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Chapter 31 - SAPO DIFÍCIL DE ENGOLIR

Após mais uma mordida desanimada no samgak-kimbap, Ye Rim suspirou. Estava quase engasgando com a comida e com a frustração. Olhava pela vidraça da conveniência onde estava, sem realmente focar nas imagens. Estava quase na hora de Eun Ha sair do trabalho, e já tinha mandado mensagem para a amiga que estava ali esperando por ela, na esquina do consultório dentário onde a unnie fazia seu serviço de meio-período.

No fim, ela simplesmente tinha deixado a rádio sem avisar, pois sabia que não conseguiria trabalhar daquele jeito ali. Mas ainda não estava terminado. O sentimento angustiante ainda não saía do seu peito.

A noite começava e as pessoas voltavam apressadas para suas casas, e ela sentia que tinha feito jogado uma boa oportunidade fora. Era apenas questão de persistência. Ela conseguiria provar sua capacidade independente das fofocas. Ye Rim queria muito acreditar que ainda tinha espírito para ignorar o que as pessoas falavam, mas estava ficando cansada disso. Como ficou com o Dr. Kim no cemitério, e como… 'Aish!' Ela realmente sufocou com mais uma mordida do petisco, e tossiu para conseguir respirar novamente.

'Chega disso! Eu não vou morrer entalada com a comida.' Ela jogou o pedaço restante no lixo de saiu da conveniência, pegando o celular na bolsa. Discou o número de Lee Dae Won, impaciente, andando na calçada para liberar um pouco de sua frustração enquanto esperava ser atendida.

"Alô?" A voz suave e intrigada do músico se fez ouvir. "Ye Rim-ssi?"

"Sim, sou eu." Ela respirou fundo, decidindo-se se realmente queria fazer isso. Mas sabia que precisava esclarecer as coisas.

"Por que você fez isso, oppa?" Sua voz soou agressiva, mas ela simplesmente não conseguia controlar o tom.

"Eu fiz… O que eu fiz?!" ele foi pego de surpresa,e pelo tom defensivo do seu riso nervoso, parecia não entender do que estava sendo acusado.

"Você me recomendou a alguém na radio, nao foi?"

"Ah, bem… Isso." Dessa vez a voz do outro lado respirou fundo, soando para Ye Rim bastante embaraçada. "Bom, eu apenas…"

"Eu não sei o que você queria. Eu sei o que aconteceu. Você se intrometeu na vida de uma pessoa que você mal conhece, provavelmente com ótimas intenções. E você estragou tudo!"

"Ye Rim-ssi por favor escute. Eu não posso f…"

"Não pode falar?! E quando vai poder falar? Na verdade, eu não quero ouvir. Eu quero que você me ouça com bastante atenção." ela tinha total consciência de que soava extremamente rude e sem respeito, mas não iria retroceder agora que tinha ligado para faze-lo saber como se sentia.

"Espere um pouco, eu vou sair de onde estou."

"Hnf." Ela bufou em resposta, até que ouviu a voz dele segundos depois.

"O que foi que eu fiz? Como você soube? Eu apenas achei que poderia ter muitas candidatas, eu queria que eles soubes…"

"Como você ousa falar isso assim? O que você pensa que eu sou? Você sequer conhece meu trabalho! Como pode me encontrar casualmente uma vez e pretender me recomendar?! Você por acaso é tão genial que pode avaliar e dar seu aval como produtor musical para uma pessoa que você sequer sabe se tem algum talento ou não? Você já me ouviu cantar? Já me ouviu fazendo locução? O que você acha que sabe sobre mim?!"

"Ye Rim! Por favor, me ouça! Eu sinto muito, você está certa, eu…"

A língua e o cérebro de uma mulher ofendida e injustiçada apenas queria alívio, e ela falava ao telefone como se fosse um caminhão desgovernado:

"Eu não sei o quão barata você pensa que eu sou, mas te garanto, não sou o que você pensa! Eu não vou aceitar sua recomendação. Eu não me importo de parecer ingrata para seus amigos da rádio!" Ela parou para respirar, e o músico do outro lado pareceu entender que ela não tinha acabado ainda, pois se manteve em silêncio. "O que eu pareço para você, Sr Lee?" Saindo do tom ofensivamente informal para absolutamente formal, ela continuou. "Por acaso sou um caso de caridade para vocês? Eu sabia que o Sr. Kim costumava praticar caridade, agora soube que o amigo dele também gosta de praticar caridade com desconhecidos. Mas eu não preciso de sua caridade. Eu tenho talento. Não me diga que eu não tenho, achando que precisa me indicar para algo."

"Ye Rim por favor me escute."

"Estou escutando." Ela sentia-se mais leve agora, e podia ouvir o que ele tinha a dizer, se não fosse nada muito disparatado. Na verdade, ela precisava ouvir o que ele tinha a dizer. Ela queria entender.

"Vamos falar pessoalmente. Eu sinto muito. Eu sinto muito." Ele repetiu, com ênfase da segunda vez. "Jante comigo hoje. Você precisa me deixar tentar explicar."

"Ha. Não, obrigada. Um jantar não vai me apaziguar. Eu perdi uma chance que eu esperava há algum tempo, porque um... caridoso desconhecido se intrometeu!" ela praticamente gritou no telefone, chamando a atenção dos transeuntes. Um pouco envergonhada, ela baixou o tom, percebendo que seu desabafo e frustração legítima estava passando dos limites. Mesmo que ela achasse ridícula esta proposta tola de levá-la para jantar e achar que tudo ficaria bem. Por que homens são todos iguais? se perguntou.

