Chereads / Tragédia no Morro / Chapter 11 - O Retorno do Chefão

Chapter 11 - O Retorno do Chefão

Andressa estava se sentindo uma usurpadora, pois três dias após Andrey ficar escondido para se recuperar, todos passaram a buscar ordens com ela, já que Andrey só falava com ela. Começou com a criadagem. Perguntavam o que deviam de fazer para o almoço e jantar. Só não a perturbavam sobre o café da manhã e o lanche da tarde, mas até sobre compras de novas cortinas e coisas desse tipo, ela era consultada. Carla sorria toda vez que passava por ela, com olhar debochado. Andressa, as vezes mostrava o dedo do meio para ela, mas ao invés de ficar chocada, ria mais ainda. Nesses poucos dias se tornaram amigas inseparáveis. Carla acreditava que já se conheciam de vidas passadas e que deviam ter sido parentes muito próximas. Já Andressa, não acreditava e achava uma bobagem. Mas a confiança que Carla lhe inspirava não é mesmo comum em pessoas que se conheceram a pouco tempo, isso ela tinha que admitir. Contara tudo que houve entre ela e Andrey, inclusive as palavras dele para Francine. Porém, ela imaginava contando tudo para Carla com alegria, mas não foi assim que aconteceu. Ela contou aos prantos. Sentia que Francine faria algo ruim com ele, para que se separasse dela.

Carla ouviu a tudo em silencio e nos seus olhos ardia bem viva a chama da compaixão. Assim que Andressa terminou, ela a abraçou e pediu que não se apaixonasse por Andrey. Que aproveitasse esse tempo que ficariam separados para voltar seus pensamentos para o estudo e para seu pai, ocupando, assim, a mente com coisas que ela podia vir a ter; o pai ao seu lado e uma profissão, Carla acreditava e disse isso a Andressa, que Andrey jamais entregaria seu coração para uma mulher. Mas a menina só queria saber porque não devia se apaixonar, se Andrey estava demonstrando grande afeto por ela e ela não devia estar agindo mal ao corresponder. Carla tentou inutilmente mostrar para Andressa que ela não era a primeira que Andrey demonstrava afeto e parecia apaixonado, e todas saíram com o coração quebrado. Mas Andressa ainda assim acreditava que com ela seria diferente. Então Carla desistiu de insistir nesse assunto. Elas foram até a universidade e Andressa se matriculou no curso de direito, conforme a vontade do pai, mas que no fundo, passou a ser sua vontade também. Elas compraram os livros e assim que chegaram em casa, Andressa pensou que o estudo seria uma boa distração. O que realmente foi. Mas só durante três dias. Nesses dias, em que ficava no quarto estudando, começou a receber ligações de Andrey. E ela o amou ainda mais por isso. Conversavam sobre muitas coisas, menos sobre os tiros que ele levara. Quando ela entrava naquele assunto, ele se despedia e desligava. Não sabia como, mas descobriram que ela estava se comunicando com ele e passaram a mandar perguntas sobre o que fazer sobre algum assunto que Andressa sabia que estava codificado. E além disso, toda a casa passou a trata-la como a nova dona do lar. E isso a estava incomodando, pois temia a reação de Andrey se chegasse a ver ou saber dessa situação.

Três semanas que pareceram a Andressa três anos, se passaram. Ela estava na varanda com Carla, quando ouviu o som da garagem se abrindo e o barulho de um carro. Isso a deixou inquieta, pois esses sons se tornaram raros e só aconteciam quando ela tinha que ir para a escola. Ela pegou a arma que Leco lhe dera e então passara a leva-la para todo lugar e foi ver o que se passava. Parou ao reconhecer o carro de Francine. Ela desceu do carro vestida toda de vermelho, com salto e como sempre, muito elegante e Andressa viu que todos os homens a admiravam. Seus lábios se tornaram uma linha de desgosto. Ia bater nela. Depois inventaria que teve um surto. E gostando cada vez mais a cada passo que dava em direção a mulher que considerava uma cobra, a porta do carona se abriu e Andrey apareceu.

