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Chapter 14 - Escolhas

No outro dia, Andressa agradeceu a Deus por Andrey ser um homem sábio e ter deixado ela a par do acordo com Francine. Pois ela começou seus ataques logo pelo café da manhã e sua mãe a ajudava. Andressa, que já sabia de tudo de antemão, recebia os insultos com sorrisos debochados e irônicos. Ela sabia que sua barriga ia crescer e Andrey saberia enfim que ia ser pai. Isso mudaria tudo. Andrey já estaria com a fidelidade dos homens de Francine e ela poderia ser descartada, junto com dona Glória. Ela esperaria ansiosa por esse dia. Ela fazia questão de filmar elas sendo enxotadas e espalhar pelas redes sociais. Aquilo seria o fim de Francine. Quanto sua mãe, ela já tinha umas ideias na mente.

Mais um mês se passou. Andressa estava parada em frente ao espelho. Olhava para sua barriga proeminente com preocupação. Não demoraria muito mais para Andrey perceber. No começo ficou preocupada por sua barriga não estar muito grande, mas o doutor Lester lhe garantiu que não havia nada de errado com a criança e que sua barriga cresceria na hora certa.

Ela respirou fundo, abaixou sua camisa e saiu para o corredor que a levaria as escadas para que tomasse seu café. O que ela não esperava era ver sua mãe a esperando no topo da escada com olhar furioso e demoníaco.

Andressa ia descer os degraus fingindo que não a vira, mas ela, ousadamente, a segurou pelo braço, com uma força que Andressa até aquele momento, jamais acreditou que ela tivesse.

_ Você está grávida! Sua putinha barata! – Ela acusou com ódio suficiente para colocar fogo em uma multidão.

Andressa a fitou com desprezo e se soltou, fazendo muita força para isso, de suas mãos.

_ O que você tem a ver se estou ou não gravida? Você não tem mais nenhum poder sobre mim, não passa de uma barata em meu caminho. E se sou barata, a culpa é toda sua. Não foi você quem colocou preço em mim para vender para o traficante?

_ Eu tinha dúvidas... – Dona Glória disse pensativa. – Mas agora tenho certeza. Apesar de não saber como, você descobriu sua verdadeira procedência...

Andressa ergueu o queixo, como se fosse uma rainha. Nada que aquela mulher dissesse, seria levada a sério. Podia deixa-la saber que conhecia sua linhagem. E achava bom que ela vivesse olhando para trás, sabendo que ela vingaria sua mãe um dia.

_ Descobri sim! E agora estou mais leve e feliz, por saber que não sai do ventre de um ser tão abjeto como você. Me orgulho do pai que tenho e da mãe que tive, e repudio os dias que vivi e lhe amei como se fosse minha verdadeira mãe. E é bom que saiba, que não deixarei barato o que fizera com minha família. Eu lhe prometo que os vingarei!

_ Você não colocará a descendência daquela mulher imunda no mundo! Eu a deixarei estéril! Sei todo procedimento para fazer isso e você nem vai perceber. Essa raça acaba em você! – Dona Glória disse com extremo tom de nojo.

Andressa ficou cega de raiva e num momento insano, bateu na face daquela que por muitos anos acreditou ser sua mãe. Ela colocou a mão na face recém esbofeteada, fitando Andressa com olhos arregalados e surpresos.

_ Você vai pagar! – Andressa disse com lágrimas nos olhos. Enquanto aquela mulher desprezível falava seus insultos, uma mulher, que tinha certeza ser sua mãe, apareceu em sua mente, a fitando com tristeza. – Minha vontade era matá-la com minhas próprias mãos, mas eu lhe prometo que em meio a muita dor, quando já não estiver aguentando mais, meu rosto, será a única beleza que verá em seus últimos momentos. Mas agora ainda não é hora. E se quer saber, não sei como soube, mas sua vontade está atrasada! – Andressa disse e passou a mão protetora em seu ventre, não deixando dúvidas para dona Glória e se virou para descer as escadas.

Sem acreditar, ela sentiu quando a mão encostou em suas costas e por um momento pareceu indecisa, mas foi tão rápido que Andressa não teve tempo de se apoiar em algum lugar para se salvar. Foi covardemente empurrada pelas escadas e não conseguia proteger a criança na queda. Ela rodou as escadas que tinham vários objetos pontiagudos, que ela sabia terem sido colocados ali para aquele momento. Quando sentiu, quase desfalecendo, que sua queda chegara ao fim, abriu a boca para dizer algo, quando viu Francine com rosto horrorizado fitando-a, e gritando algo para alguém e se abaixando sobre ela. Foi o último momento, durante anos, que vira algo de dentro daquela mansão.

