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Chapter 9 - a calmaria antes da tempestade

Pov. Anty

Minha respiração estava ofegante, tudo o que eu podia fazer era correr, mas estava claro que era um esforço inútil.

Eles iriam me alcançar, eram mais rápidos que eu, só havia uma possibilidade, lutar!

A sala em que eu estava era toda branca, a porta de metal era impossível de se abrir e pelo vidro algumas figuras observavam como se minha luta pela sobrevivência fosse um tipo de espetáculo.

Eu parei de correr, uma determinação que cresceu dentro de mim, algo que nem mesmo eu sabia que tinha dentro de mim.

Eu não queria morrer, não alí, não daquele jeito patético, eu quero viver.

Me virei para o inimigo que me perseguia, um quadrúpede, seus pelos negros que não pareciam refletir nenhuma luz.

Ele era um pouco mais baixo do que eu e poderiam ser facilmente confundido com um lobo, mas seus olhos vermelhos, chifres que saíam do topo da sua cabeça revelavam o quão forte e perigoso ele era.

A criatura não parecia com pressa de atacar, era quase como se não entendesse o motivo de sua presa não estar correndo como antes.

Mas eu não tinha energia pare pensar nisso agora, minha mente estava a mil, então eu fiz a única coisa que consegui pensar.

Manifestei em minha mão um feixe de luz que atingiu o lobo em uma velocidade que não permitiu que ele desviasse.

Foi assim que a criatura morreu, o sangue tingiu o chão antes branco de vermelho, minhas mãos tremiam.

Eu me senti tonta, parecia que eu iria desmaiar no próximo segundo, eu havia matado pela primeira vez.

A próxima coisa que me dei conta era de que eu estava vomitando, eu segurava meu estômago revirado.

Apesar do meu mal estar, os homens que observavam tudo através do vidro não demonstraram compaixão.

Eles trouxeram a próxima leva de criaturas, eu estava exausta, mas não tinha o luxo de descansar.

O desespero tomou conta de mim, mas eu não conseguia chorar, eu só pude me levantar e enfrentar meus novos inimigos.

Quanto tempo eu passei alí? Eu não fazia ideia, a cada ataque maia sangue sujava a sala.

Com o tempo o cheiro de sangue não me incomodava mais, eu estava os matando como se não houvesse amanhã.

O instinto de sobreviver me controlava, eu tinha que sobreviver, era tudo o que importava.

Caída e ferida deitada em uma poça de sangue, o último pensamento que tive antes de desmaiar era que finalmente o inferno tinha acabado.

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Durante o dia fiquei um pouco pensativa, Janette me perguntou se havia algo errado, eu disse que não.

Aquele não era um sonho comum, era uma memória que eu queria esquecer, mas eu não podia, lembranças ruins ficavam presas na memória com mais facilidade do que as boas.

Eu, Ilyam, Janette e Lysander estamos na feira, dois dias tinham se passado desde que a criatura tinha sido capturada.

As pessoas da vila pareciam felizes e despreocupadas, logo começaria o festival, os preparativos estavam quase completamente prontos.

"Nem teve nem sinal do invocador esses dias, tentei rastrea-lo com meu artefato sem sucesso, talvez ele tenha se teleportado para longe da vila".

Ilyam explicou sua teoria, com uma carranca no rosto, apesar de parecer que tudo estava melhor, a realidade não era assim.

A qualquer momento o invocador poderia convocar uma criatura poderosa o suficiente para destruir a vila sem resistência.

Pensando nisso, Ilyam junto com os outros soldados criaram uma rota de fuga para evacuar os civis caso aja necessidade.

As pessoas da vila estavam sorrindo e animadas com o festival, sem saber da bomba-relógio que poderia explodir a qualquer momento.

"Eu andei vasculhando a floresta ao redor da vila, mas também não encontrei nada de mais, ele não deve agir, pelo menos por enquanto".

Depois do confronto com o invocador naquele dia, Lysander ficava de olho em qualquer anormalidade nos arredores da vila.

Eu tinha me oferecido para ajudar, mas ele recusou dizendo que era mais rápido sozinho.

"Talvez, ele apareça no festival?".

A voz de Janette era baixa, mas eu consegui ouvir o que ela disse.

"Ei, você pode ter razão!".

Exclamei, de repente tendo uma ideia.

"A gente não viu o rosto dele, é bem possível que ele entre na vila sem ninguém perceber".

Quando começar o festival, pessoas de fora poderão entrar na vila sem problemas.

Sem contar as duas vilas próximas que vêm para cá visitar parentes ou participar do festival.

Esse é o momento ideal para entrar na vila sem ser notado.

"É bem provável que ele faça isso, já que pelo visto ele tem como alvo a Janette".

Ilyam falou olhando para Janette, de fato não sabíamos o motivo dele estar atrás dela, o que é preocupante no mínimo.

Janette não tem capacidade de se proteger sozinha, até então nunca teve necessidade dela aprender.

"Bom, não adianta pensar nisso ainda, afinal o festival só vai começar amanhã, então que tal darmos uma olhada por aí?".

Ilyam sorriu alegremente enquanto apontava para as gincanas que estavam acontecendo.

Pensando bem, seria uma boa ideia se divertir um pouco, principalmente para Janette que ainda estava muito abalado com tudo o que aconteceu.

Logo começamos a andar pelas barracas tentando encontrar algo interessante.

Apesar do festival não ter começado oficialmente estava bem lotado, com todo o estresse que sofreram recentemente, as pessoas estavam loucas para sair de casa e se divertir.

Sem o constante perigo da criatura os assombrando.

Olhamos ao redor quando Ilyam parou, algo tinha chamado a atenção dele.

