"Aqui. Aqui. Pronto. Isso deve resolver."
Ele pingou o colírio no olho dela com cuidado e perícia, em frente ao balcão da farmácia, secou o excesso com um lenço de papel, e entregou mais um lenço limpo na mão dela, carregando os produtos para o caixa.
Enquanto ele pagava, ela Ye Rim sabia que devia dizer algo importante ao Dr. Kim.
"O-obrigada."
Ele se virou e sorriu, guardando a carteira, e provocou logo a seguir, enquanto saiam da farmácia em direção ao carro.
"Tudo bem. Seu olho deve parar de incomodar em breve e seu humor vai melhorar. Fiz isso por mim…"
"Oh, você é tão mau, Dr. Kim!"
Agora ela sabia que ele estava apenas provocando inofensivamente, e riu com ele. Mas ainda estava insegura sobre os sapatos. Porém o seguiu até o carro: "E se a gente passar em uma loja rapidinho pra que eu trocasse os sapatos, uhn?"
"Levaríamos a noite toda. Não. Você é nitidamente o tipo que tem um alto grau de exigência com o que usa."
Não me culpe." Ela gargalhou, admitindo pelo menos isso. "Eu moro com uma estilista."
"Ahhh! Isso explica muita coisa."
Ao entrarem no carro no carro, ela ainda se virou novamente para Kim Jun Hyeon, perguntando: "Você está certo que quer ir ao espetáculo com uma mulher usando sapatos trocados?"
A expressão dele mudou para seu habitual sarcasmo.
"Não seja assim tão egocêntrica, Srta. Nam. As pessoas estão indo lá para verem o espetáculo, ou seja, quem está no palco. Nós temos dois ingressos para cadeiras no setor A. E não teremos tempo de ficar aguardando no lobby."
Ye Rim ficou um pouco envergonhada, mas ele tinha razão.
O médico completou, enquanto manobrava para sair do estacionamento,com uma expressão que ela considerou diabólica, "Pense nisso como construir uma memória inesquecível do dia em que você foi a um não-encontro com um cara chato usando sapatos trocados.Você vai ter algo interessante para contar sobre hoje para suas amigas, pelo menos."
Quando Jun Hyeon tinha acabado de validar o ticket no guichê automático, na saída do estacionamento da farmácia, a máquina começou a falar estranho, alterando o tom, e a cancela, que tinha subido, começou a descer. Kim teve reação rápida e acelerou o carro para passar antes que a cancela batesse no capô do seu carro.
"Uau! Você viu isso?" Ele perguntou a Ye Rim, que estava guardando o colírio em sua clutch e não reparou.
"Ahn, não, o que aconteceu?"
"A máquina ficou doida. A cancela quase acertou meu carro." Mas Kim olhou o relógio, e percebeu que tinha que ser mais rápido se quisesse jantar antes do espetáculo.
"Com fome?"
"Não muita, na verdade."
Enquanto tudo isso acontecia, Jung Eun Ha tinha encontrado o rastro de onde Ye Rim estava através do GPS de seu telefone celular, e agora estava próxima a eles, os perseguindo em uma scooter emprestada por Yoo Kang Dae. Ela chegou a tempo de vê-los entrar na farmácia.
'O que eles vão fazer lá?! Oh, como pode ser tão rápido! Ye Rim não é esse tipo de garota! Não, não!' A fada balançou a cabeça, afastando as suposições absurdas, e entrando sorrateiramente na farmácia atrás de um casal. Ainda usando o casal como escudo, ela se aproximou, e se abaixou atrás de uma prateleira.
Ye Rim estava de costas enquanto o médico falava com o atendente atrás do balcão.
Eun Ha se abaixou e espiou novamente, viu os sapatos trocados. Seu coração fashionista sangrou. 'Oh minha pobre amiga, eu sinto muito ter feito isso com você! Vou te compensar fazendo muitas roupas lindas e te tratando preciosamente!'