Andressa mudou o rumo e o ritmo dos seus passos, pois agora quase corria, e assim que chegou de frente para Andrey, se jogou em seus braços, molhando sua camisa com seu pranto. Andrey estava com um dos braços impossibilitado pela tipoia, mas com o outro, a apertou com força, como se assim pudesse retribuir o carinho e cheirou longamente o cabelo de Andressa como se fosse o cheiro que ele mais quisesse sentir e que tinha sentido falta dele.

Foram separados por Francine.

_ Por favor, se contenha! Não vê que ele ainda não melhorou o suficiente? – Francine disse fria e saiu arrastando Andrey para a casa sem que ele fizesse algo para resistir.

_ Venha Andressa! – Disse a voz de Carla atrás dela. – Hoje Francine vai ter uma surpresa bem desagradável. – Havia riso na voz da amiga e Andressa a fitou sem entender.

_ Ela está um ponto na minha frente. Não importa as circunstancias, ela salvou a vida dele. Ele não vai esquecer isso nunca.

_ Não seja tola! Ele não corria risco de morte e sabe que tudo foi armado por ela. Logo ele vai fazer picadinho dela. Por enquanto deve estar querendo saber o que a está levando a fazer isso. Quais são os seus motivos. Depois que ele descobrir, não gostaria de estar na pele dela.

_ Como pode saber disso?

_ A forma como ele olha para ela mudou e quando ela o tocou para separar vocês dois, ele fez um movimento involuntário que entregou tudo que se passa pela cabeça dele. Confie em mim, e não fale sobre esse "salvamento" em hora nenhuma.

_ Eu só confio em você. Espero que todas as suas palavras sejam a verdade do que vai acontecer com essa víbora.

_ Agora vamos entrar e você deve se juntar a eles, onde quer que estejam.

Andressa olhou desconfiada para Carla. Ela estava tramando alguma coisa. E isso a deixava feliz, pois sabia que não seria nada a seu respeito. Juntas entraram na casa e Judite foi logo se aproximando com olhos arregalados.

_ O que foi Judite? – Andressa perguntou calma e carinhosa, como tratava a todos ali.

_ O chefe não quis ir para o quarto dele.

_ Ele deve estar cansado de cama. Não se preocupe.

_ Mas ele foi para uma cama...

Andressa sentiu o coração congelar, ao pensar que ele podia estar em algum quarto da casa fazendo amor com Francine.

_ Irei até lá. – Andressa disse decidida. – Em que quarto estão?

A empregada ficou muda e olhou para o chão.

_ Pare com isso Judite! – Carla a repreendeu. – Não vê que a imaginação da menina viaja na velocidade da luz com ideias férteis? Diga de uma vez onde eles estão!

_ Eles foram para o quarto de Andressa. Ela não queria, mas ele insistiu...

Andressa e Carla se entreolharam sorridentes. Foram juntas para o quarto de Andressa. Quando já se aproximavam da porta que estava aberta, Carla soltou a mão de Andressa que vinha segurando.

_ Vai lá e depois me conte tudo.

_ Você não quer assistir e ter a oportunidade de ver por si própria? Talvez mude sua opinião sobre os sentimentos de Andrey...

_ Já estou mudando, minha querida. Prefiro que depois me conte tudo. Não quero que Francine comece a nos achar aliadas... Apesar de ela já nos ter visto juntas. É bom que apaguemos a ideia de amizade entre nós duas.

_ Porque?

_ Porque ela pode e vai querer nos separar a todo custo. Depois do que ela fez com Andrey, o homem que diz amar só para tê-lo para si por algumas semanas, não duvido de mais nada dela. Você também tome cuidado... Não coma ou beba nada que ela lhe servir. – Carla disse e se retirou.

Andressa respirou fundo e acabando com a distância que existia entre ela e a porta de seu quarto, entrou sorridente com olhar de festa. E iria mesmo fazer uma para comemorar aquele dia. Mas só diria isso, quando Francine fosse embora. Nem a visão de Francine ajoelhada com o rosto muito próximo do de Andrey, tirou o brilho de sua alegria.

_ Andrey... – Ela disse com o brilho do amor que sentia em seus olhos.

