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Chapter 27 - PRIMEIRA LIÇÃO

Eun Ha viu o Caçador de longe, perto da Muralha onde tinham combinado se encontrar no começo da noite.Ele estava aparentemente distraído, rabiscando o chão com um graveto, e a estilista pode avaliar melhor o estilo do seu professor de magia. Aparentemente, ele também dava preferência para roupas escuras, mais Yohji Yamamoto que outra coisa. Os cabelos escuros dele estavam desalinhados por causa do vento, e pareciam ligeiramente fora de corte, mas ele parecia ter se barbeado hoje; ela já não via a sombra de barba sob a pele pálida.De um modo meio estranho, ela considerou que ele tinha um estilo peculiar e interessante, bastante diferente da maioria dos homens coreanos da mesma idade dele. Aliás, que idade ele deveria ter? Ela não soube avaliar somente pela aparência, ela apenas tinha a impressão de que era algo entre 30 e 40. Se é que ela podia levar as aparência em consideração no caso de fadas.

"Olá, Professor Shin." Ela se curvou respeitosamente, parando ao lado dele, porém sem olhar o que ele rabiscava. Apenas olhou para o horizonte, e as luzes da cidade, aguardando que seu tutor estivesse livre para conversarem. O Caçador ergueu o olhar, a avaliando, e ela suportou pacientemente a análise, até que ele se levantasse, largando o graveto, e limpou as mãos na calça.

"Olá Jung. Este seu chapéu… Você o usa por achar legal parecer uma bruxa?"

Eun Ha resistiu ao ímpeto de segurar a aba larga de seu chapéu de feltro. Era um de seus chapéus preferidos. "Oh, eu uso isso porque combina comigo."

"Uhun."

Ela já tinha passado da fase de se importar com o fato de que suas roupas possivelmente chamavam mais atenção, porém tinha o problema… Que ela em breve esclareceria com o Professor Shin. Mas um pensamento assustador brotou na mente dela de repente:

"Espera! Bruxas são consideradas ameaças? Eu deveria me preocupar?"

"Você acha que não?" Foi a resposta sardônica dele, olhando em volta para ver se humanos estavam muito próximos. Mas neste momento não havia ninguém além deles neste exato lugar. Eun Ha ficou um pouco aflita, sem saber se era uma provocação vazia ou verdade. Ele sequer parecia ser capaz desse tipo de humor. Mas neste momento, ao invés de continuar o assunto, ela estendeu a sacola de papel que trazia, para o homem à sua frente.

Ele olhou para a sacola com um olhar desconfiado:

"O que é isso?"

"Por favor, aceite. É algo para o Professor. Estou grata por estar me ensinando."

Ele pareceu atordoado. "O que você está fazendo? Eu não pedi nada além do que combinamos."

"Por favor, Professor Shin. É apenas adequado que eu faça isso. Estou grata por ter aceitado me ensinar." Ele parecia bem refratário a sua oferta, mas Eun Ha já imaginava que isso pudesse acontecer, e simplesmente fez como Kang Dae mais cedo, empurrando o presente nas mãos dele até que deixar cair fosse rude. Este homem parecia ter várias camadas de resistência às coisas básicas da educação moderna, mas ela supôs que fazia parte de ser um "Caçador" de monstros e outras ameaças. Como esperado, ele pegou a sacola, constrangido, e olhou dentro, pescando de lá um cachecol preto.

"Começou a esfriar, então pensei nisso. Espero que sirva para algo neste inverno." Ela corou, mesmo não dizendo que ela mesma tinha feito isso, mas o cachecol tinha uma etiqueta com o nome dela, se ele investigasse.

"Ah, bem… Obrigado." Após curvar-se em agradecimento, ele trocou o cachecol que usava pelo novo." Você não precisava ter feito isso."

Eun Ha sorriu, colocando as mãos no bolso um pouco envergonhada agora. "Professor… Qual é a coisa mais urgente para que eu saiba agora? Podemos começar a aula por isso?"

Ele respirou fundo, e se colocou ao lado dela. "Sim, podemos. Tem algo urgente sim. Vamos falar sobre o uso da varinha mágica."

"Okay." Ela até mesmo mudou sua posição, pronta para receber a sabedoria que jorraria sobre ela como uma cascata de luz. Ou foi assim que imaginou.

"Jung, mostre-me o que você consegue fazer." O Caçador apontou um arbusto à cerca de 5 metros deles. "Use aquele arbusto. Faça algo acontecer ali."

