a sua idade, inteligente e conhecedora de todo tipo de poder sobrenatural.
É com essa confissão em um quarto de hospital, que as cortinas de uma grande amizade e uma longa aventura se abrem.
Uma representação sobre o que é o mundo onde bilhões de pessoas vivem.
Uma aventura mágica e científica com altos e baixos. Mistérios e...
— A propósito, Yuki. Agora que me lembrei de algo. Foi você quem consertou o dano causado por aquela mulher no meu apartamento?
— Sim, fui eu.
— Ah, sim, eu já sabia.
— Eu também tentei curar os seus ferimentos, mas o seu Faker não deixava. Então eu pensei que eram suas roupas, e as tirei. Mas eu só consegui concertá-las, e o seu corpo permaneceu ferido. Então eu te vesti de volta e sai.
— Ah, sim, eu já-... Quê? — olhou para ela seriamente como se estivesse escutado uma desgraça. — Você. O quê. Comigo?
Ela limpava o ouvido com o dedo.
— Tentei te ajudar, lá. Não esquenta com isso.
Yuki deu uns tapinhas nas costas de um Sado petrificado e andou rumo a porta do quarto.
Olhando o nada, ele, só poderia por as mãos nos cabelos.
— QUE RAIOS FOI O QUE EU OUVI???!!!!
...Uma aventura de grandes desastres o esperava.