Pov- Lysander
Há pelo menos 6 meses venho trabalhando como caçador, essa profissão se resume a exterminar o máximo de criaturas de uma região, um trabalho que pode ser bem perigoso, afinal ele exige que você saia do domínio dos humanos para se aventurar nas terras devastadas.
É um trabalho solitário, mas muito adequado para mim, a missão dessa vez era exterminar uma criatura de grau 6 que tinha sido avistada há alguns dias, não foi nada desafiador, a criatura era bem mais fraca do que eu, "Essa criatura era a mais forte da região?", murmurei para mim mesmo, pegando minha adaga eu comecei a abrir a cabeça da criatura, além desse trabalho ser perigoso outro motivo para ele não ser popular é pelo fato de termos que cavar o cadáver da criatura em busca de núcleos de Nox, algo que apenas criaturas podiam criar.
Os núcleos eram muito cobiçados, pois serviam de matéria prima para manter o domínio humano em segurança, não demorou muito para eu encontrar o núcleo, era brilhante o orbe era do tamanho da minha palma, o motivo das criaturas produzirem esses núcleos em seus corpos é um mistério, pelo menos para a população no geral, as elites nunca deixariam vazar uma informação tão importante quanto essa, não que eu me importe, afinal eu sei bem o valor desses núcleos.
"Avaliar", disse segurando o núcleo na minha mão, logo algumas informações apareceram na minha visão.
Núcleo Nox
Nível: grau 6
Habilidade: [Pilar de fogo]
[O portador deseja absorver essa habilidade?]
[Sim] / [Não]
"Essa habilidade foi um pouco problemática de lidar, seria interessante ter ela para mim, mas é uma pena que eu não possa absorver esse núcleo", Para a minha missão ser concluída, eu tenho que entregar o núcleo de Nox da criatura para a associação, guardei o núcleo na minha bolsa, caminhei um pouco pelo lugar, mas não encontrei nenhuma criatura que valia a pena matar, eram muito fracas para me dar XP o suficiente, não que eles tivessem coragem de se aproximar de mim, a aura que eu estava emanando repele todas as criaturas da região.
Eu estava bem longe da capital da cidade da Esperança, essa missão era arriscada por conta disso, para mim, essa missão era perfeita, aqui eu podia usar todas as minhas habilidades sem ter medo de me expor, voltei para o meu acampamento improvisado, o lugar mais próximo da minha localização era uma vila, ela não tinha nome, o que significava que não era qualificada para receber um.
Ir para essa vila era minha próxima parada, 1 semana de caminhada, aos poucos me acostumei a fazer essas missões em lugares perigosos, me ajudavam a ficar mais forte rapidamente, dormir ao ar livre com criaturas poderosas tentando te matar a cada passo do caminho me fez desenvolver um certo sentido de perigo.
Essa semanas foi mais produtiva do que pensei, consegui subir do nível 6 para o 7, não adquiri nenhuma habilidade nova, não dá para ter tudo na vida também.
Nome: Lysander Leroy
Idade: 16
Raça: Humano
Benção:????
HP: [12.000/12.000]
Level: 7 [50%]
Classe: Não atribuída
Energia interna: [6.000/6.000]
Títulos: Vingador (level 5), Caçador experiente (Level 3)
Força: 50
Agilidade: 48
Charme: 60
Inteligência: 54
Resistência: 72
Habilidades: Percepção(level 7), Avaliar(level 7), Liderança(level 2), Inventário(level 2)
Descrição de Habilidades
Percepção: (Detecta qualquer ser em um raio de 100 quilômetros, possibilita prever ataques antes que aconteçam, desde que o portador tenha uma agilidade maior do que o agressor, uma vez que essa habilidade seja ativada concede +6 pontos em agilidade.)
Avaliar: (Ver os status de qualquer ser ou objeto, essa habilidade pode ser melhorada conforme o nível do portador.)
Liderança: (Possibilita o portador ganhar discussões, barganhar e convencer outras pessoas, muito útil para líderes, com a ativação da habilidade o portador recebe +10 pontos em charme e +5 pontos em inteligência.) obs:( essa habilidade só pode ser usada 1 vez a cada 5 horas.)
Inventário: ( Essa habilidade permite o portador guardar objetos e comida, mas não é capaz de guardar seres vivos, aumente o nível da habilidade para desbloquear novas capacidades.)
Um ano desde que eu recebi esse sistema, não me lembro como isso aconteceu e nem o motivo, mas independente da razão, esse sistema me ajudou a ficar mais forte, ainda não descobri qual é a minha benção, quando eu era criança foi dito que eu não tinha uma benção, a decepção dos meus avós foi difícil de suportar, eles não me tratavam mais como seu neto, era como se eu não fosse nada.
Quando percebi já estava na porta da vila, mostrei minha identidade como caçador e eles me deixaram entrar sem problema, mas não antes de me alertarem sobre uma criatura à solta, não me importei muito com isso, logo de cara vi que soldados da capital estavam aqui, franzi a testa, era muito anormal que esses soldados estivessem aqui, a capital não os enviaria se o problema não fosse grande coisa, ou os figurões da capital tinham um motivo oculto para estar dando tanta atenção para essa vila.
Em meio a multidão eu avistei Ilyam, ele também percebeu minha presença e veio em minha direção, "Lysander, está aqui de passagem?", o fato de Ilyam estar aqui me surpreendeu, ele não é um soldado, "E você Ilyam? O que faz aqui?", o sorriso de Ilyam vacilou com a minha pergunta.