Andressa abriu os olhos e aquela lâmpada retangular irradiava sua luz branca a incomodando. Ouviu alguém dizer seu nome com exagerada euforia e logo ouviu outra. Ela se virou para o lado para saber de quem se tratava e sentiu muita dor, durante esse processo.

Era Carla e Andrey. Estavam rindo para ela, contentes. Andressa não entendia o motivo. Não se lembrava de como fora parar naquele lugar estranho. Fechou os olhos e então tudo veio a sua mente. Uma raiva, que ela jamais pensou que sentiria por uma pessoa, não naquela intensidade, pareceu lhe dar energia e tentou se sentar, sendo impedida imediatamente.

_ O médico disse que você não deve fazer esforço algum. Espere um pouquinho que vou levantar sua maca, para que fique um pouco na posição de sentada. – Carla disse e saiu do campo de visão e Andrey entrou no lugar dela, a fitando com ternura e preocupação. Andressa sentiu que a cama se erguia lentamente e estava quase sentada quando ela parou. Teve uma visão geral do lugar. A sua perna estava engessada e Carla a fitava com olhos cheios de lágrimas. Estava em um hospital. Só queria saber como estava seu bebê. Mas estava na dúvida se perguntava na presença de Andrey. Agora, mais do que nunca, precisava esconder essa criança dele. E sabia que não poderia mais viver na mansão. Ela estava muito cheia e não tinha espaço para ela e a criança naquele lugar.

_ O que aconteceu? Você se desequilibrou? – Andrey perguntou preocupado.

Então ele não sabia... Será que estava a quanto tempo ali? Para Andrey não parecia que acreditava ser uma tentativa de assassinato. Estava acreditando que Andressa realmente caíra da escada...

_ Não me lembro o que aconteceu. Nem sei porque estou aqui... E por quanto tempo?

_ Você caiu hoje de manhã. Deve ter umas oito horas... – Andrey disse parecendo mais aliviado.

_ Estou com um pouco de dor de cabeça... Andrey, pode buscar o médico para mim?

_ Carla... – Ele chamou.

_ Não Andrey. – Andressa disse forçando um sorriso. – Vá você mesmo. Preciso falar a sós com Carla. Coisa de mulheres...

_ Está bem então. Vocês têm dez minutos. Voltarei com o médico.

Andressa esperou que ele saísse e voltou-se para Carla que já havia se aproximado.

_ Qual dos homens faria um serviço para mim, sem que Andrey saiba? – Andressa foi direto ao assunto.

_ Nenhum deles. Se consideram uma grande família... Mas se isso não foi um acidente, tem que contar para Andrey. Ele saberá tomar as devidas atitudes para se vingar...

_ O máximo que ele vai fazer é enxotar aquelas duas. Quero mais que isso!

_ Andressa... Se estiver falando de Francine, creio que está muito confusa. Ela foi a pessoa que lhe socorreu. Se não fosse por ela, você não chegaria a tempo de ser salva e nem de salvar seu bebê...

_ Meu filho está bem?

_ Sim. Em perfeita saúde. – Carla disse feliz.

_ Andrey sabe sobre a criança...

_ Não. Para sua sorte, o doutor Lester que está atendendo hoje... Ele disse que era melhor que Andrey soubesse por você...

Andressa ficou em silencio por alguns minutos.

_ Francine pode não ter me empurrado, mas é cúmplice de quem fez isso. Como podemos garantir que dona Glória não me empurrou por ordens dela? – Ela voltou ao assunto.

Carla estava boquiaberta.

_ Sua própria mãe tentou matá-la?

_ Ela não é minha mãe. – Andressa disse se lembrando da mulher que lhe aparecera por um momento na mente, antes de tudo aquilo.

_ Conte a Andrey. Ele vai castiga-la.

_ Não... Eu tenho que cumprir a promessa que fiz a ela e Andrey não permitiria. Iria querer resolver do jeito dele. – Andressa disse amargurada e Carla sentiu pela primeira vez que ela estava mais madura do que deveria e também havia algo de malévolo quando ela falava na mulher que a criou. – E acha mesmo que Francine não seria capaz? Praticamente empurrou uma faca nas costas do homem que lhe dera tudo. É capaz de qualquer coisa.