"Desculpe. Mas estou muito brava." Ela se justificou.

"Parece que eu não faço outra coisa além de ofendê-la repetidamente sem querer." O tom dele agora também parecia mais pausado e calmo. "Pode me ouvir então, sem gritar comigo, embora eu, com toda certeza mereça?"

"Fale."

"Eu não sei o que fizeram lá. Eu realmente errei ao tentar ajudar. Mas como dizem, o inferno está cheio de boas intenções. Eu fui prepotente ao me intrometer. Você está certa."

"Uh."

"Ye Rim." ele foi informal, e a cantora se irritou um pouco, porém ele tinha uma voz doce que pedia por atenção.

"O quê?"

"Eu não penso em você como um caso de caridade."

Ela respirou fundo, um pouco confusa.Normalmente uma pausa dessas, com este tom, significava que muito provavelmente ela não queria ouvir o que vinha depois, mesmo de um homem como ele. Porque ela ainda estava magoada.

"Você agiu como se fosse. Eu me senti uma mendiga, que encontra alguém com alguma influência casualmente e se beneficia disso. Eu não fiz isso. Eu não pedi sua indicação." Ela sentiu que precisava deixar claro, mas não queria que seu tom de voz tivesse soado ligeiramente lamentoso.

"Eu sei que não. E eu fui um idiota por ter me intrometido. Será que eu queria sentir que fazia parte do seu sucesso?" ele falou de flerte, e isso acabou tirando um riso dela.

"Você precisa disso?"

Ele riu, e disse: "Aparentemente meus atos falam por mim."

Ela riu de novo da maneira simples com que ele admitia seus erros.

"Ye Rim, eu fiz isso por impulso. Mas o que eu fiz teve consequências ruins. Você disse algo para eles, lá na rádio?"

"Não. Depois que eu descobri isso, eu apenas saí. Não fiz a entrevista nem nada." ela confessou. Depois de uma pequena pausa, Dae Won perguntou:

"Você iria lá de novo para uma outra entrevista, se houvesse a chance?"

Como assim?! Você falou que estava arrependido e agora quer falar com alguém pra me dar uma outra chance?!" ela sequer acreditava no que estava ouvindo.

"Não! Não! Meu Deus, você está certa! Eu sou uma pessoa muito estúpida."

"Uhn."

"Ye Rim. Você vai perdoar este oppa estúpido?"

Ela respirou fundo. O que ela ganharia mantendo o rancor contra uma pessoa como o Compositor Lee, que estava mostrando apenas ser um atrapalhado bem intencionado?

"Uhn."

"Isso é um sim?"

"Sim."

"Isso é bom. Ye Rim?"

"O que?"

"Eu quero indicá-la para várias coisas. Talvez eu seja sim esse gênio que vê o talento estampado na cara das pessoas."

"Não me indique. É sério."

"Eu sinto que vou."

"Não faça. Senão vou odiá-lo."

"Ye Rim?"

"O que?"

"Então me mostre seu talento."

"Ah." ela ficou boquiaberta. Ele era bastante sinuoso e ela sequer soube o que pensar. "Bom, por que não vem me ver no Pérola esta semana?"

"Não, não assim. Oficialmente."

"Como assim, oficialmente?"

"Faça uma audição aqui na HTN. Vou marcar uma audição para você ainda esta semana."

"Eu não estou entendendo."

"A emissora faz algumas audições para quadros de reserva, periodicamente. Eu sou uma das pessoas que avalia os candidatos que são músicos ou cantores. Pessoas que ficam aguardando oportunidades aqui na emissora, para eventuais programas. É diferente da dinâmica de uma audição aberta para candidatos de reality shows de música, mas minha secretária pode te passar os detalhes depois. Sabe do que eu estou falando, não é?"

"Ah… Já ouvi falar disso."

"Será então minha oportunidade de avaliar seu talento. Fico imaginando se você vai conseguir superar minhas altas expectativas a respeito do seu talento."

Ela se sentiu pressionada, e riu de nervoso: "Você realmente quer fazer isso?"

" É pra valer?"

" Sim, é para valer. Mas essas vagas não aparecem com facilidade. Nem pagam muito bem."

"Oh."

"Mas o intuito é outro."

"Qual é o intuito?"

" É que você me convença a usar todos os meus contatos a seu favor, endossando seu talento, já que eu estarei absolutamente arrasado pelo seu carisma e capacidade artística."

"Por que você está me provocando assim, oppa? ela reclamou. "Por um momento eu o levei a sério, mas é só brincadeira sua."

"Não, não é." ele mudou o tom, de alegre para sério. "Você tem duas opções: mostrar que eu estava errado e que você é talentosa e que não precisa de mim, mas aceitar que eu, como profissional e também como seu amigo, possa te indicar como profissional. Ou me deixar na dúvida. Na verdade, na certeza: na certeza de que seu orgulho talvez seja maior que o seu bom senso. E que você não permite que pessoas que acreditam em você te apoiem."

Ela se sentiu duramente atingida pelas palavras dele. Ela teria sido ingrata com as pessoas que tentaram ajudá-la, até ali? Como o PD Kang, quando ela não suportou a provocação das garotas, e estragou todo o esforço dele em fazê-la debutar? Ele realmente acreditava no talento dela…

"Certo. Fechado. Marque o dia, eu estarei lá."

"Ótimo!"

Depois que ele disse que a secretária dele ligaria para ela depois, e desligou, Ye Rim sentiu-se aliviada. Na verdade, ela tinha agora a impressão de que o dia de hoje tinha trazido, de um jeito torto, uma nova perspectiva das coisas.