"Bem isso é uma situação complicada", Ilyam e eu fomos para um lugar sem pessoas ao redor, ele explicou mais ou menos a situação, mas antes que eu pudesse falar o motivo de estar lá, Ilyam viu que meu braço estava machucado.
"O que aconteceu?", o meu braço estava enfaixado com um pano que eu tinha rasgado para estancar o sangramento, "Nada de mais, só uma maldita criatura que me pegou de surpresa", Tentei mostrar que a ferida não foi grande coisa, mas Olham não ficou convencido e praticamente teve que me arrastar para a clínica médica da vila.
Era melhor apenas aceitar, talvez não fosse tão ruim dar uma olhada na ferida, caso tenha algum problema adicional.
A clínica era simples, mas bem arrumada, inicialmente eu não tinha percebido que havia uma pessoa na recepção, Ilyam falou com a garota sobre o motivo de estarmos alí, mas nem me dei o trabalho de olhar para ela, quando mencionou o meu ferimento, senti alguém segurar o meu braço.
Não deu tempo para pensar, ela disse alguma coisa, mas tudo em que consegui me concentrar foi em seus olhos castanhos, o rosto dela transbordava de uma gentileza sem igual, sua voz era tão doce quanto mel, e por um momento fiquei sem palavras.
Mas felicidade de pobre dura pouco, Ilyam atrapalhou o momento, ele tinha aquele sorriso provocador, o que me irritou, a garota estava bastante constrangida, mas ela retomou a cuidar da minha ferida.
Aproveitei o momento para olhar para ela, o que foi aquilo que eu tinha sentido? Foi diferente de tudo que eu já vi ou senti antes, o que ela tinha de especial para me fazer reagir assim?
Saí de lá com mais perguntas do que respostas, e claro o Ilyam não ia deixar passar essa oportunidade de me zoar, para calar ele dei um soco direto no estômago, talvez assim ele aprendesse a ficar quieto.
Depois de Ilyam se recuperar do soco, ele se voluntariou a me ajudar a arrumar um lugar para dormir, pois aparentemente, essa vila não tinha uma pousada, "Eles não recebem muitos visitantes por aqui", explicou ele, sem muita escolha segui a sugestão dele.
Eu iria ficar no acampamento dos soldados, particularmente, eu não curti essa ideia, mas era melhor do que ter que dormir na praça, eu ainda não estou muito confortável com eles, eu nem sei como o Ilyam convenceu eles a me aceitar.
Quando me dei conta já era de tarde, não havia muito o que fazer, o fato de ter uma criatura de grau 5 à solta era estranho, em primeiro lugar uma criatura nunca se aproximaria tanto assim de uma vila humana, segundo, a criatura é muito mais fraca do que os soldados que estão aqui, qualquer criatura normal teria ido embora ao sentir que tem pessoas mais fortes do que ela.
A conta não batia, essa criatura não agia igual as outras, o que resta duas possibilidades, ou a criatura é mais forte do que eles imaginam, ou alguém está controlando ela, as duas possibilidades eram complicadas de se lidar, tinha algo muito errado nessa situação toda.
Eu estava perdido em pensamentos quando ouvi alguém se aproximar, logo pensei que era o Ilyam, mas quando eu olhei, eu vi que era aquela garota que encontrei mais cedo, ela merecia bem nervosa.
"Você quer falar algo para mim?", perguntei, ela parecia não saber por onde começar, "O seu braço está melhor?", a garota me perguntou, foi aí que percebi, eu não sabia o nome dela, respondi para ela que meu braço estava bom, ela tinha feito um bom trabalho, não doía e parecia que eu não tinha me machucado em primeiro lugar.
"Qual o seu nome?", essas palavras saíram da minha boca sem pensar, o que me surpreendeu, geralmente eu não teria tanto interesse em alguém, eu nunca gostei de socializar, só que por algum motivo, ela me intrigava, eu queria saber mais sobre ela.
"Janette, me chamo Janette Bell", ela tinha um nome bonito, foi a primeira coisa que pensei, rapidamente descartei esse pensamento, eu não podia perder o foco, eu já conheci muitas garotas bonitas, não tem como eu cair tão fácil assim.
Me apresentei para ela, então o silêncio caiu sobre nós mais uma vez, apenas a encarei, esperando o que ela falaria a seguir, de forma inusitada, "Já que você é novo aqui, que tal eu te mostrar a vila?", isso me pegou desprevenido, a vila não era muito grande, se eu quisesse um guia, o Ilyam estava alí, tenho certeza que ele me mostraria a vila se eu pedisse.
Não havia razão para aceitar o pedido dela, "Tudo bem, se não for incômodo", e mais uma vez, eu falei mais rápido do que pensei, por alguma razão misteriosa, eu não tive coragem de rejeita-la da mesma forma que rejeitei muitas outras.
Essa seria uma oportunidade perfeita para descobrir mais sobre ela, e saber o porquê dela me fazer sentir esses sentimentos indescritíveis, Janette animada falou mais algumas palavras antes de praticamente sair correndo.
Me vi observando ela ir embora, toda essa conversa foi repentina, Janette era estranha, a garota mais estranha que já conheci, mas não pude conter o sorriso que apareceu em meu rosto, acho que foi a primeira vez que conversei com uma pessoa, sem comentários sarcásticos, com ela eu demonstrei uma paciência que não pensei que possuía.
Pela primeira vez em muito tempo, minha mente estava ocupada com algo que não envolvia vingança, não pude negar que estava ansioso para o dia de amanhã, que definitivamente não era um encontro.