Andrey se afastou imediatamente de Francine e se voltou para ela. Andressa viu o brilho de satisfação nos olhos dele, mas não quis iludir-se dando a ele o nome de amor.

Francine se levantou e voltou-se para Andressa com olhar de desprezo.

_ Sua presença não é necessária aqui neste momento. Peço que saia e deixe-me a sós com Andrey para que ele descanse... Você tem a tarefa de fazer sala para sua mãe. Trouxe ela comigo. Deve estar pedindo o drinque que ela gosta e depois vai curtir a piscina. Faça companhia para ela... – Francine disse fazendo um gesto com as mãos como se a enxotasse.

Andressa sorriu para Francine como se lhe fosse superior.

_ Acho que se enganou de pessoa. Você não me dá ordens. E este aqui é meu quarto. Você é quem deve se retirar. E quanto a pessoa que trouxe com você, mande embora ou faça você companhia a ela. Afinal não foram convidadas para nos visitar e por educação devia ter ligado dizendo que vinha.

_ Poucos dias e já se acha dona da casa... – Francine disse com sorriso irônico. – Não preciso de convite para vir aqui. E além disso, eu vim trazer o dono da casa.

_ Aqui está cheio de homens que o buscaria com muita satisfação. E não. Você não é mais bem vinda nessa casa, mas pode ficar. Só não a aceitarei dentro do meu quarto. Aqui é meu território.

Francine já ia dizer algo, mas se calou quando viu uma das empregadas entrar humilde e envergonhada no quarto, acompanhada de um dos homens de Andrey.

_ Andressa... As cozinheiras querem saber se arrumam dois lugares a mais a mesa, e para que horas deseja que seja servido o almoço.

Andressa não olhou para trás, pois reconheceu a voz de Carla e sabia que ela fazia de propósito.

_ Sim. Pode colocar dois lugares a mais a mesa... Pode servir daqui duas horas. – Andressa dizia olhando desafiadora para Francine.

_ E o cardápio vai mudar em alguma coisa?

_ Não. Quero que Andrey conheça minha comida de infância que estava perdida em minhas memórias até pouco tempo...

_ Então já vou me retirar. – Carla disse e piscou o olho para Micão assim que saiu.

_ Andressa... Sua mãe quer usar a piscina, mas disse a ela que não poderia sem sua autorização, já que decidiu assim estes dias...

Andressa voltou-se para Micão que lhe deu um joinha escondido. Ambos sabiam que ela não tinha dado essa ordem. Ela lhe sorriu em agradecimento e entrou no teatro.

_ Deixe que ela use... Agora que Andrey voltou, vamos colocar as regras juntos. – Ela disse e se voltou para Francine que a fitava boquiaberta enquanto Micão se retirava segurando o riso.

Francine não conseguiu esconder o desgosto que sentia e se voltou para Andrey, apontando para Andressa.

_ Está vendo a cobra imunda que colocou dentro de sua própria casa? Poucas semanas fora e ela dominou a todos. Imagino o que não faria se ficasse três meses fora. Ela tomaria o poder!

Andrey deu de ombros e não escondeu que estava se divertindo com a situação.

_ Chega Francine! Saia do meu quarto! Agora! – Andressa disse com autoridade.

Francine se voltou para Andressa com o desprezo de volta no olhar.

_ Essa casa não é sua para que me expulse.

_ Mas o quarto é. – Andressa disse ameaçadora.

_ Eu vou me retirar por que sei que uma sujeitinha de baixo nível como você, pode tentar resolver as coisas na base da força e eu não estou acostumada a isso. Mas devo alerta-la que eu vim para ficar. Por uns dias. Vai ter que aceitar isso. – Ela disse e saiu de cabeça erguida.

Andressa se aproximou da cama depois de trancar a porta por dentro e sentou-se ao lado de Andrey e tomou-lhe a mão e a beijou com carinho, enquanto ele a observava atento. Ela pensou ter visto um brilho de medo no olhar dele e aquilo a incomodou.

_ Ela vai mesmo ficar? – Andressa perguntou mais por curiosidade do que por ciúme. Ela era completamente indiferente a presença de Francine.