_ Não Andressa. Francine é fútil, mas ela jamais tramaria contra sua vida e chegaria ao ponto de fazer qualquer coisa contra você. Pensar em matar alguém, todo mundo já pensou. Ela entregou o poder do marido dela para Andrey, mas jamais disse a ele onde encontra-lo.

Andressa fitou Carla enviesada. Já sabia que não poderia contar com a ajuda dela. Teria que fazer tudo com o tempo. Não podia contar suas intenções para Carla. Naquele momento, ela acabara de perder sua confiança. E com isso não lhe restava ninguém.

Andrey voltou logo com o doutor Lester. Eles se aproximaram e o médico piscou para Andressa que retribuiu com um sorriso tímido. Ela sabia que ele estava agindo como seu cumplice, escondendo a gravidez de Andrey. Ainda não conseguia entender, como ele não desconfiara, pois ela sempre que olhava, podia ver claramente a sua barriga de grávida.

_Está sentindo alguma dor? – O médico perguntou fitando Andressa, como se fosse um aviso. Ela sabia que não podia ficar tomando medicações atoa e ele se preocupava que as mentiras dela, pudessem colocar em risco a saúde do bebê.

_ Senti uma leve pontada de dor na cabeça, mas já passou.

_ Ótimo. – O doutor Lester disse ouvindo meu coração com seu aparelho. Assim que se deu por satisfeito ele me olhou com seu sorriso simpático. – Vou a deixar aqui só por mais umas três horas... Para observação. Você está bem, já poderá voltar para casa e se recuperar lá.

_ Quanto tempo vou ter que ficar com esse gesso? Minha perna quebrou?

_ Na verdade, você teve uma leve torção, mas como estava muito agitada, achamos melhor engessar. Mas se for de sua vontade, e me prometer que vai repousar, mando tirar hoje mesmo, antes que saia.

_ Sim... Por favor! Essa coisa já está me incomodando...

O doutor Lester acenou afirmativamente e se retirou. Assim que o fez, Andrey fora para o lugar que ele estava ocupando.

_ Andressa... Talvez fosse melhor ficar com o gesso... Ele vai impedir que esqueça que teve uma torção e acabar forçando demais a perna... – Andrey disse preocupado.

_ Não esquecerei... Nós estamos no Leblon? – Andressa perguntou imaginando se viajariam aquele longo tempo para socorre-la.

_ Não. Estamos em Campo Grande.

_ Então o doutor Lester...

_ Ele faz trabalhos comunitários aqui nesse hospital. Por isso optei que viéssemos para cá. E meu palpite estava certo. Hoje é o dia que ele tira para atender os mais carentes...

_ Muito nobre da parte dele. Admiro-o cada vez mais. – Andressa disse sincera.

_ Não o admire tanto, ou posso começar a ter ciúmes.

Andressa sorriu. Achava que era apenas uma brincadeira tola de Andrey. Ele era lindo, e por mais que o doutor Lester fosse belo, não faria sombra jamais no que sentia por Andrey. No entanto, tudo aquilo era inútil. Se conseguisse seguir com seus planos, Andrey não a veria mais. Não se recusasse o que ia lhe pedir naquele momento.

_ Andrey... Não posso continuar aceitando Francine nas nossas vidas...

_ Fiz um acordo com ela e você sabe disso. Não se importou quando lhe contei. O que mudou?

_ Acho que aquela mansão é pequena demais para nós duas. Somos duas mulheres que querem a mesma coisa e acho que ela pode jogar sujo, assim como fez a vida toda com o marido dela, para ganhar o grande prêmio... Ela não vai lutar por você de forma honesta.

_ Você não precisa lutar por mim. Ela nunca me terá.

_ Então vai permitir que ela permaneça na mansão?

_ Eu preciso, Andressa.

_ O que ela te oferece é mais valioso do que eu?

_ Não se compare a negócios. Está sendo infantil. Quem sabe com ela por perto, você amadureça um pouco? – Andrey disse, começando a se irritar.

_ Eu tenho dezesseis anos Andrey. Toda maturidade que tenho, é de uma adolescente. Não creio que vou aprender nada com ela. Mesmo porque quero ser o oposto dela. Quero ser uma mulher decente e confiável.

_ Seja da forma que desejar ser. Só não me atormente com ciúmes estupido e sem fundamento. – Andrey disse perdendo a calma e se retirou as pressas.

Carla se aproximou devagar.

