Chapter 27 - Perseguição

Na floresta da desolação, o líder em mal estado junto a alcateia de bestias conduzia o jovem casal até o local em que Christian desapareceu. A bela jovem de olhos azuis ainda montada no cavalo esquelético e o jovem de cabelos pretos, andavam até onde as bestias lhes conduziam.

Chegando ao local, assim como as bestias relataram, ambos não viram nada de diferente. Então, a bela jovem desceu do cavalo, ordenando-lhe para que não saísse dali, e logo o cavalo relinchando e expelindo névoa negra, bateu seu casco no chão em resposta.

Logo, ela vira-se para o líder das bestias, que agora parecia um pouco melhor, pois o sangramento em seu peito havia cessado, e questiona em um tom irritado:

-Então? Você está me dizendo que foi aqui que a criança desapareceu?

O líder respondeu, em um tom cheio de medo e fraqueza:

-Sim senhora. Meus homens relataram que enquanto o seguiam, viram o garoto passar por aqui! E quando ele o fez, o ar ao redor dele começou a se contorcer...

Então uma das bestias da alcateia, pedindo a permissão para falar, acrescentou:

-Minha senhora, era como se o espaço a frente do garoto estivesse envolvido por uma película, e quando o garoto passou por ela, ele desapareceu.

A bela jovem ouvindo aquilo se perdeu em pensamentos, enquanto o jovem de cabelos pretos que ouvia ao lado perguntou em um tom frio:

-Vocês falaram algo sobre um certo Franciscus! Quem é este?

O líder, então, respondeu:

-Meu senhor, este é o alvo pelo qual inicialmente viemos até a floresta para encontrar. Não sabemos muito, o alto escalão mandou que o encontrássemos. Ele pertence a uma ordem chamada servorum. Aparentemente o alto escalão deseja eliminá-los a todo custo. Porém, nós não conseguimos encontrá-lo, pois os seus rastros sempre acabam em nada, assim como a criança. Eu e meus homens acreditamos que o desaparecimento deste garoto tem algo a ver com este servorum!

O jovem ouvindo aquilo, virou-se para a bela moça de olhos azuis e perguntou:

-Do que achas que se trata?

A bela jovem pensativamente responde:

-Não sei, jamais vi algo assim!

Então, virando-se para a alcateia, ela com desprezo lhes questiona:

-A quanto tempo estão aqui observando este lugar?

Uma das bestias a qual a jovem se dirigiu relatou:

-Desde que o garoto desapareceu, fazem cerca de apenas 2 sóis!

Logo o jovem questiona:

-E não houve nenhuma mudança na região desde então?

A bestia apressadamente respondeu:

-Não, meu senhor!

O jovem virando-se para a bela moça perguntou:

-E então, o que você acha? Será que este garoto vai reaparecer aqui? Ou devemos relatar ao mestre que as bestias o perderam?

O líder ouvindo aquilo, enchia-se de medo pelas consequências que sofreria, caso isso fosse relatado, então apressadamente diz com ansiedade em seu tom:

-Meu senhor, vamos esperar aqui, ainda há a possibilidade do garoto aparecer! Se formos de mãos vazias até o mestre, podemos ter que pagar por um preço que não podemos suportar.

Ouvindo suas palavras, a bela jovem encheu-se de raiva e gritou:

-E DE QUEM É A CULPA?

Em sua explosão de raiva, ela comandou que o cavalo atacasse a bestia sem piedade, porém, assim que o cavalo estava prestes a chocar seus cascos em chamas verdes contra o líder das bestias mais uma vez, ele parou, e como se estivesse agitado por algo, relinchava e soltava ainda mais névoa negra pelas narinas, empinando e balançando seus cascos dianteiros, enquanto parecia fixar o brilho vermelho nos buracos de seu crânio, que supostamente eram seus olhos, no espaço a frente.

O jovem casal vendo aquela estranha reação do Equos Infernum, virou-se para a direção na qual o mesmo estava olhando, e diante de seus olhos algo sobrenatural aconteceu.

O ar a sua frente começou a distorcer, como se ali houvesse uma película, e do outro lado, alguém avançasse contra ela para atravessá-la. Vendo aquele estranho fenômeno o jovem casal por um momento ficaram atordoados, mas lembrando-se dos relatos das bestias, imediatamente se animaram. Então, a bela jovem, logo correu em direção ao cavalo, e enviando-lhe uma ordem o acalmou e montou junto do jovem de cabelos pretos.

Em cima do cavalo que estava a poucos metros da região que se contorcia a bela jovem com um sorriso malicioso falou:

-Preparem-se, se as coisas forem como vocês dizem que foi, então agora ou encontraremos o tal servorum ou encontraremos o garoto, de qualquer modo, preparem-se para o combate. Afinal, ambos devem ter algum poder em mãos para estarem sob os olhos do alto escalão.

Então o jovem que também estava sobre o cavalo continuou em seu tom frio:

-Lembrem-se, já falharam conosco uma vez, não será admitido que falhem de novo. Entendido?

-Sim!

O líder junto com toda a alcateia respondeu em uníssono. Logo, a silhueta de uma pessoa tornou-se pouco a pouco discernível nesta distorção, e então, como se passasse por um tecido invisível que ali estava, repentinamente, um garoto aos olhos de todos apareceu.

