Duas semanas se passaram desde que Octávio e Luna haviam se adentrado na região do pântano. O lugar era implacável, habitado por criaturas que dominavam o território e usavam o ambiente traiçoeiro para emboscar e caçar. Os ataques vinham de todos os lados — serpentes camufladas nas águas, insetos gigantes que eram maiores que tigres e criaturas terrestres que se moviam entre as sombras, surgindo a cada oportunidade para ataca-los.
Octávio e Luna passaram por diversas situações nesta região. Eles frequentemente emboscadas pelos predadores locais, que transformavam esse ambiente hostil em seu playground. Octávio em uma destas emboscadas, teve seu protetor de braço destruído pelas mandíbulas de uma criatura. Luna, por sua vez, se saiu melhor nesta região, ela conseguiu aprimorou ainda mais sua agilidade e seus sentidos, quase tornando-se uma detectora nata de ameaças ocultas.
As noites eram as mais desafiadoras. O som constante de movimentos na água e na vegetação fazia o sono ser uma raridade. Octávio montava abrigos improvisados sobre a copas das árvores, enquanto Luna mantinha uma vigília incansável, seus olhos atentos brilhando na escuridão do pântano.
Apesar dos perigos, ambos perseveraram. O vínculo inquebrável entre eles se fortaleceu ainda mais à medida que enfrentavam os desafios. No final da segunda semana, após fugir do ataque de um predador aquático gigantesco — uma criatura que lembrava uma enguia, com dentes afiados e uma força assustadora —, eles finalmente atravessaram o coração do pântano.
Ao alcançar a margem firme de uma nova região, Octávio olhou para trás. Apesar de terem deixado todos os perigos daquela região pantanosa para trás, ele sabia que os desafios apenas mudariam de forma. Luna, com a pelagem manchada de lama, encarou com olhos determinados, a nova região.
Que era uma vasta planície gélida, onde o branco da neve domina o horizonte. O vento cortante sopra incessantemente, carregando flocos de neve que dançam no ar e dificultam a visão à distância.
Os cristais de gelo, espalhados por toda a região, brilham sob a luz, como jóias naturais que refletem a luz do sol e dá lua, criando um espetáculo fascinante. Alguns desses cristais são enormes, quase como pilares que emergem do solo congelado, e emitam um leve som de estalo, como se os próprios, estivessem vivos.
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Octávio e Luna adentraram cautelosamente na vasta planície gélida, seus passos marcando a neve fresca enquanto o vento assobiava ao redor. Antes de se aventurarem profundamente, Octávio coletou com cuidado alguns galhos secos que encontrou espalhados pelo limite da floresta. Ele sabia que seriam essenciais para uma futura fogueira, especialmente em um lugar onde o frio parecia tentar invadir cada camada de proteção.
Caminhar sobre a neve pela primeira vez foi uma experiência peculiar. Cada passo era acompanhado de um som abafado e do leve afundar de seus pés. Luna, mais leve e ágil, parecia quase flutuar sobre a neve, mas também mantinha o olhar atento ao redor. Ambos sentiam-se cautelosos, mas, ao mesmo tempo, uma curiosidade animada os impulsionava a seguir em frente.
Enquanto exploravam, o brilho do sol refletia nos cristais de gelo, criando um espetáculo de luzes. Após algum tempo, os dois chegaram às proximidades de um grande lago congelado. Sua superfície era translúcida em alguns pontos, permitindo vislumbrar a água escura e os movimentos sutis de vida abaixo do gelo. Peixes enormes e criaturas indistintas nadavam lentamente, como se o gelo fosse uma barreira protetora entre dois mundos.
Octávio aproximou-se com cuidado, testando o gelo com o pé antes de pisar mais próximo. Luna farejou o ar, intrigada, mas manteve-se próxima a ele, seus instintos em alerta. A visão do lago era tanto fascinante quanto inquietante, e Octávio sabia que, sob aquela calmaria aparente, poderia haver perigos inesperados. Mas mesmo assim ele decidiu observar o ambiente ao redor, em busca de local adequado para criar um abrigo e, nisso ele encontrou a entrada uma caverna.
Se escondendo entre a neve Octávio jogou uma pedra dentro da caverna, numa tentativa de saber se ela era habitada ou não. A resposta para esta duvida logo veio a se mostrar com o surgimento de um grande lobo branco saindo para fora da caverna.
[Lobo Das Neves]
Seus olhos brilharam intensamente ao saírem da caverna, refletindo a luz dos cristais ao redor, e sua pelagem espessa e branca como a neve o camuflava perfeitamente na paisagem.
Octávio instintivamente ergueu o braço que antes tinha o protetor enquanto recuava alguns passos, tentando manter Luna calma e protegida, apenas para descobrir que Luna não estava atrás dele, mas sim na frente do lobo das neves com os dentes a mostra em desafio. Octávio imediatamente tentou correr para o lado de Luna.
Mas bruscamente no caminho ele parou quando a neve explodiu à sua frente, revelando uma criatura de aparência gélida e ameaçadora. A Aranha Trevo Glacial tinha um corpo coberto de uma carapaça translúcida e esbranquiçada, com finos cristais de gelo se formando em suas patas longas e afiadas. Seus olhos brilhavam como pequenas esferas de gelo puro, e sua postura agressiva indicava que havia se sentido provocada pela movimentação na área.
A atmosfera gelada parecia se condensar ao redor, enquanto a tensão aumentava. A neve sob os pés de Octávio rangeu suavemente quando ele recuou, mantendo os olhos fixos na Aranha Trevo Glacial. A criatura, com seu corpo translúcido o encarou com seus olhos frios olhos brilhantes.
O olhar de Octávio se encontrou com o de Luna por um breve instante, e nele Octávio viu a confiança e, como se dissesse:"Eu cuido dele, concentre-se na sua luta."
Respirando fundo, Octávio firmou os pés no chão e desembainhou sua espada. O gesto pareceu atiçá-la ainda mais a Aranha Trevo Glacial; seus movimentos tornaram-se rápidos e erráticos, como uma dança mortal. A temperatura ao redor caiu ainda mais, pequenas partículas de neve flutuando no ar.
Octávio ajustou sua postura, segurando firmemente o cabo da espada. Seus músculos estavam tensos, mas o medo já não o dominava. Ele sentiu o vento gélido colidir com seu rosto, mas dessa vez, ele não estremeceu, pós em seu peito ardia uma chama de determinação, que estava lentamente aquecendo seu espírito e impulsionando seu potencial.