A fada já esperava por algum tipo de teste assim, então tirou sua varinha da bolsa, com cuidado, e mirou o arbusto buscando precisão. Se virou para o homem, de repente:

"Aqui mesmo?"

"..." O olhar dele apenas parecia questionar se ela estava falando a sério depois de ser pega na noite anterior apontando sua varinha mágica para humanos numa avenida em um bairro nobre de Seul.

"Okay…" Ela se virou novamente para o alvo, mirando de novo.

"Uhum. Só faça."

"Posso fazer qualquer coisa?"

"Mostre-me do que é capaz."

"..." Eun Ha não ficou empolgada em ser julgada. "Escute. Lembre-se que ninguém me ensinou, eu aprendi tudo sozinha. Pode ser que…"

"Já entendi isso. Só faça, Jung."

"Qualquer coisa que eu queira?"

"Você não acha que temos a noite toda para ficarmos aqui com você fazendo este tipo de pergunta, acha?"

"Ehh…" Ela reclamou baixinho. Mas suspirou e decidiu-se por algo.

O braço que segurava a varinha pesou e formigou como sempre acontecia quando ela ativava a varinha, e ela concentrou seus pensamentos em um efeito, girando o objeto pontudo num pequeno círculo. Uma brisa levantou alguns detritos do chão, que se engancharam no pequeno arbusto. Ela concentrou-se para causar um efeito maior, e a brisa levantou, levando as folhas secas e papel leve consigo, chacoalhando a planta de maneira perceptível.

Ela se virou para o professor, prendendo a respiração.

Ele não parecia nem um pouco impressionado. Cruzou os braços e andou cerca de 4 metros até o arbusto, desenganchando uma folha de impresso mais pesada que tinha ficado preso nas ramas da folhagem. Ele pinçou a folha de papel, chamando a atenção dela: "Isso é o seu melhor, ou foi uma falha de concentração?"

"Ah, bem, eu não sabia o que fazer com o arbusto!" Ela tentou se defender. "Eu deveria tentar destruí-lo? Achei que não era esta a intenção…"

Ele amassou o papel em uma bola e foi até a lixeira mais próxima. Eun Ha ficou constrangida. Será que eu não tenho mais jeito? Será que a minha magia está estragada? Não foi tão fácil assim. Quando as coisas estão acontecendo é mais fácil, mas com um objeto parado, um arbusto qualquer?! Como eu poderia fazer algo interessante?

"Professor! Eu posso tentar perto de pessoas? Eu consigo fazer coisas bem interessantes perto de pessoas. Eu fui pega de surpresa, eu não fiz muitas coisas em objetos estáticos…" Ela observava a reação dele e viu quando ele coçou atrás da orelha, parecendo não muito satisfeito com o que estava ouvindo. "Mas eu estou aqui para aprender, não é?"

"Estou aqui pensando que talvez você não fosse a ameaça em potencial que eu equivocadamente pensei ser antes."

"..." Ela ficou boquiaberta, a mente tentando decidir se pendia para tomar ofensa ou sentir-se aliviada."Professor!"

"Vamos começar do princípio, Jung." Ele limpou a garganta e adotou uma postura o mais professoral possível.

"Uhum."

"Olhe a sua varinha mágica."

Ela virou sua caneta verde, com arabescos imitando folhas por sobre o corpo metálico, procurando por algo que ainda não conhecesse sobre ela.

"Sua varinha mágica é única."

Claro que ele iria dizer isso. ela pensou. Imaginava que as lendas tivessem algum fundo de verdade, afinal.

"E deve ser protegida com zelo."

Que novidade… Acha mesmo que eu vou bobear com um objeto poderoso desses? Ela sempre está comigo. O tempo todo. Até no banheiro. Oh sim.

"E ela não serve para muita coisa se cair na mão de humanos, por exemplo, mas é assim que é.

"Ahn?" Eun Ha não esperava por essa.

Ele se aproximou dela. Estendeu a mão com a palma para cima, aparentemente esperando que ela entregasse o objeto a ele. Eun Ha ficou enciumada, mas por um momento achou que devia entregar para que ele mostrasse o que queria que ela visse. Mas então lembrou-se que ele tinha, na noite anterior, evitado ostensivamente tocar sua varinha mágica.

"Ontem o Professor não tocou a varinha com as mãos nuas… Por que?"