Ela segurou com força sua varinha de condão dentro do bolso do casaco. 'O que fazer agora? Ele está falando sobre colírio. Tenho que tomar cuidado para não machucar ninguém.'
Eun Ha se escondeu atrás de um stand up display no formato de uma celebridade endossando um antiácido. E quando o médico se inclinou para aplicar o colírio, Eu Ha rodopiou sua varinha mágica e lançou a magia sobre os pés dele.
Imaginava se ele fosse patético isso iria minimizar a gentileza dele. 'Olha o Dr. Flamingo sendo prestativo e hipócrita! Por fora tão gentil, por dentro o coração de um predador! Por que você tinha que aparecer agora? Falta tão pouco tempo para nosso vigésimo sétimo aniversário!
Tão logo o Dr. Kim deu alguns passos longos em direção ao caixa, tropeçou e caiu no estreito corredor vazio.
Eun Ha se encolheu atrás do display. Ela sabia que o ambiente era filmado, mas também acreditava que não seria pega.
O atendente ergueu a cabeça para ver o que tinha acontecido, mas o médico alto manejou se recuperar do tombo, e olhar em volta rapidamente para ver se sua acompanhante tinha visto.
Mas ela não tinha, estava ainda piscando para absorver e espalhar o colírio como ele tinha recomendado.
Ele se aprumou, com seu orgulho masculino semi preservado, e andou elegantemente para o caixa com os produtos que tinha comprado.
'Droga, ele é rápido.'
Antes que Ye Rim se virasse, Eun Ha se esgueirou para o corredor ao lado, para que a amiga não a encontrasse ali.
Espiando por cima das prateleiras baixas da farmácia, a estilista viu quando o médico tirou a carteira para pagar o colírio e os lenços de papel, Ye Rim chegando perto dele rápido.
Imaginou que, se ele passasse vergonha ao tentar pagar e não ter crédito, isso seria em desagradável e humilhante. Nenhum dos dois ia gostar da situação.
Ela não tinha muita certeza de como fazer isso acontecer, mas rodopiou sua varinha novamente com esta intenção, apontando para a carteira do médico e lançando a magia.
Mas Ye Rim se virou na direção dela e Eun Ha teve que mergulhar, não sabendo se seu feitiço tinha pegado no alvo certo ou não.
Olhando pela lateral da prateleira, entre a caixas de band-aid, ela viu que ele pagou em dinheiro, no entanto, enquanto o caixa pedia desculpas pelo sistema estar inoperante aquela noite. Ela grunhiu em frustração, mais uma oportunidade de humilhá-lo foi perdida.
Quando eles saíram da farmácia, ela correu até a porta de vidro, para olha-los, e chegou a conclusão que provavelmente teria muito mais trabalho chegar perto deles sem ser vista se eles fossem ao restaurante fino que estava reservado. Ela também não teria muitas chances de se esgueirar no teatro onde iam assistir ao musical. Ela precisava fazer algo, e rápido.
Foi quando ela percebeu o segurança, o atendente do balcão e o caixa com olhares suspeitos e hostis em sua direção. Ao cruzarem olhares, cada um deles intensificou o olhar reprovador. Eun Ha se empertigou, colocando sua varinha de condão que lembrava uma caneta, de volta ao bolso do casaco escuro, e armando uma cena.
"Ehhhh! O que?! O que estão olhando? Aquele homem… É o meu marido! O meu marido! Aquele porco traidor" Ela tirou a "caneta" e apontou para eles, alternadamente. "Querem sair nas fotos também, uhn? Uhn?"
Os funcionários repentinamente pareceram mais interessados em outras coisas, e embaraçados desviaram o olhar dela.
Eun Ha se embrulhou no casaco e saiu para o estacionamento apressadamente, para continuar seguindo o casal. O carro estava deixando o pátio, ela mirou no guichê automático…
Mas aquele escorregadio Dr. Flamingo sempre conseguia escapar.