_ Sim... Ela me pediu e não quis negar. Este é o momento de mantê-la por perto. Preciso saber o que ela está tramando. Já tomei providencias. O celular dela foi clonado e se eu pegar qualquer conversa suspeita, ela só vai sair daqui para o cemitério. Também avisei os homens para dar ordens na cozinha para que as cozinheiras não a deixem sozinha lá. Você não deve ir lá a noite, pois tem um cão bravo que ficará lá para o caso dela tentar fazer alguma coisa nesse horário. Tem água na geladeira da copa e até sanduiches, caso sinta fome a noite. O cão não vai ficar lá por mais que uma semana. Mandei também que a seguissem para onde quer que fosse. E essa casa foi protegida com câmeras em todo canto. O único lugar que não tem câmera é aqui...

_ Acho que posso pensar em motivos para não monitorar esse quarto... – Andressa disse sonhadora, mas depois voltou séria para Andrey. - Mas e quanto a polícia? Eles estavam praticamente morando no portão.

_ Já foram embora. Dei um jeito nisso.

_ Andrey... Não quis tomar seu lugar...

_ Está tudo bem Andressa. – Ele disse e passou a mão que ela segurava em seu rosto com carinho. – Fui eu que falei com Micão para avisar que enquanto não voltasse, deviam seguir suas ordens. Só podia falar com você. Não confiava em mais ninguém naquele momento.

_ Também não conversamos sobre... Sobre o que você disse para Francine a meu respeito. É bem difícil de ignorar uma declaração daquela...

_ Não quero falar sobre isso agora. Posso apenas lhe adiantar que tudo o que disse para ela é a mais pura verdade. Queria ter tido tempo de lhe mostrar com atitudes também. Mas estamos em risco iminente e não posso ser com você como queria. Você vai duvidar de todas as minhas palavras, mas quero que se lembre sempre, que o que disse não é nem metade do que guardo no meu coração por você. Mesmo que pareça que não.

_ Você vai voltar a se deitar com Francine? – Andressa perguntou achando Andrey muito confuso em suas palavras. Talvez fosse efeito de alguma medicação. Por isso não quis se aprofundar no que ele disse. Não fazia sentido algum.

_ Nunca mais ela me terá na cama dela. Jamais voltarei a lhe tocar. Mesmo que para vence-la eu precise me tornar seu marido...

_ Está pensando em se casar com ela? – Havia choque na voz de Andressa.

_ Seria só de aparências...

_ Nem assim eu lhe perdoaria... – Andressa disse e seus olhos se encheram de lágrimas.

_ Quando você entender meu plano, vai compreender. Mas não devemos falar disso agora. Nem sabemos se terei que chegar a esse ponto... Falemos de você. Sentiu minha falta?

_ Não. – Andressa disse enxugando as lagrimas com o braço.

Andrey sorriu e pegou-a pelo cabelo a fazendo descer com a cabeça até onde os lábios dela puderam alcançar os seus. E lhe deu o beijo mais apaixonado que Andressa se lembrava. Isso mudou seu humor. Assim que ele a soltou, puxou-o pelo braço.

_ Venha. Vamos almoçar.

_ Acho que ainda não se passaram duas horas... – Ele disse querendo ficar ali com ela e resistindo ao seu puxão no braço.

Andressa então o soltou e o fitou séria.

_ Então fiquemos aqui. Não consigo pensar em nada melhor do que jogar baralho com você, enquanto esperamos servir o almoço... – Ela disse sedutora, sem ter consciência disso e Andrey percebendo a inocência dela e a verdade sobre suas palavras, ficou mais excitado do que já estava.

Ele se levantou, tirou a tipoia e a segurou firme em seus braços. Deu-lhe um longo beijo, daqueles que só os apaixonados são capazes e erguendo-a em seus braços, a levou para a cama, onde se amaram famintos um pelo outro. Andressa se sentiu mais amada ainda, quando percebeu que em pouco tempo Andrey teve três orgasmos. Andressa acreditava que isso era sinal do grande desejo dele por ela.

Assim que estavam já saciados e deitados nus um nos braços do outro, esperando a respiração voltar ao normal, Andressa resolveu que era hora de tirar as dúvidas que tinha desde a hora que Andrey chegou. Ela esperava que ele fosse lhe contar assim que a visse, mas como isso não aconteceu, ela levantaria o assunto.