O garoto, olhando para as bestias que o cercavam e para o cavalo esquelético junto aos dois viri sanguinium com sorrisos maliciosos em seus rostos, parecia assustar-se, e no momento em que os olhos das bestias caíram sobre ele, imediatamente rosnaram furiosas pela causa de seus infortúnios. Então, o líder, rangendo os dentes rosnou:

-É este o maldito garoto!

O sorriso do jovem casal, ouvindo a confirmação do líder, tornou-se ainda mais distorcido, então a bela jovem com uma expressão de pura malícia falou:

-Que belo garoto você é! Qual será o seu sabor?

Então lambendo os lábio começou a rir junto com o belo jovem, logo, o jovem viri sanguinium ordenou:

-O que estão esperando? Estão esperando que o garoto volte novamente para o lugar de que saiu? Peguem-no!

Sob suas ordens, as bestias uivando, logo, avançam velozmente na direção do garoto assustado, e o líder, que culpava a criança por todo o seu infortúnio, avançou com ainda mais ferocidade.

Logo, as bestias, que estavam a poucos metros dele, se aproximaram, sendo o líder o mais rápido da alcateia, aquele que já estendia seu braço para agarrar o pescoço do garoto.

Porém, quando suas mãos estavam prestes a pegar a criança, como se estivesse desviando em camêra lenta, sob um tempo diferente, o garoto calmamente inclinou a cabeça e esquivou-se do aperto do líder, e logo em seguida, girou seu corpo, saindo completamente da trajetória da bestia, que pega de surpresa pelos movimentos repentinos da criança, tornou-se incapaz de parar seu impulso de imediato,e logo chocou-se contra as árvores em seu caminho.

Então, esquivando-se do líder da alcateia, o garoto pulou a uma altura de quatro metros, pousando sobre um galho de uma árvore, evitando momentaneamente o cerco das bestias. Vendo os movimentos do garoto, a bela jovem questionou:

-Era este o poder do qual falava o alto escalão?

Uma das bestias mais próximas dali, que parecia surpresa com situação, respondeu:

-Minha senhora, não conseguimos entender como isso está acontecendo. Quando encontramos o garoto ele não parecia ter qualquer tipo de força física sobre humana, além disso nenhum vivo é capaz de mover-se assim! Quando fomos atacados pelo garoto anteriormente, ele usou o poder da luz para fazê-lo, não suas habilidades físicas.

A bela jovem ouvindo aquilo questionou o jovem de cabelos pretos atrás:

-Alguma ideia?

O jovem ponderando, respondeu:

-Talvez algum tipo de uso do poder da luz aumente suas capacidades físicas?

A bela jovem então fixou seus olhos no garoto que tentava escapar do cerco das bestias, saltando sobre os galhos das árvores, enquanto pensava profundamente.

O garoto, desviando das bestias que pulavam sobre ele, saltava de galho em galho, e conseguindo romper o cerco, imediatamente começou a fugir. Logo, as bestias começaram a persegui-lo, mas a velocidade do garoto parecia ser semelhante à das criaturas de modo que não podiam alcançá-lo.

O líder, recompondo-se, logo avançou como um vulto para alcançar o garoto, porém, toda vez que se aproximava e pulava sobre ele para pegá-lo, o garoto parecia ficar repentinamente mais rápido e desviava de seus ataques. Somente o líder, que havia conseguido alcançá-lo muitas vezes percebeu esse detalhe. Era como se a criança estivesse se contendo, e o pensamento de uma criança brincando com ele, enchia-o de ainda mais fúria.

Logo, o líder já havia esquecido de suas ordens de captura, e colocava todos os seus esforços em matar a criança, cego pela ira, mas ainda era incapaz de fazê-lo. Vendo-os todos se afastarem por entre a floresta a bela jovem falou irritada:

-Tch! Inúteis, vamos! Teremos que pegá-lo nós mesmos.

O jovem, acenando com a cabeça sorrindo maliciosamente, mordeu sua mão oferecendo sangue em sacrifício e pronunciou:

-Ás trevas ofereço sangue.

Assim que o sangue escorreu por sua mão, ele continuou:

- Quia ecce impii tetenderunt arcum posuerunt sagittam suam super nervum ut sagittent in abscondito.

Assim que terminou de pronunciar aquelas palavras, o sangue em sua mão enegreceu e então, condensou-se, como um líquido escuro, tornando-se cada vez mais sólido e tomando a forma de um arco.

Poucos segundos depois, um arco formado pela escuridão estava em suas mãos, então, enquanto o agarrava com firmeza, o jovem falou para a moça de olhos azuis:

-Vamos lá!

Com uma risada cheia de malícia, logo a mulher falou:

-Yay! Vamos à caçada!

Puxando as rédeas, a bela jovem ordenou que o cavalo iniciasse a perseguição, e equos infernum, relinchando e expelindo névoa negra de suas narinas, como se animado para perseguir a criança, empinou e logo se colocou a correr como um vulto em chamas esverdeadas por entre as árvores, deixando somente um rastro no solo incinerado.

O que ninguém percebeu, foi que, assim que ambos saíram dali sobre o cavalo, o espaço do qual o garoto saiu, começou novamente a se contorcer e emitir uma leve luz nas cores do arco-íris.