_ O que está fazendo Andressa?

_ Nada. Quem fez foi Andrey.

_ O que ele fez?

_ A escolha dele.

_ Não deve deixar Francine lhe perturbar. Ela amaria ver o que acabou de ocorrer aqui. Tem que ser mais esperta que ela. Andrey está agradecido, pois acredita que ela salvou sua vida. E ela... Ela veio junto. Dando os primeiros socorros.

_ Como vocês puderam deixar que ela me tocasse?

_ Não sabíamos o que fazer e ela pareceu no controle de tudo. Tomou todas as providencias com urgência... Nem eu e nem Andrey conseguíamos pensar direito. Você é muito importante para nós.

_ Está bem. Mas não quero que ela volte conosco. Nem mesmo quero que ela fique nesse hospital enquanto estou aqui. Me deem um tempo para digerir a raiva que estou sentindo dela. Diga isso a Andrey, antes que ele volte aqui e a traga, acreditando que poderemos fazer as pazes... Quantos carros vieram para me trazer aqui?

_ Apenas três que já estavam de prontidão. Não tivemos tempo de pensar em riscos. Tudo que queríamos era salvar sua vida...

_ Vá com ela para a mansão. Quero que reviste meu quarto e veja se não tem escorpiões debaixo dos lençóis...

_ Não seja exagerada.

_ É apenas uma forma de dizer. Deixei o celular que é inútil, mas foi papai que me enviou, dentro de uma das gavetas. Se Francine consegue colocar a mão nele, nós vamos estar encrencadas. Lembre-se que Andrey não perdoa nenhuma traição...

_ O que digo ao chefe para justificar a minha ida para casa sem você?

_ Diga que lhe ensinei a fazer um caldo e que vai prepara-lo para quando eu chegar, pois é a única coisa que tenho vontade de comer agora.

_ Está bem. Eu irei. – Ela disse triste. – Se cuida. Não brigue com Andrey no caminho... – Ela disse e foi embora.

Fiquei triste porque aquela era a nossa despedida. Ela jamais encontraria o tal celular, pois em um ataque de fúria por ele não lhe atender, Andressa o quebrou com um martelo e colocou no saco de lixo. Lágrimas começaram a queimar em seus olhos, mas Andressa as enxugou antes que rolassem por seu rosto. Tinha que ser forte agora. Por ela e por seu bebê. Ela sentiria falta dela, afinal era sua melhor amiga... Sentiria falta da mansão e seu conforto, mas sabia que o que mais faria falta em sua vida, era Andrey. Mas ele fizera sua escolha. E apesar de ele e nem Carla, nem mesmo a mansão voltar a vê-la, Francine e dona Glória, voltariam. Ela cumpriria a promessa que fizera a dona Glória.

Andressa fechou os olhos. Sentia-se a pessoa mais sem sorte do mundo. Teria que ir para longe e não tinha dinheiro algum consigo. Sabia que se Andrey a encontrasse, a mataria antes de piscar os olhos. Tinha um cartão, que Andrey lhe dera, para gastar como quisesse, que estava no bolso da calça que vestia quando foi empurrada. Mas não era tola. Andrey sabia cada loja que passava o cartão. Não poderia usá-lo, pois infelizmente seria como uma trilha para ele seguir e encontrá-la. Contudo, já tinha um plano para sair do estado. Era perigoso, ainda mais àquela hora da noite, mas ela teria que ser corajosa, ou os homens de Andrey poderia encontrá-la. Ela deu uma cochilada e acordou assustada com a porta do quarto se abrindo.

Andrey não voltara lá até que as três horas se passassem e o médico viesse com a enfermeira para retirar o gesso e a deixar ir embora. Ele não ter ido lhe ver, sabendo que estava sozinha, reforçou a decisão que tinha tomado.

Não falou nada com ele. Apenas respondia as várias perguntas e brincadeiras do doutor Lester durante a retirada do gesso. Ele também não parecia querer conversar. O médico saiu, dizendo que voltaria com minha alta, e acabaram ficando sozinhos no quarto. A tensão era quase palpável. Andressa podia sentir que ele estava irado. Mas não sabia exatamente com o que. E não fazia questão de saber. Em poucos minutos, ele nunca mais veria seu rosto novamente.

Ele foi até um pequeno armário de aço cinza e o abrindo, tirou as roupas de Andressa de lá e as jogou em cima dela sem cerimonias. Andressa o fitou assustada. Era dela que ele estava com aquela raiva toda!