_ Andrey... – Ela o chamou e esperou responder, para saber que ele estava atento.

_ Sim. – Ele respondeu com voz rouca depois de um tempo.

_ Porque você não quis ficar em seu quarto?

Andrey virou a cabeça que estava com a face voltada para o teto e a fitou por alguns instantes. Depois voltou a posição original e respirou fundo.

_ Quando Francine me separou de você lá embaixo, achei que não tinha sentido seu cheiro o suficiente para matar a saudade e como pensei que ficaria com raiva e não viria me ver por ter chegado com ela, quis me deitar na sua cama. Seu cheiro é inebriante.

_ Meu cheiro foi suficiente para você? – Andressa perguntou reprimindo a vontade de dizer para ele o quanto sentira sua falta.

_ Acho que te provei que não... – Ele disse em tom de brincadeira, mas Andressa viu a ereção dele se manifestar novamente e resolveu mudar de assunto, pois ainda havia coisas que desejava saber.

_ E os homens que foram feridos com você? Onde estão?

_ Três deles já estão em casa a mais tempo que eu. E um deles ainda está internado. Ele foi ferido no rim. Os tiros que deram em meus homens foram para matar. Eles têm sorte de estarem vivos, o que não pode se dizer da criança que infelizmente pagou com a vida a traição de alguém... Fiquei orgulhoso de você ao saber que orientou os meus homens a dar todo apoio necessário a família da criança. Isso é muito importante para mim. Preciso que as pessoas aqui confiem em minha proteção e cuidado com cada um deles.

_ Lamento muito ter que lhe dizer que a família da criança está pensando em se mudar. Já até colocaram a casa a venda...

_ Fui informado disso. Depois os visitarei pessoalmente. Se for mesmo a vontade deles, eu mesmo arrumarei um comprador...

_ Por falar nisso... Uma coisa que não sai da minha cabeça desde que chegou aqui. Não vi você mancando e nem vi ferimento algum em suas pernas...

_ Não acertaram o tiro na perna. Mas foi bem lembrado. Devo mancar um pouco para fingir que fui acertado na perna.

_ Esse teatro todo é para Francine?

_ Não. Ela sabe que o tiro que levei no braço foi de raspão e que não acertaram minha perna, pois assim que fui levado pelos homens dela, ela surgiu e soube tudo sobre o que havia acontecido pelo médico. Estou fingindo para saber se foi ela mesmo, ou foi alguma outra pessoa.

_ Você perde seu tempo. – Andressa disse pensativa. Se tivesse um traidor entre eles, seria aliado de Francine e já sabia que ele não fora realmente atingido. Mas preferiu guardar seus pensamentos para si mesma. – Pensei que os homens dela eram leais ao marido dela e que esse fosse seu inimigo...

_ Ela está tomando o poder do marido dela. Mais da metade da favela e dos homens já cumprem apenas ordens de Francine.

_ O marido dela ainda não percebeu? – Andressa perguntou desconfiada.

_ Não. Ele está ocupado gastando o dinheiro que já conquistou, viajando com mulheres por todo o país. Logo estará falido e vulnerável, pois não terá como pagar as dívidas e nem seus homens...

Andressa olhou para o teto. Seus pensamentos corriam na velocidade da luz. Se Francine tomasse o poder do marido dela, um casamento entre ela e Andrey seria vantajoso para ambos. Mas não era isso que mais a preocupava. Se Francine estava dando uma punhalada nas costas do marido com seu poder de convencer homens a ficarem do seu lado, nada garantia que ela não faria o mesmo com Andrey. Carla estava errada. Andrey era sim, muito ingênuo.

Ambos acabaram dormindo, cada um perdido em seus pensamentos. Acordaram com alguém batendo firme na porta e chamando pelo chefe.

Eles se vestiram às pressas. Andrey recolocou a tipoia e abriu a porta. Era Carla avisando que o almoço seria servido assim que eles sentassem a mesa. E de mãos dadas, eles desceram as escadas. Andressa pensava em como comemorar o retorno do homem que amava.