O que Ilyam estava vendo era uma gincana de arco e flecha, a uns 20 metros de distância tinha 3 alvos parados.

Os alvos eram pintados em 3 cores, nas bordas a cor era branca, no meio a cor era amarela e o centro era vermelho.

"Acerte o alvo para ganhar pontos e receber um prêmio!".

A mulher explicou animadamente as regras e mostrou os prêmios para Ilyam.

Ele olhou para os prêmios e pareceu encontrar algo que gostou, Ilyam pegou o arco e se preparou para atirar.

Enquanto isso Lysander perguntou para Janette se ela gostou de algo, caso ela gostasse ele poderia ganhar para ela.

Em resumo, as regras eram bem simples, ao acertar a parte branca do arco você ganha 10 pontos.

Na parte amarela ganha 25 pontos, se acertar no centro ganha 50 pontos, você tem uma change de acertar os três alvos.

Ilyam se concentrou, acalmou a própria respiração e mirou no primeiro alvo.

A flecha de Ilyam acertou o centro do alvo com precisão, as pessoas olhando em volta não puderam de olhar impressionadas.

Ilyam nem piscou e já se preparou para acertar o próximo alvo, não demorou muito e Ilyam acertou o segundo alvo com a mesma precisão.

Cada vez mais pessoas se aproximaram para ver o desempenho dele.

E sem muita surpresa o último alvo teve o mesmo destino dos outro dois.

As pessoas aplaudiram animadas, Ilyam sorriu para eles e agradeceu, Ilyam escolheu o prêmio mais caro.

A dona estava sem reação, mas rapidamente entregou o prêmio de Ilyam.

O prêmio que ele pegou era um anel dourado, não tinha nada de mais nele, mas se Ilyam pegou para ele deve ser importante.

"Eu não esperava que você fosse tão bom".

Ilyam ficou um pouco constrangido com o elogio.

"Eu não sou tão bom, uma pessoa especial para mim me ensinou o que sei, ele é muito melhor do que eu".

Ilyam acariciou levemente o anel que ganhou, a expressão em seu rosto era gentil e cheia de afeição.

Ele deveria estar pensado nessa pessoa especial.

"Falando nele, como está o Jong-su?".

Lysander perguntou para Ilyam depois de ouvir o que estávamos conversando.

"O Jong-su está bem, melhor do que nunca, mas porquê quer saber?"

Lysander deu de ombros.

"Nada de mais, é só surpreendente ver vocês dois separados, ele vive agarrado em você".

Ilyam ficou sem palavras por um tempo, ele abriu e fechou a boca e só conseguiu falar:

"Ele é meu amigo desde que eu me lembro, é natural estarmos próximos".

Ilyam tentou defender seu ponto de vista, mas pela expressão de Lysander, estava claro que ele não estava convencido.

"Você vai me dizer que não tem consciência das intenções do Jong-su? Praticamente todo mundo que conhece ele sabe que ele é uma manga cortada".

(Esse termo é uma gíria chinesa para falar que uma pessoa é gay).

Ao perceber minha confusão Janette explicou para mim o que significava o termo desconhecido.

"Mesmo que ele seja, eu não acho que ele esteja interessado em mim, eu conheço ele desde a infância, somos amigos, só isso".

Ilyam falou muito sério, ele estava claramente perturbado por essa situação.

Lysander apenas suspirou e olhou para Ilyam como se estivesse olhando para um idiota.

Janette estava se contendo para não rir, até eu estava achando tudo isso muito engraçado.

Para evitar que Ilyam ficasse mais envergonhado eu mudei de assunto, assim a atenção de todos foi direcionada para as próximas atrações.

Eu e Ilyam fomos para outra gincana, já Lysander pegou o arco, ele disse que ia ganhar o presente que a Janette queria.

Ela falou para ele que não precisava, mas o jovem ruivo ignorou, ele estava decidido.

A interação entre eles me intrigou, esses dois juntos pareciam ter uma conexão interessante, quem olhasse nem imaginaria que eles se conheceram há poucos dias.

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"Vinte pontos! Essa jovem está imparável!".

O jogo que estou jogando é bem fácil, a pessoa tem acertar o máximo de argolas na garrafa quanto possível.

Eu já tinha acertado pelo menos vinte delas, Ilyam apenas observava de lado.

Ele provavelmente não estava interessado em jogar esse jogo, considerando a habilidade dele com o arco, meio que fazia sentido.

Esse jogo não seria um desafio para ele, pensando nisso atirei outra argola que acertou a garrafa mais distante.

No final do jogo eu tinha ganhado uma torta de maçã, sentindo o cheiro delicioso não pude recusar.

Eu dividi um pouco com Ilyam, ele agradeceu e comemos alegremente a torta.

Depois de um tempo, nos reencontramos novamente com Janette e Lysander.

Janette tinha na mão uma boneca de pano muito bonita, o vestido da boneca era cheia de detalhes de cor azul e vermelha.

Provavelmente era o prêmio que Janette queria, ela estava sorrindo e conversando com Lysander.

Foi bom ver que ela estava melhor, talvez ter passado um dia se divertindo fosse uma boa ideia afinal.

O resto do dia passou tranquilo e sem incidentes, no entanto, eu não conseguia ficar em paz totalmente.

Eu tinha um pressentimento que algo estava errado, eu estava começando a me preocupar.

Quando eu tinha esse sentimento era difícil ele estar errado, eu só podia esperar que, o que viesse a seguir, não fosse tão ruim quanto parecia.

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Notas da autora

Bom, esse capítulo foi mais tranquilo, teve interação entre os personagens, eu pensei que seria melhor fazer eles se divertirem agora.

Pois daqui para frente, eles não vão ter essa oportunidade de descansar.