_ Vista-se! – Ele disse com a voz de comando que não admitia qualquer debate, mas Andressa não estava mais se importando se iria magoa-lo ou não. Ele não a mataria ali dentro do hospital.

_ Não em sua presença. – Ela o enfrentou de queixo erguido o que fez ele se voltar para ela boquiaberto.

_ Ousa me desafiar? – Ele apertou os olhos como se não tivesse acreditando no que ouvia.

_ Quero que saia e espere meia hora, até que eu me recomponha... – Andressa disse com os olhos brilhando selvagemente. Andrey nunca havia visto aquele olhar em sua doce Andressa.

_ O que pensa que está fazendo? Não há nada debaixo dessa camisola, que não conheça como as palmas de minha mão. Não seja tola e se vista, não me faça perder mais tempo...

_ Você nunca mais verá e nem tocará em nada que está debaixo dessa camisola. Quanto a perder tempo, vá embora. Qualquer um de seus homens pode me escoltar de volta ao meu cárcere. Assim você não perde mais tempo. – Andressa disse desafiadora.

Por um momento, ela acreditou, contente, que ele sairia do quarto e a deixaria em paz, pois ele ficou parado a fitando incrédulo e depois foi para a porta. Mas, ao invés de abri-la e sair, ele a trancou por dentro e se aproximou devagar.

_ Acho que a tratei bem demais. Vou tê-la agora Andressa. Nesse minuto. Para provar que você é minha, e tudo que é meu não toma a própria decisão para nada!

_ Não sou um objeto! Você não é meu dono! Estamos dentro de um hospital! Se tentar me tocar eu grito! – Andressa disse e estava mesmo disposta a fazer o que ameaçava.

Andrey sorriu, mas o sorriso não era verdadeiro.

_ Me enganei com você... E pelo jeito você também se enganou comigo. Acha mesmo que alguém vai tentar entrar nesse quarto, sabendo que estou aqui dentro? Meus homens estão aqui fora guardando a porta. Ninguém vai se aproximar.

Andressa ergueu o queixo desafiadora. Mas sua coragem havia sido abalada pelas palavras de Andrey. O poder que ele tinha era muito grande, para que fingissem não ouvir seus gritos.

_ Tenho nojo de você! – Andressa disse e viu ele se apressar para perto dela. Ela gritou por socorro, quando ele a pegou pelos cabelos e a fez ficar de pé e logo depois levantou sua camisola e a penetrou.

Andressa chorava e gritava por socorro, mas ninguém veio, como ele disse que aconteceria. Enquanto ele não se satisfez, não a soltou. E assim que terminou, a virou para si e fitou os olhos dela com a ira brilhando dentro deles.

_ Nunca mais ouse me desafiar.

Andressa queria recuar e parar de chorar, mas não conseguia. Só pensava que aquela não era a despedida que ela sonhara para eles. Mas ele provou mais uma vez que ela tinha mesmo que ir embora dali. Não disse nada para responde-lo. Sua garganta doía com os gritos de socorro e seu corpo ainda estava dolorido pela queda da escada. E seu coração também doía, se sentia traído pela violência que lhe ocorrera.

Andrey a fitou por um momento acreditando que fizera o que qualquer homem na posição dele faria. Se a deixasse impune, ela tentaria mandar até mesmo nele. Porém, não passou por sua cabeça que ela ainda devia estar muito dolorida por causa do acidente. Se arrependeu. Sentiu vergonha de si mesmo. Nunca em sua vida havia estuprado uma mulher e fizera isso justo com a escolhida de seu coração? Mas seu orgulho não permitia que dissesse isso a ela. Então daria a ela, algo que ela lhe pediu.

_ Vista-se. Sairei e ninguém entrará aqui antes de meia hora passada. Pode se recompor no seu tempo. – Ele disse com voz indiferente e saiu. Lá fora os homens o fitavam com ira, mas não disseram nada. Andrey soube naquele momento que eles discordavam de sua atitude. Assim como ele, se afeiçoaram a menina. Ele só não diria, que lhe doía na alma, cada grito e cada lágrima dela. Não podia demostrar fraqueza. Ele sabia que tinha culpa, pois a mimara demais. Não cometeria esse erro novamente. Ele pensou enquanto observava os homens, e depois foi para a cantina do hospital tomar um café. Assim que se sentou no banco que dava para o balcão, doutor Lester se levantou e se retirou sem dizer nada.